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História O Cheiro da Lua - O equilíbrio


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Capítulo com altas emoções.

Boa leitura!

Capítulo 107 - O equilíbrio



April


Entrei em choque quando ouvi a conversa de Sven pelo celular, seu pai o mandou ir para a alcateia, protegê-la enquanto eles lidavam com uma nova quimera. Infelizmente, ela estava exatamente onde meus pais iriam passear hoje!

Eu o despistei assim que Sven estava ligando para a sua mãe, minhas pernas não doíam, mas meu coração ardia de medo. Já não tinha sido suficiente quase perder a minha mãe, e agora ambos estavam em perigo.

Acima de mim, um barulho de vidro me despertou, em seguida ouvi um rosnado e depois senti o cheiro do sangue do meu pai. Corri para dentro do hotel, ninguém me parou, o elevador não iria chegar logo, por isso usei as escadas.

Quinto andar. Apressei-me pelo corredor achando uma porta seriamente danificada, lá dentro havia três seres lutando, meu pai era o grande lobo castanho claro e os outros dois eram quimeras horríveis.

Todos estavam sangrando, mas a desvantagem para Triton era enorme, sua pata traseira estava sangrando e eu não via a minha mãe. Mas meu pai me viu e seus olhos me mandaram embora, porém eu o desobedeci e sabia que ele brigaria comigo depois.

- Onde ela está? - perguntei nervosa.

No banheiro, dentro da banheira, tire-a daqui!

Assenti e entrei no banheira, ela estava dormindo, mas seu rosto demonstrava como estava sofrendo. Poderia carregá-la, mas andaria muito devagar, seria mais arriscado ela ser vista comigo do que continuar escondida.

Temos de tirá-los daqui, posso ser a distração! Sugiro ao meu pai.

Seu rosnado é alto e finjo que não foi direcionado a mim. Não ouse, April!

Você pode me proibir de ser a distração, mas não de ajudá-lo! Transformo-me e saio do banheiro, as quimera ficam paradas, avaliando a situação, agora meu pai ganhou um novo machucado na testa, sua respiração está péssima.

É tão teimosa quanto a sua mãe! Levo como um elogio.

Mostro os caninos e as quimeras se dividem, a mais parecida com um veado vem até mim e a mais parecida com um avestruz se direciona para o meu pai. A fera parte para cima de mim, desvio e mordo sua pata traseira, usando força para quebrá-la.

Ela cai e demora a se levantar, olha a luta ao lado, meu pai a imobilizou e está arrancando o seu pescoço, e essa minha falta de atenção me custa um coice.

Sou arremeçada longe, e como a janela já estava quebrado fico pendurada na sacada, usando meus dentes para não cair. Grunho sentindo o meu próprio sangue na boca, de repente, meu pai me ergue pela nuca, mas sua força diminui quando aquele animal com cabeça de tigre enfia seus dentes afiados nas costas do Triton.

Ele grunhi, mas me levanta mesmo assim, jogando-me o mais longe da sacada, levanto correndo e vejo-o sendo arremessado a minha frente. Triton mal consegue se levantar, mas me protege, lutando para me manter viva.

Mas quando a quimera lhe morde a pata dianteira e ele cai no chão, completamente destruído, acabo voltando a forma humana, começo a gritar quando a quimera mira em seu pescoço.

- PAI! - grito e tento salvá-lo.

Então algo pequeno e peludo está em cima do veado, com as patas cravadas em sua pele de jacaré, o lobo arranca a orelha da besta, que consegue escapar daquelas presas e se afasta um pouco.

O lobo é assustador, seus caninos estão brilhando com a luz da lua que entra da janela, seu olhar é selvagem e assassino, seu pelo preto está arrepiado e seus olhos são azuis.

- Mãe? - sussurro.

Ela não responde, mas sei que é ela, o cheiro é inconfundível, engatinho até o meu pai e analiso seus ferimentos, suas costas não param de sangrar, corro até o banheiro e pego todas as toalhas que acho, volto e tento estancar o pior sangramento.

Meu pai abre os olhos e cheira o ar, suas orelhas ficam atentas e sua cabeça se vira na direção da minha mãe. Seu corpo se levanta, mas cai novamente, eu o impeço de tentar outra vez.

Ela vai morrer se lutar, Kristine não está em condições! Ele rosna, porém não possui mais forças.

Estou pronta para interferir quando Kristine volta a atacar, em segundos o inimigo é morto completamente estraçalhado, os olhos de lobo nos encaram, mas não nos reconhecem.

- Pai, a mamãe está estranha.

É a loba da sua mãe, não ela. Explica. Kristine! Retome o controle, você sabe que consegue.

A loba recua e grunhi, em seguida começa o processo de transformação e eu nunca havia visto minha mãe gritar de tanta dor. Começo a chorar enquanto meu pai choraminga querendo ajudá-la.

*

Estamos a horas esperando qualquer notícia, meu corpo já se recuperou das leves contusões enquanto meus pais estão em algum lugar dessa enfermaria, algum lugar que seus filhos estão proibidos de entrar.

Ren está chorando, eu o mantenho perto tentando acalmá-lo, mas é complicado ajudar alguém quando você mesma está um trapo.

Então meu pai sai de uma das portas e nos vê, meu corpo não se move, mas Ren corre até ele e eu acabo criando forçar para ir junto. Nós o abraçamos e mesmo que ele tenha sentido dor, não diz nada.

- Que bom que estão bem. - seus olhos estão cansados e sua cara é de quem fez uma maratona pelo mundo.

- Eu sinto muito, pai. - começo a chorar sem saber como ainda tenho lágrimas.

- Você fez aquilo que uma família faz. - disse de modo gentil. 

- Você está bem mesmo? - Ren está tentando parar de chorar.

- Vou ficar. - Triton sorri. - Meu único problema agora é as costas, mas não suporto ficar sentado ou deitado, então eles me deixaram vir vê-los.

Então, ela começa a gritar de novo, eu me encolho quando Ren volta a chorar, meu pai fecha os olhos e cerra os punhos. Kristine havia parado de gritar havia duas horas, mas agora que havia recomeçado, eu temia o quanto duraria e o quanto nos aguentaríamos ficar atrás dessas portas.

- O que eles estão fazendo com ela? - Ren grita nervoso.

- O veneno que afetou a parte esquerda do corpo da sua mãe, destruiu grande parte dos músculos e tecidos, e ela estava proibida de se esforçar ou se transformar. - Triton explica quase chorando. - Ela fez as duas coisas ontem, e agora o que estava se recuperando voltou a se romper.

Elizabeth, outra médica daqui vem até nós, minha mãe continua gritando e mal escuto o que a médica diz, até que Ren pergunta.

- Ela vai sobreviver, certo? 

Todos a encaramos, seu olhar é de tristreza, e sua resposta dói demais.

- Ela vai sobreviver, mas não sabemos as sequelas. - comenta.

- Sequelas? - sinto a voz falhar.

- Sua mãe forçou o próprio corpo mais do que a sua condição permitia, estamos operando-a de pouco em pouco, porque como já notaram, ela sente muito dor. - Eliza mantém o tom profissional, mas quer chorar.

- Quando poderemos vê-la? - meu pai pergunta com os olhos marejados.

- Logo, essa é a última etapa, assim que terminarmos, chamamos vocês. - ela se despede e sai, voltando aquele local onde não podemos entrar.

Triton chora em silêncio, Ren cai de joelhos quando os gritos recomeçam, e eu já quase não sinto o meu rosto de tanto chorar.

*

Kristine está deitada na maca, inconsciente com soro injetado em sua veia, usa um aparelho para respirar e está coberta com um fino lençol. Meu pai está ao seu lado, segurando sua mão direita, ele foi o único que conseguiu parar de chorar desde que a vimos.

Só quero que ela se recupere, que ela possa fazer tudo que gosta. Ren finalmente se senta no sofá que há no quarto, seus olhos estão inchados e ele vai parando de chorar, fico indecisa.

Opto por ir até o meu pai, encosto-me em seus fortes braços e logo ele me aconchega em seu peito, mal consigo olhá-la, só de observar o quão debilitada está, sinto que meu coração vai queimar.

- Ela vai ficar bem. - a voz dele é baixa. - Vamos cuidar dela, filha.

Assinto ainda grudada em seu peito e ouso virar, agora de mais perto vejo como já emagraceu um pouco. Seguro as lágrimas e quero me jogar em seus braços, pedir que ela me faça carinho, que ela cante pra mim...

A porta se abre com violência, os meus avós entram desesperados e param quando a vem. Dessa vez, até mesmo a Stefany desata a chorar, Jefferson mal consegue ficar em pé tendo que se apoiar na parede para respirar.

Solto meu pai e abraço o meu avô, ele grita o nome da minha mãe e somos forçados a tirá-lo do quarto. E enquanto acalmam o Jefferson, Stefany caminha até o lado de sua filha e lhe beija o nariz, depois se senta ao lado de Ren e ambos ficam abraçados, chorando de pouquinho.

Triton não liga para o resto, seus olhos estão fixos nela, na mulher que ele ama e que quase perdeu. Fico apenas observando e começo a ouvir quando ele lhe conta uma história:

- No dia que a gente se conheceu, eu já sabia que queria você. - começou. - Mas eu não conseguia entender como eu conseguiria conquistar você, porque no começo eu ainda não sabia que você era lupina, mas desconfiava. - comentou erguendo levemente os cantos da boca. - Então, nós descobrimos que éramos da mesma espécie e você confiou em mim, e quando fui ver... Eu tinha confiado o meu coração a você.

Ele volta a chorar só que dessa vez são fortes soluços, mas suas mãos continuam juntas.

- Do mesmo jeito que você foi paciente comigo, meu anjo, eu vou ser com você. - afirma com a voz angustiada. - Você enfrentou os meus piores defeitos e ficou ao meu lado, me ajudou a enfrentar todos eles... Eu te amo tanto, Kristine... Minha Kristine, tão linda, tão pequena, tão gentil...

Deveria abraçá-lo? Não. Esse é um momento dele, não posso interferir por mais que doa vendo-o chorar desse jeito.

- Se você tiver que ficar meses em uma cama, eu vou fazer com que você se divirta mesmo assim, nunca deixarei você sozinha nem com tédio. - comenta. - Farei todas as suas comida favoritas, farei tudo que você pedir... Eu prometo cuidar de você, meu amor.

Ele a beija demoradamente na testa, minha mãe murmura um possessivo e faz eu e meu pai sorrirmos em meu as lágrimas.

*

Sven e eu estamos no sofá, estou encolhida nele, já faz dois dias que minha mãe está em casa. Ren está junto com ela enquanto meu pai faz o jantar, Sven me aperta mais um pouco, pois sabe que vou desmoronar.

Todas às vezes que eu fui vê-la, chorei desesperadamente, não suporto ver a minha mãe tão machucada. 

- Deixei o jantar na mesa para vocês. - Triton passa pela sala indo em direção ao quarto onde Kristine está. - Vou falar pro Ren vim comer com vocês, tentem conversar um pouco com ele, por favor.

De nós três, Ren parece ser o mais afetado, ele mal come ou fala. Vamos até a cozinha e logo meu irmão aparece, seu olhar é vazio e tenho medo de perguntar sobre a nossa mãe.

- Papai fez sopa hoje. - afirmo e ele se senta ao meu lado.

Sven me fita com um olhar preocupado, volto a fitar o Ren que permanece sentado sem se mexer.

- Ren, sei que está sendo difícil para vocês. - Sven diz com cuidado. - Mas sua família precisa que você se mantenha forte.

- Me diga se você estaria forte com a sua mãe praticamente acabada? Ela sente dor com o mínimo de movimento e mesmo assim se preocupa conosco, mesmo com os remédios, as dores continuam. - Ren grita. - Então não me peça para ser forte, Kristine é a minha mãe, e eu não vou ficar normal enquanto ela sofre e com a chance de perdê-la!

Ele se levanta e sai, Sven me pede desculpas, porém a culpa não foi dele, Ren precisava descontar a sua angústia em alguém.

- Vou falar com ele. - levanto e sigo seu cheiro, que me leva até o seu quarto.

Ren está em sua cama, encolhido em posição fetal, ele chora enquanto murmura mãe repetidas vezes. Sento ao seu lado e lhe faço um afago no rosto, seus olhos se abrem e ele me fita desesperado.

- Mamãe vai ficar bem, nós prometemos cuidar dela, lembra? - digo gentilmente, e ele apenas assente ainda chorando.

- April, ela está tão mal... E hoje quando ela acordou e os minutos que ela ficou sem dor, foram para perguntar sobre a gente, sobre a minha escola, sobre o seu namoro.

Era mais do que esperado da Kristine, uma mãe que ama e se preocupa com seus filhos. 

- Eu vou ir vê-la. - temo, mas me encorajo.

- Ela iria adorar. - Ren chora menos agora. - Só prometa que não vai fugir, se for entrar lá, fique...

- Prometo. - afirmo e me levanto. - Estou indo agora.

Deixo-o sozinho, e quando noto estou parada na frente da porta do quarto dos meus pais, respiro fundo e abro a porta, meu pai a está alimentando, todo cuidadoso e cheio de amor. 

Ele a encheu de travesseiros para que ela não tenha de fazer nenhum esforço, mantenho-me firme e me aproximo, Triton termina de alimentá-la e coloca o prato longe deles, ajudando-a a se deitar novamente.

- Oi, panquequinha. - sua voz é tão baixa que meu coração dói de vê-la fraca.

Kristine emagreceu mais ainda, e ela aparenta estar tão frágil, penso que vou desabar então ela sorri. Minhas pernas se movem e eu me sento com muito cuidado ao seu lado, seus olhos piscam e parecem se forçar a ficar abertos.

- Como você está? - sua pergunta é tão gentil, como se fosse eu a machucada ali. - Seu pai disse que você não estava bem, por isso não veio mais me ver.

Doeu. Era como se eu a tivesse abandonado.

- Me desculpa, mãe! - choro em sua frente. - Eu estou com tanto medo, não quero perdê-la.

- Vocês não vão me perder, boba. - ela sorri de novo. - Posso ser pequena, mas sou bem durona.

- Você pode ser a loba mais durona do universo, se isso a fizer ficar conosco para sempre. - comento sentindo mais esperança. - Eu te amo, mãe.

- Também te amo, panquequinha. - seus olhos se fecham e se abrem só depois de um tempo.

- Descanse, meu amor. - Triton acaricia a sua face. - Você precisa repousar.

Ela o obedeça e logo adormece, meu pai deixa as lágrimas, que estava contendo, descerem pelo rosto. 

- Pai? - chamo-o cautelosamente.

- Eu não consigo vê-la sofrendo desse jeito. - confessa. - Eu faria qualquer coisa para vê-la sem dor, podendo sorrir de verdade, correndo livremente... Eu trocaria de lugar com ela.

- Nós sabemos. - afirmo fitando-o.

Silêncio. A dor que minha mãe sentia deveria ser horrível, então perguntei aos médicos como a loba dela lutou contra isso e ainda nos protegeu, a resposta foi simples:


Era uma loba defendendo a sua família, os seus filhotes e o seu lobo.


- Quer que eu traga um pouco de água? - pergunto quando noto que ele parou de chorar.

- Não, obrigado. - ele se levanta ao respirar fundo. - April, você pode ficar de olho nela, só para eu tomar um banho rápido?

- Claro, pai, vai lá. - sorrio levemente e ele agradece com um aceno.

Assim que o chuveiro é ligado, volto a minha atenção a Kristine, sua respiração é tranquila e começo a afagar-lhe o cabelo. 

- Não se preocupe, mãe, quando você melhorar teremos aquela caçada em família. - afirmo deixando algumas lágrimas descerem pela minha bochecha.

*

O barulho da água correndo afirmava que Ren ainda estava no banho enquanto eu e Triton terminávamos o almoço, hoje era o aniversário do meu pai, ele fazia 239 anos. 

- Você vai adorar o seu presente. - provoco-o. - Foi a mamãe que escolheu.

Ele sorri todo fofo, passado um mês do ocorrido com Kristine, agora ela já conseguia andar sozinha, bem devagar e com um pouco de dificuldade.

- É um alívio que a mamãe esteja bem, não é? - digo.

- É uma benção, os médicos disseram que ela tem uma força de vontade incrível, pois ela deveria ter perdido pelo menos cinquenta por cento dos movimentos do lado esquerdo. - suspira aliviado.

- Mamãe é uma batalhadora. - afirmo sorrindo. - Ela fez isso por nós.

- Sempre é por nós. - sua voz é um pouco triste.

Eu o compreendo, pois Kristine acabada só se preocupando conosco quando deveria também pensar em si. Um barulho alto de algo caindo me faz pular, olho pro lado e meu pai já sumiu, corro até a sala e minha mãe está se levantando com a ajuda dele.

- Mãe! - reclamo. - Eu vou te amarrar naquela cama, juro! - aponto a espátula que estava em minha mão.

- Que maldade! - ela ri, não levando a sério a minha ameaça.

- Você é tão teimosa. - meu pai a seguro ao seu lado. - Onde a senhorita estava indo?

- Eu estou com fome e queria ajudar vocês. - sua carinha de fofa nos faz derreter.

- Isso é injusto! - falo manhosa. - Pai!

Kristine venceu, meu pai já a estava encaminhando até a cozinha.

- Deixe sua mãe se divertir um pouco. - comenta com um sorriso simples. 

Lembro da promessa que ele havia feito para ela, quando ainda estávamos naquela enfermaria.


Se você tiver que ficar meses em uma cama, eu vou fazer com que você se divirta mesmo assim, nunca deixarei você sozinha nem com tédio. Farei todas as suas comida favoritas, farei tudo que você pedir... Eu prometo cuidar de você, meu amor.


- Me ajuda com os brigadeiros, mãe? - pergunto e ao ver seu rosto se iluminar, abraço-a com cuidado. - Te amo muito.

- Mamãe também te ama, panquequinha. - beija o topo da minha cabeça e agora eu que lhe ajudo a chegar até a cozinha.

E enquanto enrolamos os brigadeiros e colocamos na forminha, meu pai sentou-se na cadeira colocando minha mãe em seu colo. Ela ri e se acomoda sem reclamar, mas quem em sã consciência reclamaria de tanto amor?

*

O tempo passou rápido e já era natal, nós decidimos viajar, na verdade, Kristine foi pega de surpresa pois ela não sabia que estávamos indo para um lugar com neve. Triton nos disse que ela amava neve, bonecos de neve e anjos de neve, tudo com neve.

Já era noite, nossas várias camadas de roupas nos mantinham aquecidos, eu e Ren estávamos abraçados enquanto meus pais estavam se beijando. Sempre os vejo como um casal lindo, cheio de amor e compreensão, em toda a minha vida - que não é muita comparada a vida deles - eu só presenciei uma única briga feia de fazê-los ficarem mal por dias.

- Pare com isso. - começo a rir quando Ren me morde na bochecha. 

- É que eu estou com ciúmes. - resmunga.

- Mas a mamãe é nossa. - continuo a rir. - Ren bobo.

Olho em volta, a neve cai devagar e a grande árvore que existe no meio da praça faz tudo parecer mágico. Ouço minha mãe rir e quando olho-os, meu pai está caido na neve com ela por cima, e mesmo isso não os impede de se beijarem.

- Mãe! - Ren sai correndo na direção deles.

- Oi, meu amor. - ela ergue a cabeça e sorri, suas bochechas estão coradas enquanto meu pai sorri feito bobo.

- Quero ficar contigo. - Ren pede sem jeito.

- Quer fazer boneco de neve com a mamãe? - ela levanta num pulo quase nos matando do coração. - O que foi? Não vou quebrar não!

- A gente espera. - murmuro.

Ren e Kristine saiem de mãos dadas e sentam no chão, tão logo iniciam a construção de um boneco, Triton se levanta e me abraça apertando-me ao seu lado.

- Sua mãe está tão radiante. - diz satisfeito.

- Vocês deveriam viajar mais vezes. - afirmo.

Triton me encara levemente assustado.

- E deixar você e seu namorado sozinhos? - ele ri daquele jeito de vai sonhando.

- Pensei que você estaria preocupado com o Ren por ele ser mais novo. - reclamo.

- Não vamos discutir isso agora. - revira os olhos. - Só vamos curtir o presente.

Mesmo contrariada, faço o que ele pediu, e não me arrependo, pois vejo depois de meses a risada da minha mãe e o sorriso mais lindo do meu irmão.

- Somos uma família de sorte. - sorrio e meu pai beija a minha bochecha. 

- Vamos nos juntar a eles. - puxa-me devagar.

Sento ao lado do meu irmão e ajudo-os a fazer cabeça, e sinceramente, assusto-me quando minha mãe tira uma cenoura de dentro da sua bolsa.

- Kristine do céu! - meu pai ri daquele jeito bem alto. - De onde você pegou essa cenoura?

- Eu e o Ren compramos no mercado naquele dia que vocês dormiram a manhã inteira. - ela sorri maliciosamente.

Ren ri e mostra a língua para nós, senti ciúmes pois também queria ter meus momentos com a minha mãe.

- Mãe! - chamo-a. - Faz um anjo na neve comigo?

Seu sorriso só me faz querer grudar em seus braços e ficar para sempre, e o suspiro do meu pai indica que ele ainda está muito preocupado, por isso Kristine se levanta e o beijo demoradamente, acalmando-o.

Triton a segura pela cintura e começa a rir, solta-a devagar e ela vem até mim.

- Seremos as anjas mais devassas, panquequinha! - rimos juntas enquanto procuramos o melhor lugar para deixarmos a nossa marca.
 


Notas Finais


Ow, acho que o Triton se superou dessa vez.. só acho, e a Kristine então, ganhou o prêmio de mamis do ano :3

Aliás, para quem ainda não sabe, a Moy aqui fez uma nova fic, mesmo tema de lupinos, mas personagens e o trama completamente diferentes, confiram abaixo:
https://socialspirit.com.br/fanfics/historia/fanfiction-originais-dominante-3985522

Beijos!


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