Kristine
Assim que April voltou para casa, houve uma reunião muito importante, pois Fernando pediu para cada líder de familia decidir como participaria dessa confusão. O plano era simples, ir até a cidade para decidir se eles podem ser de confiança ou se temos de confrontá-los e expulsá-los do nosso território.
Triton explicou que era importante não deixar a alcateia desprotegida, por isso pediu que eu e o Ren ficássemos enquanto ele e April íam para a cidade. No começo, admito que fiquei nervosa e só o Ren foi capaz de me acalmar.
- Enfim, quando faremos isso? - April pergunta.
- Amanhã cedo. - ele nos informa. - Temos que resolver isso logo, e tem que ser antes da lua cheia.
Assim que a conversa terminou, Ren me contou que toda a família da Lidia ficaria em casa, já que Patrick era o médico principal e a Alice era uma flor nem um pouco feita para batalhas. Acho que foi uma tentativa do meu filho de me tranquilizar ou me fazer permanecer fora da batalha.
*
Acordar no dia seguinte para mandar duas pessoas da família até uma reunião suspeita não era bom para uma mãe como eu. E para completar recebo uma ligação nem um pouco amigável.
Só foi por isso que tive que acordar o Ren.
- Eles já foram? - esfrega os olhos.
- Saíram faz umas duas horas. - explico. - Fique com eles um pouquinho, preciso verificar uma coisa.
- Mãe, o que está acontecendo? - ele se levanta rapidamente e sei que está desconfiado.
- Nada, apenas o Patrick me pediu para ir na casa dele. - digo, o que não era mentira, mas falta informações.
- Tudo bem. - diz um pouco mais leve.
Dou-lhe um beijo na testa e um abraço para que tudo fique bem.
- Prometo não fazer nenhuma loucura, só vou ver o que o Patrick quer e volto para vocês. - sorrio brevemente antes de me virar e sair pela porta.
Hora de defender o nosso lar.
*
A parte mais difícil foi convencer o Ren de que tudo estava bem, mentir não era o meu forte e de todos os meus filhos, Ren é o que mais me conhece. Chego em frente a casa do Patrick e dois cheiros desconhecidos deixam a minha loba atenta.
Bato na porta e quem atende é Lidia, sua bochecha direita estava inchada como se tivesse levado um tapa e os olhos vermelhos e chorar.
- Onde eles estão? - seguro o rosnado pois a culpa não é dela.
- Você não trouxe o Ren. - não consegui entender se ela ficou feliz ou triste, talvez uma mistura. - Eles estão na sala.
Lidia me dá passagem e entro na sala, Patrick está em pé bem em frente a televisão enquanto Alice está sentada no sofá no meio de dois lupinos bem fortes. O que me surpreende é ver a Giulia sentada em uma das poltronas, infelizmente ela também parece surpresa ao me ver.
- Maravilha. - um dos homens levanta, ele é bem alto e careca, primeiro lupino careca que conheço. - Agora temos as mulheres dos dois lobos mais problemáticos.
- Toque em mim e arranco seus dedos. - rosno deixando a loba se mostrar.
- Gostei de você. - ele afirma sorrindo.
- Soltem a Alice! - Giulia se levanta e se coloca ao meu lado. - Já estamos aqui, deixem essa família em paz.
- Trato é trato, Jin. - o outro se levanta e puxa a pequena Alice consigo. - Tome! - e a joga em direção ao Patrick que a segura.
- Eu sinto muito. - ele diz para mim e Giulia.
- Nós entendemos. - assinto pois faria o mesmo pela minha família.
- Não se preocupe, sabemos nos cuidar. - Giulia rosna para os inimigos.
- Muito legal, mas acabou a brincadeira. - o outro que tem cabelo loiro é rápido e está a nossa frente em segundos. - Coloque as algemas nelas.
Não podendo iniciar uma briga agora, faço um sinal para a Giulia se acalmar e nós deixamos que eles coloquem as algemas de prata, no início queima bastante, mas depois a dor fica suportável.
- Adeus, lobinhos de merda. - o loiro sae da casa rindo e somos forçadas a seguí-lo enquanto o careca nos empurrava.
*
O plano deles era simples, levar as duas lobas mais "importantes" da alcateia até a cidade e nos usar como vantagem na reunião com o Fernando. Para a nossa sorte, nossos captores eram desatentos e não notaram como eu e Giulia estávamos montando um plano.
Na primeira oportunidade, Giulia fingiu tropeçar numa raiz grossa e caiu como se tivesse se machucado. Enquanto os dois a verificam, aproveito para pular as algemas, pois elas estavam prendendo meus braços nas costas, e uso a corrente para enforcar o careca.
O loiro começa a gritar comigo, mas antes que ele consiga chegar até mim, Giulia lhe passou uma rasteira e ele desmaiou ao bater a cabeça no chão. Quando ao careca... não teve tanta sorte.
- Que estrago. - Giulia bufou e se levantou com calma. - As chaves estavam com o nojentinho aí.
Logo entendi que era do loiro que falava, então peguei as chaves e soltei a nós duas.
- Temos que avisar o Fernando. - Giulia afirma com uma cara de poucos amigos. - Eles querem o nosso território.
- Só por cima do meu cadáver. - rosno.
Ouço gemidos e vejo o loiro começar a acordar, mas para o seu azar, quem estava algemado agora era ele.
- Suas...
- Não termine essa frase se quiser manter as partes íntimas. - Giulia estava realmente muito irritada.
Entretanto, o loiro continuou gritando e xingando como se nos afetasse, simplesmente viramos as costas e fomos em direção a cidade.
*
Não foi difícil achar os lupinos, afinal não havia como deixar passar a aura dominante de dois alfas. Felizmente, os humanos não costumam se aproximar de áreas com tamanha tensão. April foi a primeira a perceber a nossa aproximação, seus olhos se arregalaram em choque e sua boca se abriu sem proferir nenhum som.
- Kristine? Giulia? - Triton estava claramente tenso. - O que...
- Os seus capangas falharam, parsa. - Giulia estava definitivamente fora de si.
O outro alfa rosnou, mas logo parou quando Fernando rosnou em resposta defendendo a sua companheira.
- O que aconteceu? - Fernando parecia cem anos mais velho de tanto estress.
Rapidamente Giulia os informou sobre o que havia ocorrido, notei pelo canto do olho que o outro alfa estava tramando alguma coisa.
- Giulia! - gritei assim que percebi que um dos lupinos desconhecidos estava se transformando.
Os segundos seguintes foram uma confusão de pelos, um barulho de rosnados e cheiro de sangue. Achei Triton no meio de uma luta com um lobo do mesmo tamanho que ele.
- Dane-se a luta justa. - deixo os caninos aparecem e corro em direção ao conflito.
Sem pensar muito e com um ângulo adequado, consigo arrancar o coração do lobo em segundos. O lobo de Triton grunhi saia do conflito, Kristine e aponta para onde April está, ou seja, longe da "guerra".
- A alcateia é a minha casa e vou defendê-la, quera você ou não. - rosno e saio na direção da Giulia.
Mas antes que a luta prossiga, o uivo dos alfas cessa o confronto e inicia a disputa pelo poder, o mais dominante levará a alcateia. O lobo de Triton se coloca ao meu lado e minha mão se fecha em seu pelo, depois de tudo pelo que passamos, não seria tudo em vão, certo?
*
Nunca gostei de assistir lutas sem poder ajudar, e posso afirmar que essa disputa foi horrível, porque por mais cansados e machucados que estivessem, os alfas prosseguiam se matando até que Fernando conseguiu submeter o outro.
- Agora precisamos cuidar dos nossos feridos e continuar a vida. - Fernando suspirou assim que entramos na alcateia.
O grupo de lupinos havia saído do nosso território e agora podíamos ter um pouco de paz. Ao entrar em casa, fui bombardeada com muitas perguntas por todos menos os gêmeos, e só porque eles não sabem falar ainda.
- Já entendi! - gritei e eles ficaram em silêncio. - Mas tudo ocorreu bem, estou viva, meu companheiro está vivo e meus filhos estão vivos. - suspirei ao me jogar no sofá. - Já me desculpei, e não sei porque não confiam em mim.
- Kristine... - Triton respira fundo antes de se sentar ao meu lado. - Nós confiamos em você, apenas não queremos que você sofra mais.
- É, mãe. - Ren me observa com cautela. - Você já fez muito pela família, então só queríamos que você não tivesse que enfrentar tudo sozinha.
- Somos uma família e devemos resolver tudo em família. - April sorri e parecia que todo o peso tinha sido tirado dos meus ombros.
- Eu amo vocês. - afirmo sem conter algumas lágrimas. - Amo muito.
- Nós também te amamos. - os três respondem e os gêmeos começam a rir, como se falassem não esqueçam da gente!
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