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História O Cheiro da Lua - Alcateia como uma Família


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Esse saiu rápido!

Obrigada mais uma vez pelos comentários, eu amo quando vocês dizem o que realmente acharam.

Boa leitura.

Capítulo 6 - Alcateia como uma Família



Estava começando a escurecer, a chuva já havia parado e nós estávamos na cidade atentos a qualquer coisa suspeita. Triton havia dito que qualquer movimento fora do normal era importante. 

Depois de andarmos um pouco pelo centro, Triton decidiu que seria melhor se nos separássemos, ele ficou com a parte norte e eu com a sul. Foi melhor assim porque sou mais familiarizada com essa área. Nós deixamos o centro de lado porque o assassino só atacava pessoas em lugares menos movimentados.

Eu estava bem perto de casa quando ouvi algo parecido com um gemido, parei e concentrei-me em meus sentidos, era baixo, mas era um gemido. Corri na direção do som e soube que estava perto quando senti o cheiro de sangue, aumentei a velocidade e parei com tudo quando o vi. 

Era grande, maior do que Triton, preto e seus olhos eram cinzas, ele ainda não tinha me visto e seus dentes fincavam com força o pescoço de um garoto caído no chão, olhei em volta e não havia mais ninguém, eu estava sozinha. 

Fazia anos que alguém não passava perto daquele parquinho, pulei a pequena cerca fazendo o grande lobo me notar. Assim que me viu, o lobo soltou a garganta do garoto e rosnou, rosnei de volta e ele se manteve no mesmo lugar.

- Deixe ele em paz! - gritei.

Eu sabia que ele me entendia, podia não responder, mas sabia o que eu estava dizendo, além de que pelo movimento de seu focinho, ele já havia descoberto ou pelo menos desconfiado de que sou como ele. 

O lobo rosnou mais uma vez antes de sair correndo em direção à floresta, ele sabia que lá era o único lugar seguro para ele voltar a forma humana. 

Sem demora, peguei meu celular e liguei para a emergência, corri para o lado do garoto, sua camisa estava ensanguentada e tudo que ele conseguiu dizer foi: 

- Não me deixe morrer. - com a voz entrecortada. 

Eu senti vontade de chorar por aquele estranho, tudo o que eu podia fazer era dizer algo que nem mesmo eu acreditava:

- Vai ficar tudo bem. - forcei um sorriso. - Você vai ficar bem.

Assim que terminei a ligação, desliguei o celular e o enfiei na bolsa que estava no chão ao meu lado. Dei mais um sorriso para o garoto, ele já não podia mais ver, seus olhos estavam abertos, mas sua alma já não estava mais lá, só o que eu consegui ver naqueles olhos verdes escuros foi um vazio. 

Eu teria chorado se não tivesse sentido o que estava prestes a acontecer, meu corpo cedeu caindo de lado no chão, senti meus ossos quebrando e se ajustando a minha outra forma. 

Tentei gritar, mas não tinha voz, senti minha pele sendo trocada e coberta por pelos, rosnei. Minha mente estava tentando me ajudar, mas a recusa em me transformar só aumentava a dor, ouvi mais alguns estalos antes de me transformar por completo. 

Balancei a cabeça, eu ainda podia sentir meus ossos e músculos se ajustando depois da dor. Levantei e notei o cheiro da morte ao meu lado, grunhi quando ouvi o som de pessoas se aproximando, era a emergência. 

E eu tinha de sair dali, antes que me culpassem pela morte do garoto, mas antes de correr dali, olhei mais uma vez aqueles olhos, senti uma sensação horrível de perda... Eu nem conhecia a vítima, porém eu sabia como era perder alguém e não admitia que alguém pudesse tirar a vida de outra pessoa com tanta facilidade. 

Rosnei e meus olhos se concentraram na direção da floresta, meus extintos pediam para que eu fosse atrás do assassino e mesmo sabendo que Triton ficaria furioso comigo, eu fui.

*

Eu ainda estava correndo, meu focinho já estava no rastro do outro lobo, minhas orelhas se concentravam para captar seus passos, mas eu ainda devia estar muito longe dele. 

Aumentei um pouco o ritmo até que ouvi a respiração ofegante de um animal, com cautela, agachei-me atrás de um grande arbusto, olhei em frente e vi um cachorro, parecia um labrador, estava exausto, imaginei que devia estar fugindo de algo. 

Continuei ali, imóvel, eu não queria assustá-lo, porém minha parte loba queria brincar de caça, senti minhas garras cravarem no chão e meu corpo se preparar para um ataque surpresa. Recuei, tomando o controle de meu corpo, então ouvi um choro do cachorro e senti o cheiro dele... Do lobo grande e preto. 

Sem pensar, pulei o arbusto e rosnei para ele, assim que me viu, ele rosnou de volta... Essa foi a chance do labrador para fugir. Estava contente por ter ajudado o cachorro, mas havia me colocado em uma grande enrascada, eu nunca havia lutado antes, e pelas cicatrizes que ele tinha e pelo tamanho do lobo, eu suspeitava que ele já entrará em boas brigas. 

Comecei a ficar com medo, mas afastei esse sentimento, pois talvez eu tivesse uma chance se ele não percebesse que eu o temia, rosnei mais uma vez e dessa vez ele não fez nada, apenas me observou. 

Pensei que ele fosse fugir como da última vez, mas quando seus olhos me mostraram sua vontade de matar, eu soube que eu teria de aprender a me defender, e rápido. 
Rosnou antes de avançar na minha direção, pulei em cima de uma pedra e me concentrei para não perder o equilíbrio, ele era forte, mas não rápido o que me dava certa vantagem. 

Ele se virou para me encarar, era muito mais do que uma caçado o que ele queria comigo, rosnou e eu percebi que ele ainda tinha o sangue do garoto na boca... Senti raiva e quase desci para atacá-lo, mas minha parte sensata alertou-me de que eu ainda não era capaz de detê-lo. 

Como percebeu que eu não desceria da pedra, posicionou-se para pular, assim que o fez, eu pulei antes que ele caísse em cima de mim e corri o mais rápido que consegui. Enquanto fugia, eu ouvi o lobo me seguindo, porém ficava cada vez mais distante, afinal, ele não era tão rápido. 

Mesmo quando parei de ouvi-lo, continuei a correr, meus extintos diziam para me distanciar o máximo possível, só parei quando estava totalmente exausta, mas ainda atenta. 

Sentei e esperei que a respiração voltasse ao normal, ouvi um barulho na mata, estremeci... Como poderia ser ele? Usei o olfato e senti o cheiro de lobo, levantei e cheirei com mais atenção, era cheiro de nozes... Triton. 

Só podia ser ele, corri na direção do cheiro, pulei uma pedra e caí em cima de um lobo castanho claro, que parecia surpreso. 

*

- Você o viu matando um garoto, o afugentou, chamou a emergência, teve uma transformação inesperada, se encontrou com o lobo na mata e quando ele te atacou, fugiu? 

Triton me fitava com uma cara de preocupação, estávamos dentro da minha casa, sentados no sofá da sala.

- É isso aí.

- Você pode até ser complicada, mas devo admitir que você é bem durona. - ele sorriu e depois suspirou. - Eu fiquei preocupado quando cheguei no local do crime e achei suas roupas rasgadas e a sua bolsa.

- Eu disse que eram inesperadas. - fitei-o e corei ao notar que ele me observava.

- Vai ser divertido te reeducar. - ele riu.

- Boa sorte. - brinquei.

Levantei e fui até a cozinha, ficar muito tempo perto dele me fazia bem, mas ao mesmo tempo eu me sentia descontrolada. Abri a geladeira e como eu suspeitava não havia nada para comer, então voltei a sala e sentei no sofá.

- Ei, sabe aquele almoço que você ia me pagar.. Que tal ser a janta? - dei uma risadinha.

- Por mim tudo bem. - ele relaxou no sofá. - Mas ainda é cedo para comermos, não é?

- Também acho. - joguei meu peso no canto do sofá e apoiei a cabeça. - Eu só queria ter a minha noite programada. - sorri de leve.

- Faz sentido. - ele se espreguiçou.

Liguei a TV e fui passando os canais até parar no jornal da tarde, falavam sobre a morto de hoje. 

- Você disse que o lobo era preto com olhos cinzas, certo?

- Isso mesmo... Ah, não esqueça que ele é maior que você. - comentei.

- Tamanho realmente te incomoda, não? 

- É porque às vezes eu me sinto pequena e insegura. - afirmei.

Enrubesci, não sabia porque estava compartilhando isso com um cara que eu havia acabado de conhecer.

- Então, você não gostaria de ser cortejada por um garoto maior que você? - sua pergunta tinha um tom divertido.

- Na verdade, se eu gostar do menino, eu não ligo dele ser maior do que eu. - lembrei-me de como eu tinha de ficar na ponta dos pés para beijar o Bryan.

- Você se refere ao garoto que o Felipe mencionou?

Virei a cabeça em sua direção, eu estava surpresa, até que ponto ele podia saber o que eu estava pensando?

- É fácil ler os novatos. - ele sorriu. - Me desculpe a indelicadeza, mas eu tenho quase certeza que a sua relação com esse garoto é o que está atrapalhando o seu controle. 

- Você sabe que não é só isso. - disse secamente. - Eu perdi minha tia também.

- Mas você admiti que ele influenciou muito.

- A culpa não é dele! - gritei. - A culpa é minha por ter sido tão teimosa. - minha voz foi diminuindo até ficar bem baixinha.

- Você ainda o ama. 

Eu estava cabisbaixa, senti como se tivessem enfiado uma faca no meu coração, sim, eu ainda o amava. Nem percebi quando Triton sentou-se ao meu lado e me abraçou, enterrando minha cabeça em seu peito.

- Eu não vou dizer pra você que eu sei como é se apaixonar por um humano, porque eu sempre vivi rodeado de lobos. - sua voz era gentil. - Mas eu acho que a fase mais difícil você já passou, se distanciar dele não deve ter sido fácil.


Eu estava prestes a chorar, mas não queria que ele me achasse fraca, então segurei o choro e segurei em sua camiseta com as duas mãos. Ele não se importou e apenas deixou que eu ficasse ali, quieta e confortável. 

Inspirei o aroma de nozes que ele tinha, dei um pequeno sorriso e senti vontade de tocar sua pele, de senti-lo com meus próprios dedos. 

Fechei os olhos e aproveitei a sensação de segurança, e então percebi que talvez eu poderia esquecer o Bryan e seguir em frente.

*

A lua estava um pouco fraca, mas as estrelas estavam bem brilhantes, o clima estava um pouco frio, ótimo para sair à noite. Eu estava de shorts, uma regata e uma sandália; Triton estava ao meu lado e vestia uma calça jeans, uma camiseta com gola V e um tênis. 

Estava ficando cômico o fato de meninos se trocavam na minha casa, ainda bem que Triton tinha sua mala, mas ele não tinha planos de deixar suas roupas na minha casa.

Andávamos devagar, eu olhava tudo, eram dez horas da noite e não parava de entrar e sair pessoas das lojas, arrepiei-me ao me imaginar trabalhando em um dia desses... Isso me lembra que ainda preciso procurar um emprego.

Olhei de relance para Triton, ele estava olhando as lojas mais brilhantes, aquelas que fazem de tudo para atrair um cliente. 

Diminui um pouco o passo para ficar um pouco para trás e dei uma olhada em sua bunda, era proporcional ao seu tamanho e me deixou tentada a tocá-la, arranhá-la e até mesmo mordê-la. 

Corei e voltei ao passo normal antes que ele notasse o que eu havia feito, sorri internamente, minha parte loba dizia que Triton poderia me proporcionar algo novo e muito bom.

- Gosta de multidão? - perguntei, tentando tirar suas nádegas da minha cabeça.

- Não muito, mas eu acho interessante o modo como as pessoas ficam loucas de domingo à noite. - ele sorriu e voltou-se para mim. - Você também parece não gostar muito.

- Eu odeio. - afirmei fazendo uma cara de desgosto. - Prefiro lugares calmos e tranquilos, e com cheiros suaves.

- Você é uma loba até na forma humana. - ele brincou. - Acho que já está começando a aceitar quem você é.

- Acho que desde que eu te conheci eu comecei a aceitar. - assenti e depois parei apontando para um pizzaria.

- Topa uma pizza?

Ele olhou a placa “Massa do Joe”e percebi que analisava o barulho e os cheiros, assim como eu, ele queria um lugar calmo para comer.

- Parece um lugar agradável. - sorriu e segurou minha mão. - Vamos?

Assenti e andei ao seu lado, entramos na pizzaria e fomos recebidos por olhares curiosas e eu já podia imaginar o porquê. 

Eu conhecia todos os garçons e o dono do lugar, Joe, logo era compreensível a curiosidade deles por eu estar ali com um homem que nenhum deles conhecia.

- Boa noite, Kristine. - Joe me cumprimentou. - Espero que você e seu acompanhante aproveitem o jantar. - sorriu e fez um sinal para que nos sentássemos.

Nós nos sentamos em uma mesa meio que no centro, senti-me um pouco observada e corei de leve, eu sabia que Triton havia notado porque ele me fitava com uma cara divertida e eu temia que ele fosse brincar com essa situação.

- Não me olhe desse jeito. - disse ainda corada.

- Parece que você é bem popular, não? - ele riu.

- É só porque eu moro aqui desde pequena. - expliquei.

Ele parou de me olhar e pegou o cardápio, desviei o olhar e vi James, o garçom, se aproximando. Ele sorria e reparei que seu longo cabelo castanho havia sido cortado, estava bem mais bonito assim.

- Boa noite, já sabem o que vão querer?

- Eu quero um suco de maracujá, por favor. - olhei para Triton e vi um pequeno sorriso. 

- Uma coca-cola, por favor. 

- Ok, já volto com as bebidas. - disse James antes de virar as costas e sair.

Triton fechou o cardápio e me observou, senti que ele estava se preparando para me fazer um questionário.

- Você vai querer do que? - perguntei antes que ele começasse a me questionar.

- Que tal uma portuguesa? 

- Boa escolha. - sorri. - Assim que ele voltar eu peço.

- Não vai precisar esperar muito, ele está louco para ficar perto de você... Assim como todos os outros garçons. - ele riu.

- É pura curiosidade o que eles têm. - bufei. - Você fala como se eu estivesse no cio e eles soubessem disso.

Ele deu uma daquelas risadas altas, senti um pequeno arrepio, não sabia se gostava ou odiava essa risada.

- Sério, seria muito legal se você viesse comigo pra minha alcateia. - ele parecia me analisar. - Você iria se divertir bastante.

Mexi-me na cadeira, estava curiosa para saber mais sobre a alcateia dele, e também sobre o que ele fazia lá e que papel ocupava... Se houvessem papeis claro.

- Não ria de mim... Mas como é uma alcateia? - encarei minhas próprias mãos, estava com muita vergonha para encará-lo.

- Você não sabe nada sobre isso, não é? - sua voz saiu com um leve toque de pena.

- Não. - respondi. - Tia Ju nunca falou nada sobre isso, ela só me disse que existem grupos de nossa espécie que vivem com algumas regras e tals.

- Hm... Já é um começo. - ele comentou. - Mas eu posso te explicar tudo, se quiser.

Assenti, ainda estava sem olhá-lo, só ergui a cabeça quando James chegou com as bebidas e Triton pediu a pizza. Depois sorriu para mim e piscou, aquilo fez minhas pernas amolecerem, ainda bem que eu estava sentada, controlei-me para não corar porque eu não queria que ele achasse que eu estava gostando dele. 

Não que eu estivesse, eu só me sentia um pouco atraída, mas tenho certeza que isso se deve ao fato dele ser o primeiro lobo que eu conheço.

- Deixa eu ver... Você sabe que existem algumas hierarquias, certo? 

Assenti de novo, só que dessa vez eu o fitava e sem querer acabei reparando que ele ficava incrivelmente sexy com essa camiseta. Mordi a língua de leve para afastar as fantasias que começavam a surgir em minha mente.

- Bom.. Nós temos um líder e temos um tipo de conselho, as regras eu explico depois, mas então, o conselho tem cinco integrantes, não podendo haver casais entre eles. - explicou com calma.

- Um minuto. - levantei a mão como uma estudante que quer fazer uma pergunta. - Mas se eles se gostarem? Não podem ficar juntos?

- Eles podem, mas um deles terá de sair do conselho e depois por votação, a vaga é preenchida por outro ou outra. - deu um gole em sua coca. - Esse negócio do conselho é bem simples, mas mantém a ordem na alcateia e assim o líder não pode fazer o que bem entender.

- O líder existe para exercer uma figura de poder?

- Na verdade, ele existe para controlar os outros lobos dominantes. - comentou. - Mas é difícil haver brigar internas, só quando um novo lobo chega aí as coisas são um pouco complicadas, mas logo voltam a normalidade.

- Quando você entrou foi assim? - foi uma pergunta rápida e me arrependi de tê-la feito.

- Foi. - ele sorriu. - Mas foi divertido ganhar a confiança dos mais velhos e do líder. 

- É o mesmo líder de quando você entrou?

- Não, faz uns dez anos que mudou. - ele me fitou. - Você quer saber como é a troca, certo?

Eu estava fascinada demais para me surpreende que ele havia lido minha mente novamente.

- É simples, se outro lobo desafiar o líder e ganhar, ele é considerado o novo líder. - explicou. - Ou se o líder quiser passar o posto a alguém, também pode. 

- E qual foi o caso dessa vez? - virei a cabeça um pouco para o lado.

- O segundo caso, nossa alcateia é bem pacifica e todos respeitam bastante o líder.

- Eu pensei que o líder seria o Alfa. - comentei tomando um gole do meu suco.

- Mas ele é o Alfa, só que eu estava usando a palavra líder para lhe explicar melhor. - ele deu uma risadinha. - Acho que te subestimei.

- Você falou sobre o conselho e o Alfa, mas algo me diz que tem mais coisa. - comentei meio constrangida.

- E há... Só que não é nada muito rígido, por exemplo, eu estou aqui porque o conselho achou melhor mandar alguém vir checar o que estava acontecendo e resolver o problema. Eu não tenho um trabalho ou um posto na alcateia, mas eles podem pedir ou mandar eu fazer algo.

- Entendi. - peguei-me encarando o copo enquanto mexia o canudinho.

- Vou falar da parte que vai te deixar muito interessada. - brincou. - É sobre a união.

Fiz uma cara confusa, Judely já havia me falado alguma coisa sobre isso.

Eu nunca me uni a nenhum outro lobo, o jeito dominante da maioria deles não combina comigo, sou muito mais o meu amado marido, que era um pouco submisso a mim.

- Tia Ju disse que nunca se uniu, era disso que ela falava? - indaguei, agora concentrada em seus lábios carnudos.

- Possivelmente. 

Ele parecia saber para onde eu olhava, então desviei o olhar e fingi estar interessada na janela que estava do outro lado do espaço.

- Quer saber mais sobre esse assunto ou é demais para uma noite só? - ele fez uma cara travessa.

Era tão difícil acreditar que esse garoto era tão mais velho que eu, e mais difícil ainda era aceitar que meu corpo estava me traindo porque cada movimento dele era pura provocação para mim.

- Quero. - falei com um biquinho.

- É assim... Existe um laço que se forma entre companheiros, mas esse laço fica mais forte quando se faz a união, é como um casamento para os humanos. - explicou. - Só que tem algumas etapas e regras, mas é bem divertido.

- Você tem uma companheira? - perguntei, estava muito curiosa.

- Não, mas eu já vi várias uniões... - ele deu um leve sorriso e depois me fitou. - Eu acho que ainda não achei uma loba que me atraia de verdade.

Senti um aliviou e depois uma pontada de esperança.

- Então você só teve namoradas? - ergui uma sobrancelha, é estranho pensar em namoros numa alcateia.

- Não chamamos de namoro. - ele riu. - Está mais para algo como uma ficada com direito a sexo.

Ele falou como se fosse a coisa mais natural do mundo.

- Ficada com sexo? - eu ri. - É engraçado pensar nisso.

- Sim, porque com a gente é diferente, não existe coisas como namoro porque ou é amor mesmo e se tem a união, ou apenas passatempo.

Parei um instante para pensar, era lógico, mas ainda sim muito estranho. Como não há namoro? 

 -  Pensei que você fosse me acusar de ser tarado ou coisa pior.

- Bom.. Eu não daria pra alguém que só me consideraria uma ficada. - disse honestamente. - Não que eu não goste de fazer sexo, mas eu tenho meu orgulho.

- É difícil encontrar mulheres assim, hoje em dia. - ele sorriu maliciosamente.

- Agora, me fale mais sobre as etapas e regras da união. 

Ele se ajeitou na cadeira, eu senti que eu estava surtindo algum efeito nele e isso fez-me sentir poderosa. Talvez eu estivesse mais atraída do que imaginava.

- Primeira regra, os dois têm que concordar com a união; segunda regra, uma pessoa só pode estar em uma união de cada vez; terceira regra, só o macho pode desfazer a união.

- É minha impressão ou tem bastante machismo aí? - encarei-o um pouco séria.

- Acredite em mim, existem alcateias piores nesse quesito.

Bufei e tomei um gole de suco, era o jeito de me acalmar um pouco, o que eu não entendia era porquê eu estava tão alterada se não pretendia fazer parte da alcateia dele. 

Fiz um sinal para que ele continuasse.

- O processo é bem simples, o casal tem de se “casar” em uma noite de lua cheia e depois eles tem duas semanas para passarem sem serem incomodados pelo conselho ou pelo Alfa. - ele comentou. - Para intensificar os laços.

- Você quer dizer um tipo de Lua de mel? 

- Isso mesmo. - ele assentiu.

Eu ia perguntar em que tipos de mulheres ele se interessa, mas James chegou com a pizza, então acabei desistindo dessa pergunta.

*

Depois de comermos, fomos até a loja de doces, na verdade, eu o arrastei até a loja. Foi hilária a cara que Triton fez quando entramos, eu corri para a parte dos chocolates enquanto ele observava surpreso a quantidade de doces. 

Aproveitei para apreciar os aromas deliciosos de chocolate, mais uma qualidade de se ter sentidos lupinos. Olho pro lado e vejo que Triton está entrando no corredor e inspira profundamente o ar, ele parece um louco por chocolate assim como eu. 

Rio e ele me fita com um sorriso malicioso, estou começando a gostar de quando eu chamo a sua atenção.

- Chocólatra? - provoco-o.

- Pego no flagra. - ele levanta as mãos. - Mas me parece que eu não sou o único.

Não respondo, mas sorrio, depois pego uma barra de Hershey's e olho maliciosamente para ele, que se aproxima e tira a barra de minhas mãos.

- Está tentando me provocar, Kristine?

Meu nome nunca saiu tão gostoso da boca de alguém antes, sinto minhas pernas moles, mas mantenho-me firme pois quero provocá-lo mais um pouco.

- Impressão sua. - minto. - Estou apenas me deliciando com o cheiro desse chocolate. - aponto para a barra que ele segura.

Ele dá uma risada alta e me devolve o chocolate, depois olha para a prateleira e pega um pacote de M&M’s.

- Meu favorito. - sorri e lambi de leve o lábio.

Sinto-me tentada a mordê-lo, ele é esperto e sabe como jogar, mas ele esquece que esse jogo pode ser jogado por dois.
 


Notas Finais


Espero que tenham gostado.

E se algo não ficou muito claro, podem perguntar a vontade.


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