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História O Cheiro da Lua - Um dia de cada vez


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Me perdoem, mas estou quase de férias !!!!

Boa leitura.

Capítulo 55 - Um dia de cada vez



Ainda não havia entendido, na verdade, meu cérebro ainda não assimilou toda aquela informação. Mas agora, de volta a nossa casa, é provável que a minha cabeça funcione melhor.

- Então está mesmo acontecendo... - Triton murmurou como se não acreditasse nas próprias palavras.

- É... - foi o máximo que consegui dizer. 

- Lyra sempre tráz notícias normais nem boas nem ruins, mas dessa vez... - suspirou e encostou a cabeça no meu ombro.

Algo nele estava me preocupando, seu cheiro havia mudado de tranquilo para receoso. Será que ele temia o meu destino tanto quanto eu temia?

- Ei... Vai dar tudo certo. - murmurei tentando nos acalmar.

- Tem razão. - vira o rosto e beija meu pescoço.

Arrepio-me e me encosto mais em seu corpo, Triton passa o braço por cima do meu ombro e me aquece. Murmuro um obrigada.

Era difícil pensar que um dia, que não parecia estar tão longe, eu seria uma "escrava" da lua. Segurei o choro porque precisava ser forte... Por nós dois. 

E quando voltei ao mundo real, Triton estava com os olhos fechados e respirava suavemente, pressumi que havia dormido. Talvez tivesse achado um pouco anormal, porém já havia dias que eu o achava cansada demais.

Então o ajeitei em meu colo e comprovei que o mesmo estava dormindo profundamente. Peguei o cobertor que sempre ficava na sala e o cobri, estava tão lindo.

Assim que parei de admirá-lo, um baque de realidade me acertou em cheio. Uma mulher que eu não conhecia, mas que já era da alcateia, chegou com informações urgentes e mais dois novos integrantes.

A mulher se chamava Lyra e trouxera a Evanie e o Natan. Evanie já era conhecida do Fernando, mas nunca quis entrar para a alcateia... Só entrou para ajudar no treinamento dos lupinos, ainda mais dos mais novos e inexperientes.

Lembrando que eu e Eliza teremos um treinamento especial... Já que somos as lobas que irão ficar selvagens. Suspiro, mas meio que estou feliz... Talvez isso aumente as minhas chances de voltar ao normal.

Ah... E o Natan parecia bem tímido, tentando não ser muito notado, o que era um pouco difícil já que ele tinha uma tatuagem de lobo no ombro direito e ainda usava uma regata. 

Pelo menos já sei como será minha rotina, que começa a partir de amanhã, pela manhã Triton me levará até a empresa do Dylan, onde começarei a trabalhar. Depois de tarde, umas três horas da tarde, eu e Eliza teremos um treino com a Evanie.

Quanto ao treino normal para os novos e inexperientes, Helena, Marcos e Triton seriam os "professores". E não estou com ciúmes, porém se fosse a antiga e insegura Kristine, com certeza, estaria me roendo por dentro.

E também há o treino normal para o restante, na verdade, é mais um tipo de ajuda para aperfeiçoar e relembrar algumas coisas. Alguns deles estão enferrujados.

Mas é claro que a Lorena estava fora de todos os treinos, não que ela tenha aceitado isso muito bem. E os horários dos treinos são loucos, pelo menos para mim... Eu só consegui decorar o meu e está ótimo.

Triton se remexe no meu colo e balbucia alguma coisa, tento entender, mas é algo impossível. Sorrio e lhe faço um cafuné, sua expressão é suave e tranquilizadora, assim como o seu cheiro que me conforta.

Ouço meu celular tocar e acabo dando um pulo, por sorte, Triton não acordou. Estico o braço e consigo pegá-lo, atendo e quase fico surda.

- EU NÃO QUERO FICAR QUIETA ENQUANTO TODO MUNDO SE PREPARA PARA UMA DISPUTA DE ALCATEIAS!!! - Lorena grita ao telefone.

- L-Lorena... se acalma...

-COMO ME ACALMAR? EU AMO LUTAS E TUDO O MAIS!!! - exclama. - ALÉM DE QUE, EU QUERO DAR UMA LIÇÃO NESSES ALFAS VELHOS!!!

Coloco o celular longe da orelha enquanto Lorena se exalta do outro lado, ela está mesmo brava com tudo isso que está acontecendo, e só depois de uns quinze minutos é que ela começa a falar normalmente.

- Sabia que você me ouviria. - ela suspirou. - Então... Amanhã começa sua nova vida... definitivamente.

- É... - concordo. - Mas Lorena, você acha mesmo que esses presságios irão acontecer?

- De verdade... acho que não. - afirma. - Mas quem sabe? Temos que nos preparar, e até acho que a Lyra tenha razão... Esses novatos chegando na alcateia estão meio que sendo guiados a se juntarem a um bando, para participarem dessa mudança que ocorrerá.

Penso por um tempo antes de responder, e Lorena acaba falando mais ainda.

- Mas se ocorrer... Não se preocupe. - posso até vê-la sorrindo. - Nós vamos cuidar de você e da Eliza!

- Obrigada. - agradeço sentindo-me muito mais confiante. - Você é mesmo um amor.

- Que isso! - ela ri. - Ah, Kris, preciso ir... Eric está querendo me levar ao médico agora, fala sério, já disse para ele esperar até amanhã. Ir ao médico em pleno domingo... Ninguém merece.

Nos despedimos e coloco o celular de volta na mesinha, uma única lágrima cai, mas dessa vez é de pura felicidade, porque tenho esperanças de novo e mesmo que eu vire uma loba selvagem, tenho certeza que voltarei a ser eu mesma.

*

Ele acordou de repente, só não tomei um susto porque o estava observando.

- Bela Adormecida acordou? - rio e lhe beijo a ponta do nariz. 

- Que horas são? - sua voz estava rouca.

- São oito horas... - respondi.

- Hmmm.... - ergue o corpo e se senta ao meu lado. - Dormi demais.

- Mas você andava tão cansado... Foi bom você descansar. - comento.

Triton sorri e beija minha bochecha, depois se levanta e vai até a cozinha, eu o sigo. 

- Vamos comer um arroz com ovo frito hoje? - ri baixinho.

- Por mim tudo bem... Ainda mais depois daquele almoço. - sento-me e espero que ele faça a comida.

Havia descoberto, há um tempo já, que Triton gosta de ser o homem da cozinha, pois ama fazer comida pra mim e me ver sorrir depois de comer. Também gosto de cozinhar, porém qual o problema de deixá-lo fazer o que quer? Além de que quando estiver grávida, eu serei a cozinheira... Pelo menos é isso que espero.

- Munda da Lua outra vez? - ele ri enquanto nos serve.

- Talvez.. - respondo com um sorriso.

Comemos em silêncio, apenas falamos algumas vezes sobre como seria amanhã. Triton estava ansioso para começar a treinar os novatos, o que me lembra o tipo de treinamento que ele usou com o Felipe.

Tenho um pouco de pena dos novatos, irão sofrer um pouco no começo... Eu acho. Já com os mais experientes, não faço ideia de que tipo de treinar eles terão, só os desejo boa sorte.

Se bem que eu e Eliza também precisaremos de boa sorte, algo me diz que a Evanie não é muito, digamos, de pegar leve. Não que ela fosse uma daquelas mulheres cheias de músculos ou com olhares mortais, mas ela tinha um ar misterioso.

- Você quer tomar banho primeiro? - indaga assim que terminamos de comer.

- Por mim tanto faz. - digo. - Se quiser pode ir primeiro, eu arrumo aqui. - levanto-me.

- Pode ir você primeiro. - ele se levanta e vem até mim. - Arrumo aqui rapidinho e já vou lá te fazer companhia. - puxa-me para si e me beija.

Enlaço seu pescoço e sinto seu cabelo, que estava precisando de um corte, se bem que assim é mais fácil de puxar. Triton nos gruda, seu peito definido me amassa, fazendo-me aprofundar o beijo. Provoco-o com uma mordida no lábio, ele responde com um aperto na minha bunda.

Nos separa e beija meus lábios de novo, depois vai me soltando aos poucos, como se eu pudesse quebrar.

- Não demore. - sussurro em seu ouvido.

- Não vou. - ele me solta deixando que eu vá tomar meu banho.

*

Sexo no banho é sempre gostoso, sentir a água passar por todo o corpo enquanto você pega fogo. E agora, estávamos relaxando na cama, mas não tínhamos sono.

- Triton... Posso te perguntar uma coisa? - indago virando-me para ele.

- Pode. - vira-se para mim e me fita com seus olhos caramelos.

- Você ficaria bravo se eu te pedisse para me contar alguma história sua com seus pais? - mordo de leve o lábio inferior aguardando sua resposta.

- Não... Mas por que quer que eu conte? - seu olhar me avalia.

- Porque eu gosto de quando você fala deles... - explico. - Você sorri como nunca... quando fala deles.

- Você é uma fofa. - toca minha bochecha. - Faremos assim... Eu conto uma e você outra, feito?

- Feito! - sorrio. - Mas por que quer uma história minha?

- Porque eu quero te conhecer. - comenta. - Quero entender tudo sobre você.

- Somos dois. - murmuro e beijo sua testa. - Mas você começa!

- Tudo bem.. - ele faz uma cara pensativa e logo começa a narrar. - Foi meu pai que me ensinou a lutar, no começo, era muito difícil... Eu sempre acabava toda ralado, roxo..

- Seu pai pegava pesado com você? - fito-o e vejo ele sorrir.

- Não muito no começo, mas ele dizia que só se aprende na força. - riu. - Ele estava certo, mas minha mãe ficava louca quando eu voltava muito machucado para casa. Então um dia, ela disse que eu precisava descansar e me ensinou a cozinhar.

- Aí você trocou a luta pela cozinha? - brinco.

- Não... Mas eu amei cozinhar! - ele parece ter voltado no tempo. - Depois daquele dia, eu comecei a revezar... Um dia lutar, outro cozinhar...

- E não tinha um dia livre?

- Não precisava disso... Eu ficava feliz fazendo qualquer um dos dois. - afirma. - Mas eu fiquei muito contente quando derrubei meu pai pela primeira vez.

- Quantos anos você tinha? - aproximo-me mais, sendo contagiada pela alegria dele.

- Sete anos... Demorou, mas eu consegui. - comentou. - Aprendi muitas coisas com eles... Só as fui aprimorando. - afirma. - Só o sexo que aprendi sozinho. - dá sua risada alta.

- Devo agradecer a quem te ajudou? - rio junto com ele.

- Não, mas eu devo agradecer aos seu pais por terem te colocado no mundo. - afaga meu cabelo. - Te amo, minha linda.

- Eu te amo tanto. - beijo-o devagar, cautelosamente mordo seu lábio e nos separo. - Meu lobo sexy. - sorrio.

- Ainda bem que sou seu... E você é minha. - sorri. - Então, vai me contar uma história sua?

- Vou. - assinto. - Vamos ver... Ah! Teve um dia que meu pai me ensinou a caçar... Foi hilário. - rio com vontade.

Triton me observa como se gostasse do que estava vendo, coro um pouco, mas prossigo a história.

- Estava calor e ele me levou até a floresta, lá em Trevarch mesmo... Ele me falou tudo que tínhamos que fazer e depois me mostrou na prática, na verdade, ele tentou me mostrar... Mas acabou com a cabeça presa em uma árvore. - começo a gargalhar.

- Como isso aconteceu? - Triton ergueu a sobrancelha.

- Ele estava fazendo tudo certo, mas quando foi atacar o coelho, ele não calculou bem e acabou dando de cara com uma árvore... Só que o impulso foi forte demais, aí abriu um buraco. - expliquei já rindo menos.

- Seu pai era um guerreiro, de verdade. - ele ri um pouco. - Acho que sem a sua mãe, ele não seria nada... Estou certo?

- Certíssimo. - afirmo. - Foi minha mãe que o tirou de lá... Ele havia entalado feio. - lembro-me da cena.

- Nós somos como eles... Não sou nada sem você. - diz docemente.

- Como pode dizer isso? - observo-o. - Você viveu duzenos e quinze anos sem mim...

- Mas agora que te conheci, não vivo sem. - afirma e me puxa para um abraço.

- E você acha que vivo sem você? - falo num murmuro.

- Não... E fico extremamente feliz com isso. - abraça-me mais ainda.

Incrivelmente, nesse aconchego todo, acabo pegando no sono e antes que contemos mais histórias, acabo dormindo.

*


Nunca havia corrido tão rápido... Sempre fui muito ágil, mas hoje, parecia que podia voar. Meus reflexos estavam ótimos, desviava de árvores, pedras e qualquer coisa que estivesse no meu caminho.

O meu caminho até a lua... Sim, ela me chamava, e há dias eu a estava procurando... Nenhum morro, montanha era o suficiente... Tinha de ser onde a lua estava mais forte... Eu logo chegaria.

Mas estava sendo seguida? Parei e recolhi-me em baixo de um grande arbusto, foi quando um cheiro forte de pimenta invadiu meu nariz. Rosnei e ataquei, a loba saiu rolando comigo, mas havia sido pega de surpresa.

Quando nos separamos e levantamos, ela me notou e parecia com raiva, rosnou alto e me atacou, pulei para lado e depois usei uma árvore para voltar e lhe morder.

A loba caiu enquanto eu lhe perfurava o pescoço... Ela estava me atrapalhando, a lua disse que essa loba pimenta é um estorvo.

Ela se debatia, mas sua vida estava acabando, podia sentir sua força vital diminuir... No fim, ela parou de se mexer, soltei-a e prossegui meu caminho, o sangue ainda molhava a minha boca, meus dentes estavam mais a mostra do que nunca.

Depois de passar por mais uma floresta, e correr pela cidade, e achar outra floresta, tive de parar mais uma vez... A lua estava começando a ficar impaciente, e eu também.

Kristine!

Era aquele lobo, ele sempre me achava e eu nunca conseguia machucá-lo... Por quê?

Me escute... Você tem que retomar o controle.

Sua voz em minha mente era suave, mas seu olhar era intenso... Assim como o seu cheiro que estava me irritando... Nozes!

Rosnei e avancei. Como sempre, ele apenas desviou, pulei em cima dele e caímos. Eu estava por cima, poderia matá-lo, porém o lobo não tinha medo.

A lua gritava... Tire-o do nosso caminho! Eu estava tremendo, por quê? Afastei-me... Chacoalhei a cabeça e voltei a correr, precisava da lua... E ela me queria.

Ela me guiaria... Mas por que esse cheiro me persegue? Esse lobo, que é maior do que eu, e que poderia me matar facilmente... Com pelos castanhos e olhos caramelos... Nozes!

Saia da minha cabeça! 

Logo ele estará atrás de mim de novo... Quero despistá-lo, mas também quero sentí-lo por perto... Por quê?

Rosno e corro mais rápido que posso, é sempre assim que eu o despisto... E é sempre depois de uns dias que ele me acha de novo, e nós lutamos, melhor dizendo... Eu ataco e ele não faz nada, só me observa com aqueles olhos fortes.

Kristine? Quem é essa? Por que me chama assim? São perguntas que faço a lua, mas tudo que ela me responde é:

Você é uma loba indepente, não precisa de um companheiro e muito menos de uma alcateia.



Triton está me sacudindo, estou sentada na cama e chorando?! 

- Kristine! - para de me sacudir quando vê que abri os olhos. - Ah, meu amor! Você está bem?

- Estou... Acho que estou... - respondo confusa. - O que houve?

- Eu acordei e você estava sentada na beirada da cama, e você não parava de chorar e parecia não estar me escutando. - explicou enquanto enxugava minhas lágrimas, que haviam parado de cair.

Lembrei-me do pesadelo e estremeci, Triton notou e me abraçou, amassei o pano de sua blusa, minhas mãos o estavam apertando com força.

- Tive um pesadelo. - murmurei e nos afastei para podermos conversar. - Foi como aquele outro, mas muito pior. - então lhe contei.

Triton manteve-se calmo e carinhoso, toda vez que eu sentia medo e me retraía, ele me abraçava e tentava me confortar. E quando contei o pesadelo inteiro, Triton respirou fundo e me assegurou que tudo daria certo.

- Como pode saber? - estava cheia de dúvida.

- Parte do seu pesadelo é prova de que você voltará a ser você, porque você não esqueceu de tudo... - sorri docemente. - Você não queria me machucar... Significa que ainda vai me amar, mesmo virando uma loba selvagem.

Não havia pensado desse modo, porém Triton estava certo... No pesadelo, a minha loba não havia conseguido machucá-lo... E ficava tendo um conflito interno quando se tratava do lobo nozes.

- Espero que esteja certo. - consigo dizer com um breve sorriso.

Beijou-me. Como se soubesse que tudo que eu precisava era isso, um beijo sutil e calmo, cheio de amor. Deitamos juntos na cama enquanto Triton me beijava carinhosamente, era como se pedisse que aproveitássemos cada dia de uma vez.

Aprofundei o beijo, firmando o pedido... Sim, iríamos viver um dia de cada vez.


Notas Finais


Essa semana eu prometo postar no domingo no máximo, sinto muito pela demora, mas foi a reta final de um projeto meu da faculdade, aí estava uma correria por causa da apresentação final.

Mas espero que a fic ainda esteja boa, certo?

Ah e gostaram de ter essas histórias do passado deles?


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