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História O Cheiro da Lua - Gengibre ou Laranja?


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Não me matem pela demora nem pelo capítulo

Boa leitura

Capítulo 40 - Gengibre ou Laranja?



Acho que toda a raiva que eu estava guardando se soltou de uma só vez. Agora eu falava sem parar, na verdade, isso estava mais para resmungos... Triton tentava me acalmar, mas eu devia estar vermelha de raiva. 

- Eu sabia que você ia ficar brava comigo. - ele afirma enquanto me observa. - Olha, Kristine... 

Mas na verdade eu não estava com raiva dele... E sim raiva de mim e do alfa. Mais nervosa com o Fernando do que comigo, claro.

- Eu não estou brava com você.  - observo-o. - Estou apenas um pouco irritada comigo... E com um certo lobo, só...

Respiro fundo e seguro um grito entalado na garganta. Triton me olha e fica meio receoso, mas logo se aproxima e me abraça. E de repente, começo a chorar descontroladamente.

Por que eu sinto como se tivesse estragado com a vida da minha melhor amiga? Por que eu sinto que nunca conseguirei ser aceita nessa alcateia? Por que parece que a minha vida nunca está tranquila?

- Ei, calma... - ele me afaga. - Vai ficar tudo bem... Eu prometo.

- Eu estraguei tudo de novo, não é? - enterro mais ainda o rosto em seu peito.

- Você não teve culpa de nada, Kristine. - beija o topo da minha cabeça. - E eu te prometo que vou fazer de tudo para que essa história se resolva de um jeito pacífico.

Abraço-o mais forte e meu coração se acalma, e uma leve dor muscular percorrer todo o meu corpo. Então eu me afasto devagar e levanto o rosto - que deve estar horrendo da choradeira de agora.

- Mas eu não quero que você se ferre por minha causa... Por causa das minhas cagadas. - comento.

- Meu amor... - beija minha testa. - Você não fez nada de errado, e eu apenas sinto muito da alcateia ser tão rígida assim...

Observo-o e vejo como ele está mal com tudo isso.

- Talvez eu não devesse ter te enchido tanto para te trazer aqui... Talvez você fosse mais feliz na sua cidade natal, ou livre...

- Por que está dizendo isso? - agora sou eu quem está com medo.

- Porque eu acho que você não está feliz, Kristine. - explica. - Nem aqui nem comigo.

E antes que eu pense melhor, eu já lhe dei um tapa. 

- Eu já cansei de ouvir e ficar quieta enquanto você fica se menosprezando! - grito. - Eu amo você! Quantas vezes vou ter que dizer isso? E o que eu preciso fazer pra você acreditar em mim?

Ele me olha um pouco espantado, não sei se por causa do tapa ou se é por causa da minha alteração na voz.

- Ou você acha que o meu amor não é suficiente? - indago quase num grito. - Será que é tão difícil você entender que você é tudo pra mim? Que mudar pra esse lugar foi uma das melhores coisas que já me aconteceram na vida? 

Vejo que ele fica um pouco confuso, mas prossigo.

- Você me mostrou como viver sendo da nossa espécie pode ser bom, na verdade, me mostrou como pode ser maravilhoso! - sorrio. - E eu não me arrependo de nada... Se voltasse no tempo, eu faria tudo igual... Porque todos os momentos que eu passei depois de te conhecer foram únicos.

Sinto minhas bochechas queimarem enquanto ele me olha surpreso.

- Então, por favor, acredite que eu amo você... Assim como eu acredito que você gosta de mim do jeito que eu sou. - começo a ficar nervosa. - Mesmo eu sendo teimosa, boba, inexperiente, chorona, fugitiva, estúpida e...

- Só posso concordar até o fugitiva. - ele dá o sorriso mais lindo e sincero. - E eu te amo mesmo sendo boba, inexperiente, chorona e fugitiva. - ri um pouco e depois se aproxima. - E você quer mesmo que eu acredite que você me ama?

Concordo com a cabeça enquanto minha mão toca sua bochecha vermelha - que foi a que eu dei o tapa.

- Então quero que você saiba que, de agora em diante, eu vou cobrar muito do seu amor... - ele me puxa e me abraça. - As pessoas costumam dizer que eu sou carente. - sussura no meu ouvido.

Algo lá dentro se enche de felicidade e se acalma, sorrio e beijo seu pescoço, depois nos separamos e ele me beija com carinho. 

- Já começou a cobrar? - brinco e sinto que um grande peso foi tirado das minhas costas.

- Talvez mais tarde eu comece, agora quero que você se recupere primeiro. - afirma e me coloca sentada de novo. - E vê se não me atrapalha... Tenho que fazer o nosso almoço. - brinca.

Fazia tempo que eu não ria tão gostoso, Triton até dá aquela risada que tanto amo... Alta e descontraída.

*

Dormir depois do almoço foi a melhor escolha, porque agora - por volta das seis da tarde - estou me sentindo nova em folha. É claro que meu olho continua enfaixado e minha mão continua imóvel.

Mas até que não estou ligando muito para isso... Aliás, quem ligaria quando se é mimada por um lobo lindo e carinhoso?

- Você vai continuar me mimando tanto? Não vá se arrepender depois. - digo enquanto me levanto.

Triton continua deitado na cama, e não parece que vai levantar muito cedo.

- Seu preguiçoso... - brinco e sento ao seu lado da cama. - Vamos sair um pouquinho?

Ele me dá aquele olhar do tipo nem sonhe em continuar essa frase. Mas eu reviro os olhos e ele solta aquele longo suspiro.

- Por favor. - imploro. - Eu odeio ficar trancada em casa.

Triton continua sério e até acho que dessa vez eu vou perder a "guerra", porém ele me puxa, com cuidado, e esmaga meus lábios nos seus. Surpresa, correspondo ao beijo e deixo que ele me coloque deitada na cama. 

- Certeza que quer sair? Quando podemos aproveitar só eu e você? - sorri maliciosamente.

Estou quase desistindo de sair, até que minha parte loba dá aquele rosnado de urgência. Então, eu rolo para fora da cama e levanto com tudo, fico até meio tonta, mas me dirijo ao closet.

Ouço Triton resmungar e depois se levantar, ele entra no closet e me abraça por trás.

- Podemos sair se você prometer que não vai exagerar e que vai me dizer quando estiver cansada. - disse com os lábios encostados no meu ouvido.

Eu sei que ele quer me seduzir a ponto de ficarmos em casa, mas necessito espairecer a mente.

- Prometo. - viro-me e beijo de leve seus lábios. - Vamos nos trocar! - rio.

Triton revira os olhos, mas dá um pequeno sorriso. E eu sei que lá dentro ele quer sair tanto quanto eu, dou um grande sorriso e começo a me trocar. 

*

Respiro fundo assim que saímos de casa, o ar frio arrepia os pelos do meu pescoço, mas isso só me faz ver como estou viva e feliz. Enquanto andamos de mãos dadas, noto como estou distraída, ou diria, que estou observando tudo ao redor, só que mais como uma criança ingênua.

Minha parte loba me alerta sobre algo novo, olho melhor as casas e não vejo nada de diferente. Dou uma olhada no meu companheiro, ele não parece ter sentido nada "estranho", então acho que posso relaxar.

Sinto Madoch me chamando, mas Triton nunca concordaria em irmos até lá, mesmo porque seria uma tortura ir até a floresta sem poder me transformar. 

- Onde você quer ir? - Triton pergunta bem suave.

Fico contente por ele não estar bravo, na verdade, se ele estivesse, eu lhe daria um sermão. Ultimamente, parei de guardar tudo que penso, e até acho que às vezes exagero, mas é bem melhor do que ser uma mulher retraída.

- Nenhum lugar em especial... Só queria andar um pouco. - farejo o ar e sinto um cheiro delicioso.

Chocolate?

Paro e olho para ele, que está olhando para onde vem o cheiro...Vejo uma cabeça se esconder atrás de uma árvore e logo em seguida, fios pretos de cabelo são levados pelo vento.

E esse vento me traz, mais forte ainda, o cheiro de chocolate... E o cheiro de lupinos.

- Triton? - chamo-o porque algo me diz que ele está na defensiva e isso quase nunca é um bom sinal. - É uma menina...

- E? - ele ainda não olha pra mim.

Rosno alto e ele me encara.

- Obrigada. - suspiro. - Ela está com medo e você sabe disso.

- Tudo bem, você venceu. - revira os olhos e se acalma. - Eu vou até lá e você fica aqui! Entendeu?

Engulo em seco e assinto, ele parecia bem bravo. Triton caminha devagar e vai tentando falar com a garota escondida.

Ela não responde e só dá as caras quando eu digo que não iremos machucá-la, assim que ela se mostra, vejo como ela é pequena e imagino que ela deva ter doze anos, mas algo me diz que ela é mais velha do que imagino.

Ela poderia ser uma mini-Lorena, balanço a cabeça e, mais uma vez, noto como estou mais cabeça-de-vento e isso me preocupa um pouco. 

Depois que ela saí, por completo, de trás da árvore, consigo vê-la e acho-a muito linda. Seu cabelo vão até um pouco acima da cintura, preto e um pouco ondulado. E logo percebo que ela não pode ter doze anos com um corpo desenvolvido assim.

Não que ela seja a mulher-peito ou a mulher-bunda, mas tem um pouco de cada e uma cintura fina, o que me deixou com um pouco de inveja. Ela é realmente fofa, e chego a me controlar para não "ronronar" e sair correndo para abraçá-la.

Mas o que mais chama a atenção... São os seus olhos, um preto e outro azul, pisco duas vezes, testando se não estou louca. O estranho é que mesmo com olhos tão lindos, seu semblante demonstra tristeza e desconfiança. 

Só agora percebo que ela tem duas pintinhas, uma em cada bochecha, deixando-a mais meiga ainda. Paro com as minhas admirações e me sinto intimidada enquanto sinto ela me observar.

Triton fica parado onde está e eu ando até ele, sinto seu olhar de advertência quando paro ao seu lado. A menina abre a boca, mas algo a impede de falar, uma outra voz.

- Tem mais gente aí, Amanda? - uma voz masculina que saí de trás dela.

- Tem... - ela respone quase num sussurro.

- Você podia pedir uma mãozinha, não é? - a voz meio que implora.

- O que foi? - pergunto antes que consiga pensar melhor.

A menina parece ter se assustado com a minha pergunta repentina, e acaba armando uma defesa. Trinto apenas suspira e começa a andar até ela, não sei o que ele vai fazer, mas apenas observo.

A garota rosna, mas para assim que Triton dá aquela risada alta. Arregalo os olhos, ele está mesmo rindo da cara dela ou está tentando socializar?

- Então, o que houve com o seu amigo aí? - pergunta normalmente.

Estou boquiaberta... A garota, simplesmente, baixou a guarda e respondeu a pergunta.

- Ele caiu no buraco. - afirma. - Sou muito pequena para tirá-lo.

Triton continua indo até ela e quando já está a sua frente, a garota da dois passos para o lado e o deixa passar. Ele dá alguns passos para frente e para, vira para trás e acena para mim. 

- Está tudo bem... Por isso continue aí! - seu olhar ordena.

Reviro os olhos, mas permaneço quieta no meu lugar, e logo meu olhar se volta para aquela pequena garota. Ela, agora, esqueceu da minha existência e se concentra no meu companheiro, que está pegando um cipo para puxar o garoto do buraco.

Sem demora, o garoto é puxado para fora e abraçado pela menina, porém não consigo vê-lo muito bem, já que seu rosto está coberto de terra. Será que ele conseguiu cair de cara no buraco?

Logo, os três começam a se aproximar, Triton vem falando com eles, mas minha curiosidade é no rosto do rapaz. Primeiro, sinto um cheiro de laranja, e chego a ficar mais curiosa ainda.

Continuo parada, e para me deixar mais ansiosa, uma neblina começa a surgir, bufo e quase começo a bater os pés. Apenas consigo ver o Triton, porque ele é o mais alto dos três.

Um vento frio passa por mim e faz com que eu feche os olhos por alguns segundos, e quando os abro novamente, vejo os três parados a minha frente. Triton com um semblante calmo, a garota meio desconfiada e o garoto... É idêntico ao Felipe Letrosk.

Sinto que parei de respirar... Ele é ruivo e tem os mesmos olhos gentis e firmes do Felipe. Também possui o mesmo sorriso... É o Felipe mais novo. 

Um onda de memórias enche a minha cabeça... Vejo eu e Felipe desde pequenos, e o tempo vai passando, imagens vão criando vida. Então, a última coisa que vem a minha cabeça é o dia em que ele morreu.


- Você vai ficar bem, não é? - Felipe se ajoelhou ao meu lado.

E eu vi o buraco em seu peito, cheio de sangue e cheiro de prata... 

- Felipe.. Você... - lágrimas não paravam de sair. - Por quê?

- Oras... Eu te amo, você sabe disso. - ele tocou meu cabelo e sorriu. - Você sempre foi tão gentil comigo... Você não me tratava como o filho do dono do Bar do Jerry, você me tratava como Felipe Letrosk, o seu bobo quase irmão.



Meus joelhos tocam o chão, sinto uma dor forte no peito e na cabeça, lágrimas começam a embaçar a minha visão.

Escuto Triton me chamar, mas parece que ele está tão longe, só sei que ele está aqui porque sinto suas mãos tocarem os meus ombros. 


Ouço-o falando comigo...

- Não chore. - pediu. - Não quero ver você chorando... Deixe-me ver seu sorriso.

Uma imagem dele com um grande sorriso... Depois ela começa a ficar em cores mais vivas e se mexe...

- Você é tão gentil, e sabe... O Triton até que é um cara legal. - deu um sorriso sincero. - Espero que você seja muito feliz, você merece...



Não sei porque, mas dei um grande sorriso enquanto lágrimas escorriam pela minha bochecha. Mãos me balançam com mais força, várias vozes começam a surgir. 

Minha cabeça começa a apagar, tento me concentrar no agora, porém já é tarde... Meu corpo para de responder, e tão logo, minha mente também.
 


Notas Finais


*chorandolitros* Felipe

Mas agora chegou o seu ruivinho, Miya-chan


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