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História O Cheiro da Lua - Como a situação chegou a isso?


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Leitores lindos, eu quero agradecer muito a vocês pelos comentários e favoritos! Estou me sentindo muito bem e motivada, e agradeço muito mais ainda àqueles que dizem tudo que pensam nos comentários!

Nyah, e deixa eu mencionar uma coisa aqui... leitores lindos agradeçam ao D3m0nid0r, porque eu postei esse capítulo bem antes do programado... Ele estava super curioso e me fez prometer que postaria até ontem, eu me atrasei só alguns minutinhos.

Boa leitura.

Capítulo 4 - Como a situação chegou a isso?



Dez horas da manhã. Domingo. E eu aqui parada na frente da casa da Amy, suspiro, eu precisava conversar com alguém, ainda mais depois daquele pesadelo, e ela era a minha melhor opção... Na verdade, eu gostaria de conversar com as minhas duas amigas juntas, porém Vivian passou a noite na casa do namorado e foi assim que ela me respondeu quando liguei:

- Kristine, você sabe que horas são? - Vivian tinha uma voz sonolenta.

- Sei.. São nove da manhã.

- Exato... E, querida, eu sei que você sabe que depois de uma transa maravilhosa a gente não gosta de ser incomodada, certo?

Quase pude sentir o olhar maléfico que ela devia estar fazendo para o telefone.

- Desculpa.... Estou desligando.

- Boa menina. 


Acho que esse é um dos defeitinhos da Vivian - ser sincera demais - só que fazia tempo que ela não falava comigo tão assim... Bom, eu meio que entendo como ela se sente, e realmente, é péssimo quando alguém te liga pela manhã depois de uma noite bem “quente”.

- Kristine? 

Levanto o olhar e me deparo com Amy me olhando com um grande sorriso no rosto.

- Quando você me mandou uma mensagem dizendo que precisávamos conversar, eu pensei... É um sinal! - ela me convidou para entrar.

Eu conhecia a casa da Amy de cor por dois motivos: minha casa era quase igual e eu já vim muitas vezes aqui. Assim que ela fechou a porta, nós fomos até a cozinha e nos sentamos.

- Quer tomar alguma coisa?

- Não, obrigada. - sorri amigavelmente. - Mas me explica direito esse negócio de sinal.

Amy fez uma cara misteriosa e depois mordeu o lábio, confundindo-me, já não sabia se ela estava empolgada ou receosa.

- Antes... Eu quero que você me conte.. Está acontecendo alguma coisa entre você e o Bryan?

Pega no flagra, que ótimo.

- Não mais. - comentei. - Ele te falou alguma coisa?

- Não, mas quando eu vi vocês dois na livraria, eu pensei que vocês tivessem voltado. - ela disse enquanto me analisava. - Vocês formam um casal muito lindo, sabia?

- Eu também achava isso, mas acho que não é pra gente ficar juntos. - afirmei segurando as lágrimas. - A gente brigou feio ontem.

- Nossa... É por isso que você queria tanto conversar comigo? - ela deu um sorriso meigo, tentando me confortar.

- É.

- Então, neste caso, teremos de ir pro sofá... É um lugar mais adequado pra esse tipo de problema. - ela se levantou e me puxou até a sala.

- Não se preocupe, você pode se referir como decepção amorosa. - tentei sorrir.

Amy fez um biquinho e depois pulou no sofá, eu, por outro lado, sentei com delicadeza.... Vai saber se, por acaso, eu pulasse no sofá e fizesse Amy sair voando pelo outro lado.

*

- Então é isso... Você acha que não vai rolar mais nada entre vocês? - Amy perguntou assim que terminei de contar a história.

Na verdade, eu contei o que eu podia contar da história, tirei a parte em que eu sumi por duas horas. Assenti e lhe perguntei sobre “o sinal” de que ela havia falado mais cedo.

- Ah, sobre isso... - ela se remexeu no sofá. - Houve um caso parecido com o do menino na floresta.

- Como assim? - indaguei. - E como eles são parecidos?

- Ontem à noite, uma menina de quinze anos foi encontrada morta no beco atrás da farmácia. - ela estava com medo. - E eles são parecidos em uma única coisa apenas...

Ergui a cabeça preparando-me para o que Amy tenha para falar.

- Uma marca de mordida no pescoço.... Nós dois casos, foi a única coisa de machucado que se achou.

- Espera aí. - levantei a mão. - Você não me disse que o garoto tinha sido mordido.

- Não? Eu sinto muito, eu estava tão assustada com esse negócio de lobo que eu esqueci de falar.

Levantei tão rápido que fiquei um pouco tonta, balancei a cabeça e deu um aceno rápido para Amy, gritei um tchau e te ligo mais tarde quando já estava fora da casa. Eu só podia fazer uma coisa agora, ir até a casa da garota da floresta e verificar por mim mesma o seu relato. 

O meu lado positivo estava dizendo: não se altere, Kristine, pois isso deve ser só um caso de cachorro selvagem; já uma outra parte, que eu não sei o que é, estava gritando: se isso for caso de lobo, você é a única que pode ajudar. 

E antes que eu desse conta, eu já estava correndo, meu rabo de cavalo batia de um lado para o outro, meus tênis às vezes faziam barulho de folhas sendo esmagadas, meu coração estava acelerado e eu estava ofegante. Eu não sabia o que faria quando soubesse da verdade, mas eu precisava sabê-la mesmo assim.

*

Minha respiração ainda estava irregular quando cheguei na frente da casa da garota, dei mais uma olhada no jornal para conferir se era aquele mesmo o endereço. Guardei a manchete e toquei a campainha, assim que ouvi os passos de alguém vindo me atender, eu soube que aquele era o casal que eu havia ouvido naquela noite em Trevarch... O cheiro forte de rosas invadiu minhas narinas mais uma vez.

- Oi, posso ajudar? - a garota do cheiro perguntou com uma voz mole.

Olhei com cautela, os olhos estavam inchados e o rosto parecia sem vida, imagino que tudo isso seja pelo namorado que morreu de forma tão brutal... Se as informações de Amy forem verdadeiras, deve ter sido horrível ver o garoto que você ama morrer de hemorragia na sua frente e você não poder fazer nada.

- Oi, meu nome é Kristine e eu gostaria de fazer um relatório para o controle de animais selvagens da nossa cidade. - nunca menti tão bem como agora.

- Fortrest tem uma coisa dessas? - ela perguntou desconfiada.

- Não é muito conhecido já que é difícil termos casos de animais selvagens perigosos. - afirmei.

- Todos os animais selvagens são perigosos. - disse rispidamente.

Como eu não falei mais nada, ela suspirou e deixou que eu entrasse.

- O que você quer saber? - ela andou até uma sala com mesa de jantar e eu a segui.

- Bom... Você disse que viu um lobo. - falei com cautela. - E gostaria de saber como ele era e como ele apareceu.

Ela se sentou e eu fiz o mesmo.

- Estávamos comemorando nosso um mês de namoro, o Bob disse que queria fazer algo diferente então a gente foi até a floresta... Nunca nos disseram que havia lobos por lá!

Podia ver que ela estava segurando as lágrimas, depois de um tempinho ela continuou.

- Nós já estávamos de saída quando ouvimos um barulho, eu fiquei com medo e ele me abraçou dizendo que tudo ficaria bem. - agora ela apertava as mãos. - Foi aí que eu vi entre os arbusto dois olhos cinzas que brilhavam, mas antes que eu pudesse gritar... - ela começou a soluçar, forçando-se a não chorar. - Ele pulou e mordeu o pescoço do Bob, foi tão rápido e até pareceu algo preciso, programado, sabe?

Assenti e deixei que ela levasse o tempo que fosse preciso para continuar.

- Quando Bob caiu no chão, eu corri para ver como ele estava, mas algo me dizia que eu não conseguiria salvá-lo. - ela piscou os olhos com força. - O estranho foi que mesmo eu estando pronta para morrer, o lobo não me matou... Na verdade, ele ficou ali olhando eu chorar, parecia estar se divertindo com a minha desgraça.

- E depois disso ele fugiu? - perguntei, tomando cuidado para não a pressionar mais do que já estava.

- Sim. 

- E você conseguiu ver o lobo mesmo no escuro?

- Consegui, não estava tão escuro ainda. - ela parecia estar pensando, provavelmente tentando se lembrar da forma do assassino do seu namorado. - Ele era preto com olhos cinzas, e parecia bem grande para um lobo normal.

- Bom, obrigada pelas informações. - eu já estava me levantando quando a voz desconfiada dela me parou.

- Você não precisa do meu nome? - ela se levantou devagar. - E você não anotou nada.

Droga! Eu sempre esqueço de coisas tão básicas, mas tão importantes.

- Bom.. No relatório nunca consta o nome dos entrevistados, porque gostamos de manter a privacidade da pessoa. - sorri. - E eu não preciso anotar, trabalho nisso há muito tempo...

- Eu sou mesmo uma idiota! - ela bravejou. - Você deve ser parceira daquele babaca, não é?

- Quem?

- Que se dane! - ela começou a me empurrar pelo caminho da saída. - Dê o fora!

Tenho certeza que ela teria, literalmente, chutado o meu traseiro se eu não tivesse dado um pulo para fora da casa. Eu estava dando um envergonhado aceno para ela quando a mesma apontou para além de mim.

- Escuta aqui, senhorzinho, pare de mandar essas suas parceiras virem tirar informação de mim! - e fechou a porta com tudo.

Virei-me para ver a cara do “babaca” de quem ela havia falado antes e deparei-me com um homem um pouco mais alto que eu, cabelo meio rebelde castanho-claro e olhos caramelos. Dei uma analisada rápido nele todo, ele era bem atraente.

- Eu tenho cara de tão velho assim pra ser chamado de senhorzinho? - a voz dele era forte.

- Não.. Mas também não tem cara de confiável. - fui sincera e me aproximei devagar. - Me diga, qual foi a mentira que você contou a ela?

- Que tal darmos uma volta e eu te pago um almoço? - ele sorriu, tinha lindos dentes brancos e lábios sedutores.

Corei, mas não o suficiente para ficar vermelha, assim espero.

- Tá. - respondi, mostrando um pouco de relutância.

- Ótimo... Ah, meu nome é Triton Cerutti. - começamos a caminhar um do lado do outro. - E o seu?

- Kristine. Kristine Moore. - falei enquanto prestava atenção no nosso caminho.

Demos mais alguns passos e percebi que ele era um turista, pois ele estava nos levando para a área nobre onde só teriam restaurantes caros. 

- Você não é daqui, é? - parei e o encarei.

- Se eu disser que não, você vai sair tipo correndo e gritando? - ele parou e me fitou.

- Não. - eu quase ri. - Eu só vou te guiar para um restaurante onde possamos comer.

Ele riu e depois pediu desculpa, eu apenas sorri e disse que não era nada demais.

*

E aqui estou eu, mais uma vez na semana, no Bar do Jerry. Como ainda era cedo, conseguimos bem rápido uma mesa para dois. 

- Gostei do lugar. - Triton comentou enquanto observava o lugar.

Enquanto seu olhar vagava pelo bar, aproveitei para dar mais uma olhada em seus olhos.. Eram do mesmo caramelo dos olhos de Bryan, mas havia algo a mais. 

- Então, agora você vai me contar que mentira você contou a ela? - perguntei, mexendo em minhas mãos.

- Eu disse que era um estudante de biologia e que estava fazendo uma pesquisa sobre lobos, e que quando fiquei sabendo da notícia me interessei. - ele comentou, seu olhar se concentrou em mim.

- Hmmm.. Esperto. - afirmei. - E a quanto tempo você está aqui?

- Minha vez de perguntar. - deu um sorriso galanteador.

Revirei os olhos e esperei que ele fizesse uma pergunta.

- Por que você se interessou pela história dela? 

- É estranho, mas até ontem eu não queria me envolver, só que hoje fiquei sabendo de mais um caso e aí eu pensei que poderia ajudar de alguma forma. - fitei-o, seus olhos me examinavam vendo se eu estava dizendo a verdade.

Logo ele assentiu e se encostou na cadeira.

- Eu cheguei ontem à noite. - ele comentou. - Estou hospedado no Hotel Padronce.

- Eu sei qual é... Fica bem perto da minha casa.

Ele se arrumou na cadeira ficando de modo mais confortável e, por um instante, eu senti que ele estava curioso a meu respeito.

- Então você mora bem perto da floresta. - pude ver que ele estava feliz. - E nunca notou nada estranho?

- Estranho como?

Sem querer entrei na defensiva, porém relaxei os ombros e tentei parecer tranquila, mesmo que algo nele estivesse me deixando alerta.

- Animais selvagens? Barulhos como uivos?

- Você está sugerindo que foi um lobo que cometeu esses assassinatos? - indaguei ao cruzar as pernas.

- E o que você acha que foi? - ele quase riu. - Um cachorro selvagem? Um coiote?

- Não sei, mas é um pouco bizarro pensar que um único lobo voltou pra essa floresta sendo que não existem sinais de nenhum deles há anos. - afirmei com autoridade.

Triton estava pronto para colocar seu argumento mais forte, eu senti isso só pela leve mudança em suas feições, porém Felipe apareceu carregando uma cadeira e sentou-se ao nosso lado. 

Eu quase ri quando vi a cara de Triton, que parecia bem bravo por ter sido interrompido no momento do seu rebote, já Felipe sorria feito uma criança que recebera uma bala. Foi aí que lembrei que ele não trabalhava hoje.

- Dia de folga, certo? 

- Exato. 

Felipe respondeu com muito entusiasmo e só olhava para mim, percebi que Triton estava com raiva por ser ignorado.

- Err.. Felipe este é Triton, e Triton este é Felipe. - apresentei-os.

Felipe não gostou de ter que cumprimentar Triton, que não demonstrou expressão nenhuma ao gesto do outro. Bufei e peguei o cardápio colocando-o bem na minha cara, talvez assim os dois parassem com essa bobagem de ficarem se encarando.

- Eu fiquei sabendo sobre você e o Bryan. - Felipe comentou, voltando a ignorar a presença de Triton.

- O quê? - continuei folheando o cardápio fingindo não estar interessada

- Que vocês dois brigaram ontem na frente da sua casa. - pude notar o tom de felicidade em sua voz.

Felipe nunca gostou de Bryan, e vice-versa. Ele achava que eu nunca havia namorado com ele porque Bryan estava me cegando. Por sua vez, Bryan não o suportava e odiava o jeito como Felipe se comportava perto de mim.

- Quem te contou isso? - coloquei o cardápio na mesa e o empurrei para Triton. - Pode escolher... Eu não me importo. - disse a ele.

Triton não respondeu e pegou o cardápio com calma, começou a folheá-lo quando Felipe voltou a falar.

- Uma amiga minha estava passando por lá e viu a cena. - ele não escondeu um sorriso. - Eu te avisei que ele não era o cara certo para você.

Eu ri do deboche dele.

- E você acha que você é o homem certo pra mim? 

Discretamente, Triton deu uma risadinha o que irritou Felipe.

- Tá rindo do que? - ele encarou Triton. - Vai me dizer que esse cara é seu próximo namorado?

Eu não estava acreditando no que Felipe estava dizendo.

- E você acha que eu sou o quê? Uma biscate que sai dando pra todo garoto bonito que aparece na minha frente? - quase gritei, só não o fiz por respeito ao pai de Felipe.

- Não, claro que não! - ele parecia arrependido. - Mas o Bryan te fez tão mal que poderia ter ocorrido uma mudança drástica... Sabe como é...

- Não, eu não sei como é! - fiz um barulho parecido com um rosnado. - Você tinha que estragar meu dia, não é?

- Nós só estamos conversando.

Felipe fez cara de confuso e depois deu uma olhada na direção de Triton, que estava olhando para mim... Ele deve estar pensando que eu o quero como namorado, ótimo, o dia não tem como ficar melhor.

- Felipe, você é um idiota! - levantei com tudo sem me importar com o barulho que a cadeira fez ao raspar o chão. - Eu chorei ontem a noite inteira e eu estava bem até você e a obsessão por mim ficarem me lembrando que eu briguei feio com a única pessoa no mundo que chegou o mais perto de me entender. - segurei as lágrimas.

Felipe não teve coragem de dizer mais nada, apenas abaixou a cabeça. Eu o adorava, ele era um grande amigo, mas às vezes ele extrapolava. Peguei minha bolsa e me virei para Triton. 

- Desculpe, mas eu vou embora. - virei-me e saí sem dar tempo dele falar alguma coisa, se ele fosse falar, claro.

*

Já era hora de começar o inverno, mas algumas folhas continuavam a cair, o clima não estava tão frio para mim, é claro, já para um humano a falta do sol forte e esse vento gelado era o suficiente para uma roupa bem quente. Eu estava sentada com as costas apoiadas em uma árvore perto de um pequeno lago, abraçada às pernas e com o queixo apoiado nos joelhos, só não estava chorando porque Trevarch me passava harmonia, e eu jamais entenderei como ela faz isso. 

Trevarch, assim como todas as outras florestas, passam uma boa sensação a nossa espécie, não sabemos direito o porquê, porém achamos que o contato com a natureza acalmo nosso lobo interior e nos ajuda a pensar melhor.

Tia Ju era tão sábia, será que um dia eu seria como ela? Eu ainda não entendia como ela havia morrido. Foi tão estranho quando me contaram que ela havia falecido... Eu sempre achei que nós éramos imortais. 

Não somos imortais, querida, somos só mais resistentes, nós também morremos, é difícil matar um de nossa espécie, só que acontece. Bom, o que posso te dizer agora é que existem três formas de sermos mortos: quebrando nosso pescoço, o que para um humano fazer é quase impossível; queimado, e você já deve ter percebido que feridas como queimaduras demoram o mesmo tempo que feridas normais humanas para cicatrizarem; e balas de prata, além de que elas podem nos enlouquecer se não forem tiradas do corpo.

Se ela sabia tanto sobre isso, porque morreu queimada em um incêndio? Eu me perguntava isso na hora em que cheguei no local, a pequena casa que havia ali já não existia mais e só o que restava ali eram os ossos de Judely e de uma criança. 

Um pequeno sorriso e uma lágrima foram o que demonstrei naquele momento e pensei: então foi por isso, você quis salvar uma criança indefesa. Sempre tão bondosa, era o que eu mais amava na senhora.

Judely trabalhava no hospital, na ala da pediatria, sempre que chegava em casa, com um grande sorriso no rosto ela me contava várias histórias sobre seus pacientes. Senti um aperto no coração... Quanto tempo levaria até eu morrer? E eu morreria antes de conhecer mais pessoas da nossa espécie? 

Quantos anos eu tenho? Vou te contar, mas não se assuste... Duzentos e trinta e sete, na verdade não é muito tempo comparado com alguns amigos meus. Já sei o que você está pensando, e a resposta é: nós paramos de envelhecer aos vinte e sete anos, não me pergunte o porquê de ser essa idade.

Eu estava com vinte e cinco e esperava o dia em que não mudaria mais, seria estranho, mas divertido. É contraditório como, às vezes, eu pareço gostar de ser uma loba, porém a verdade era que eu sabia o que aconteceria daqui há alguns anos... Eu teria de abandonar essa cidade, porque seria estranho todos os que conheço ficarem velhos e eu com a mesma cara e corpo. 

Encostei a cabeça na árvore e fechei os olhos, inspirei com força e senti o poder da floresta me tranquilizar. Depois de refletir um pouco, eu percebi algo que jamais admitiria: o que eu queria era ser livre, mas não livre da nossa espécie.... Eu queria ser livre como loba, aproveitar o que a natureza tem a oferecer e aceitar o meu destino.

- Era isso que você tentava me mostra, não é Tia Ju? - consegui dar uma risadinha.

Eu estava tão entretida em meus pensamentos e em minha surpreendente mudança de opinião sobre a minha loba interior que nem notei a presença de um estranho até que o mesmo pisou em um graveto. 

Rapidamente, meu nariz reconheceu o cheiro que se aproximava por entre as árvores que estavam atrás de mim. Continuei sentada, o sujeito parou ao meu lado e se sentou.

- Eu sabia que você tinha algo de diferente. - Triton afirmou enquanto me olhava.

Virei de leve a cabeça para reparar em seu rosto enquanto ele continuava me fitando, foi então que percebi a diferença em seu cheiro.

- Você é um lobo. - falei com tanta tranquilidade que até estranhei.

- Nós somos... Você quer dizer. - ele sorriu e notei que ele tinha lindos dentes brancos.
 


Notas Finais


Nyah, acho que as coisas estão ficando mais interessantes!

Espero que vocês me digam o que acharam de verdade desse capítulo. E só um aviso pras leitoras... o Triton me pertence, hsuahushausha

Obrigada pela atenção, seus lindos!


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