História O Cheiro da Lua - Luktend e Madoch

Ontem, eu não havia reparado como Luktend era grande, a cidade tinha de tudo e mais um pouco, o engraçado era que ela não estava lotado mesmo hoje sendo domingo.

Triton me contou que no verão e no outono a cidade é mais tranquila, já na primavera e no inverno é bem movimentada.

- Vem cada tipo de turista que você nem imagina. - Triton me deu um beijo na bochecha.

Estávamos sentados em um banco da praça, eu observava duas crianças brincarem enquanto seus pais conversavam e riam. E um pensamento estranho me ocorreu: quanto tempo vai demorar pra eu ter um bebê? 

Ainda bem que Triton mordiscou minha orelha, sai do transe e o beijei de leve.

- Mas e quando não há turistas? A cidade sobrevive como? - indaguei enquanto passava a mão na sua coxa.

- Luktend é uma cidade mais de negócios do que de turismo, muitos empresários vêm aqui o ano todo. - respondeu já um pouco alterado pelo meu contato provocante.

- Faz sentido. - murmurei antes de beijá-lo.

Começou com um beijo calmo, enrosquei uma mão no seu cabelo enquanto a outra massageava seu peito. Triton aprofundou o beijo, deixando-o mais ardente, sua mão segurava meu rosto enquanto a outra apertava a minha coxa. Senti aquele arrepio gostoso percorrer todo o meu corpo.

Só nos separei porque eu sabia que logo a nossa noção de realidade desapareceria, Triton concordava comigo e deu a minha risada favorita... Alta e descontraída.

- Temos que aprender a nos comportar em público. - murmurou.

- Desde que esse controle não influencie quando estivermos sozinhos. - sorri.

Triton beijou minha testa, entrelacei nossos dedos e voltei a olhar as crianças.

- Você adora crianças, não é mesmo? - puxou-me para o seu colo.

Corei e assenti, depois encostei a cabeça no seu ombro e dei um beijo em seu pescoço.

- E você? - ergui a cabeça e olhei dentro dos seus olhos. - Gosta de crianças?

Eu estava com medo da resposta, porque se ele respondesse não, eu iria surtar... Não agora, mas futuramente. Porém e se ele respondesse sim, eu teria coragem de falar sobre um possível filho?

- Eu as acho fofas e adoráveis, mas nunca tive muito contato com crianças. - respondeu. - E até agora não houve filhos na alcateia.

Pelo menos isso não foi um não. Continuei com a cabeça erguida e ele continuou me fitando.

- Por quê? - indaguei.

- Porque não houve filhos? - voltou sua atenção para as crianças. - Não há nenhuma regra proibindo a gravidez, porém eu acho que é o pessoal que não quer ter... eles pensam que vão ficar presos se tiverem filhos.

- E você pensa assim também? - a pergunta saiu antes que eu pudesse pensar melhor.

Triton me olhou com uma cara travessa como se já soubesse o que eu estava pensando.

- Eu penso totalmente diferente. - sorriu. - Eu adoraria ter muitos filhos... Pra ter uma grande família.

- Ah..

Enrubesci e desviei o olhar, fiquei pensando se eu aguentaria ter muitos filhos.

- Mas eu acho que há um outro motivo por não ter filhos. - comentou.

Voltei a observá-lo e agora Triton estava olhando para as nossa mãos juntas.

- Lembra que eu te disse que houve uma mudança de alfa? 

- Lembro.

- Então... Eu sempre achei que a companheira do alfa era muito ciumenta. - suspirou. - Pra você ter ideia, de fêmeas só tinha a Giulia e a Lorena.

- Ela não deixava outras fêmeas entrarem? E como ela podia fazer isso? - indaguei.

- Ela as assustava e então elas não entravam na alcateia - bufou. - Ela era muito chata e mandona.

- Hmm... Então como só havia poucas fêmeas... Não houve muitas uniões, então nada de filhos. - comentei. - Acho esse motivo mais convincente do que achar que o pessoal não quer abrir mão da liberdade.

- É.. Eu também acho, mas eu ainda não entendo como não houve filhos até agora. - ele parecia bem confuso.

- Talvez ele estejam esperando alguém ter uma iniciativa. - afirmei.

Triton ergueu a cabeça e sorriu.

- Quer tomar a iniciativa? - usou sua voz sedutora.

- N-Não! - virei o rosto numa tentativa de esconder as bochechas coradas.

Eu sei que foi uma atitude infantil, mas eu não quero que ele ache que eu quero ter filhos logo... Eu adoraria ter, porém eu acho que não estou pronta ainda e eu também não teria coragem de ser a primeira da alcateia, ainda mais porque eu acabei de entrar nela.

- Mas um dia você vai querer, certo? - ele assoprou as palavras no meu ouvido.

- Vou. - murmurei e voltei a olhá-lo.

Ele estava com aquele ar jovial de novo, não me contive e puxei seu rosto, beijei sua boca sentindo seus lábios carnudos me provocarem. Entreabriu a boca e eu aproveitei para aprofundar o beijo, estávamos enroscados um no outro e o calor de nossos corpos estava me excitando. 

- Controle? - Triton nos separou e estava ofegante. - Eu quero te levar pra casa, já te mostrei a cidade inteira. - murmurou de encontro aos meus lábios.

Mais uma vez, aquele arrepio gostoso percorreu todo o meu corpo, controlei a vontade de agarrá-lo ali mesmo.

- Nós não somos tão descontrolados. - sorri e ergui a cabeça. - Podemos ir pra casa depois do almoço.

Saí de seu colo, mas nossas mãos continuaram juntas.

- Então eu vou te levar para um lugar maravilhoso. - sorriu maliciosamente.

Ele se levantou e começamos a caminhar de mãos dadas, eu estava ansiosa porque aquele sorriso do Triton indicava que ele estava tramando algo muito bom.

*

Como eu suspeitava, Triton planejou algo divino dessa vez. Eu sabia que ele ganhava um bom salário quando trabalhava, mas não sabia que ele era rico. Nós fomos almoçar em um restaurante de luxo, cheio daquelas baboseiras, mas a comida estava deliciosa.

E o melhor foi que estávamos em uma sala privada, o ambiente tinha um cheiro suave assim eu podia sentir muito bem o aroma de nozes do meu namorado.

- Eu nunca vou me cansar do seu cheiro. - afirmei depois de terminar de comer.

- E eu nunca vou me cansar de você todinha. - sussurrou no meu ouvido.

O sofá ficava em volta da mesa e estávamos sentados um do lado do outro, Triton estava apertando a minha coxa enquanto eu mordiscava sua bochecha. 

O garçom bateu na porta e entrou, retirou algumas coisas e saiu assim que Triton pediu, de um jeito sutil, um pouco de privacidade.

- Privacidade? - ri. - Nós já acabamos de comer.

- Quem disse que eu preciso de privacidade para comer. - lambeu os lábios. 

Então sua mão que estava na minha coxa, rapidamente, se enfiou no meio das minhas pernas, contive um gemido quando ele colocou os dedos por de baixo da minha calcinha. 

- É pra isso que eu preciso de privacidade. - mordeu o lóbulo da minha orelha. - Concorda?

- Plenamente. - mordi o lábio e agarrei seu cabelo.

Puxei sua cabeça para trás e lambi seu pescoço, depois arranquei sua camisa e arranhei seu peito. Ele gemeu abafado e desceu a minha calcinha, enfiou dois dedos em mim, gemi baixinho e rebolei quando ele começou a movimentá-los.

- Eu não teria paciência de esperar pra chegarmos em casa. - murmurou.

Eu ia falar, mas ele me calou, beijando-me. Seus dedos iam e vinham com agilidade, gemi abafado na sua boca quando ele começou a acariciar o meu clitóris com um dos seus outros dedos.

- Ah.. Triton... Eu quero você. 

- Você não tem ideia do quanto eu te quero. - rosnou.

Então ele tirou os dedos de mim e me pressionou contra o estofamento do sofá, rosnei e o puxei pelo pescoço, mordi e beijei o mesmo enquanto ele tirava a minha camiseta.

A camiseta saiu tão rápido quanto o sutiã, Triton chupou um dos meus seios fazendo-me gemer alto, por um instante eu pensei se alguém teria ouvido, mas depois pensei que se dane!

Sua língua quente deixou-me mais excitada, usei meu quadril para pressioná-lo e senti a sua ereção querendo sair daquela calça. Sem pensar muito, abri o zíper da sua calça e a abaixei junto com a sua cueca. 

Segurei o seu pênis com uma mão e o masturbei devagar, Triton deu um gemido rouco e de repente, ele me levantou e me colocou sentada no seu colo, encaixei-me e senti ele todo dentro de mim.

- Quero ver você se mexendo. - murmurou no meu pescoço.

Com as mãos apoiadas em seu ombro, eu comecei a subir e descer, era tão gostoso estar no controle, Triton tinha a boca entreaberta e suas mãos estavam na minha bunda. 

O movimento era lento e profundo, mordi o lábio ao invés de gemer, mas isso não me conteria por muito tempo. Mas Triton cedeu primeiro.

- Kristine! - ele gozou e puxou minha boca para a sua.

Enquanto nos beijávamos, senti aquele calor subir por todo o meu corpo e se concentrar na minha intimidade. Não demorou muita para que eu gozasse também. 

*

Saí do restaurante muito satisfeita, Triton tinha um sorriso lindo no rosto e só não senti ciúmes dos olhares de algumas outras mulheres, porque eu estava muito feliz por termos sido tão ousados.

- Você me surpreendeu. - ele afirmou.

- Eu te surpreendi? - ri. - Acho que eu ando fazendo muitas mudanças na sua vida.

- Mudanças que eu nunca vou me arrepender. - sorriu.

- Eu te amo. - sussurrei em seu ouvido.

- Eu te amo muito. - beijou-me.

Ficamos um tempo nos beijando e novamente esquecemos que estávamos em público, ou melhor, no meio da rua.

- Temos mesmo que aprender a nos controlar. - comentei assim que voltamos a andar.

Triton não respondeu, apenas sorriu e me deu um beijo na bochecha.

- Ah, eu já ia esquecendo de te falar.. 

Ele parou e me puxou até uma árvore, o vento fraco balançava só os galhos mais finos, senti o cheiro de nozes e de folhas verdes. 

- Pode falar. - assenti.

- Hmm... A próxima lua cheia é daqui seis dias. - comentou.

- No sábado.. Então é o dia que nos uniremos?

Senti um friozinho na barriga, mas eu sabia que era por causa do nervosismo e não por receio de me unir a ele.

- É. 

Notei que Triton estava inseguro e eu sabia que ele tinha medo de que eu o trocasse por outro lobo ou que eu abandonasse a alcateia.

- Ei, não faça essa cara. - toquei seu rosto. - Eu já disse que quero muito me unir com você e que eu te amo mais do que tudo... Você confia em mim?

- Eu confio e eu sei que tudo que você está me falando é verdade. - ele me fitou. - É só que você sabe que eu tenho medo de perder as pessoas.

Doeu ter que ouvir aquilo, o meu Triton sempre tão forte e seguro de si, agora estava sendo assombrado pelo seu passado.

- Você não vai me perder, eu prometo. - beijei de leve seus lábios.

- Você é tudo pra mim, sabia? 

Ele me abraçou e pensei que ele iria voltar a ser uma criança, retribuo o abraço e fiz um cafuné em seu cabelo. Eu ia dizer alguma coisa para confortá-lo, mas Triton deu um pulo pra frente e me soltou.

- Ai! - ele apalpou a bunda. - Nossa, Lorena isso são unhas ou garras?

- Agora unhas, mas espere ficar de noite e eu querer ficar selvagem. - Lorena piscou pra mim.

Do lado de Lorena estava uma mulher loira de olhos castanhos claros e ela era da minha altura, dei um sorriso amigável assim que reparou que eu a olhava, sorri de volta e voltei minha atenção a Lorena.

- O que vocês estão fazendo aqui? - Triton bufou, fingindo estar bravo.

As duas se aproximaram e eu consegui sentir o cheiro de ambrósia da Lorena e um de abacate que vinha da loira.

- Estávamos querendo raptar a sua companheira. - Lorena mostrou-lhe a língua.

Triton ergueu uma sobrancelha e olhou para as duas.

- Se ela quiser sair com vocês, eu não me importo. - cruzou os braços. - Mas se ela dizer não..

- Já entendi... - Lorena revirou os olhos. - E então, Kristine? Quer dar uma volta com a gente.

- Acho que seria uma boa. - sorri. - Tudo bem pra você?

- Claro.. Fico até feliz que você vá fazer amizades. 

Ele me puxou e me deu um beijo demorado, e só o que eu consegui ouvir foram duas vozes femininas fazendo Awn.

- Vocês são lindos juntos, não acha, Eliza? - Lorena deu um grande sorriso.

- Sim.. São perfeitos juntos! - Eliza, a loira, respondeu com um imenso sorriso.

Triton revirou os olhos e me deu mais um beijo para provocar os hormônios lupinos das duas, depois riu e me desejou boa sorte.

Eu não havia entendido o porquê do boa sorte até que Lorena e Eliza disseram que queriam conversar comigo sobre a união.

*

Estávamos em um cafezinho, porque as duas disseram que era o lugar mais apropriado para nós três conversarmos. 

O começo da conversa foi bem suave, descobri o nome inteiro da Eliza - Elizabeth Herson - e que ela tem cento e vinte e sete anos, Lorena também incluiu que ela é uma das responsáveis pela enfermaria.

- Agora, vamos ao que nos interessa! - Lorena terminou de tomar seu capuccino e me fitou com um sorriso nos lábios.

Olhei de relance para Eliza, que não estava com muita pressa de terminar o seu chá, e respirei fundo.

- Eu contei a Eliza como você está se sentindo em relação a união. - Lorena comentou.

Tomei um gole demorado do meu chocolate quente e esperei que uma das duas me crucificasse por estar tão receosa sobre a união.

- É normal se sentir insegura. - Eliza segurou a xícara de chá com as duas mãos. - Eu mesmo quase tive um ataque quando o Marcos pediu pra se unir comigo. 

Eliza encarava a xícara que estava em suas mãos enquanto Lorena dava uma olhada nas próprias unhas, encostei as costas na cadeira e fiquei pensando no que dizer.

- O que a Eliza tentou dizer é que é normal ter medo, mas nada vai dar errado. - Lorena sorriu.

- É exatamente isso que eu ia dizer. - Eliza riu e colocou a xícara na mesa. - É um evento tão simples.. E muito, mas muito bom.

- Você tinha que ver a cara da Eliza quando eles voltaram da lua de mel. - Lorena segurou o riso. - Ela disse que nunca havia feito tanto sexo na vida.

E eu não sei porquê, mas minhas bochechas começaram a queimar. Será que nenhuma delas tinha feito sexo com seu companheiro antes da união? 

- Lorena! - Eliza ficou muito vermelha. - Eu só disse que nós fizemos sexo todos os dias, só isso!

Lorena começou a rir enquanto eu pensava que eu e Triton estávamos quase fazendo sexo todo dia, nós não tínhamos nem nos unido ainda... Imaginei como seria a nossa lua de mel.

- Desculpe.. Eu não consegui me controlar. - Lorena respirou fundo.

- Obrigada. - sorri. - Vocês foram muito gentis de conversarem comigo sobre a união, eu até me sinto mais confiante. 

Não era mentira, mas eu estava com um pouco de vergonha por pensar que eu talvez estivesse sendo muito... Vadia, digamos assim.

- Não foi nada, querida. - Eliza mexeu no cabelo. - Mas peço desculpar pela boca maliciosa da Lorena!

Lorena mostrou-lhe a língua e depois se voltou para mim.

- E você acha que a Kristine já não fez sexo com o Triton? - ela revirou os olhos. - Eles estão juntos há cinco anos.

- Eu não disse que não se deve fazer sexo antes da união! - Eliza suspirou. - Mas você não precisava dizer aquilo sobre a minha lua de mel.

Senti um alivio imenso quando Eliza disse aquilo - Eu não disse que não se deve fazer sexo antes da união! - acho que eu não era tão vadia assim.

- É que eu queria ver a cara da Kristine. - Lorena sorriu maliciosamente e continuava olhando pra mim. - Do jeito selvagem que o Triton é... Esses dois já devem ter feito de tudo na cama.

Não só na cama, pensei.

- Mas é claro! - Eliza riu. - O Triton é um dos caras mais selvagens e cheios de hormônios da alcateia.

- Ele, o Dylan e o Tyrone são os “garanhões”. - Lorena começou a rir.

- Eu nem sei o que dizer. - admiti.

- Não se preocupe, Kristine. - Eliza mexeu na xícara. - O Triton pode ser safado e tudo o mais, porém agora que ele te conheceu... - ela olhou na direção da Lorena. - Ele está mesmo muito apaixonado por você.

Lorena apenas concordou com a cabeça.

- Ele está apaixonado mesmo! - Lorena afirmou.

- E esse é um dos motivos que a Giulia te tratou tão mal na frente de todos. - Eliza comentou.

- Ah.. Eu achei que fosse impressão minha, o fato de ela ter sido tão mesquinha. - afirmei.

- Não foi impressão. - Eliza bufou.

- Você devia ter visto a cara dela quando eu contei que o Triton estava voltando, mas com uma companheira. - Lorena jogou o cabelo para trás.

Às vezes, ela me lembrava bastante a Vivian.

- Ela ficou louca! - Eliza disse. - Porque, não sei se você sabe, mas antes dela conhecer o Fernando, ela deu em cima do Triton e ele não quis nada com ela.

Fiquei boquiaberta, como assim ele não quis nada com ela? Eu posso não gostar dela, mas a Giulia é muito linda - cabelo loiro e lindos olhos azuis, com um corpo esbelto - provavelmente o caráter dela não o deve ter impressionado. 

Melhor pra mim.

- Mas então... Nós precisamos comprar um vestido para a união. - Lorena estava quase pulando da cadeira de tanta empolgação.

- Você pode escolher a cor que quiser, mas nos avisa, assim a gente compra a gravata no seu companheiro da mesma cor. - Eliza sorriu.

- Que nos avise o quê?! - Lorena encarou Eliza. - Nós duas vamos junto com ela comprar o vestido!

- Ah.. Eu vou também? - Eliza apontou o dedo para ela mesma.

- Eu adoraria que vocês duas me ajudassem. - sorri e dei um último gole no meu chocolate quente.

As duas deram um grito de felicidade, e fiquei olhando pela a janela enquanto elas discutiam qual seria a melhor loja para irmos comprar o meu vestido.

*

O sol ainda não havia se posto, como estávamos no verão, mesmo sendo sete horas da noite, o sol continuava bem presente. Ainda bem que o verão dessa cidade não era muito forte, o inverno, sim, devia ser esplêndido.

Lorena e Eliza continuavam falando como eu havia escolhido um vestido lindo, e que Triton ficaria babando por mim... Assim como os outros lobos descomprometidos.

- Mas eu vou controlar o meu. - Eliza empinou o nariz de brincadeira.

- Eu também. - Lorena riu. - Mas será que a Giulia conseguirá controlar o seu Alfa?

- Não sei se ela vai conseguir se controlar. - Eliza riu bem alto.

Até lembrei da risada do Triton e percebi como eu estava com saudade dele, desde que nós começamos a namorar, eu nunca havia ficado tanto tempo longe dele.. Eu acho.

- Qualquer coisa, eu cuido dela! - Lorena empinou os poucos peitos que tinha e fez cara de malvada. - Ela não vai estragar a união do meu melhor amigo e da minha novata preferida.

Lorena era menor que eu e Giulia é um pouco maior do que eu, seria hilário vê-la levar uma surra da Lorena.

Eu não consegui conter a risada, só parei quando notei que as duas me olhavam com um sorriso nos lábios.

- O que foi? - enrubesci.

- Nada.. é que a gente estava achando que você nunca fosse rir. - Lorena afirmou.

- Você parecia bem tímida. - Eliza comentou.

- Ah.. É só que eu ainda não tenho muito intimidade. - cocei a cabeça. - Mas quando tiver.. Acho que vocês vão se arrepender.

- Eu acho que eu vou amar! - Lorena e Eliza falaram juntos.

Naquele instante, eu achei que poderia tê-las como grandes amigas, mas eu sabia que nunca me esqueceria da Vivian.

- A gente sabe como é difícil abandonar tudo. - Eliza parecia ler meus pensamentos.

Será que todos eram assim? Ou eles leem os meus pensamentos pelo cheiro? Se bem que eu estou bem melhor agora, Triton quase não consegue mais me ler. 

- Mas você vai ver como a alcateia será a sua nova família. - Lorena sorriu.

Estávamos andando há um tempo e não percebi que já estávamos entrando na floresta, curiosamente eu já havia decorado o caminho... E não era muito boa para essas coisas.

- Vocês podem ir na frente? - parei e sorri. - Eu queria ir sozinha, só pra pensar um pouco.

Achei que elas iriam ficar magoadas, mas as duas assentiram.

- Só não se perca. - Eliza me alertou. - E se precisar, pode nos ligar. 

Lorena tirou o celular da bolsa e balançou na minha frente.

- Não tenha vergonha de nos ligar. - ela riu e depois guardou o celular.

- Eu ligo se precisar. - afirmei.

Depois as duas seguiram pelo caminho que dava para a alcateia, eu respirei fundo e segui meus extintos, algo me dizia que aqui também teria uma montanha.. Um lugar onde eu poderia uivar e ter uma vista linda da floresta.

Respirei fundo, meus passos estavam leves e notei que eu sorria, eu me sentia muito bem. Era como se Mapoch já fosse a minha casa há muito tempo.

Aumentei o passo, cada cheiro era uma nova sensação, e me sentia mais forte ali. Parei quando avistei uma subida, voltei a andar e vi que havia um lugar para escalar, sem pressa, comecei a subir.

Quando cheguei ao topo, fiquei maravilhada pela vista, que era ainda melhor do que a de Trevarch, comecei a rir e me surpreendi por eu estar tão feliz. Fechei os olhos e deixei que a brisa fresca jogasse meu cabelo para trás.

Eu teria me transformado, mas já estava ficando tarde e eu não queria fazer isso sozinha, decidi sentar um pouco e aproveitar mais um pouco dessa paz. Enquanto absorvia tudo o que a natureza dessa floresta me oferecia, lembrei de algo que Tia Ju sempre me dizia:

Eu já estive em várias florestas, mas nenhuma me dá tanta harmonia como Trevarch.

Acho que isso estava se aplicando a mim, mas com Madoch.. Eu me sentia extremamente feliz e em paz neste lugar. 

Você gosta muito dessa floresta, não?

O rosto do Felipe surgiu em minha mente.

Você fica linda quando fala de Trevarch... Você sorri e seus olhos brilham, e sua voz fica tão suave. Você fica parecendo um anjo.

Felipe me disse isso no dia em que eu admiti que, às vezes, fugiu para a floresta. Incrivelmente, eu ainda estava sorrindo, eu gostava de lembrar dele assim.. Com memórias boas.

Por um instante eu pensei em vingança, Nelson Dorine foi quem matou meu amigo-irmão e ele ainda estava vivo, eu não tinha notícias suas, porém eu sabia que ele não desistiria de me achar... Ele havia deixado isso bem claro em sua última mensagem.

Balancei a cabeça, Triton e Tia Ju já haviam me falado que vingança só leva a mais tristeza. Suspirei e me levantei, já era hora de voltar.

Abri minha bolsa e olhei em meu celular, não havia nada, só uma ligação perdida de um número desconhecido. Ignorei e o coloquei dentro da minha bolsa, agora era só voltar para a alcateia, o que não poderia ser tão difícil.