1. Spirit Fanfics >
  2. O Cheiro da Lua >
  3. Um longo dia

História O Cheiro da Lua - Um longo dia


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Pessoal, espero que estejam gostando do desenrolar da fic.

Boa leitura.

Capítulo 62 - Um longo dia



Está comprovado... Não sabemos tomar banho juntos sem fazer sexo, isso é algo fora dos alcances do nosso autocontrole. E talvez seja por isso que demoramos tanto para ir dormir na noite passada.

- Ei, minha loba Cerutti. - ele beija a minha bochecha, tentando me acordar. - Hora de levantar, temos um dia cheio.

Sorri espreguiçando-me, Triton me esperou levantar para beijar-me profundamente. 

- Bom dia, meu lindo. - viro-me em seus braços e depois caminho até o closet, com ele logo atrás de mim. - O que acha de tomarmos café na padaria?

- Eu estava pensando nisso. - dá um leve riso e me abraça por trás antes de começar a se trocar.

Dessa vez não demorei, coloquei uma calça jeans e um blusa moletom com uma camiseta por baixo. Não estava muito frio, era final do outono.

E como havíamos combinado, nós dois fomos até uma padaria, o cheiro era delicioso, não tanto quanto a visão da parte traseira do meu companheiro. Triton fica sexy demais com essas calças jeans que comprei para ele.

- Só vai comer isso? - ele se senta a minha frente e aponta para o meu prato.

- Aqui é self-service e pode repetir, lembra? - rio. - E eu como de pouquinho em pouquinho. - faço um leve biquinho.

- Você sempre tem essa desculpa do pouquinho em pouquinho... Mas sempre só come uma vez. - ele revira os olhos e começa a comer.

Dou de ombros já que ele sempre fala sobre isso, toma um pouco do meu leite com nescau e o admiro por um instante. Sua barba começou a crescer ontem e seu cabelo está levemente despenteado para a direita, então ele percebe o que estou fazendo e sorri.

Aquele sorriso lindo que sempre me anima fazendo com que eu me sinta segura.

- Gostoso. - murmuro e lhe jogo um beijo.

Ele estica a mão e coloca em cima da minha, seu toque é quente e desperta desejos maliciosos em mim, controlo-me.

- Você é muito especial, sabia? - ele solta devagar a minha mão e volta a comer.

Não respondo, não há necessidade... E então volto a comer. Quarta-feira de manhã e a padaria não estava tão cheia quanto esperava, talvez fosse o horário, já eram nove e meia da manhã.

- Sonhando acordada? - Triton indaga brincando.

- Hmmm... Não, porque o meu sonho de consumo está bem aqui na minha frente. - pisco para ele.

Sua risada alta chama a atenção de todos, mas não damos importância. Era como se fosse nosso último dia juntos... O mundo era só nosso hoje, e apenas nos importávamos conosco.

*

A prova de que estávamos desconexos ao mundo foi quando entramos em uma livraria que estava vazia, só havia a moça do caixa e um atendente que parecia estar dormindo em pé.

Subimos até o segundo andar, queria saber se havia saído um DVD que eu esperava há tempos. E enquanto procurava nas prateleiras pelo título "As Vantagens de ser Invisível", fui agarrada pela cintura, girada e beijada. 

Foi o beijo de surpresa mais surpreendente que já me deram, e não tive tempo de entender o que estava havendo até Triton me jogar em um sofá. Agora entendo o que ele estava fazendo durante a minha busca pelo filme... Procurava um lugar confortável.

- Este sofá estava aqui ou você... 

- Só o recoloquei em um lugar mais útil. - ele sorri maliciosamente e beija meu pescoço.

Passo a mão pelo seu cabelo, em seguida, arranho de leve seu pescoço, fazendo-o erguer um pouco a cabeça e me fitar. Seus olhos tão vivamente caramelos, puxo-o para um beijo longo e quente. 

Nada era mais como antes, um beijo como o de agora significava que precisávamos um do outro. O toque, o carinho, o desejo... Tudo se manisfestava de acordo com uma mistura de medo, angústia, esperança e amor.

Não considerava esse fato ruim nem de todo bom, contudo, era algo necessário, pois como meu pai e minha tia uma vez falaram:


Amaterasu nunca nos dará algo para enfrentar, sem que ele tenha a certeza de que somos capazes de obter sucesso.


De certo modo, fico feliz de saber que sou bem forte, só ainda não sei como... Mas se nosso Deus me deu esse desafio, significa que posso cumprí-lo.

- Não me morda... - Triton me alerta assim que mordo de leve seu pescoço. - Não vou me responsabilizar... 

- Interessante... Você nunca se responsabiliza. - rio baixinho e o mordo de novo, dessa vez um pouco mais forte.

Triton arqueia levemente as costas, depois volta a me pressionar contra o sofá e seu membro começa a demonstrar interesse na "brincadeira". Rosno e mordo a ponta dos seus lábios, fazendo-o murmurar sensualmente o meu nome.

Em seguida, ele me beija e suas mãos se aventuram pelo meu corpo. Tomo conta do beijo enquanto minhas pernas envolvem seu quadril, um leve arrepio percorre minha barriga quando Triton ousa mexer por de baixo da minha blusa.

Enlaço seu pescoço, arranhando-o, então um gemido rouco sai da minha boca assim que sua mão aperta gentilmente o meu seio. Todo o meu corpo já estava fervendo, até que nos separei por falta de ar e por autocontrole.

- Acho que quase extrapolamos, não é? - seu sorriso delata a sua safadeza.

- Como se você se importasse. - rio e o empurro, esticando os braços contra seu peito. - E eu ainda não achei aquele filme. - faço um bico fingindo brava.

- Você sabe que não me engana. - ele faz força contra o meu braço. - Não pretendo deixar você levantar. - avisa.

Sua expressão diz que ele está falando sério, e não sei como farei para persuadi-lo a se comportar numa livraria vazia apenas com dois funcionários.

Se bem que... Também não sei como me convencer a não extravasar.

- Eu sei que você quer também... - já perdi a disputa de força e seu corpo voltou a colar no meu. - Kristine Moore Cerutti... - sussurra no meu ouvido.

Contorço-me, tentando me controlar.

- Talvez eu queira... - mordo o lábio e o fito.

- Vou considerar isso um sim. - afirma e volta a me beijar.

Dessa vez eu não o impeço, até o provoco mais do que antes, logo suas mãos ficam mais abusadas. E assim que meu corpo começa a responder as suas tentações, o barulho de alguém caindo nos faz voltar a realidade.

- Você não pretende me deixar levantar ainda, não é? - reviro os olhos. - Senhor Cerutti, posso saber que fogo é esse que te dominou? 

- Querida senhorita Cerutti, lamento lhe informar que o fogo do seu companheiro não irá acabar tão cedo, e que parte dessa chama é culpa sua. - ele sorri e se levanta, estende a mão para mim. - Mas por hora, podemos ter uma pausa.

Aceito sua ajuda e me levanto, depois nos dirigimos até a escada, que foi onde encontramos um funcionário sentado na mesma. Surpreendentemente - ou não - era o cara que estava dormindo em pé, deve ter sido por isso que ele caiu da escada.

Contudo, o mais estranho foi quando saímos, porque a atendente estava nos olhando com olhos, digamos, maravilhados. 

- Você acha que ela viu alguma coisa? - Triton indaga bem baixo, pelo visto eu não era a única que havia reparado na "observadora".

- Sinceramente, eu espero que não... Mas tenho quase certeza que alguma coisa ela viu. - afirmo já começando a ficar vermelha.

- Bom... Ela parece ter gostado do que viu. - ele assente sem vergonha nenhuma.

Ergo uma sobranchelha e o encaro, como pode ser tão cara-de-pau?

- Você fica tão sensual com essa cara de "quem manda aqui sou eu". - seu sorriso me faz derreter.

- Pare de paquerar a sua chefe. - brinco assim que já estamos fora da livraria.

- Eu vou ser demitido se não parar? - seu olhar queima junto com sua mão que me puxa para si.

- Não... Na verdade, você vai ganhar um bônus. - beijo-o de leve e seguro sua mão, puxando-o até um parque onde havia algumas crianças brincando.


*

Foram pelo menos duas horas conversando, ainda estávamos sentados no banco ao lado de uma pequena árvore frutífera, nossas mãos estavam entrelaçadas e o diálogo parecia nunca ficar cansativo.

Ao mesmo tempo em que não nos cansávamos um do outro, as crianças não paravam de correr. 

- Pode me prometer uma coisa? - Triton perguntou.

Fitei-o, seus olhos acompanhavam a brincadeira dos pequenos.

- Diga. - assenti.

- Me prometa que quando você voltar pra mim... Você e eu pensaremos em criar uma família. - afirmou com um suave sorriso e observando a minha reação.

Sorri e segurei seu rosto.

- Eu prometo! - beijei-o suavemente, como se selasse nosso acordo. 

Ele me puxa para mais perto e beija minha testa, é tão amável quando ele faz isso.

- Eu te amo demais, sabia? - afirmo olhando em seus olhos.

- Eu sei que eu amo muito mais. - ele brinca e sorri divertido.

Foi quando algo tocou em minha perna, na verdade, uma menininha de uns cinco anos grudou na minha calça.

- Moça com cheirinho gostoso. - sua voz era doce e manhosa. 

- Oi. - falei carinhosamente.

Ela ergueu a cabeça procurando a minha voz, seus olhos eram brilhantes e seus pequenos lábios pareciam formar um coração. Notei que Triton também a observava, foi quando ela sorriu que meu coração amoleceu.

- Ai, que linda! - então ela pediu colo, e eu fui derrotada.

Em menos de um minuto, ela já estava sentada no meu colo e conversava conosco como se já nos conhecessemos há muito tempo. 

- Qual seu nome, pequena? - Triton lhe deu um sorriso caloroso.

- Vitória. - respondeu fazendo um biquinho. - Você é o moço sorriso e você é a moça cheirosa! - ela ria do que falava.

Até pude pensar em adotar essa coisa fofa, mas minha parte lupina não parava de me lembrar que isso nunca daria certo e que eu, um dia, iría criar minha própria família. Talvez seja isso que tenha me acalmado um pouco quando Vitória foi embora, assim que sua mãe a chamou.

- Ela não era uma graça? - comentei acenando para a pequena. - E você foi tão carinhoso. - segurei sua mão e o observei.

Sua bochecha estava levemente ruborizada e seu sorriso se mantinha leve, seu olhar cruzou o meu e pude ver que ele também havia pensado em ficar com a menina.

- Daríamos ótimos pais... - seu comentário foi baixo, mas pude compreendê-lo completamente.

- Nós vamos ser ótimos pais. - falei com convicção. - Eu prometo!

E foi quando eu vi o sorriso mais lindo e sincero de toda a minha vida.



Já se passava das duas horas da tarde quando entramos em um restaurante para almoçar, não preciso dizer que estava bem tranquilo, sem lotação. E mesmo assim, Triton escolheu uma mesa bem afastada, como se fosse um lugar VIP.

E como nossos estômagos já estavam "atacando", logo pedimos a comida. Um prato para até três pessoas, peixe grelhado com arroz e purê de batata, dava água na boca.

- Não esqueça da sua promessa, hein? - Triton chamou a minha atenção dando um leve aperto na minha mão que estava sobre a mesa.

- Que promessa? - brinquei mostrando-lhe a língua.

Como esperado, ele me olhou de um jeito desafiador, fingindo me intimidar, comecei  rir e logo mudamos de assunto. Querendo ou não, tocar no assunto - de construir uma família - ainda era um pouco complicado.

- Senhorita Cerutti, você sabe que não pode brincar com fogo. - dá seu sorriso mais sedutor.

- Tem razão.. - sorrio. - Eu sou doce demais, posso acabar derretendo que nem mel, não concordo, Senhor Cerutti?

- Kristine Moore Cerutti, é minha impressão ou você está me provocando? - pergunta cínico.

- Eu? - nego. - Longe de mim!

Não aguentamos e caímos na gargalhada, por sorte só havia um garçom por perto quando isso ocorreu. Quando recuperei o ar, fiquei admirando o meu companheiro, um sorriso quente, um olhar sincero que sempre diz o que ele está sentindo. 

- Você tinha como ser mais perfeito? - pergunto fitando-o.

Triton apenas sorriu e me mandou um beijo, foi quando o garçom veio anotar nossos pedidos, Triton pediu aquilo que já havíamos combinado.

- Acho que seria bom ter um casal no começo... Claro que depois podemos ter mais... - Triton comentou do nada.

- Do que você está falando? 

- Bom... Eu acho que estava pensando em voz alta... só isso. - cora de leve e vira a cara.

Encaro-o por um instante, forçando-o a me olhar, logo ele desiste e admite a verdade.

- Eu estava pensanso sobre os nossos primeiros filhos, apenas isso. - murmura com vergonha.

- E por que ficou com vergonha? - sorrio. - Acho fofo você pensar nisso.

Ele nega rindo e depois me observa como se esperasse uma resposta, então compreendo o que ele quer.

- Também acho que um casal seria o mais adequado, e depois poderíamos ter mais... - afirmo avaliando seu olhar em mim.

- E os nomes? - pergunta com um sorriso malicioso.

- Nomes? - sou pega de surpresa. - Bom... Não sei... Nunca parei para pensar nisso...

Triton dá sua risada alta e propõe um trato.

- Se você conseguir me falar o nome de um casal, eu falo os nomes que pensei. - diz. - Mas tem que ser com sinceridade.

- Feito! - sinto aquela curiosidade chegar com tudo.

E enquanto penso em um nome de casal, Triton começa a prestar atenção na televisão, algo o intrigou. Aproveitei para dar uma voltada no passado e me lembrei do dia em que Judely trouxe uma criança para ficar em casa.

Segundo ela, Meridy - a criança - estava precisando de cuidados em casa, por isso ela a havia trazido para a nossa casa. Eu tinha uns dezoito anos e já havia me acostumado com a ideia dos humanos serem até que bons, mas nunca tentara me socializar com crianças.

Uns dias depois, acabei entendendo melhor os pequenos do que os adultos. Interessante ou estranho?

- Kristine, linda... Volte do mundo da lua, meu amor. - Triton ria enquanto seus olhos demonstravam um carinho imenso.

- Ops... - sorri sem graça. - Estava lembrando de umas coisas.

- Como por exemplo? - seu cheiro mostrava a curiosidade.

- Um evento que ocorreu há um tempo atrás.... E isso me fez lembrar de dois nomes para um casal. - provoquei-o.

- Diga-me. - sorriu com malícia.

E trocamos informações, e admito que nunca esperaria a explicação, muito menos o jeito como ele proclamou os nomes.

*

Estava começando a esfriar, o parque estava silêncioso, o sol já estava quase se pondo, ou apenas havia perdido um pouco as forças e já não nos esquentava mais.

Trinto estava com a cabeça em meu colo, enquanto repousava, eu mantinha as costas grudadas em uma árvore. Um cheiro leve de nozes anunciava que ele havia despertado.

- Acordou, bela adormecida? - brinco com um sorriso.

- Dormi por muito tempo? - espreguiça-se aos poucos e se senta devagar.

- Não muito. - confesso. - Mas parecia que você teve bons sonhos.

- E eu tive. - ele sorri e beija minha bochecha. - Adivinhe...

Esperto como sempre, adora me deixar curiosa. E não posso dizer que foi uma surpresa ele pedir para eu adivinhar. 

- Só pode ter sonhado comigo. - rio e coro um pouco.

- Viu só? - ele ri. - Foi tão difícil adivinhar? 

Encaro-o mostrando que não acredito que o sonho só tenha sido comigo, contudo, um vento bem gelado me faz esquecer desse assunto.

- Acho que devíamos voltar. - Triton diz, levanta-se e me ajuda a levantar.

- Só acho que podíamos fazer mais uma coisinha. - murmuro.

- Eu achei que estava demorando. - ele dá sua risada alta e de surpresa, pega-me no colo. - Vamos dar uma volta na floresta?

Não preciso responder, Triton sabe que é o que mais quero, e tão logo carrega-me até a entrada da floresta. Ele não correu, mas eu devia estar tão ansiosa que o caminho passou muito rápido, se bem que, deveria ter sido o contrário.

- A cada dia, essa floresta parece responder mais a você. - Triton afirma assim que me coloca no chão. - Não acha?

- Hmm... Não sinto nada de diferente para ser sincera. - digo pensativa. - Por que acha isso?

- Nada não... Só observando. - ele mostra a língua e em instantes se transforma.

Sorrio e faço o mesmo, assim, damos início a nossa noite lupina, a lua ainda não havia aparecido, e hoje eu não a estava esperando. Já que não me parecia justo querer vê-la esta noite, se eu, provavelmente, estaria presa a ela daqui a algumas horas.

Ei! Triton mordisca minha orelha, atiçanco-me a seguí-lo. Você está perdendo a forma.

Posso até ouvir sua risada alta ecoar pela floresta, rosno baixo e o sigo, não é difícil acompanhá-lo, seu ritmo é forte, mas não algo surreal para mim. Deixo meus instintos me guiarem e consigo tomar a liderança.

Quem perdeu a forma? Uivo e corro um pouco mais rápido, Triton murmura um "ameaçador" se prepare  e também aumenta o ritmo. Logo, estamos lado a lado, a corrida havia se tornado um passeio de velocidade.

Mantinhamos a mesma distância, e às vezes, Triton me empurrava de leve, então eu rosnava e retribuia o empurrão só que com um pouco mais de força, não que surtisse algum efeito. Eu teria que ser muito mais forte para conseguir fazê-lo sentir um empurrão meu.

Fique esperta! Ele late e pula em cima de mim, rolamos bastante até que paramos dentro de um arbusto, remexo-me tirando folhas e terra que estavam no meu pelo. Triton continuou deitado, apenas sua cabeça estava para fora do mato.

Seu bobo! Aproximo-me e lambo seu focinho, ele grunhi agora com os olhos fechados. Se machucou? Pareço mais preocupado do que realmente estou, e isso o alerta.

Não, só estou vendo o que você vai fazer. Senta e coça a orelha. Achei que você fosse bolar um contra-ataque, daqueles bem planejados.

E quem disse que eu não bolei? Rosno e pulo em cima dele, puxo-lhe a orelha e mantenho-me grudada em cima de suas costas, Triton se debate tentando me derrubar, porém não consegue e por fim desiste, deitando no chão.

Já desistiu? Grunho perto de sua orelha, então, ele se vira com tudo e me coloca no chão, suas patas me cercam e seu focinho toca o meu. Ganhei! Qual é o meu prêmio?

Desculpe, Senhor Cerutti, mas estamos sem bons prêmios, então o senhor terá de ficar com essa surpresa mesmo. Viro-me e espero ele deitar ao meu lado.

Surpresa, hein? Seus olhos parecem brilhar com uma ideia louca. Vou anotar isso, e um dia você terá de se entregar como um presente.

Vou fingir que não entendi o seu pensamento impuro, e que nunca passaria pela sua cabeça a ideia de você me amarrar com fitas de presente.

Sua lambida diz que ele está muito contente, e isso me anima bastante, porque pela manhã ele estava muito abatido. Continuo preocupada, mais com ele do que comigo.

De certo modo, imagino que ele sofrerá mais, pois eu estaria como loba e, provavelmente, sem memória ou noção alguma da existência dele, já Triton, terá tudo e ao mesmo tempo nada.

Pensar demais pode matar um burro, sabia? Sua voz enche minha cabeça junto com uma mordida na orelha, rosno e ameaço mordê-lo.

Tente... Só tente. Seu tom é de ameaça, mas seu sorriso diz que devo tentar. Por isso, eu pulo e damos início a mais uma brincadeira louca e improvisada... Só esperamos que essa não seja a nossa última.



A melhor parte do dia foi, com toda certeza, a noite. Depois que jantamos, Triton e eu fizemos uma sobremesa, um sorvetão; nunca tinha feito algo igual, a mãe do Triton que o ensinou.

- Que delícia! - já era a terceira vez que repetia.

- Você gostou mesmo. - ele sorri enquanto me observa.

- Não vai comer mais? - pergunto assim que termino.

- Não. - ri e se levanta. - Vem aqui, quero te mostrar uma coisa. - estende sua mão para mim.

Levanto-me sendo puxada por ele, seguimos pelo corredor, passamos pela sala e chegamos no nosso quarto. Triton me põe sentada na cama e pede que eu espere, vejo-o entrar no closet, e ouço um barulho de caixas sendo mexidas.

Controlo-me para não levantar e dar uma espiada, a curiosidade quase me fez desistir de esperar sentada. Mas então, Triton volta com uma caixa azul clara em mãos, uso o olfato, mas não consigo saber o que tem lá dentro.

- Curiosa? - ele pergunta mesmo já sabendo a resposta.

Faço um bico assim que ele se senta ao meu lado.

- O que você acha que tem aqui dentro? - juro que por essa eu não esperava.

Minha expressão deve ter sido tão "surpreendente" que Triton não se aguentou e começou a rir.

- Não ria de mim. - faço uma voz manhosa e cruzo os braços.

- Já disse o quanto amo você se fazendo de baby? - ele coloca a caixa de lado e me puxa para o seu colo.

- Mas eu sou uma baby. - brinco aconchegando-me em seu colo.

- Você é linda! - beija meus lábios com carinho e depois nos deita na cama.

Seu abraço me envolve quase que completamente, sinto-me segura e fecho os olhos, porém logo me remexo.

- Ainda curiosa? - ele logo nota o que quero.

- Muito! - respondo sem vergonha. - O que tem nessa caixa?

- Nada demais... - ele senta na cama e pega a caixa de novo. - Só umas fotos antigas...

- Fotos antigas?! - dou um pulo e fico esperando ansiosamente que ele a abra.

- Quer vê-las? - sorri e abre a caixa. 

Estava lotada de fotos, e realmente, eram antigas, todas em preto e branco. Cada uma mais linda do que a outra, havia fotos do Triton de todos os jeitos: bebê, criança, cozinhando, brincando, comendo, dormindo, tomando banho, cavando, caçando, uivando, e por aí vai.

- Amaterasu do Céu! - meus olhos devem estar brilhando e minhas mãos já não conseguem segurar mais fotos. - Você sempre foi lindo e fofo!

Isso o fez corar e muito, o que me fez rir, logo Triton mudou de assunto. Então, ele começou a me mostrar as fotos que estavam mais no fundo da caixa, eram todas do casamento e lua de mel dos seus pais.

- Sua mãe era muito linda! - uma mulher alta de olhos verdes chamativos, pele levemente bronzeada e cabelo caramelo, essa era a mãe dele. - E o seu pai era charmoso! 

Triton ri com o comentário, mas concorda, o pai dele era um pouco mais alto do que a mãe, ele tinha olhos e cabelo castanhos.

- Vocês têm o mesmo sorriso. - digo carinhosamente.

Ficamos umas duas horas para olhar e comentar todas as fotos, Triton até me contou algumas histórias da sua infância.

- Eu nunca mostrei essas fotos a ninguém... - comenta. - E faz tempo que estou para lhe mostrar, eu só não sabia quando faria isso..

- E por que decidiu agora? - coloco a mão em cima da sua, tentando decifrar o que ele está sentindo no momento.

É uma mistura de angústia com coragem, e um pouco de carência. 

- Porque eu te amo, e assim como eu quero conhecer você por completo, quero que você saiba tudo sobre mim. - seus olhos me fitavam examinando a minha reação.

Então eu sorrio e beijo sua bochecha, posso jurar que um peso enorme foi tirado de seus ombros. 

- Vou aproveitar e te mostrar uma coisa. - rio e me levanto, agora era a minha vez de deixá-lo curioso.

Vou até o outro quarto e procuro pela mala que trouxe quando vim para cá, não demoro a achá-la. Abro-a e pego uma pequena maleta prata, respiro fundo e volto para o quarto onde Triton me esperava, ele estava tentando parecer calmo.

- Sua vez de dizer o que acha que tem aqui dentro. - sento ao seu lado.

Com cuidado, coloco a maleta em suas mãos, Triton pensa um pouco e depois responde com um lindo sorriso.

- Fotos de você pequena... - seu olhar parece querer muito isso.

- Também... - rio. - Mas você nunca adivinhará o resto. - afirmo.

Triton a abre devagar e vejo sua cara de surpresa quando percebe que as primeiras fotos são todas dele. 

- Como você... ?

- Eu amo viajar... - confesso. - E toda vez que viajo com as pessoas que eu amo, eu dou um jeito de tirar uma foto.

Em seguida, ele acha algumas fotos dos meus pais, a metodologia era a mesma, tirava a foto quando não estavam prestando atenção.

- E por que você nunca disse antes? - morde a minha bochecha. - Achou que eu recusaria uma foto?

- Não... - murmuro. - É que eu gosto de fotos assim... Que conseguem pegar a verdade... Gosto de fotos espontâneas. Não sou louca!

- Sei que não é... Você é especial... Você tem um jeitinho diferente para tudo. - mais uma vez seu olhar me aquece. - Essa é uma das razões por eu te amar tanto.

Sorrio agradecida e volto a olhar as fotos, em uma delas, é possível ver clamaremente a calma do meu companheiro, o jeito de relaxar... Já nas que estão os meus pais, sempre saía algo de engraçado, como uma careta, ou um cabelo despenteado, ou uma pose divertida.

Foi pensando em tudo isso que uma lágrima desceu pela minha bochecha, Triton percebeu e me abraçou, aninhei-me em seus braços e respirei fundo o seu cheiro de nozes.

- Eu quero ter fotos que nem as dos nossos pais, e quero que nosso filhos tenham fotos como as nossas. - digo assim que o vejo olhar uma foto minha de pequena.

- Nós teremos... E eles terão. - foram poucas palavras, mas tão poderosas que me fizeram crer nesse possível futuro. 

- Eu prometo... Prometo que vou voltar pra você! - ergui o rosto e o beijei, puxando-o levemente para se deitar na cama.

Triton cedeu facilmente e me enrolou em seus braços, nossas pernas ficaram entrelaçadas e minha cabeça se encaixou logo abaixo do seu pescoço. Suas mãos me faziam um cafuné enquanto meus dedos mexiam em sua blusa, mantive os olhos fechados e esperei que o sono viesse.


Notas Finais


Hmmm, sinto que a situação está se complicando, mas parece que eles estão dependendo de uma promessa, haha..

Aliás, que nomes vocês acham que eles falaram?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...