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História O Cheiro da Lua - Kristine


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Esse capítulo é de enlouquecer!

Boa leitura.

Capítulo 64 - Kristine



Não sei porque estava toda essa confusão neste lugar, felizmente, isso facilitou a minha saída. E quanto mais longe ficava, mais pesado pareciam os meus passos, continuava a correr, mesmo que minhas patas quisessem se rebelar.

Já estava pensando em parar e entender o que estava se passando comigo quando dois homens  pararam a minha frente. Os dois tinham um forte cheiro de cigarro, rosnei baixo avisando-os do perigo em me enfrentar.

- Parece que essa daqui está tentando fugir! - o mais alto gritou.

- Não sabia que é feio abandonar a sua alcateia quando ela está em combate? - o baixo ria.

Rosnei mais uma vez, dessa vez com mais força, o alto recuou um pouco, estava claramente com medo, porém parecia ter mais medo do magro do que de mim.

Como poderia? Essa criatura magricela e baixa com cheiro de combustão de cinzas ser mais intimidadora do que eu? Interessante.

Teria continuado minha corrida, mas queria ver do que eles eram capazes, por isso ataquei primeiro. Surpresos e despreparados, notei que só tinham boca para falar já que o alto correu para cima de uma árvore enquanto o baixo tentava se livrar das minhas presas em seu braço.

O sangue fresco junto com uma fina camada de carne, ele gritava pedindo ajuda ao outro que tremia... Será que o sermão que haviam me dado não era válido para eles também? Piada!

- Ela vai quebrar! Vai quebrar o meu braço! 

Já que ele estava falando tanto sobre isso, fiz-lhe o favor de dar vida as suas palavras, com um aumento da mordida quebrei seu braço em dois lugares, depois o soltei e esperei para ver o que fariam.

O que estava na árvore continuou imóvel, e o que estava no chão tinha olhos de suplicia, quase podia vê-lo chorar. Uma presa vulnerável, não valia a pena matá-lo... Só podia ter pena dele.

Foi quando minhas orelhas me avisaram de que tinhamos companhia, pulei para o outro lado e fiquei alerta, tão logo mais dois homens apareceram. Mas esses eram diferentes, além de terem cheiros bons, manga e nozes, eles tinham um ar de dominância, algo que estes dois patetas não tinham nem ideia do que era.

A princípio, não rosnei, apenas fiquei a espreita vendo o que queriam. 

- O que você vai querer fazer? - o moreno de olhos verdes que cheirava a manga perguntou.

Será mesmo que eles vieram até aqui sem nenhum plano? Ou era um meio de me distrair, aumentando a minha confiança para que eles pudessem ter sucesso em um único golpe?

- Sinceramente, não sei. - o de olhos caramelos respondeu, sua voz mostrava sinceridade.

- Quer que eu cuide deles e você dela... Ou quer que eu te ajude com ela e depois cuidamos desses trapos?

Em algo concordávamos, o alto e o baixo não passavam de inúteis, logo, seria mais sensato se vocês dois tentassem me enfrentar. E de algum modo eu estava confusa, desejava e ao mesmo tempo refutava a ideia de enfretá-los.

E no meio da minha indefinição do que fazer, eu a ouvi, tinha certeza que a Lua havia falado comigo. Mas antes que eu pudesse decifrar o que falara, senti o lupino mais moreno se aproximar, num piscar de olhos ele estava ao meu lado. 

E na mesma velocidade, o seu colega apareceu do meu outro lado... Eles estavam me subestimando, só precisei pular para evitar os dois. E ainda consegui uma rota de fuga já que pelos galhos das árvores seria mais fácil de sair dali.

O que não esperava era ser seguida por baixo, contudo, apenas um deles me seguiu, o que cheirava a nozes mantinha os olhos em mim. Curiosa, desci a sua frente, queria saber o porquê de ser tão persistente.

- Kristine? - sua voz parecia familiar. - Eu sei que você ainda está aí dentro. - apontou para mim.

Seu cheiro era bem forte, podia sentir a dominância de longe, e de algum modo, não queria atacá-lo... Até já havia pensado em seguí-lo, em ver o que ele queria tanto comigo. 

Mas eu tenho um longo caminho a seguir... Eu sei que tenho, a Lua nunca mente.

- Por que olha tanto para ela? 

Pega em flagante, rosno baixo mostrando como desprezo esse seu comportamente. Poderia começar uma briga agora mesmo, mas o caminha era muito longo, longo demais.

- Me escute, Kristine! - talvez se ele fosse mais rápido, eu o teria ouvido, entretanto, no momento estava muito ocupada. 

Dessa vez, corro o mais rápido que consigo e logo não há mais sinal dele, finalmente livre... Então por que estava me sentindo tão estranha? Ainda bem que quando ficava confusa, a Lua me guiava.

*

Não faço ideia de quantos dias se passaram, mas sei que continuo muito longe do meu destino, além de que esta floresta que estou possui cheiro dos caçadores por toda a parte.

Já estava achando estranho não ter dado de cara com nenhum deles, mas foi quando estava tomando água em um rio que notei a sua presença, estava sozinho e puder ver em seus olhos que havia achado o que procurava.

Só não sei se era a mim ou a uma boa briga. Então o caçador mostou sua arma, rapidamente, senti o cheiro de prata e me coloquei em defesa, seu sorriso era de alguém que não estava para brincadeiras.

Rosnei, avisando-o que não teria piedade, mesmo que eu não acredite que eles pensem quando confrontam um lobo. É algo insano enfrentar uma criatura selvagem mais forte e mais ágil que o ser humano, e ainda mais em seu território.

A floresta era onde tínhamos a vantagem, não precisavamos vê-los, seu cheiro já nos dizia exatemente onde se encontravam. Uma presa fácil e ingênua, era isso que os caçadores representavam para mim.

Sem esperar pela sua resposta, pulei em ataque, um pouco surpreso, o caçador atirou uma primeira vez, o tiro nem passou perto. Quando estava bem próxima dele, impulsionei as patas traseiras e pulei em seu corpo, fazendo-o cair no chão.

Sua arma voou longe, seus olhos estavam espantados, parecia que nunca havia visto um lobo ou nunca havia lutado contra um. Que diversão eu teria enfrentando um amador? Patético. 

- Como você?! - seu espanto era latente.

Meus dentes estavam a centímetros do seu rosto, meu rosnado o deixou mais nervoso ainda, mesmo que não pretendesse matá-lo, meu instinto mandava apavorá-lo. Para ver se assim ele deixava a nossa espécie em paz.

- Os lobos daqui não são assim! - ele disse. - Você deve ser uma forasteira!

Teria rido, mas a situação começava a ficar entediante, minha parte caçadora tomou a iniciativa e cravou minhas garras em seu ombro. Ele urrou de dor enquanto se debatia tentando escapar, de certo modo, aquilo havia se tornado um pouco divertido.

- Sua monstra! - gritou.

Então, ouvi o barulho de folhas sendo pisadas, será que este mero caçador estava gritando como um idiota apenas para que eu não prestasse atenção ao seu colega que se aproximava por trás.

Coitados, eles realmente não conhecem os lobos e muito menos as fêmeas. Claramente, havia perdido o interesse neste aqui, e com um movimento rápido rasguei sua garganta. Uma morte melhor do que um caçador deve receber, rápida e indolor.

- Você o matou?! - o outro apareceu com uma arma que eu nunca havia visto antes.

Seu rosto suava e sua voz estava meio baixa, seus olhos estavam no corpo logo abaixo de mim. Sem pressa, coloquei-me a sua frente, todo o meu corpo queria um pouco de adrenalina.

Todos esses caçadores já estavam me irritando! Eles não me deixavam em paz, e sempre pertubavam os da minha espécie. Ah... Eu quero destroçar cada um deles!

Rosnei bem alto e mostrei do que era capaz correndo para atacá-lo, o homem caiu sozinho no chão, atirou com aquela arma estranha e uma rede saiu dela. Infelizmente, a rede acabou me pegando, contudo ela tinha um rasgo enorme bem em cima, que foi por onde escapei.

O caçador encarou a própria arma e ficou incrédulo, não que eu fosse esperar que ele se explicasse ou pedisse desculpas. Foi fácil voar em seu pescoço e morder sua jugular, dois a menos.

O único problema disso tudo era que algo ainda me incomodava, como se tivessemos uma plateia nos assistindo.

- Você realmente não é daqui. - uma voz mais severa comentou. - E é uma loba formidável.

Virei-me, uma mulher alta me encarava, ela possuía duas armas, uma das estranhas - também devia atirar uma rede - e outra com cheiro de prata. Como sempre, as fêmeas são bem mais preparadas e astutas que os machos. 

- Mas não pense que vim sozinha te enfrentar. - ela riu. - Você vai dar um ótimo soldado.

Mais dois caras apareceram, cada um de um lado meu, meus instintos me alertavam de perigo, procurei por uma rota de fuga, seria estupidez entrar em uma luta de três contra um.

Além de que... Já estou mais do que atrasada!

Um tiro, agachei e desviei, então, os dois homens começaram a tentar chamar a minha atenção enquando a mulher bolava um jeito de me prender. Um trabalho em equipe... Inteligentes, porém não muito habilidosos nisso, já que o primeiro tiro quase acertou o outro caçador.

Eles até começaram a brigar, mas a voz de sua líder os calou, foi algo interessante de se ver... Adoro a ideia de fêmeas poderosas.

Outro tiro, dessa vez raspou em meu pelo, senti uma pequena queimação, prata maldita! Infelizmente, não havia como atacar, não sem acabar com um ferimento que precisaria de uns dias de repouso. 

- Pegamos! - os dois atiraram ao mesmo tempo.

Pulei em cima de uma pedra, foi então que notei meu erro, a mulher estava esperando por isso e com um aperto no gatilho, uma grande rede veio na minha direção.

Corrigindo, ela teria vindo na minha direção se um outro lobo não tivesse mordido o seu braço, segundos antes do disparo. E eu fiquei tão surpresa quanto os caçadores, era aquele lobo... O que cheirava a nozes, o que ele fazia aqui?

Estava me seguindo? Quem ele achava que era? Rosnei chamando sua atenção.

Ele, então, quebrou os ossos da mulher e se virou para mim. Vai mesmo querer discutir isso agora?

Teria voado em seu pescoço se não tivesse ouvido mais um disparo, mas dessa vez consegui desviar com perfeição, os dois homens haviam perdido a estabilidade por causa de sua líder abatida.

Agora era só fugir, foi então que a Lua começou a falar comigo, parecia ter pressa, mas isso estava me dando dor de cabeça. Minhas patas estavam tremendo e minha visão estava embaçada.

Kristine?! O que está fazendo? Eles vão atirar em você! 

Meu corpo não respondia, mesmo sabendo que algo estava para acontecer, e eu apenas ouvi o tiro, seguido do barulho de um corpo caindo no chão. Foi como se um choque eletétrico tivesse me acertado, voltei com tudo a realidade.

Os caçadores estavam com um sorriso no rosto, a mulher continuava no chão com a mão segurando o braço quebrado... E o lobo das nozes estava caído no chão, em suas costas havia um ferimento feito por uma bala de prata.

Por que fez isso? Você é louco?

Ele se levantou e me encarou, seu olhar me mandava fugir, mas eu nunca seguiria ordens de um  macho, ainda mais de um macho que desconheço, que me persegue e que me irrita!

Mas também não poderia deixá-lo ali para morrer, nunca poderia abandonar um da minha espécia, muitos menos um que me salvou. Então eu voltei a briga, dessa vez mais veloz e maldosa. 

Eu sou uma loba que luta apenas por um motivo, proteger os da minha espécie.

*

Por que eu ainda não fui embora? Simplesmente não conseguia continuar meu caminho, não entrava na minha cabeça abandoná-lo ali... E eu estava preocupada.

Pelo menos, sua respiração já havia melhorado e seu ferimento começava a cicatrizar. Embora estivesse com pressa em chegar àquele lugar, não havia como deixá-lo sem poder se proteger, havia muitos caçadores por ali... 

Pensei que estivesse brava comigo. Ele grunhiu ainda com os olhos fechados.

Eu estou brava! Rosnei como aviso enquanto ficava de guarda na caverna que havíamos nos acomodado. Você é um lobo louco!

Talvez. Foi a única palavra que disse antes de dormir, estaria surpresa por causa desse desmaio repentino se não soubesse como a prata desgastava nosso corpo e nossa mente.

Enquanto isso, minha mente me martelava com inúmeras perguntas... Como ele conseguiu me seguir sem eu notá-lo? Por que havia me salvado? Queria ou não ficar ao seu lado? Um lobo estaria se metendo na minha vida e ainda me amolecendo? E por que estava preocupada com ele?

Porque você o ama.

Meu corpo estremeceu... E eu temi... Não sei o que, mas estava apavorada, devagar e com cautela, aproximei-me dele, dormia profundamente... Agora seria a hora de ir embora.

Mas eu não conseguia por que o amava? Sim, eu sempre amei todos os da minha espécie.

Kristine...

Sua voz continuava entrando na minha cabeça... Por quê? E quem era Kristine? Eu? Não... Meu nome era... qual era mesmo?

Que sensação era essa? Não era medo nem frio, era insegurança? Assustei-me quando sua cabeça encostou em minha pata, por sorte, ele ainda dormia, mas sonhava comigo.

Como poderia saber que era comigo? 

Kristine...

Quem é essa?!

Então ele acordou e ergueu o corpo, sentado-se a minha frente. Parecia que era um grande esforço fazer isso, mas era um lobo louco e teimoso.

Você quer saber quem ela é?

Quero.


Por quê?

Por que o quê?
Já estava começando a ficar com vontade de dar-lhe uma surra para que o mesmo voltasse a dormir.

Por que quer saber sobre ela?

Porque você não para de falar esse nome! Porque está me perseguindo e porque salvou a minha vida!

E o que essas duas últimas coisas teriam a ver com a Kristine?


Ele estava jogando comigo, era um lobo louco, teimoso e astuto.

Já sei que não pretende responder, mas lhe falarei dela. Você adoraria conhecê-la, ela é uma loba e tanto, forte, determinada, corajosa e muito carinhosa... Ela conseguiu me fazer acreditar em mim mesmo, mesmo quando tudo era contra isso. E até quando eu errava, ela soube me entender e me perdoar.

Se ela é tão importante, por que está aqui?

Porque você está aqui.


Está achando que sou uma loba solteira louca por você? Rosnei. Ponha-se no seu lugar, tenho mais o que fazer do que aguentar um lobo me flertando!

Quem disse que é solteira? Mas fico feliz que não esteja aguentando flertes de outros machos.

Quão louco você é? Por um acaso bateu a cabeça quando pequeno? Sinceramente, vê se melhora logo para eu poder ir embora.


E por que ainda não foi?

Eu já me fiz essa pergunta, e a única resposta que cheguei é porque me importo com você... Porque você é da minha espécie e não posso te abandonar.


Você e eu sabemos que isso é uma mentira... Você se preocupa comigo do mesmo modo que me preocupo com você.

Seu olhar era firme, ele já não brincava mais e mesmo com dor, estava disposto a levar essa nossa conversa adiante.

E por que eu me preocuparia com um lobo que nunca havia visto antes, e que parece ter um gosto por perseguição?

Porque você é Kristine Moore Cerutti.


Kristine... Eu? Por que sabia que isso era verdade, mas não queria acreditar? 

Sabe que não estou mentindo...

Calado! Sacudi a cabeça afastando sua voz da minha mente. Me deixe em paz! Então eu corri para fora, toda a minha preocupação havia se transformado em medo... Medo de um desconhecido que eu possivelmente amava...


Notas Finais


Gente!!! Só acho que a Kristine está perto de voltar!!!

E esse Triton não desiste, isso mesmo, força!


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