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História O Cheiro da Lua - Andrew e Collin


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Notas finais muito importantes!

Boa leitura.

Capítulo 110 - Andrew e Collin


Kristine


Depois de dar a notícia ao conselho, descubro que Julie irá enfrentar a Celeste, por isso compreendo o fato de Triton estar tão calado. Estamos na enfermaria, cada vez mais crianças chegam, Ren e April estão acalmando os menores enquanto os mais velhos aproveitam as últimas horas com seus filhos... Antes do ataque, antes da meia noite.


- Triton, olhe para mim. - aproveito que estamos sozinhos na recepção.


Sua cabeça se vira e me observa, não consigo entender o que está sentindo no momento.


- Sua mãe sabe o que está fazendo, ela nunca iria propor aquilo se não tivesse confiança que conseguiria. - afirmo, pois acredito fielmente em minha sogra.


- Eu acredito que ela saiba o que está fazendo, só espero que ela não pretenda me deixar de novo... - seus punhos se fecham.


- Ela nunca vai fazer isso. - seguro seu rosto com as mãos. - Acredite nela, assim como você acredita que nunca irei te abandonar.


- Eu te amo, meu anjo. - ele me amassa num abraço.


Retribuo o abraço e espero que ele se acalma, e assim que solta-me devagar, dou-lhe um carinhoso beijo.


- Sabe, eu nunca achei que pudesse amar tanto alguém como eu te amo, meu amor. - sussurro em seu ouvido.


Triton puxa meu rosto e beija a minha testa, depois meus lábios, e por fim o meu pescoço.


- Vamos ver como as crianças estão. - olho para o relógio que há na parede. - Já são dez horas. - levanto-me


- Vamos. - ele se levanta junto comigo. - Logo teremos que ir para as posições.


Assinto e seguro em sua mão, procuramos pelos nossos filhos que estão distraindo as crianças enquanto seus pais vão se preparar. Eles percebem a nossa presença e correm nos abraçar.


- Tomem cuidado. - April nos pede. 


- E nada de loucuras, por favor. - Ren murmura.


- Vamos nos cuidar. - sorrio e lhes faço um afago na cabeça.


- Logo as coisas vão se acertar. - Triton comenta com um pequeno sorriso.


Nos últimos minutos que temos juntos, nós quatro conversamos e tentamos minimizar o nervosismo. Mas no fim, todos seguraram as lágrimas enquanto eu e Triton tínhamos de deixar os nossos filhos cuidarem de outras crianças.


*


Fui a primeira a notar a presença do inimigo, e como combinado, sinalizei para os outros. O número de quimeras era grande e Celeste não estava entre elas.


- Ela foi atrás da família do Fernando. - Destiny está ao meu lado, esperando para o momento certo para atacar.


- Mas toda a família dele está na floresta...  - Eric comenta.


- Nem toda a família. - Destiny comenta. - Os exames da Giulia ficaram prontos hoje e ela descobriu que está grávida de seis semanas.


- Então... Onde ela está? - pergunto mordendo o lábio.


- Não sei, Fernando disse que ía colocá-la num lugar seguro. - Destiny conclui.


Um cheiro de cachorro molhado nos faz ficar em silêncio, uso a audição e consigo ouví-los andando despreocupadamente.


- Cuidado! - grito para Eric assim que uma quimera aterriza ao seu lado.


Ele se transforma em segundos e começa a lutar, Destiny também já se transformou atracando com duas quimeras pequenas. Do outro lado, lobos lutam com vontade enquanto as quimeras parecem animais sem vida, como se estivessem apenas prolongando a própria morte.


- É uma distração! - percebo.


Ouço um latido e vejo uma quimera parecida com um cachorro me encarar, ela pula e eu desvio, em seguida uso uma arma que Fernando me deu e acerto bem no meio da cabeça.


Recupero o fôlego, estava fora de forma e minha resistência estava péssima, procuro por Triton e vejo-o acabar com uma quimera, suas presas estão com sangue, mas ele permanece sem machucados.


- Não acha que está muito fácil? - digo assim que me aproximo.


E o número delas... Achei que viriam mais para um ataque de verdade. Permanecemos atentos enquanto conversamos.


- Acho que Celeste usou essas quimeras para nos cansar, e o ataque de verdade ainda virá... Assim ela tem bastante tempo para procurar a Giulia.


Giulia não está na floresta? Seus olhos caramelos se assustam.


- Não, descobriu hoje que está grávida. - informo-o. - Estou achando que a alcateia está mais perigosa do que a floresta.


Você vai voltar, certo? Ele já sabe a resposta. Então vou com você.


Não reclamo, apenas avisamos ao Marcos que era outro líder de esquadrão e saímos correndo em direção a alcateia. E como havia suspeitado, assim que alcanço a entrada, sinto um cheiro horrível de medo.


- Você vai até a enfermaria e eu até a sala do conselho. - afirmo e saio correndo antes que ele negue.


Triton rosna, mas faz o que eu pedi. Um minuto depois estou na frente da sala do conselho, a porta está escancarada, minha loba rosna nos preparando para o pior.


- Seu nome? - uma voz estranha sai pela porta. - Esse cheiro... Você é a companheira do Cerutti, então aquele garoto é seu filho.


- Celeste. - rosno ao pensar que ela se aproximou do Ren. - Vá embora.


- Mas nós acabamos de chegar. - de trás dela saiem três quimeras.


Meu corpo já se prepara para se defender enquanto minha loba faz um plano de ataque. Celeste manda as bestas ficarem atrás de si e pula a minha frente.


- Mostre-me do que você é capaz! - ela ri histericamente.


- Vai se arrepender. - sorrio sentindo a adrenalina tomar o meu corpo.


Celeste é agil e começa me atacando com repetidos golpes, mas desvio de todos, pois sua técnica não é boa. Vejo um ponto fraco e acerto o seu estômago, ela gospe um pouco de sangue e me olha animada.


Trinco os dentes e não a deixo se recuperar, dou-lhe um chute no lado do corpo e ela sai rolando. Celeste se levanta rindo e me encara.


- É impossível me derrotar! - continua a rir. - Sou uma bruxa afinal, posso me curar mais rápido que uma lupina normal e tenho alguns truques.


Pisco e o tempo parece ficar mais devagar, só consigo ver ela se aproximar, mas não consigo me mexer. Ela me ergue pelo pescoço, o ar me falta e tento me debater... Nada se mexe.


- Você é muito forte... Qual seu nome mesmo? - vejo o seu sorriso maldoso. - Bem, não importa... Você irá morrer mesmo.


Celeste aumenta o aperto e sei que se demorar mais, meu pescoço será quebrado e morrerei. Então ela urra de dor e sinto o cheiro de seu sangue, Triton está puxando-a pela perna, seus dentes rasgando a carne dela.


Caio de joelhos no chão e enquanto recupero o ar, vejo Triton lutar ferozmente com a bruxa lupina. 


- Então o Cerutti veio para o resgate?! - Celeste não parece mais ligar para a perna ensanguentada. - Qual dos dois prefere morrer primeiro?


Ficamos em silêncio, Triton mantendo o corpo entre mim e a bruxa.


- Acho que vamos brincar. - ela estrala os dedos e as quimeras se juntam ao meu redor. - Primeiro as damas!


As três pulam de uma vez, mas eu consigo esquivar por baixo de uma delas e saio ilesa. De repente, Triton arranca o pescoço de uma delas e parte para cima de outra enquanto uso a arma para atingir a cabeça de outra.


Infelizmente, a quimera restante é enorme e Triton está com uma pata dianteira machucada e uma orelha sangrando. Procuro por Celeste e mal consigo ver quando ela joga um punhal na direção do meu lobo.


Não penso, apenas me jogo, sentindo instantaneamente a queimação de prata no meu ombro. 


Kristine! Ele rosna e se move na minha direção.


Com a falta de atenção, Triton leva uma mordida nas costas, eu grito e a fera o solta, o corpo de meu lobo está imóvel e não para de sangrar, levanto e cambaleio até o seu lado.


- Triton! - passo a mão nele e Triton estremece. 


Enquanto me recuso a deixá-lo machucado desse jeito, ouço a risada irritante de Celeste e logo sua quimera rosna, vindo em nossa direção, coloco-me a frente, protegendo o meu companheiro.


Tiro o punhal que estava em meu ombro, a dor faz meu braço tremer, porém avanço mesmo assim, a quimera é grande e consigo ler seus movimentos com facilidade.


Desliço por baixo dela e enfio o punhal em seu coração, o mais fundo que consigo, ela se debate até que para de se mexer, como não sei a capacidade de sua regeneração, arrancou seu coração e jogo-o longe.


- Olha o que a morte pode fazer com uma lupina. - comenta desagradavelmente.


- Ele não vai morrer. - encaro-a. - Mas não posso dizer o mesmo de você!


Fuja, Kristine! Ele se ergue um pouco, mas logo cai novamente, sento ao seu lado e lhe acaricio a face. 


- Não vou exagerar, prometo, mas não se esforce. - beijo seu focinho e me levanto de novo.


Eu e Celeste nos encaramos, e em segundos, começamos um confronto sem pausa.


*


Celeste se regenerava com uma velocidade surpreendente, meu corpo já está esgotado, mas continuo a avançar e a me defender. Não luto apenas por mim, luto pelo meu companheiro, principalmente, que ainda está inconsciente.


- Você parece cansada, loba. - sua voz consegue me deixar mais irritada ainda.


- Só aparência. - esboço um sorriso.


Ela ri histericamente e para de repente, encara-me com seus olhos vingativos e proferi palavras que desconheço. No segundo seguinte, meu corpo para de se mover e Celeste está a minha frente.


- Primeiro, tiro você do caminho e depois o seu companheiro. - seu sorriso maligno me faz gritar de raiva.


- Não ouse tocar nele! - rosno tentando controlar o corpo novamente.


- É perda de tempo, bobinha, minha magia é muito poderosa. - afirma gloriosamente.


Então, deixo a loba mostrar a sua íra e consigo mexer um dos braços, o que foi suficiente para perfurar a barriga da Celeste. 


- Sua vadia! - ela dá alguns passos para trás enquanto sua regeneração começa a agir.


Meu corpo volta a se mexer, olho para trás, Triton não está nada bem, o sangramento diminuiu, mas não parou. 


- Vá cuidar dele. - uma conhecida voz doce surge ao meu lado. - Eu cuido dela.


Julie me oferece um gentil sorriso e depois observa o seu filho, que já está começando a respirar com dificuldade.


- Cuide dele, por favor, Kristine. - Julie esconde as lágrimas. - Não nos deixe perdê-lo.


- Vou cuidar! - assinto já sentindo meu corpo revigorado. - Mas tome cuidado.


A minha sogra se volta para a inimiga e rosna, e posso jurar que Celeste tremeu. Dou a volta e ajoelho ao lado do meu lobo, toco em seu pelo e ele abre os olhos.


- Vou pegar um kit de socorros. - aviso-o e me levanto.


Corro até a sala de reunião do conselho e logo acho uma sala equipado com vários itens de enfermagem, acho uma sacola e coloco tudo que acho ser necessário.


Ao voltar, Celeste e Julie sumiram, nem mesmo os meus sentidos conseguiram achá-las. Tiro isso da cabeça, Julie vai conseguir derrotá-la, além de que agora, tenho que salvar o meu companheiro.


- Triton, preciso que me diga onde está doendo. - minha voz sai calma, o que me surpreende. - E você vai precisar se transformar.


O corpo todo dói, mas as minhas costas estão ardendo. Ele grunhi e isso me aperta o coração. Triton começa a transformação, não há gritos, mas consigo sentir que está sofrendo.


- Sei que está doendo, mas aguente. - motivo-o. - Só mais um pouco.


Finalmente, ele termina e sua testa está suada devido ao esforço. Com muito cuidado, eu me coloque bem perto de suas costas e vejo um pouco de sangue seco e molhado.


Triton já estava com a barriga voltada para o chão, aviso-o que irei começar e começo a limpar o ferimento. As mãos deles se afundam no chão, mas eu tenho de continuar, mordo o lábio me forçando a ser forte.


Termino de limpar e ele relaxa um pouco, seu rosto está virado na minha direção e seus olhos se abrem enquanto deixo-o respirar um pouco.


- Você sabe dar pontos? - ele sorri querendo rir. 


- Eu fiz curso de enfermagem, lembra? - comento. - Foi você e o Fernando que me aconselharam.


- Então sou seu primeiro paciente? - sua voz está fraca, mas ele continua a sorrir. - Confio em você.


Sinto a bochecha esquentar, depois de tantos anos, ele ainda consegue me deixar envergonhada. 


- Não seja bobo. - sorrio e toco em sua bochecha. - Eu vou deixar você novinho em folha. - brinco.


- Estou aos seus cuidados. - quase não escuto a sua risada.


- Sim, e Triton, não temos anestésicos, então...


- Pode fazer. - afirma. - Eu aguento.


Engulo em seco e concordo com a cabeça, meu companheiro fecha os olhos e eu me preparo para lhe dar os pontos.


*


Arranjei roupas na sala do conselho, não faço ideia de como elas foram parar lá. Agora, estamos a sós na sala do conselho, Triton está trocado e deitado de lado no chão, onde consegui montar uma cama improvisada com almofadas e toalhas de mesa.


- Como está se sentindo? - pergunto sentada ao seu lado.


- Vou sobreviver já que a enfermeira mais carinhosa cuidou de mim. - seus olhos se abrem e seu sorriso se alarga.


- Fiquei assustada. - admito. - Pensei que perderia você.


- Jamais. - ele me fita seriamente. - Estarei com você para sempre.


Ficamos em silêncio, seus olhos ainda me fitando, mas agora de um jeito amoroso, pisco duas vezes e lhe acaricio a face. Triton se permite descansar ao fechar os olhos, seu suspiro indica que o corpo relaxou.


Mas de repente, ele abre os olhos ao perguntar sobre a Celeste, e escolhendo as palavras certas, informo-o que sua mãe a está enfrentando. Ele se ergue ignorando a dor, seguro-o no chão o máximo que consigo, porém Triton consegue se sentar.


- O que vai adiantar você ir até lá? - meus olhos começam a embaçar. - Se quiser eu vou!


Ele fica em silêncio, abaixo a cabeça e sinto as lágrimas escaparem, mas logo seus dedos erguem o meu queixo e a sua boca se apodera da minha. Fecho os olhos e deixo que ele nos deite na cama improvisada, Triton morde os meus lábios e nos separa.


Agora, seus lindos olhos caramelos me observam, prestando atenção a qualquer emoção que eu possa demonstrar. 


- Sinto muito. - consigo dizer. - Eu não podia deixá-lo do jeito que estava e quando dei por mim, elas tinham sumido.


- Não estou te culpando. - afirma sinceramente. - Eu só queria entender o motivo de você achar que quero ir atrás da minha mãe? Ou que você deva ir atrás dela?


Fico confusa e deixo que ele note, Triton suspira e relaxa a cabeça em meu peito.


- Você é tão boba. - só consigo ver o seu cabelo, e anseio em ver o seu rosto, mas me seguro. - Você mesma me disse para confiar na minha mãe, e estou fazendo isso, Kristine.


Antes que me de conta, já estou chorando alto, Triton ergue a cabeça e começa a rir.


- Não ria de mim! - digo entre as lágrimas. - Eu achando que você estaria furioso comigo!


Ele continua rindo e mesmo que seja embaraçoso, não o paro, pois o som da sua risada é uma dádiva neste momento.


*


Julie aparece na enfermaria com vários ferimentos, mas viva e vitoriosa. Seu grande sorriso ao nos ver, acabou com todo a angústia, Triton já quase não sentia dor, graças aos pontos, seu corpo conseguiu começar a se regenerar.


Eles se abraçaram e em seguida, Julie me agradeceu por cuidar do filho dela.


- Não fiz quase nada. - argumento corando. - Eu que agradeço por você proteger a nossa família.


- Só estava fazendo o meu dever. - ela brinca. - Agora, onde está aquele seu médico simpático?


- Estou aqui! - Patrick vem sorrindo até nós. 


- Oh, Patrick... - Julie o cumprimenta. 


- Acho que a Julie quer os seus cuidados hoje. - rio.


- Sem problemas. - Patrick dá risada. - Vou te levar até uma sala e...


- Não é para mim. - Julie surpreende a todos.


- Como assim, mãe? - Triton parece bravo. - Você não acha que vamos deixar a senhora sair daqui nesse estado?


- Claro que não. - Julie o responde tranquilamente. - Eu posso ser tratada por qualquer um e há qualquer momento.


- Mas? - Patrick a estimula a continuar, sua curiosidade se igualando a minha.


- Mas acho mais importante ver se meus netos estão bem. - Julie declara.


- April e Ren estão ótimos, eles não se machucaram, graças a Amaterasu. - respiro fundo.


- Não seja boba, Kristine. - ela ri levemente. - Estou falando dos meus mais novos netinhos...


Nós três ficamos em silêncio, minha mão vai até a barriga e fico sem fala... Como poderia ela saber de algo assim? Não, ela deve estar enganada, eu não me senti enjoada nem fraca nenhum desses dias.


- Mãe, o que você quer dizer? - Triton faz a pergunta que todos queríamos fazer.


- Triton, meu filho, a sua companheira está grávida faz algumas semanas e pelo que senti devem ser gêmeos. - ela comunica como se fosse óbvio.


- Quando a senhora? - Patrick perde as palavras.


- Quando eu a abracei agora a pouco. - explica. 


- É o suficiente para mim. - Patrick vem até mim. - Já para a sala de exame, Kristine!


Fico muda e o acompanho, sinceramente, não estávamos pensando em já ter filhos de novo, porém admito que tenho uma imensa vontade de cuidar de bebês novamente.


Sinto a mão de Triton segurar a minha assim que Patrick nos coloca em uma daquelas salas de ultrasom. Pelo seu cheiro, meu lobo está ansioso, e assim como eu, não quer colocar esperanças demais nessa possível gravidez e se decepcionar.


Patrick começa o exame e fico queita, mal respirando, Triton e eu mantemos os olhos na minha barriga e quando o médico acaba, viramos para observá-lo.


- Que mãe mais mágica, hein, Cerutti? - Patrick sorri de orelha a orelha. - Só não posso garantir ainda se serão gêmeos, mas parabéns mais uma vez, Kristine está grávida de aproximadamente nove semanas!


Viro-me para o meu lobo e ele está sorrindo, deixo algumas lágrimas descerem pelo meu rosto e Patrick nos deixa a sós. 


- Obrigado, meu amor. - ele me beija sutilmente. 


- E a família Moore Cerutti volta a crescer. - rio em seus lábios. - Como acha que as crianças vão reagir?


- Essa é facil. - ele nos separa e começa a andar pela sala. - April vai ficar curiosa e toda meiga querendo te ajudar enquanto o Ren vai ficar mais ciumento e vai te proteger até de uma leve brisa fresca.


Rimos juntos, porque é fato que os nossos filhos irão reagir de modo engraçado. Triton volta para o meu lado e me ajuda a limpar o gel do ultrasom, depois me dá um longo e delicioso beijo seguido de um gentil beijo na testa.


*


- Tio Steve chegou! - April grita da sala.


Logo Steve chega ao jardim de trás, ele está a cada ano mais lindo e logo estará completando a maturidade. Seus olhos azuis me admiram, estou com um vestido lilás e minha barriga de grávida já está enorme.


- Quando os meus sobrinhos vão nascer? - ele me abraça gentilmente.


- Parece que semana que vem. - comunico-o.


- Você está linda de grávida, Kris. - elogia-me. - E são gêmeos mesmo, certo?


- Serão mais dois garotos. - Ren entra no jardim. - Está se sentindo bem, mãe?


- Ficarei melhor se ganhar um beijo. - faço um bico.


Ren sorri e vem até mim, dando-me um beijo gostoso na bochecha, em seguida, lembra-se de cumprimentar o tio.


- E como foi a viagem pelo mundo, tio Steve? - Ren parece interessado nessa ideia.


Sinto uma leve insegurança, mas acalmo a loba dominante e protetora. O cheiro do meu lobo enche as minhas narinas, vejo-o entrar no jardim e cumprimentar o meu irmão.


Depois vem até mim e enquanto os outros dois conversam, Triton alisa a minha barriga e me beija devagar.


- Você fica muito gostosa de grávida. - ele sussurra em meu ouvido. - Linda demais! - rosna possessivamente.


- Uma semana, hein? - lembro-o do previsto nascimento dos bebês. - É só o Steve que veio hoje, certo?


- Exatamente. - Triton me pega pela mão, puxando-me até a cadeira da varanda, senta-se colocando-me em seu colo.


- Vamos decidir os nomes agora? - indago sem jeito.


Dessa vez, havíamos decidico que escolheríamos os nomes quando faltasse mais ou menos uma semana.


- Vamos. - seu rosto se encaixa no meu pescoço. - Ontem à noite, eu estava pensando e acho interessante que cada um escolha o nome de um, e quando nascerem, decidimos juntos quem será quem.


- Gostei da ideia. - sorrio. - Mas você primeiro!


- Tudo bem. - morde o meu pescoço. - Andrew Moore Cerutti.


- É lindo! - viro-me em seu colo, ficando de lado. - Andrew Moore Cerutti!


Sempre faz cócegas na língua dizer os nomes escolhidos dos filhos que estão para nascer.


- Sua vez. - recebo um rápido selinho.


- Eu acordei numa noite pensando nesse nome. - fico envergonhada. - O que acha de Collin?


- Collin Moore Cerutti. - ele assente com um sorriso. - Então será Andrew e Collin!


- O nome dos meus irmãos? - April para com tudo na entrada do jardim.


Concordamos com um sorriso e ela começa a dar pulos e gritinhos de alegria.


- Quero que eles nasçam logo! - ela choraminga e se coloca a nossa frente.


Triton me solta deixando-me levantar, April fica me observando como se eu pudesse quebrar a qualquer momento.


- Sua mãe não vai quebrar, April. - incrivelmente é seu pai quem diz isso.


- Quem é você e o que fez com o meu companheiro? - brinco encarando-o.


- É que passei a parte de ciumento pro Ren e a de protetora pra April. - comenta piscando para nós duas.


- Então você não liga mais para mim? - faço uma voz manhosa e volto a me virar para a minha filha.


- Até parece. - ele ri alto e me abraça por trás. - Você sabe que é a minha vida... Vocês todos são.


- Ahhh, pai! - April faz um bico. - Pare de ser tão fofo, poxa!


Eu e Triton gargalhamos diante do jeito que April se comportou, seus olhos ficaram marejados, mas ela cruzou os braços dando uma de durona enquanto resmungava com o pai sobre ele tentar amolecê-la.


*


Dessa vez, apenas Steve veio nos visitar, meus pais estavam ocupados comprando presentes para os bebês. 


- Mãe! - Ren entra na cozinha e vem até mim. - Nós falamos para a senhora não lavar a louça!


Fito-o com um sorriso travesso, meu filho revira os olhos e desiste de me tirar dali, ao invés disso, começa a me ajudar.


- Tem sorte do pai ter ido até a casa do Fernando. - resmunga.


Fazia apenas dez minutos que Triton saíra de casa, disse que queria conversar com o alfa.


- Antes de sair, papai disse que tínhamos que ficar de olho em você. - comentou. - Mas eu pisquei e você sumiu, aí te encontro aprontando na cozinha.


Ele me encara, sei que quer parecer estar bravo, mas seu sorriso o denuncia.


- Você só me dá trabalho. - brinca.


- O que posso fazer se é mais forte do que eu? - pisco para ele.


Felizmente, com a ajuda do meu filho, terminamos de arrumar toda a cozinha em alguns minutos. Em seguida, achamos April e Steve conversando na sala, sentamos junto a eles e entramos na conversa.


- Mãe! - April sorri bastante. - Tio Steve estava me contando das suas viagens!


- April queria viajar comigo depois do ano novo. - Steve comenta.


- Posso? - April faz carinha de cachorro abandonado.


- Eu posso ir junto? - Ren também se anima.


- Ahhh... Por mim, vocês poderiam desde que nos ligassem todos os dias... Porque eu confio no Steve, mas sinto saudades... - explico. - Só que vocês têm de pedir para o pai de vocês.


- Papai vai deixar! - April ri.


- Então será uma viagem com os meus sobrinhos, hein? - Steve está radiante. - Onde querem ir primeiro?


Os três começam a discutir sobre os destinos da viagem enquanto os observo. Parece que April cresceu tão rápido, ela já está com dezenove e namora, daqui a pouco vai atingir a maturidade.


Ren ainda tem cara de criança, mas logo vai virar um homem, dezesseis anos e uma namorada, e só de lembrar das coisas que ele me conta sobre o namoro, fico imaginando quando ele vai ser menos ingênuo e isso me deixa com ciúmes.


E Steve, meu irmãozinho, que é mais alto do que eu e ano que vem entra na turma da maturidade. Ouço-os falar sobre o que mais querem fazer nas férias de verão e sinto uma pontada forte nas costas.


Remexo-me e mudo de posição no sofá, quando esses dois começam a brincar, tenho que ter paciência até que eles resolvam dar uma trégua para a mãe deles.


Deveria estar acostumada com essas dores, porém algo estava estranho, notei que comecei a soar e que estava respirando mais profundamente. Fechei os olhos, mas logo os abri alarmada quando senti minhas coxas molharem, seguido de uma forte contração.


Eles estavam bem perto de mim, infelizmente, minha voz não saía, por sorte, Ren notou que algo estava estranho em mim.


- Mãe? - assim que me chamou todos pararam para me olhar.


- Não me diga que eles estão nascendo? - Steve se levantou num pulo.


Assenti e meus filhos se levantaram rapidamente, Ren não sabia o que fazer, April e Steve se ajoelharam na minha frente.


- Temos de levá-la para a enfermaria! - Steve afirmou.


- Não era semana que vem? - Ren estava nervoso.


- Ren, acalme-se! - April chamou a sua atenção. - Vá pegar a bolsa da mamãe, eu vou pegar uma toalha e Steve fica com ela.


Cada um fez o que minha filha mandou enquanto eu me forçava a lembrar de respirar direito. Quase não percebi que Steve estava no celular até que ouvi a voz do meu companheiro.


- Não se preocupe, Kris. - a tranquilidade de Steve estava me ajudando. - Triton disse que estará na enfermaria em breve.


Mal concordo e Steve já começa a me ajudar a levantar, April seca as minhas pernas e meu irmão me pega no colo para irmos até a enfermaria. O caminho é rápido e assim que chego sou levada a sala de parto, um minuto depois, Triton chega e segura a minha mão.


- Estou aqui, meu amor. - seu cheiro me relaxa. - Isso, inspire e expire.


- Dessa vez vai ser mais fácil, Kristine. - Elizabeth está sorrindo para nós. - Parece que você está ditalando mais rápido dessa vez.


Concentro-me em respirar e tento não gritar com as contrações, porém dessa vez elas estão caprichadas.


- A médica disse que só mais dois centímetros, Kristine. - já perdi a noção do tempo.


Triton se mantém ao meu lado, falando palavras reconfortantes enquanto segura a minha mão. E com um pano, sinto sua outra mão secar o suor do meu rosto.


- Força, Kristine! - Eliza pede. - O primeiro começou a sair!


Devo estar vermelha de esforço, sinto todo o meu corpo se contraindo enquanto grito. Quando o nosso primeiro filho nasce, consigo respirar um pouco, mas logo tenho de voltar a fazer força.


Não demorou muito e o segundo veio ao mundo, no final, eu estava exausta, entretanto, assim que vi os dois nos braços do Triton, desatei a chorar.


- Eles nasceram pequenininhos. - Eliza ri de leve. 


- São lindos. - ainda choro quando Triton me deixa segurar um deles.


O que está em meu colo, que foi o primeiro a nascer, está quietinho e nasceu com mais cabelo de todos os seus três irmãos.


- Eles tem o seu cabelo. - Triton sorri todo contente. - E eu acho que esse aí tem cara de Andrew.


Observo-os atentamente, de certo modo, o mais cabeludinho tem mesmo cara de Andrew.


- Concordo, então o que está no seu colo será o Collin. - comento sorrindo.


*


Voltar para casa é sempre muito bom, ainda mais quando você sabe que haverá muitas pessoas querendo mimar os mais novos membros da família.


- Como você já sabe quem é quem? - April murmurou enquanto segurava o Collin.


- Eu sou a mãe deles. - rio. - Tenho de saber.


- É verdade. - Ren diz e Collin dá um sorriso sem dentes para ele.


- Os dois têm os seus lindos olhos azuis! - Julie me abraça.


- Kristine, venha cá um momento. - Triton me chama.


- Com licença. - digo as visitas e sigo-o até o nosso quarto.


Fecho a porta e ele está sentado na ponta da cama, indicando para sentar ao seu lado.


- O que foi? - sinto um leve receio.


- Eu fui conversar com o Fernando ontem, porque eu queria a opinião dele sobre o que aconteceu com a gente nesses últimos anos. - explica. - E então ele disse que também acha que você está sobrecarregada e precisa descansar um pouco.


- Certo. - quero que ele continue.


- Sei que você não quer ser uma daquelas lobas que não participa da parte bruta da alcateia... Não que eu esteja de acordo com você se arriscando desse jeito.


- Triton. - rosno.


- Mas nós prometemos que enfrentaríamos tudo juntos, então você pode continuar tendo aquela adrenalina desde que esteja comigo. - afirma.


- Você foi falar com ele só para isso? - desconfio.


- Calma, não terminei. - sorri maliciosamente. - Informei a ele que vamos viajar por um tempo, e Fernando concordou que você precisa de uma pausa... Viajaremos eu, você e os gêmeos.


- Quando? - mordo o lábio, pensativa.


- Podemos ir quando quisermos, mas eu acho que seria melhor depois do ano novo. - comenta. - Mas se você não quiser ir, tudo bem.


- Eu quero ir. - assinto. - É até uma boa ideia, e vai coincidir com a viagem que os meninos farão.


- Que meninos e que viagem? - sua voz ficou assustadoramente séria.


- Calma lá, hein? - reclamo.


- Desculpa. - ele me dá um beijo rápido.


- Melhor assim. - não escondo um sorriso. - Então, Steve, Ren e April querem viajar nas férias de verão, no caso, só depois do ano novo e voltar antes das aulas do Ren.


- Ahh... Eles comentaram sobre isso... - suspira. - Acha que devemos deixá-los ir? 


- Acho que sim, Steve já tem vinte e seis e April tem dezenove, e Ren é um menino educado, obediente, não acho que vão aprontar nem se meter em problemas. - explico.


- Justo. - Triton concorda. - Tudo bem, falamos com eles depois.


- Então ficaremos viajando mais ou menos o mesmo tempo, certo? - já fico ansiosa.


- Sim, meu anjo. - beija-me demorado. - Tudo o que você quiser.


- Cuidado, que posso pedir muitas coisas. - brinco.


- Kristine? - Jefferson bate na porta do quarto.


- Oi, pai. - levanto e vejo o que ele quer.


Pelo que entendi, os meus filhos estão com fome, então peço para que Triton vá dar uma atenção as visitas enquanto amamento os gêmeos. Claro que ganho vários beijos antes de ele sair do quarto.


Andrew é o mais guloso e sempre o alimento primeiro, pois ele fica chorando até que tome o seu leite, já Collin é um doce, só chora quando é algo urgente ou por estar com alguma dor.


- Que fome, meu anjinho. - comento.


Collin está deitado com a barriga no meu colo, seus braços e pernas ficam se remexendo como se ele estivesse engatinhando.


- Fala meu amor, fala pro seu irmão que você também está com fome. - faço uma voz manhosa e Collin tenta morder a minha perna.


Então, Andrew se satisfaz e faço-o arrotar antes de deitá-lo ao meu lado, Collin percebe que é a sua vez e começa a fazer sons manhosos de bêbe.


- Chegou sua vez, meu pudinzinho. - sem pressa, Collin começa a mamar e fecha os olhos. 


Seguro-o com cuidado enquanto dou umas olhadas no irmão que adormeceu segurando a minha blusa. Está quieto e posso escutar as respirações dos meus filhos, meus olhos ficam molhados e começo a sorrir sozinha.


Mais rápido do que o irmão, Collin desmama e já está quase dormindo, dou alguns tapinhas em suas costas e ele arrota, mas logo em seguida, dorme profundamente. Coloco um do lado do outro e os observo, o peito subindo e descendo, as mãos e pés se movendo, a boca fazendo barulhinhos e o rosto gordinho.


Assim como Triton, nunca achei que teria uma família tão grande e linda. Mesmo no começo do nosso relacionamento, nada foi fácil, os obstáculos sempre estiveram presentes, e nós nos uniamos cada vez mais assim que os superávamos.


Não vou mentir, teve dias que pensei que não daríamos certo, que o melhor seria nos separar e vivermos cada um do seu jeito. Contudo, Triton sempre me fazia mudar de ideia, fui aprendendo a lidar com o seu jeito dominante e ele começou a se controlar melhor.


E tem dias que fico pensando, seria diferente se meus pais não tivessem sumido ou se minha tia não tivesse morrido? E eu teria conhecido o meu companheiro se aquele serial killer não tivesse aparecido na minha cidade natal?


Não sou de acreditar em destino, mas existem muitas situações na vida que você para e pensa: e se eu tivesse feito diferente? Não que eu me arrependa, pois a minha vida, a minha família de hoje foi construída pelo meu passado, pelo passado do meu lobo, e pelo nosso passado juntos.


E atualmente, percebo como todas aquelas dificuldades nos fizeram crescer, nos ajudaram a enxergar um futuro, e o mais importante foi que nós a superamos juntos.


Só desejo que meus filhos possam ter a oportunidade de aprender com seus erros e de sonhar com um futuro do jeito deles.


- Estaremos sempre ao lado de vocês. - beijo o nariz de cada um e decido colocá-los em seus berços para que eles possam sonhar a vontade.


- Que garotos mais sortudos. - a voz dele me aquece. - Será que o papai aqui também vai ganhar beijos?


- O papai tem direito a apenas um beijo. - brinco, virando-me para fitá-lo. - Onde você quer ganhar o seu?


- Só um? - Triton choraminga. - Que maldade, meu amor.


Começo a gargalhar e meu companheiro me ergue do chão ao mesmo tempo que sua boca cobre a minha. Faz anos que estamos juntos e já nos beijamos de inúmeras maneiras, mas nenhum dos beijos eram iguais, porque nós sempre reparávamos que nos amavámos cada vez mais.


Notas Finais


Pessoal, sei que nesse capítulo aconteceu muita coisa, mas é que eu achei que não seria necessário mostrar novamente todo o estágio da gravidez da Kristine.

E sinto dizer que a nossa história está chegando ao fim, provável que só tenha mais 5 caps sem contar esse, então eu gostaria de saber se vocês desejam algum tipo de continuação, por exemplo, querem que eu foque a April ou o Ren, ou os gêmeos.

Outra coisa, pessoal que me adicionar no face, avisem em algum lugar para que eu saiba que é o pessoal do AS (SS) para eu aceitar!

Novidade para vocês, to pensando aqui em fazer um especial Natal-Ano Novo no msm capítulo, o que acham?


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