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História O Cheiro da Lua - 18 anos


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Começa a sétima temporada, se não a última, a penúltima da nossa série de lobos. De agora em diante, irei focar os adolescentes, espero que gostem.

Boa leitura.

Capítulo 103 - 18 anos


Fanfic / Fanfiction O Cheiro da Lua - 18 anos


April

Ergo a cabeça quando escuto a porta da entrada se abrindo, a primeira voz que escuto é a de meu irmão, é curioso como sua voz amadureceu, Ren parece mais um homem do que um garoto agora.

Mesmo que ele ainda tenha quinze anos, não deixo de notar como ele se parece com o meu pai, ambos possuem os mesmos olhos, o mesmo tom de cabelo e o mesmo charme.

- April! - ele vem ao meu encontro e fica na ponta do sofá me observando. - Você melhorou?

- Sim. - sorrio e permito-me sentar no sofá. - E a mamãe?

- Vai começar a fazer os bolos. - ele se inclina e me dá um beijo na nariz. - Vou ajudá-la, se precisar, só gritar.

Assinto com a cabeça e o espero sair do meu campo de visão para voltar a me deitar, Ren é com certeza o lupino mais gentil que já conheci. Respiro fundo e desligo a televisão, hoje é meu aniversário de dezoito anos e sinto-me estranha.

Fechos os olhos, mas logo os abro assim que sinto o cheiro de violeta que minha mãe possui, ela se senta aos meus pés enquanto me arrumo no sofá, tentando sentar ao seu lado.

- Como você está, querida? - sua voz é doce e sou forçada a sorrir.

- Estou bem melhor, mãe. - sua mão segura a minha como um gesto de que posso falar o que estou pensando.

Eu a observo demoradamente, Kristine é uma das lobas mais lindas da alcateia, e mesmo sendo uma das menores, sua dominância chega a ser surpreendente.

- Mãe, você acha que o pai vai ficar muito bravo se eu não for para a faculdade este ano? - pergunto sentindo o medo de que ela fique brava.

- É claro que não, panquequinha. - adoro quando ela usa os apelidos carinhosos. - Seu pai não vai ficar bravo nem chateado, mas acho que você deveria conversar com ele... Sabe, para não parecer que quer esconder dele.

- Você fica comigo quando eu for contar? - mordo o lábio.

Seus dedos erguem o meu queixo e seu sorriso me dá confiança e coragem, seus lindos olhos azuis, os quais eu herdei, piscam como se me avaliassem. Ela tomba a cabeça para o lado e seu longo cabelo preto cai em seus ombros, realmente, minha mãe é muito bela.

- Ficarei, se assim quiser. - afirma. - Mas vamos deixar essa conversa para amanhã, o que acha?

- Tudo bem. - pisco duas vezes e me jogo em seus braços. - Obrigada.

Kristine faz um afago em minhas costas e depois beija o meu nariz, do mesmo modo que Ren havia acabado de fazer, rimos e depois nos desvencilhamos.

- Vou terminar os bolos, que tal você ir se arrumar? - ela se levanta e me estende a mão.

- Vou colocar aquele vestido que papai comprou. - aceito a sua ajuda e coro levemente.

- Seu pai vai amar. - declara sorridente. - Agora corra tomar um banho, panquequinha!

Começo a rir e saio correndo pelo corredor, apenas conversar com a minha mãe faz o meu mundo se alinhar, Kristine é muito cativante e sempre sabe como me ajudar.

Entro em meu mais novo quarto, havia apenas uma semana que ele estava pronto, meus pais reformaram a casa a deixando com uma suíte (o quarto deles), três quartos e dois banheiros. 

Abro o guarda roupa e tiro o vestido de lá, ele é curto e azul claro com apenas uma alça, e parece um tipo de degradê pois no final é um tom mais escuro de azul.

Coloco-o com cuidado na cama, e depois começo a procurar pela meu salto alto preto e assim que o acho, deixo-o do lado da cama. Por fim, pego uma calcinha branca com renda e um sutiã branco sem alça.

Finalmente, dirijo-me ao banheiro que fica no fim do corredor, fecho a porta e ligo a água quente, assim que o vapor começa a subir, começo a me banhar e fico imaginando como será a festa.

*

A festa estava sendo em um salão na cidade, pois mesmo sendo lupina eu havia crescido em Luktend e tinha alguns amigos humanos. O lugar era enorme e a pista de dança nunca ficava vazia.

A primeira pessoa que me chama para dançar é Filipe, um dos meus amigos da minha ex-escola (já que nos formamos ano passado), ele é bem bonito e tem um sorriso sincero.

- Me permite? - ele brinca segurando a minha mão.

- Com prazer. - sorrio e vamos para a pista.

Enquanto dançamos, noto seus olhos azuis olhando para os meus peitos, contenho uma gargalhada e continuamos dançando. Percebo que seu cabelo castanho está com gel, mantendo-o um pouco espetado.

Tão logo, Carla, Roberta, Thalita e Gustavo se juntam a nós. Thalita é a mais alta e ainda decide usar salto alto o que a deixa intimidadora, mas quem a conhece sabe que é muito gentil. Ela tem um longo cabelo loiro e olhos tão verdes que me hipnotizam às vezes. 

Já Roberta é a menor do grupo e a mais invocada, devo admitir, seus olhos azuis parecem observar tudo enquanto seu curto cabelo preto a deixa com uma cara de mandona.

E Carla é o meio termo só que bem mais tímida que o resto do grupo, seu cabelo é preto e está preso numa trança, e seus olhos castanhos quase sempre estão olhando para o Gustavo, sinto que ambos se gostam, mas não confessam.

Mas quem pode culpá-la? Gustavo é um baixinho cabeça dura, mas que tem um enorme coração além de ser um dos meus amigos mais fieis. Seu cabelo está cortado bem ralo e quase não se percebe o tom castanho, e seus olhos castanhos avaliam os outros convidados.

- Para de pegar a aniversariante só para você, Filipe. - Roberta resmunga.

Filipe ri e me gira até que trombo com as meninas, nós o encaramos e mostramos a língua. Deixamos os meninos conversando e iniciamos a nossa própria fofoca.

Não que eu estivesse muito interessada nos comentários sobre o que a maioria do pessoal da nossa ex-escola decidira fazer da vida. Era estranho, porém meu mundo era bem diferente do deles, eu era uma lupina e me orgulhava disso.

- April, nós vamos ao banheiro. - Carla me avisa com um sutil toque em meu braço.

- Tudo bem, vou procurar uma pessoa. - aceno e saiu cortando a multidão, às vezes, parando e conversando com um convidade que quer a minha atenção.

Ainda bem que não foi difícil achá-la, Skye estava sentada numa mesa e meu irmão conversava com ela. Vejo-a se aproximar para falar na orelha dele, e lembro-me que sou ciumenta em relação ao Ren.

E como poderia não ser? Ele é o meu pai mais novo! Tão lindo e charmoso como ele, só que menos dominante e mais tímido.

Além de que Skye é muito bonita, com seu cabelo preto e olhos verdes, ela é bem mandona e fiel, chega até a ser mais dominante que alguns lobos.

- Olha só! - Skye bate palmas. - Se não é a menina mais hot que eu conheço... Tirando eu, claro!

Começamos a rir, logo em seguida, meu irmão pede licença e vai atrás dos seus amigos.

- Seu irmão é uma graça. - ela afirma assim que me sento ao seu lado.

- Eu só permito esse comentário porque você é a minha melhor amiga e porque namora. - deixo bem claro.

- Ahh... Nem me fala de namoro. - ela sorri apaixonadamente. - E lá vem o meu par.

Olho para onde seus olhos se direcionam, dois homens se aproximam, um deles é o galante namorado da Skye, Jonny, seu cabelo é castanho bem escuro e tem chamativos olhos verdes.

O outro era o charmoso Sven, ou melhor dizendo, o meu futuro namorado, era o que a Skye ficava dizendo o tempo todo. Era certo que nós já nos beijamos e até saímos várias vezes juntos, porém Sven nunca mostrou algum interesse em um relacionamento sério.

Não contive um sorriso quando Sven se sentou ao meu lado, seus cachos loiros o deixavam com um ar jovial complementados com seus aconchegantes olhos verdes... Era como um príncipe de contos de fadas.

- Você está maravilhosa, e parabéns. - seus lábios encostam na minha bochecha.

Ah, se meu pai visse isso... O último lupino que havia me beijado na bochecha recebeu um rosnado tão alto que treme só de ver o meu pai.

- Obrigada, você também está lindo. - sorrio animada.

- Que tal a gente dançar um pouco? - ele pisca e me ajuda a levantar. - A festa é sua... Temos de fazer você se divertir bastante.

- Mal posso esperar. - rio com vontade e deixo que ele me guie até a pista de dança, mesmo que eu tenha acabado de sair de lá.

*

- Como você sabia desse lugar? - indago quando paramos no meio de um jardim.

- A gente aprende alguns truques com o tempo. - Sven dá de ombros e me puxa contra si. - Mas agora, chega de conversar.

Sinto seu hálito quente beijar o meu pescoço, arquejo surpresa e deixo minhas mãos se aventurarem por de baixo da sua camisa, ele rosna baixinho e me morde.

- Parece que alguém precisa de doma. - rosno e o encosto na parede.

- Não me importo se for você a domadora. - seu sorriso faz minhas pernas amolecerem.

Mantenho-me firme e beijo-o devagar, suas mãos segurando o meu quadril dando leves apertões, uma das minhas mão fica em seu abdômen deliciando-se com os músculos, arranhando-os cautelosamente.

A outra mão se enrosca em seus loiros cachos, nossas bocas brigam pelo controle, mas logo cedo e Sven rosna vitorioso, sinto seu peito vibrar com o som e solto um rouco gemido.

Com nossos corpos colados, sinto a pressão em meu quadril, Sven parece ter notado o mesmo e separa nossos lábios, joga a cabeça para trás e suspira.

- Desse jeito seu pai vai me matar. - ele ri, mas sei que teme bastante o meu pai.

- Ele não precisa saber, ainda... - sorrio e nos separo um pouco, ele vai me seguindo devagar.

- Mas eu gostaria que ele soubesse, gostaria que toda a alcateia soubesse, que toda a Luktend soubesse... - ele me fita demoradamente. - April Moore Cerutti, quer ser a minha namorada? - segura a minha mão, como se me impedisse de fugir.

Arregalo os olhos e fico um tempo em silêncio, tentando processar a informação, avaliando se ouvi corretamente.

- Sua namorada? - a pergunta saiu com um pouco de receio de que não fosse verdade.

- Sim, minha namorada. - noto o tom insistente na palavra "minha".

- Sim... eu quero. - começo a sorrir de alegria.

Ele vem até mim e me beija, em seguida, encosta-me na parede.

- Bem melhor assim. - ele sorri e morde o meu lábio. - Agora, deixe-me curtir a minha namorada.

Sei que parece estranho, porém ouví-lo dizer a palavra namorada estava me dando gostosos arrepios. Perdi a conta de quantos beijos trocamos até que acabamos decidindo voltar para a festa.

- Só preciso descobrir como falar com o seu pai, sem acabar morto ou torturado. - Sven suspira enquanto andamos de mãos dadas.

- Eu acho melhor contar para a minha mãe e pedir conselhos. - afirmei.

- Gostei da ideia, sua mãe é bem simpática. - ele concorda com a cabeça.

- Não tem um homem que não goste da minha mãe, não é? - finjo ciúmes.

- Não entenda errado, minha querida, mas sua mãe é como uma mãe para mim. - seu olhar é sincero e suas palavras são suaves. - Ela já cuidou muito de mim.

- Mas ela é minha, hein? - começamos a gargalhar e seguimos o nosso caminho de volta a festa.

*

Foi Ren quem veio nos avisar que era a hora do parabéns e que meus pais estavam me esperando. Estava nervosa, na verdade, ansiosa, mal podia esperar para conseguir contar a minha mãe sobre o Sven.

- Rebole menos, garota! - Skye dá um doído tapa em minha bunda.

Pula para a frente e só me vira para fuzilá-la com um olhar, ela ri e me manda um beijo, volto a olhar para a frente e vejo a mesa do bola, atrás dela está toda a minha família.

Minha avó Julie, que é muito parecida com o meu pai de fisionomia, mas tem o cabelo caramelo e os olhos incrivelmente verdes. Ela é muito carinhosa e a única vez que a vi brava foi quando uma mulher da escola falou mal da minha mãe. Eu a apoio cem por cento!

Ao seu lado estava o meu querido pai, Triton, seus olhos caramelos me observavam com carinho e seu cabelo castanho o deixava perfeito, lembro mais uma vez que morro de ciúmes dele. 

Sorrio e vejo Ren se colocar ao lado dele, e decido que não tenho do que reclamar do meu irmão, sempre muito fiel e carinhoso, além de ser a cara do meu pai, o que já me custou várias suspensões por ter batido em vadias que tentaram algo com ele.

Continuo andando na direção da mesa, minha mãe está linda e toda sorridente, vejo que seus olhos azuis estão marejadas, mas Kristine se mantém forte ao lado do meu irmão.

Minha outra avó pisca para mim, ela também tem lindos olhos azuis e um cabelo loiro que a maioria das mulheres mataria para possuir. Stefany é super confiante e me ensinou como cuidar dos machos da casa, umas dicas muito úteis, admito.

E ao seu lado e por último esta o meu único avô, Jefferson está chorando, não que seja novidade, ele é o mais sensível de toda a família, mas também o mais fofo. Porém, ele sempre tem uns ataques de ciúmes e confronta indiretamente o meu pai, que sempre sai ganhando.

Respiro fundo e sou guiada até estar no meio dos meus pais, junto do meu irmão. Primeiro eles me abraçam e em seguida todos começam a cantar o parabéns, vejo as pessoas baterem palmas e cantarem animadas, até teve aqueles ei! no meio da melodia.

- Com quem será?! - idêntifico na hora a voz da Thalita.

Meu rosto deve ter ficado vermelho e sinto as bochechas esquentarem, ouço meu pai trincar os dentes, mas minha mãe o belisca levemente e lhe dá um aviso de comporte-se. Eu a amo ainda mais por isso!

A brincadeira continua e dois nomes são pronunciados no final: Sven que foi proclamado pela nossa alcateia e Filipe que foi gritado pelos meus amigos da ex-escola. 

Sorrio envergonhada e não arrisco olhar o meu pai, o seu cheiro de ciúmes misturado com teremos uma conversa mais tarde já faz meu corpo tremer de nervoso.

- Discurso da família! - alguém grita e logo todos apoiam a ideia.

Meu avô começa a discursar, mas antes ele enxugou as lágrimas.

- Eu achei que nunca fosse sentir tanta alegria depois que a minha pequena Kristine nasceu! - ele reprimi as lágrimas. - Mas aí ficamos sabendo da April, e só a notícia já fez meu coração amolecer.

- Seu coração é sempre mole. - minha avó, Steffany murmura e depois continua o discurso. - E então quando você nasceu... Nós ficamos pensando em como seria ter uma netinha, e que queríamos mimá-la bastante.

- Eu até pensei em fazê-la morar com a gente. - ele se joga em mim, abraçando-me. - Eu te amo, princesinha!

- Nós te amamos, querida. - minha vó é bem durona e mal noto que ela está quase chorando.

A plateia faz um coro de Ohhhhhh.

- Também amo vocês dois. - retribuo abraço e demoradamente meu avô me solta, voltando ao seu lugar.

Sinto o olhar da minha outra vó e a fito, seus olhos estão marejados e quando começa a falar, sei que é puro amor.

- Eu te conheci com três aninhos e... Puxa, você era e ainda é a netinha mais graciosa que eu poderia pedir. - ela não se aguenta e começa a chorar, estende os braços na minha direção e eu pulo neles. - Eu amo você.

- Eu também te amo, vó. - choro só um pouco, pois sei que meus pais e meu irmão ainda farão eu parecer um bebê chorão.

Assim que a solto, sorrio e lhe mando um beijo, ela enxuga as lágrimas e em seguida sinto meu irmão me puxar e me abraçar apertado.

- Você é a melhor irmã do mundo! - ele me beija na bochecha e noto que está corado. - Espero nunca te decepcionar, maninha, porque eu te amo demais!

Eu o agarro e lhe dou um beijo demorado na bochecha, Ren não faz ideia do quanto eu me orgulho dele. E foi depois disso que meu coração se aperta contra o peito, meus pais estão um ao lado do outro, fitando-me com carinho.

Vejo nos olhos de Kristine que se ela abrir a boca, vai chorar com certeza.

- Você não faz ideia da alegria que sentimos quando sua mãe ficou grávida de você. - meu pai começa e seu sorriso me aquece. - Foram sete meses maravilhosos, cheios de altos e baixos, mas o melhor momento e mais indescritível das nossas vidas foi segurar cada um de vocês pela primeira vez.

Ele se mantém firme, mas sua voz o entrega levemente. Minha mãe segura as minhas mãos e sorri.

- Eu nunca achei que fosse ter uma filha tão linda, esperta, gentil e carinhosa como você, April. - sua voz está chorosa. - E eu sempre ficava imaginando, sonhando em como seria ter uma filha... E acredite, nada do que eu sonhei se compara com a realidade que é milhões de vezes melhor!

- Nós te amamos profundamente, panquequinha. - meu pai finaliza e me dá um beijo na testa.

Não tive mais firmeza, eu e minha mãe choramos abraçadas, dizendo uma a outra o quanto nos amamos e só consigo parar quando as pessoas começam a gritar para que eu faça um desejo e corte o bolo. E eu as agradeço, pois creio que choraria até ficar seca se não fosse por elas.

*

Estava no quintal, deitada ao lado das flores, sentindo seus mais variados aromas e com os olhos fechados, notei que meu pai se aproximava. Ele se deitou ao meu lado, rolo até ele e me encaixo em seu peito.

Seu braço me acomoda ainda mais e sua boca beija o topo da minha cabeça, decido abrir os olhos e começo a falar.

- Pai, eu estou com medo. - afirmo e me ergo, sentando no chão.

- Medo do que, meu anjo? - ele também se senta.

Triton não me pressiona, apenas aguarda que eu crie mais coragem para encará-lo.

- E-Eu não quero fazer faculdade este ano. - digo virando-me para ver a sua reação.

Sua mão toca a minha cabeça, bagunçando levemente o meu cabelo, vejo os cantos da sua boca se erguerem num sorriso.

- Por que não está bravo? - deixo a pergunta pairando entre nós.

- E por que ficaria? - ele faz um afago na minha bochecha. - April, só porque você acabou a escola e fez dezoito não quer dizer que tenha que decidir o seu futuro agora.

- Mas e se ficar tarde? E se eu nunca decidir nada? - percebo que o meu medo é muito mais do que apenas contar a verdade a ele.

- Para um lupino nunca é tarde, April. - ele diz sério, mas sem estar bravo. - E um dia você vai se decidir, quando você menos esperar, vai saber que é isso o que quer.

Mordo o lábio e continuo olhando em seus olhos, meu pai beija a minha testa do mesmo modo que faz com todas as mulheres da família. Pulo em seu colo e encaixo a cabeça em baixo do seu queixo.

- Obrigada, pai. - digo e ficamos em silêncio por um bom tempo.

Ele apenas me segura apertado, deixando que eu possa refletir um pouco.

- Se sentindo melhor? - sua voz é bem suave.

- Ahan. - assinto devagar, mas continuo imóvel. - Eu só não queria desapontar vocês.

- Não quero que se preocupe com isso. - ele afirma. - E April, você não vai nos desapontar, somos seus pais e sempre estaremos ao seu lado, não importa o que aconteça.

Ergo a cabeça e vejo-o sorrindo, consigo sorrir de volta e recebo mais um beijo na testa. Sem mais demora, nós nos levantamos e andamos até a sala, Ren está dormindo no sofá enquanto minha mãe o cobre.

Kristine nos vê e vem ao nosso encontro, meu pai a segura ao seu lado e beija seus lábios.

- O que acham de irmos no cinema amanhã? - ela propõe.

- Eu topo! - sorrio animada.

- Por mim pode ser. - meu pai ri. - E o garotão?

- Ele vai ir. - digo dando de ombros. - Ren ama ir ao cinema.

- Ela está certa. - minha mãe também ri.

Ren se remexe no sofá e acaba caindo no chão, nós três gargalhamos, ele se levanta sonolento e vem até a minha mãe, abraçando-a.

- Está com sono, meu lobinho? - ela mexe em seu cabelo e ele ronrona um sim. - Vou colocá-lo pra dormir então.

Meu pai a solta e esperamos que minha mãe suma das nossas vistas para irmos até o sofá. Triton senta no canto e eu aproveito para deitar a cabeça em seu colo, assistimos a televisão em silêncio, passava um filme de românce.

Tão logo, Kristine se senta no outro canto, colocando meus pés em cima de suas pernas. Sorrio disfarçadamente, porque gosto desses momentos que só estámos nós três.

*

O calor não havia dado trégua, como esperado do verão, minha mãe vestia um simples vestido rosa claro o que a deixava mais radiante, meu pai vestia uma calça jeans e uma polo verde escura, deixando-o charmoso, meu irmão estava de bermuda e uma camiseta estilo skatista, e eu estava com uma saia rosa clara com uma regata branca.

- Eu e o pai podemos comprar os ingressos e vocês podem comprar a pipoca, o que acham? - Ren sugeriu.

- Ótima ideia! - minha mente faz um click, como se me avisasse que era o momento perfeito para conversar com a minha mãe. - Vamos, mãe!

Puxo-a pelo braço, ela ri e acena para eles, assim que chegamos a fila da pipoca, desembucho:

- Mãe, preciso te contar uma coisa. - digo assim que confirmo que meu pai não está nos vendo.

- Hmmm... Por que eu acho que já sei o que é? - ela ergue uma sobrancelha e sua boca sorri. - Tem algo a ver com o Sven, estou certa?

Tudo bem, minha mãe é a lupina mais sensitiva do mundo, mas agora foi surpreendente!

- C-Como?

- Bom, depois que você me contou de você e Sven terem ficado e tals... Eu já estava meio suspeitando que ele queria algo a mais com você. - explicou. - E agora você me pareceu muito preocupada sobre o seu pai saber dessa conversa.

- Tudo bem, eu me rendo. - ergo as mãos brincando. - Mas é sério, mãe... Sven me pediu em namoro ontem.

- Ontem? - pelo menos isso pareceu uma surpresa para ela. - E você?

- Aceitei, claro! - não consegui conter a empolgação.

- Ohhhh, que lindos. - Kristine sorriu graciosamente.

- Só que temos o problema pai-ultra-protetor-com-dominância-excessiva-e-ciúmes-de-matar. - suspiro.

Eu amo os meus pais, tanto que morreria por qualquer um deles, porém ninguém é perfeito, e até gosto de ver como Triton é ciumento e quer me proteger, só que um dia eu tinha de ter algum lobo, certo?

- Eu falo com ele. - minha mãe assente toda gentil. - Mas o Sven tem que estar junto para o seu pai ver que ele é corajoso, entendeu?

- Mas e se ele quebrar a cara do Sven? - minha cabeça doe em pensar nessa hipótese.

- Não deixarei, pode ficar tranquila, eu sei como controlar o seu pai. - ela sorri maliciosamente. - Faremos assim, Sven vem em casa amanhã antes do seu pai chegar, aí quando ele chegar, estaremos na sala e contamos a notícia.

- Então, esperamos até amanhã? - sinto ansiedade e um pouco de insegurança em minha voz.

- Sim. 

A atendente nos chama e enquanto minha mãe pede, sinto o cheiro de nozes do meu pai e o de abóbora do meu irmão. Assim que pegamos o pedido, nós nos juntamos e caminhamos em direção a sala do cinema.

Quando já estamos sentados nas poltronas, meu celular vibra na bolsa, pego-o e vejo que é uma mensagem de Sven, meu namorado. Sinto o rosto pegar fogo, mas nenhum deles parece notar.

Meus pais estão "se paquerando" enquanto meu irmão devora uma pipoca sozinho, respiro fundo e leio a mensagem.


Estou com saudades. 
Quero logo poder contar a todos que você é minha.
Apenas minha.
Bjs do seu namorado.



Leia umas três vezes antes de responder, meu coração bate rápido no peito e meus dedos digitam rapidamente.


Também senti saudades.
Minha mãe disse que tem a solução para o nosso problema.
Estou no cinema com meus pais e meu irmão, mas te conto tudo assim que sair.
Bjs da sua namorada.



Clico em enviar e a resposta vem logo em seguida:


Tudo bem, linda.
Divirta-se.
Me ligue assim que puder.
Queria muito estar aí, mas acho que você não conseguiria prestar atenção no filme.



Ainda bem que eu estava sentada, pois minhas pernas ficam moles de repente, noto meu irmão me encarando e sorrio, e antes que ele me interrogue, a luz da sala se apaga e os trailers começam.
 


Notas Finais


Espero que tenha ficado bom, cada capítulo será narrado por uma pessoa da família Cerutti, shauhsuash.

Obrigada pelo apoio pessoal, está sendo muito importante pra mim os comentários de vocês!

E eu gostaria de saber o que acharam da April mais velha e do pessoal em geral?


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