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História O Cheiro da Lua - Mudanças na Alcateia


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Haha, acho que agora volto a postar toda semana, agora sempre de quarta, então fiquem espertos!

Boa leitura.

Capítulo 52 - Mudanças na Alcateia



Novamente Triton veio me buscar na enfermaria, e diferente do que pensei, ele não veio mal-humarado por eu tê-lo confrontado. Até achei que ele estava bem animado.

- A noite está tão gostosa. - comentou com um sorriso no rosto.

Ainda nevava, e de algum modo, isso estava me deixando desconfortável. Triton, esperto como sempre, percebeu e me abraçou apertado, parando-nos.

- Triton... O que houve? - indago confusa.

- Odeio ver você assim... - beija meu pescoço.

- Eu estou bem e...

- Não minta! - ele nos separa e me olha sério. - Não minta, por favor. - diz mais suave.

Abaixo a cabeça porque sei que lágrimas estão chegando.

- E o que você quer que eu diga? - murmuro.

- Por enquanto nada... Só precisa falar quando estiver preparada, mas até lá... não minta. - ergue meu queixo e beija meus lábios.

- Obrigada. - é a única coisa que posso dizer agora, pois se abrir mais um pouco a boca, temo que começarei a chorar.

Continuamos andando de mãos dadas, o silêncio também me deixa desconfortável, encosto-me mais no meu companheiro e procuro pensar apenas nele.

Foi então que vimos um casal se beijando, parecia um primeiro beijo quando a pessoa acabou de se declarar.

- Até que enfim! - Triton exclama.

Olho-o e depois volta a olhar o casal, vejo Jule - um dos membros do conselho - e o Lupus, o homem muito educado e gentil que conversei ontem. E vendo ele em pé, noto que o cara é muito alto, até me assusta um pouco, acho que tem algo a ver com eu ser baixinha.

- Tinha que ser você! - Jule braveja. - O que quer? Arrumou encrenca de novo e precisa que alguém salve a sua pele, Cerutti?

Triton ri e se ergue um pouco, parece que está se mostrando... Não de modo ruim, é mais algo do tipo você me confronta, eu te confronto.

Pelo menos, Lupus, que tem bom senso e coragem, interrompe a batalha visual dos dois. E tão logo que eles saem para o lado oposto do nosso, Triton grita para provocá-la.

- Lupus, você é um homem de coragem! - e dá aquela risada alta.

Acabo rindo junto com ele, sua felicidade está me contagiando... E isso é ótimo, realmente, era disse que eu estava precisando.

*

O jantar estava tão bom, ainda bem que Triton havia ido ao mercado hoje a tarde... Ele sempre faz uma comida deliciosa. E depois de tomar um banho bem quente, deitei-me em nossa cama.

Meu corpo estava precisando de tudo isso.

- Já com sono? - ouço sua voz aquecer minha orelha.

- Não. - murmuro. - Só descansando um pouco.

Em seguida, senti suas mãos fortes massagearem as minhas costas.

- Então deixe-me cuidar de você. - sua voz é suave.

- Ah... eu deixo. - brinco e aproveito a mordomia.

Relaxei, Triton sabia o que estava fazendo, cada toque tinha a firmeza necessária. Até mesmo o ritmo de suas mãos estava me acalmando, seria até possível dormir.

Mas eu queria conversar, só não sabia sobre o que.

- Triton... - ouço minha voz sair baixa.

- Sim? 

Então, ergui o corpo, fazendo-o parar de me massagear, sinto algo assustador, porém não é ele que está fazendo isso. Sou eu mesma, na verdade, são meus pesadelos, meus fantasmas lupinos...

- Kristine? - toca de leve o meu ombro.

Mordo o lábio e viro-me para ele, encaro-o tentando não chorar.

- Eu vou voltar, não vou? - sentia como se meu pior pesadelo estivesse muito perto de acontecer.

- Voltar? Do que você está falando? - seu olhar me observa tentando tirar alguma conclusão do que vê.

Não quero esquecer ninguém, todas as pessoas nessa alcateia são tão especiais pra mim. E o Triton... Não quero perdê-lo nem que ele sofre ao ver que eu o esqueci.

Começo a chorar devagar, lágrimas caem aos poucos, meu coração se aperta e minhas mãos se agarram como se pudessem dar suporte uma a outra.

- Kristine, o que foi?! - sinto o desespero na sua voz. - O que aconteceu?

- Eu não quero! - forço-me a ficar olhando em seus olhos. - Não quero esquecer todo mundo.. não quero perder você... não quero ser serva da lua...

- Eu não estou entendendo... - ele começa a enxugar as minhas lágrimas.

Segura sua mão e me agarro a ela. Por que sinto que vamos nos separar? Tudo está indo bem, porém meu instinto me avisa de algo muito pior.

- Eu tive um pesadelo... - contei tudo, e por nenhum momento ele me interrompeu.

Sua expressão continuou calma mesmo quando terminei de narrar o sonho ruim. Até achei que ele estivesse achando que eu tinha enlouquecido, de repente, ele me puxou para um abraço carinhoso.

- Não se preocupe, mesmo que você demore a voltar... eu vou esperar... o quanto for preciso. - nos separa um pouco para olhar em meus olhos. - Se isso acontecer... Eu prometo que vou trazer você de volta. - e me beijou.

Foi um beijo calmo, carinhoso, cheio de dedicação e dos mais puros sentimentos que nutrimos um pelo outro. Lágrimas continuavam a cair, mas agora possuíam um pouco de esperança e alegria.

Quando nos separamos, Triton sorriu e limpou as minhas últimas lágrimas, depois beijou a minha testa. Joguei-me em seus braços, colando a cabeça em seu peito.

Era tudo que eu verdadeiramente precisava, e não pediria por nada diferente desta vida, deste lar, muitos menos deste meu amado lobo.

*

Acordei quente e confortável, a noite havia sido ótima, Triton e eu conversamos sobre tantas coisas: a alcateia, nossas vidas, nossos amigos, meu novo emprego - o qual começa daqui a dois dias, ou seja, na segunda.

- Bom dia, meu amor. - beijo seus lábios.

Triton está enrolado em mim e murmura um só mais dez minutos. Rio baixinho apreciando a vista, ele fez a barba ontem então posso ver seu rosto perfeitamente. 

Mas nosso momento foi interrompido por batidas fortes na porta. Quem poderia ser a essa hora? São nove horas da manhã!

Eu que abri a porta, Triton ainda estava acordando, ele estava bem sonolento. A surpresa foi que o alfa estava na porta, seu rosto demonstrava raiva e impaciência.

- Bom... 

- Preciso de você, agora! - rosnou. - Vou precisar que você e o Rae vão até a cidade.

- Quem é Rae? - indago. - E o que vou fazer na cidade?

- Sou eu! - um homem um pouco maior do que eu, mostrou-se por de trás do Fernando.

- Primeiro se apronte, depois explico o resto. - afirmou. - E Rae, contenha-se!

Rae engoliu em seco e ficou quieto, seu cabelo era castanho escuro e seus olhos eram dourados, o que me fascinou um pouco. 

- É pra hoje! - Fernando exclamou.

- Pelo amor! - rosnei. - Seja mais educado! Que mal humor logo pela manhã. - virei-me e dei de cara com o Triton que ainda estava acordando. - Boa sorte.

Disse ao passar por ele, não que ele tenha entendido alguma coisa.

*

- Vocês têm que fazê-la vim para a alcateia. - Fernando bravejou. - Na verdade, tanto Sophie como a tal de Daphny devem vir para cá!

- Por que a gente? Por que não você? - Rae perguntou o que eu estava pensando.

Mas ainda bem que foi ele a se arriscar.

- Eu tenho cara de lobo amigável que faz convites? - era uma pergunta retórica.

Até agora, havia entendido que Sophie - uma da nossa espécie - vive em Luktend, mas não é lá muito apegada a alcateias. E ela achou essa garota, Daphny, que foi atacada por caçadores e precisava de ajuda. 

E Fernando quer as duas na alcateia, e ele acha que Rae é o mais confiável porque é calmo, e eu porque sou a melhor fêmea nesta situação. Não que eu concorde com isso.


- Você sabe onde fica a casa dela? - indago já que não me lembro do alfa ter nos dito isso.

- Eu sei! - dá um sorriso. - Aliás... era você quem estava conversando com a Lenalee ontem, não era?

- Se foi na hora que estava observando a guerra de bola de neve. Sim, era eu. - afirmei enquanto andávamos por um bairro residencial que eu nem sabia que existia. - Você estava nos espionando?

Rae mudou de cor e começou a dar desculpas, até que conseguiu dizer uma do início ao fim.

- É que eu tenho curiosidade sobre o jeito da Lenalee... - afirma. - Sabe, ela é o meu oposto...

- Sei... - rio um pouco. - Vocês estão juntos?

Estou bem direta ultimamente.

- N-Não! - nega. - Somos apenas amigos!

- Entendo. - paro. - Acho que chegamos.

Era uma casa pequena, e o cheiro forte de lupinos me chamou a atenção.

- Como sabia que era aqui? - Rae ergueu uma sobrancelha.

- Intuição. - resumi.

Ele dá de ombros e toca a campainha, tão logo, uma mulher alta com cabelo castanho e olhos azuis abre a porta. Tinha uma beleza inexplicável. 

- Vocês devem ser Kristine e Rae... os mandados pelo Fernando. - revirou os olhos. - Aquele alfa está muito folgado.

Concordo plenamente, pensei.

- Podem entrar. - abriu a porta e logo entramos na casa.

Como disse, era uma casa pequena, e por dentro era toda arrumada, cheia de detalhes. E logo consegui achar a garota, ela estava deitada no sofá, dormia, e parecia estar se recuperando.

Sophie nos chamou até a cozinha e ficamos conversando, e no fim todos acabamos contando nossas histórias.

Rae nasceu em outra alcateia, mas queria conhecer o mundo, então seus pais o deixaram livre e ele acabou onde está hoje. E ele trabalha como biólogo em um zoológico. 

Até deixou escapar que ele acha a Lenalee a loba mais corajosa e a mais atraente, e foi aí que percebemos como Sophie era romântica. Pois ela começou a falar de como seria fofo se ele a chamasse para sair, e que devia ser um jantar especial.

Depois, Sophie voltou ao normal, digamos assim. E contou que seus pais morreram quando ela era muito pequena, e que ela sempre se virou sozinha. Não detalhou mais que isso, e nenhum de nós dois se atreveu a perguntar... Passado era uma coisa delicada entre nós, lupinos.

Ela também se interessou pelo trabalho de Rae, porque afirmou que pensa em fazer faculdade de biologia.

Também contei a minha história, só que resumidamente. E, até pareceu combinado, porque quando havia acabado, Daphny acordou e veio até a gente.

*

Não vou tão difícil convencê-las a virem conosco, Sophie foi a mais complicada. Parecia que ela não era muito a favor de laços lupinos, mas eu não quis perguntar o porquê.

Daphny, uma garota alta de olhos perolados e cabelo longo avermelhado, que tinha um jeito de gótica, não que eu fosse contra... mas era algo interessante. Ela foi bem a favor de entrar para a alcateia, disse até que se sentiria mais protegida.

E enquanto passávamos pela floresta, pude sentir como Daphny estava se animando, lembrava-me de mim quando entrei em Madoch pela primeira vez.

- Se quisermos, podemos nos transformar e explorar essa floresta? - Daphny indagou ansiosa.

- Podemos! - Rae respondeu com um sorriso.

Eu estava guiando o grupo e Rae permanecia do lado de Sophie, tentando animá-la. Ela não era muito fácil de convencer e Rae estava conseguindo ser bem calmo, eu já teria perdido a paciência, provavelmente.

- E a alcateia... vai nos recepcionar? - Daphny começou a ficar cada vez mais curiosa e ao mesmo tempo encabulada.

- Vai... na verdade, é o alfa que vai "recepcionar" vocês. - explico.

- E ele é como? Muito mandão? - sussurra mais perto de mim.

Ele até que é legal quando ele tem a sua companheira por perto, mas eu não o suporto sem a Giulia, pensei.

- Ah... ele é compreensível. - foi o que consegui dizer.

Isso não parece ter ajudado nem piorado nada, então acho que estava bom assim. Já havíamos andado toda a floresta quando Lenalee veio correndo na nossa direção.

O melhor foi o olhar que Sophie deu para o Rae quando descobriu quem ela era.

- Ahhhh!!! Kristine, finalmente te achei! - suspira. - Tentei convencer o Fernando, mas ele não me deixa sair... aí fiquei estressada. - resmungou. - Vamos dar uma volta na floresta?!

- Err... não sei se posso... falei para o Fernando que as levaria para ele. - afirmo.

- Mas eu posso ir com você! - Rae se colocou ao meu lado. - Pode ser?

- Claro que pode! - Lenalee sorriu. - Só cuidado para não comer muito poeira.

Em segundos ela se transformou e correu para dentro da floresta, porém antes que Rae fizesse o mesmo, Sophie o parou.

- Vê se a conquista logo. - murmurou.

- Vou tentar.. quero dizer... ahhh... deixa pra lá! - enrubesceu e se transformou, depois correu para perto de Lenalee.

*

Nunca pensei que diria isso, mas eu preciso que a Giulia volte, urgente! Fernando está insuportável!

- Kristine.. tudo bem? - Patrick aparece na minha frente.

Estava indo para a minha casa, mas estava tão enfurecida que nem percebi que havia parado na frente da casa dele.

- Estou bem... só cansada. - minto. - Você sabe onde o Triton está?

- Hmmm... pelo que eu saiba... ele estava te procurando. - afirma. - Ele disse algo de o Fernando ter te mandado numa "missão".

- Ele mandou... mas foi algo bem suave. - comento. 

Patrick sorri, de repente, ouço uma voz feminina vindo de dentro da sua casa.

- Patrick! Onde tem tempero nessa cozinha?! - eu conhecia essa voz...

Alice!

Então, ela apareceu na porta, estava parecendo uma boneca de tão linda. Seu cabelo preto estava tão brilhante, e seus olhos verdes pareciam mais verdes. E suas bochechas ficaram mais vermelhas do que os próprios lábios, que desconfio estarem inchados e dessa cor devido aos beijos.

- K-Kristine?! - Alice sorriu meio sem jeito. - Ah... o que houve? - noto que ela me observava.

Dei uma olhada em mim: eu estava de jeans e uma jaqueta de frio, e meus tenis estavam meio sujos.

- Estou muito esculhachada? - tento rir, mas não sai a risada.

- Não... é só que.. você parece diferente.. não sei o que é.. - analisa-me. - Você não acha, Patrick?

- Mas é claro que ela mudou! - ele ri. - União faz isso com as pessoas! Ainda mais unida com o Triton! - ri mais ainda.

Alice não parece ter entendido muito bem, entretanto, eu entendo perfeitamente o que ele quis dizer. E admito que essa união me mudou bastante, mais do que quando eu perdi meus pais, mais do que quando a Tia Ju e o Felipe morreram, e mais do que quando vim para cá.

Sorri animada, porque Patrick estava completo de razão, eu devia essa mudação maravilhosa ao meu amado lobo.


Notas Finais


Gente, estou triste, tem leitores me abandonando, magoei, kk'

Ah, outra coisa, se alguém quiser que eu avise quando sair capítulo novo, me avise, okey?

Vou ver se consigo não desanimar para o capítulo que vem!


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