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História O Cheiro da Lua - Estranheza


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Perdão pela demora, mas esse capítulo promete!

Boa leitura

Capítulo 104 - Estranheza


 


Kristine


O combinado era esperarmos na sala e assim que Triton chegasse do trabalho, eu começaria a contar a notícia e Sven a terminaria, ele disse que seria ele a falar a parte mais importante. Corajoso ou muito burro, acho eu.

Ouço April respirar fundo quando a porta da frente se abre, pareceu uma eternidade até Triton chegar a sala, mas a cara que ele fez quando viu nós três em pé, assustou um pouco Sven e April.

- Triton... - chamo-o, mas me mantenho a frente dos dois.

Ele me fita e respira bem fundo, está na cara que agora ele já sabe.

- O que é isso? - ele rosna e encara cada um de nós, demorando mais em Sven.

- Triton, você sabia que esse dia chegaria. - coloco as mãos na cintura. - Olhe pra mim!

Triton demora um pouco, mas volta seu olhar para mim, sorrio satisfeita e dou uma leve olhada para o Sven, indicando que ele pode falar agora.

- Senhor Cerutti, eu vim aqui com um propósito e não vou sair até que o senhor me ouça. - Sven comenta.

O medo havia desaparecido de seu semblante, fiquei orgulhosa e com um pouco de receio de que Triton entendesse como uma afronta.

- Diga. - Triton cruza os braços e encara o garoto.

- Eu quero namorar a April, mas eu acho injusto e sem caráter não informá-lo. - começa. - Só que o senhor não é fácil e April é sua primeira filha, então eu entendo que vai ser muito difícil o senhor gostar de mim logo de cara, mas eu vim convencê-lo de que possa e vou fazer a sua filha feliz.

- Provar? - Triton ergue uma sobrancelha.

- Sim. - Sven está firme. - April é a mulher mais linda que eu já vi, e ela tem uma personalidade única, ela é diferente de qualquer lupina. Quando eu estou perto dela, eu me sinto vivo e adoro fazê-la sorrir e rir. - ele olha de relance para a minha filha e sorri. - No começo eu achei que era uma amizade de muitos anos, pensei que a considerava minha irmã, porém eu percebi que não posso vê-la conversando com outros caras que eu fico louco de ciúmes e sinto que devo estar por perto para protegê-la.

Estou sorrindo, esse garoto parece ser um bom partido, por mim, está aprovado, pois sinto quando um lobo está dizendo a verdade. Já Triton mantém sua expressão neutra, deixando April nervosa.

- Relaxe. - sussurro para ela.

- Sven, eu vou te fazer uma única pergunta. - Triton ergue um dedo. - A minha aprovação depende da sua resposta.

Sven continua firme e seu cheiro fica mais forte, como quem sabe que tudo depende dele. April continua nervosa, mas tento acalmá-la ao segurar a sua mão, ela me fita agradecida.

- Qual foi o melhor momento que você teve com a minha filha? - pergunta sem demora.

Esperto. Esse meu lobo está anos a frente desse garoto, é óbvio o que ele quer descobrir. Dependendo da resposta, Triton saberá as intenções mais profundas de Sven.

- Foi no dia que nós comemos fondue com os meus pais, ela havia me dito que amava banana com chocolate, e enquanto ela se acabava no doce, eu a observei sorrindo cheia de chocolate pela cara. - Sven sorria enquanto se lembrava. - Foi muito bom vê-la descontraída e cheia de alegria.

Amei a resposta, e se ele já estava com cinco estrelas comigo, agora ele conseguiu ganhar uma sogra muito satisfeita. E quando meu companheiro dá a sua risada alta, a sua marca de que está tudo bem, sorrio e vou até o seu lado.

- Tudo bem, garoto. - ele finalmente concorda com a cabeça. - Eu aceito o namoro de vocês, mas com algumas condições?

- Pode falar. - Sven não se rende.

- Bem corajoso você, não? - Triton ergue uma sobrancelha, mas cutuco-o e ele se concentra nas condições. - Vai proteger a minha filha de qualquer coisa ou qualquer um, nunca vai desrespeitá-la, e se algum dia ela aparecer chorando porque você a machucou...

- É melhor você aprender a fugir sem deixar rastro se quiser continuar vivo, porque eu acaba com a sua raça! - sorrio de modo assassino.

- É como a minha loba disse, só que eu nem vou dar tempo de você fugir. - meu companheiro afirma.

- Eu aceito as condições. - Sven está segurando um sorriso, ele deve estar radiante de felicidade.

Sinto a ansiedade de April, ela quer se jogar em seus braços e beijá-lo, tenho certeza.

- Mas hoje prefiro que você deixe eu conversar com a minha filha. - Triton diz, surpreendendo a todos.

- Tudo bem. - Sven concorda sem jeito. - Então, vou indo...

April faz o que pensei, ela se joga e o beija, Triton arregala os olhos e fica sem saber o que fazer, eu o seguro perto de mim e rio. 

O casal ri e se beija mais uma vez antes de April o levar até a porta, quando ela volta Triton está sentada no sofá e falando sozinho:

- Por que a gente tinha que fazer uma filha tão linda, Kristine? - resmunga e eu me sento ao seu lado.

- Eu não sou linda. - April para a nossa frente. - Mamãe é linda, eu não sou tudo isso. - ela dá de ombros.

- Você tem certeza de que lupinos não têm problemas de visão? - ergo uma sobrancelha.

- Não entendi. - April reclama.

- April, você é tão linda quando a sua mãe. - Triton sorri daquele jeito fofo. - E por que você acha que não é linda?

- Tinha uma patricinha na minha escola, e os meninos babavam por ela... E um dia um garoto disse que eu nunca chegaria aos pés dela... - ela realmente acredita que não chegaria aos pés de uma humana.

- April, panquequinha. - puxo-a para o meu colo. - Ouça a mamãe, não importa o que os outros digam, você é linda e não só por fora, por dentro também.

- Acham mesmo isso? - seu olhar de cachorrinho abandonado nos quebra no meio.

- Nome, sobrenome, idade, cheiro, cabelo e cor dos olhos. - Triton rosna. - Do imbecil que lhe disse isso.

- Você é a nossa panquequinha. - digo dando um tempo para que Triton se acalme, não que eu mesma não esteja querendo destroçar esse muleque. - E eu tenho certeza que o Sven te acha linda, você não ouviu o que ele disse... Que você era a lupina mais linda?

Ela sorri de verdade e me abraça, alguns segundos depois Triton a puxa e começa a lhe fazer cócegas. No meio do bagunça, Ren chega correndo.

- O que aconteceu? - ele vem até mim primeiro. - Mãe... Teve alguma luta de dominância aqui?

Percebe-se que o olfato dele está muito bom.

- Quase isso, meu amor. - eu me levanto e fico ao seu lado. - Mas digamos que agora a sua irmã namora.

Meu lobo para e me encara, sua cara diz claramente você tinha que voltar nesse assunto?

- Bom, vou me banhar! - digo rindo e saio.

- April ta namorando o Sven? - ouço Ren rir. - Já estava na hora!

- Que já estava na hora o quê? - Triton bufa e sinto seu cheiro chegar ao nosso quarto.

- Acho melhor nós dois conversarmos com ela mais tarde. - comento vendo como isso o afeta.

- Ótima ideia. - ele respira fundo e se joga de costas na cama, com as pernas pendendo para fora. - Ahhhh, Kristine... Ela era tão pequena e tão sensível, agora ela é uma mulher!

- Agora você entende como meu pai se sentiu quando descobriu que estávamos juntos? - deito em cima dele.

- Não nos compare. - ele suspira. - Eu era mais experiente e você aprendeu a cuidar de você mesma, Sven não tem nem dez por cento da minha experiencia e April sempre nos teve por perto.

- Ela vai continuar nos tendo por perto, e a sua experiência era só no sexo, meu amor. - brinco. - Porque você aprendeu muitas coisas novas comigo. - mordo seu lábio.

- Assunto encerrado por hora. - ele resmunga e se levanta, levando-me com ele. - Vamos tomar banho.

Sua excitação me deixa arrepiada, seu cheiro de dominância deixa os momentos seguintes ainda mais prazerosos.

*

Esperamos April na sala para podermos conversar, e era nítido o seu nervosismo. Eu e ela sentamos no sofá enquanto Triton puxou uma poltrona e sentou-se a nossa frente.

- April, eu não vou proibir que vocês namorem. - notei como ele estava se esforçando. - Mas eu quero que você entenda que vai sempre poder contar com a gente.

Ela assentiu devagar como quem ainda não acredita no que está ocorrendo.

- Você vai poder namorar dentro de casa como também sair, só que gostaríamos que você nunca escondesse nada de nós, está bem? - digo calmamente.

- Vocês não estão bravos? - sua pergunta nos pega de surpresa.

- Por que estaríamos? - viro-me de lado, observando-a melhor.

- Porque eu do nada apareci com um namorado. - April morde o lábio.

Mas Triton ergue seu queixo e sorri, ela se surpreende e para de se morder.

- Eu não estou bravo, e muito menos a sua mãe. - ele tenta usar uma voz acusadora ao falar o meu nome, porém ignoro a provocação. - Eu fico feliz que você tenha achado alguém, e o Sven não parece ser um cara ruim.

- Você está mesmo elogiando o meu namorado? - April ri um pouco.

- Está vendo como seu pai te ama? - Triton ri e se joga contra a poltrona. - Eu acho que devia ter me preparado melhor pra esse momento.

- Você está aguentando bem até. - não deixo de provocá-lo. - Pensei que você teria nos trancado em casa. - brinco.

- Nem dá ideia, mãe! - April ri, entrando na brincadeira.

- Tem razão! - finjo assustada. - Quem sabe o que um lupino dominante, ou seja, ciumento e muito possessivo poderia fazer a duas pequenas e frágeis lupinas.

Triton me encara e sorri maliciosamente, amanhã quando as crianças saírem, eu estarei ferrada.

- Sou ciumento e vocês são minhas! - ele mostra a língua. - Mas a April tem direito de ter um lobo, enquanto a Kristine só pode ter eu! - sua risada alta me dá leves arrepios.

- Mas é claro! Mamãe só pode ter você, e você só a mamãe! - April cruza os braços.

Observo os dois por um tempo e sorrio sozinha, desde quando a minha filha tinha se tornado a ciumenta número três da casa - número um é o Triton e número dois o Ren.

- Isso é algum tipo de cúmplice? - ergo uma sobrancelha. - Porque se for assim, eu vou chamar a Lorena.

- Pelo amor de Amaterasu! Deixa aquela baixinha invocada longe desses problemas! - Triton revira os olhos.

- Tudo bem. - dou de ombros.

April se levanta e abraça o pai, ouço-a agradecê-lo e depois recebe dois beijos, um em cada bochecha.

- Eu vou indo dormir. - ela afirma. - Amanhã de manhã, eu combinei de sair com a Skye.

- Com a Skye, é? - Triton suspira aliviado. 

- Boa noite, panquequinha. - mando-lhe um beijo.

- Boa noite, meu anjo. - Triton sorri de um jeito fofo.

- Boa noite, durmam bem. - ela acena e sai pelo corredor.

Ficamos uns dois minutos em silêncio de mãos dadas, levanto-me e vou até o seu colo, a respiração de Triton faz cócegas em meu pescoço.

- Eu confio nela. - diz. - Só que eu não sei o que está me incomodando...

- Nós confiamos nela, mas temos medo do que Sven possa fazer. - explico a nossa insegurança. - Não se preocupe, April é esperta e tem o pai mais carinhoso do mundo, certo?

- Ahan, e a mãe mais encantadora do planeta. - ele beija o meu pescoço. - Você já conversou com ela sobre sexo?

- Já, mas pretendo falar com ela amanhã antes que ela saia de casa. - comento. 

- Só espero que ele cuide bem dela, e que ela continue feliz. - seu sorriso é bem sincero.

- Também espero. - busco seus lábios e o beijo bem devagar e profundamente.

- Acho que está na hora de irmos dormir, meu amor. - ele mordisca o meu lábio.

- Certo. - assinto e saio do seu colo. - Vamos lá.

Triton segura a minha mão e vamos juntos até o nosso quarto, mas como sempre, passamos perto do quarto dos nossos filhos e conferimos se está tudo bem. Quase nunca abrimos as portas, nosso olfato e audição já são mais que suficiente.

*

Acordo muito cedo no dia seguinte, Triton ainda está dormindo e decido observá-lo um pouco. Seu rosto está virado para mim e sua boca está tão tentadora que lambo os próprios lábios.

Ele se remexe e murmura o nome da April, talvez seja por causa do namoro, mas penso que Triton está conseguindo lidar bem com a notícia. Seu cabelo está todo bagunçado e uma de suas mãos está me segurando pela cintura.

- Possessivo até dormindo. - susussurro.

E como não quero acordá-lo, fico na cama, relembrando de como os meus filhos eram quando bebês. Eles cresceram tão rápido e ficaram tão educados, bonitos e gentis.

O braço de Triton se mexe e ele me aperta mais contra si, contenha o riso e beijo a sua testa, isso o desperta, seus olhos abrem devagar e seu sorriso sexy pela manhã me faz beijá-lo ainda mais.

- Bom dia, minha noz gostosa. - dou-lhe um último beijo.

- Bom dia, minha linda violeta. - ele murmura com voz de sono e me espreme mais contra si.

- Triton! - protesto. - Deixe-me levantar. - choramingo.

- Ainda não. - ele resmunga e me mantém junto a si. - Por que a pressa?

- Preciso limpar a casa hoje. - comento. - E ainda tenho que conversar com a April, lembra?

- Perfeitamente. - ele ri. - Mas fica mais um pouco comigo, amor.

Sou completamente vencida, ficamos grudadas por um bom tempo e só levantamos quando ouço alguém mexendo na cozinha. Vou de pijama mesmo e encontro April trocada e comendo um lanche.

- Bom dia, mãe! - ela sorri e continua a comer.

- Bom dia, querida. - sento na cadeira a sua frente e sorrio.

- E o papai? 

- Levantando. - bocejo. - Onde vocês duas vão hoje?

- Ela disse que precisa comprar um presente pra num sei que amiga da faculdade e que necessita da minha ajuda. - April ri e termina seu lanche.

- Interessante. - afirmo e vejo-a se levantar. - April, preciso conversar um pouco com você.

Ela volta a se sentar e me observa cuidadosamente, é provável que ela ainda tenha medo de que a afastemos do Sven.

- É uma conversa simples, mas muito importante. - digo, tentando deixá-la mais confortável. - Filha, você tem que ser precavida... E não estou insinuando que vocês já vão passar pra esse passo, porém você tem que me prometer que quando achar estar chegando perto, vai numa ginecologista.

- É claro, mãe! - ela sorri compreensivamente. - Prometo te contar tudo.

- Contar tudo o quê? - Triton está na porta se espreguiçando.

- Sobre o relacionamento dela com o Sven. - digo rapidamente.

- Por que é que eu perguntei? - ele suspira e se senta a mesa.

- Bom dia, pai! - ela lhe dá um beijo demorado na bochecha. - Queria conversar mais, mas tenho que ir, Skye já me mandou mensagens e já me ligou. - ela pega a bolsa e acena quando passa por nós. - Amo vocês!

- Nós também te amamos! - declaro por nós dois.

Assim que volto a fitá-lo, Triton está me admirando, coro levemente e sorrio, estico meu braço até que consigo tocar a sua mão.

- Promete não me contar muito coisa que a April fizer, a não ser que seja necessário? - vejo como ele está angustiado. - Pelo menos no início.

- Prometo, meu amor. - faço uma voz manhosa e levanto para beijá-lo. - Agora vou fazer algo bem gostoso para você comer.

- Obrigado. - ele está mais aliviado.

Aproveito que ele ainda está sonolento e faço um delicioso café da manhã, lembrando de preparar uma jarra de suco e também fazer o café. Com tudo pronto, como ao seu lado deixando nossos dedos entrelaçados, meu companheiro já está mais acordado e ficamos conversando sobre nós enquanto Ren não aparecia.

*

Era depois do almoço e o calor estava me matando, além de estar sozinha na casa, o abafado me fazia querer sair correndo como uma louca. Triton estava no trabalho, Ren ainda não tinha voltado da escola e April estava namorando na casa do alfa.

Só faltava terminar de limpar o quarto do Ren e já estava planejando um passeio pelo floresta. Como motivei-me, acabei a limpeza em poucos minutos, e assim que terminei de me trocar para sair, alguém entrou em casa.

- Mãe?! - sua voz que começava a amuderecer me deu orgulho.

- Estou aqui, querido. - gritei ao sair do quarto.

Encontrei-o na sala sorrindo, seu cheiro dizia que tinha boas notícias.

- Não tenho nada hoje a tarde, então o que acha de irmos na floresta? - Ren sugeriu alegrimente.

- Esse é o meu lobinho. - sorrio satisfeita. - Vamos agora mesmo então.

- Beleza! - ele ri e dá a mão para mim. - Hoje, eu já disse que te amo muito, mãe?

- Já, mas pode falar mais vezes. - brinco e recebo um beijo quente na bochecha.

Ren era o filho mais carinhoso e mais grudado em mim, tão gentil quando o pai e esperto como a irmã. Portanto, sem esperar mais, caminhamos até a floresta enquanto ele me contava sobre os amigos que tinha na escola, engraçado como Ren e April tiveram experiências bem diferentes, e também diferiram das experiências dos pais.

*

Mantive a respiração o mais baixa possível, com o corpo levemente agachado espreitei por de trás da minha presa. Meus caninos já estavam prontos e minhas patas se impulsionaram, e com um único pulo caio em cima da presa.

Te peguei! Uivo vitoriosa e dou espaço para que Ren se levante.

Você é muito boa nisso, mãe. Ele se sacode e senta a minha frente. Você podia me ensinar?

A caçar? Primeiro, você precisa aprender a controlar o seu corpo. Levanto e faço um sinal para que ele me siga.

Ren é o único da família que consegue me acompanhar correndo no meu máximo, ele tem uma velocidade incrível, mas lhe falta habilitade para certas coisas.

Pulamos um tronco caído e logo em seguida eu paro, Ren acaba se atrapalhando e rola um pouco antes de conseguir parar.

Isso é uma das coisas que você precisa aprender. Mordisco sua orelha. Você é muito rápido, mas tem que saber tomar ações rápidas também.

Certo. Ele tira um pouco de sujeira que estava em seu pelo e me observa com seus olhos caramelos. Então, eu teria que prever que você ía parar ou conseguir parar mesmo de surpresa?

As duas coisas seriam uma boa opção, mas como você ainda não é muito perceptivo, podemos tentar ver a parte de ação e reação. 

Gostei! Ele dá um tipo de sorriso e começa a andar a minha volta. Vamos de novo.

Tudo bem. Eu o pulo e sigo correndo a sua frente, parar seria muito óbvio agora, então decido virar bruscamente para a direita, usando uma pedra como impulsionador.

Dessa vez, Ren consegue entender, pensar e agir, e mesmo que a sua curva acabe saindo estranha, ele continua a me seguir. Rosno, sentindo minha loba se divertir, sinto o cheiro de água e mudo novamente a direção.

Ren consegue fazer uma melhor curva e aumenta o ritmo para me alcançar, e quando está quase ao meu lado, consiguimos ver o córrego de um rio bem a nossa frente, sem pensar muito, salto e paro do outro lado.

Isso foi jogo sujo! Ele reclama assim que consegue sair da água.

Na verdade, jogo molhado! Brinco e ele rosna para mim. 

É muito difícil, como posso correr muito rápido e fazer essas curvas e pulos e paradas?! Ele revira os olhos e caminha em minha direção.

Você foi muito bem, Ren. Afirmo e seus olhos brilham com o elogio. É a primeira vez que tentamos isso e você já conseguiu fazer uma boa curva.

Sério? Ele uiva bem alto, e eu o acompanho. 

De repente, Ren se gruda em mim e eu o acaricío com o focinho, seu grunhido quase faz meus sentidos falharem, contudo, minha loba rosna avisando-nos do perigo.

Fique atrás de mim! Rosno para algo que está chegando enquanto Ren fica parado logo atrás de mim.

Sei que Ren já sentiu a presença ameaçadora, mas ele está inseguro, como esperado de um lobo que nunca enfrentou nenhum inimigo antes.

Se eu mandar, você corre para casa. Digo o mais séria possível.

Mas...

Ren! Faça o que eu mandar! Rosno e dessa vez é para ele.

Com um abaixar de suas orelhas, Ren acata as minhas ordens, é horrível ter de fazê-lo se submeter, mas era necessário.

Foi quando o barulho cessou que eu senti mais medo, olhei para os lados e permaneci alerta. Um galho sendo quebrado foi o que nos salvou, um vulto grande e cheirando a feijão podre pulou a nossa frente.

Ambos rosnamos enquanto Ren tentava se esconder atrás de mim, agora de perto podia ver que a criatura era quadrúpede com olhos quase totalmente pretos. Sua cabeça era de leão - com juba e tudo - suas patas tinham garras enormes, seu corpo parecia ser bem duro e tinha uma cauda de raia.

Como isso é possível? Ren estremeceu.

Não sei... Vá para casa, agora! Assim que mando-o ir, a criatura gira o corpo lançando a cauda em nosso direção, desvio e mando mais uma vez Ren ir embora.

Vou pedir ajuda! Em instantes nem posso mais sentir o seu cheiro.

A coisa rosna e ataca, desvio e pulo em seu corpo, como previ, a pela era bem dura como de um jacará, mas consigo me segurar apenas o necessário para morder a sua orelha e fazê-la cair de lado no chão.

Mas antes que ela se levante, consigo morder o seu pescoço, ela se retorce e tenta me acertar com suas garras enormes. Uma das minhas patas é ferida, mas não sinto que devo largar o seu pescoço, pois sei que logo ela estará morta, nenhum ser vivo - não importa qual você seja - pode viver sem a quantidade mínima de sangue.

Então, ela para de se mexer, e sua respiração também para, ainda receosa, solto-a devagar e começo a me afastar quando sinto uma pontada ao lado do meu corpo. 

Sinto o veneno começar a se espalhar pois a dor percorre todo o lado do meu corpo, queimando como se eu fosse explodir. E infelizmente, a fera começa a soltar um vapor como se estivesse se regenerando, eu só sabia que precisava sair dali o mais rápido possível.

Juntando o resto das minhas forças, eu corri, usando o caminho mais rápido para a alcateia. Já estava na metade quando ouvi seu urro enfurecido, se ela me achasse, seria uma loba morta.

Então o veneno paralisou as minhas patas do lado esquerdo, caí com tudo no chão só parando quando bati em uma árvore. Só consegui erguer a cabeça e a vi, seus olhos estavam me observando assustadoramente, estava se deliciando com sua presa.

Rosnei, mantendo-a afastada, mas logo ela veio para cima, meus olhos se fecharam com força e ouvi um choro. Abri os olhos, um grande lobo branco estava em cima da criatura, dilacerando a cabeça da coisa.

Respirei fundo e tentei me levantar, com muito esforço mantive-me em pé usando a árvore como apoio. Um minuto depois, a fera estava cega e com a face irreconhecível, aproveitando a distração da criatura, o lobo usou sua mandíbula prendendo o pescoço dela e torcendo-o em seguida.

Dessa vez, ela tinha de estar morta, porém como se soubesse o que eu temia, o lobo separou a cabeça do corpo, jogando-a bem longe. Depois veio até mim e lambeu o meu focinho, Sven sempre fora um bom guerreiro.
 


Notas Finais


Acho que o Sven e o Ren ganharam mais estrelas com vocês, certo? hsauhsuahsuahusahs


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