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História O Cheiro da Lua - Muita informação


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Obrigada pelo apoio, queridos leitores.

Boa leitura.

Capítulo 7 - Muita informação



Um vento gelado passa por mim mexendo meus cabelos e indicando que o inverno estava começando de verdade. Não deixo de conter um sorriso, pois a melhor época do ano é essa, Triton logo nota minha alegria e assopra de leve em meu ouvido, arrepio-me e rosno baixinho para ele. 

- Achei um novo passatempo. - ele ri. - Te provocar, Kristine.

E mais uma vez sinto que meu nome foi muito bem pronunciado, pego-me olhando seus lábios e não consigo parar de imaginar como seria ser beijada por eles, em qualquer parte do meu corpo. 

Coro e recomponho-me, olho em frente e vejo que já saímos do centro, ainda bem, porque todo aquele alvoroço estava me irritando. 

E percebo que Triton também está mais relaxado, seus ombros não muito largos estão meio soltos, seus braços estão jogados ao lado do corpo e a única coisa que os mantêm parados são suas mãos que estão nos bolsos da frente de sua calça.

Ouço um latido e sinto um cheiro familiar, paro e olho para trás, é o filhote daquela noite, mas agora ele está de coleira e tem um dono, um homem loiro que aparenta quarenta anos, alta e gordinho. 

Assim que me percebe, o cachorro late e abana o rabo, eu aceno e sorrio, o seu dono sorri e acena, provavelmente, achou que eu estava falando com ele. 

Dá meia volta e saí, eu apenas observo até eles virarem em uma esquina, depois volto a olhar para frente e vejo Triton observando a lua, aproximo-me e percebo como seus olhos são lindos, assim como seu rosto. 

Enrubesço quando ele percebe que eu o estou observando.

- A lua está muito bonita hoje. - ele sorri.

Pisco duas vezes enquanto ele me fita, dessa vez não há malícia em seu olhar e, de certo modo, há gentileza. Desvio o olhar e encaro a lua, está mesmo muito linda, chamativa como diria minha tia. 

Antes de dar um daqueles meus sorrisos nostálgicos, percebo algo errado com meu corpo, perco a força e caio de joelhos, ouço o barulho da minha bolsa cair e sinto minha testa tocar o chão, minhas unhas arranham o chão enquanto minhas pernas se deslocam e se ajustam a nova forma, estou para perder o controle, então Triton me balança enquanto segura meus ombros. 

Forço a cabeça para cima, só consigo escutá-lo e minha visão está péssima.

- Kristine! - ele grita. - Você pode controlar isso, você sabe que pode.

Não, eu não posso. Minha parte humana, que até ontem estava mais forte em mim, afirma incessantemente. Mordo o lábio, o gosto de sangue invade minha boca fazendo-me lembrar de quem realmente sou. 

Grito quando minhas costas estralam, pontadas de dor fazem eu perder a razão, minha visão está embaçada e minha pele parece estar saindo de mim. 

Sinto ela sendo esticada e puxada, minhas unhas estão começando a virar garras.

- Kristine! - a voz de Triton está bem a minha frente. - Você não pode desistir, você tem que aceitar a loba que vive em você e viver em harmonia com ela!

Viver em harmonia com um animal selvagem? Mais um osso se quebrando, grito e sinto meu dentes viraram caninos afiados. Meu corpo estremeci e estou prestes a desistir, porém assim que escuto Triton gritar meu nome, lembro-me de como me diverti esta tarde enquanto loba. 

Fechei os olhos e respirei fundo, Triton continuava gritando meu nome, é tão bom saber que alguém se preocupa comigo... Antes que eu perceba, estou sorrindo porque já não dói mais, e ainda estou na forma humana.

- Sabia que conseguiria. - ele diz enquanto minha visão vai voltando ao normal.

- O que posso dizer? - brinco. - Tive um ótimo professor.

E lindo também, mas mantenho isso comigo. Ele estende a mão ajudando-me a levantar, ele é forte e com facilidade levanto. 

Pego minha bolsa e pego meu celular, meia noite e quinze, fazia tempo que eu não tinha uma noite tão agitada e divertida, suspiro ao meu lembrar de que amanhã é segunda-feira e de que tenho faculdade.

- Triton. 

Chamo-o enquanto andamos devagar.

- Sim? - ele diz quando percebe que eu ainda não disse nada.

- Você trabalha? 

Ele não responde de imediato, então arrisco a olhá-lo, mas ele nem percebe pois está concentrado no caminho.

- Mais ou menos. - ele solta uma risada. - É meio complicado trabalhar quando você tem que sair para fazer algumas tarefas pro conselho, mas alguém tem que pagar as minhas contas, certo? 

Ele para e noto que estamos no parque abandonado, onde a terceira vítima foi atacada, caminho devagar para chegar onde o lobo estava quando o vi.

- Foi aqui. - aponto, mesmo não sendo preciso, Triton já deve ter sentido o cheiro de lobo. - E onde você trabalha, quando trabalha?

- O cheiro dele é péssimo. - faz cara de nojo. - Bom... Eu trabalho sempre na mesma empresa e fico o tempo que o conselho ficar sem me encher. - ele esfrega o nariz, pelo visto esse cheiro também o incomoda. 

- É um jeito diferente de se viver. - afirmo e viro-me para sair dali.

Saímos do parquinho e o cheiro vai aos poucos se retirando de minhas narinas, respiro fundo sentindo o aroma de nozes e sorrio, é tão gostoso que chega a me viciar.

- Você trabalha? - ele pergunta, dá uma rápida olhada em mim e depois desvia o olhar.

- Trabalhava, mas estou à procura de um emprego. - suspiro. - Mas eu termino a faculdade esse ano. - digo séria.

- Interessante, faculdade de que?

- Engenharia Química. 

- Boa sorte no último ano - ele sorri e eu vejo aquela expressão divertida em seu rosto. - Eu fiz Elétrica, depois de cinco anos nossa mente e corpo ficam meio cansados, mas temos que manter o ritmo.

- Já me disseram isso. - comento. - E espero que eu esteja pronta.

- Você parece forte e determinada, tenho certeza que você está pronta.

Fico tão feliz de ouvir alguém confiar em mim assim como Judely confiava, que não disfarço a alegria em minha resposta.

- Obrigada. 

Já estávamos na minha rua quando ele para e se vira para mim.

- Último ano, certo? - indaga, fitando-me.

- A faculdade? Sim, por quê? - sinto-me confusa.

- Você sabe que pode vir pra nossa alcateia quando quiser. - ele afirma. - Seria muito legal ter você por lá. - sorri.

E eu não sei porquê, mas meu coração dá uma leve acelerada, coro e desvio o olhar.

- Eu não sei se quero ir pra lá. - digo. - E também, sou péssima para caminhos, nunca chegaria lá sozinha.

- Você vai ter um ano inteiro para pensar. - ele levanta meu queixo e me olha nos olhos. - E eu posso vim te buscar.

Agora, tão de perto, posso ver o que seus olhos têm de diferente dos de Bryan, sinto-me atraída por esse caramelo forte, não suave como os de Bryan, os de Triton são mais intenso e me remetem a um sentimento lupino, uma sensação meio selvagem.

Sinto um arrepio, ele consegue mexer com meu corpo de um jeito estranho, mas bom. Ele sorri maliciosamente e me dá um beijo na testa, é tão bobo, mas suficiente para me fazer feliz, pelo menos por um instante. Entretanto, lembro-me dele falando de suas ficadas.

- Eu não vou ser um passatempo para você. - volto a andar e ouço ele me seguir.

- Você acha mesmo que eu só quero levar você pra cama? - ele suspira e caminha ao meu lado.

Não respondo, é obvio que ele só quer sexo, por qual outra razão ele seria tão gentil e amoroso com uma garota que ele acabou de conhecer. Também tem o fato de eu ser novata, facilmente influenciada por ele.

- Kristine, me escuta. - ele para na minha frente, barrando minha passagem.

Olho para ele, meus olhos devem estar em chamas, eu sinto vergonha e raiva.

- Por que você acha que eu só quero fazer sexo com você?

- Você me disse sobre suas ficadas e eu acho que você deu grandes sinais de que sou apenas um passatempo. - digo, enfatizando ficadas e passatempo.

- Como você é teimosa! - ele eleva a voz. 

Por um instante eu fico com medo, pois seu cheiro diz que ele está bravo, porém ele respira funda e se acalma.

- Eu não sou esse tipo de que você está pensando. - ele comenta. - Eu vou explicar melhor, é verdade que eu não as namoro, mas fico com as garotas, só que eu não saiu com qualquer uma e eu sempre gostei de todas as garotas com que fiquei. - mexe no cabelo, parece meio envergonhado. 

- Mas isso parece namoro. 

- Para os humanos é namoro, só que com a gente é diferente, não existe um compromisso como namoro.

Fico totalmente confusa.

- Vou melhorar. - ele explica. - Enquanto eu fico com uma garota, ela pode muito bem no mesmo dia ficar com outro. Assim como eu também posso, não que eu já tenha feito isso, porque eu odeia essa coisa de duas ou mais e quando eu gosto de uma pessoa é de uma única mulher.

Olho para ele perplexa e talvez eu tenha exagerado um pouco.

- Sinto muito por julgá-lo. - digo sem jeito e fico com medo de que ele esteja bravo comigo.

- Não tem que se desculpar. - ele sorri e me sinto aliviada. - Eu que não me expliquei direito.

- Mas por que está me contando tudo isso?

Continuamos parados e vejo que ele está corado, é pouco, mas eu percebo.

- É uma coisa que você ainda não entende. - ele se aproxima e passa a mão na minha bochecha. - Quando você for mais velha, talvez daqui a um ano quando terminar a faculdade e vier se juntar a alcateia, você entenda.

- Você não pode me explicar agora? - pergunto, fazendo um biquinho.

- Talvez mais tarde. - ele brinca. - Mas hoje não, você tem que dormir para ir pra faculdade amanhã, estou certo?

Caramba, a faculdade! Assinto e ele tira a mão de minha bochecha, e fico decepcionada por não sentir mais o seu toque. Andamos até a minha casa em silêncio, ele observando a lua e eu olhando para o chão, sinto-me pequena e ingênua.

Já estamos na rua da minha casa quando sinto dois cheiros familiares, nem preciso olhar para saber que Bryan e Felipe estão na nossa frente, ergo a cabeça e vejo Bryan encarar a mim e depois a Triton enquanto Felipe está de braços cruzados, observando a cena.

- Eu não te falei que ela te trocou. - Felipe comenta baixo, mas eu o escutei.

Bryan o ignora e vem em minha direção, passa reto por Triton sem nem olhá-lo e para na minha frente.

- Então, é esse cara que anda te incomodando? - ele aponta para Triton, ainda sem olhá-lo.

Triton se vira, ignorando a acusação e só observa, tenho medo de que ele queira brigar, os dois não teriam chance alguma contra ele.

- Do que você está falando? - arregalo os olhos. - Isso tem algo a ver com eu estar estranha? Você acha que é culpa do Triton?

- Triton, não é? - Bryan se vira e o encara. - Deixe-a em paz!

E antes que eu posso pará-lo, Bryan dá um soco na cara de Triton, ele não desvia e penso que foi de propósito para poder dar o troco. 

Vejo um sorriso se formar nos lábios de Triton e temo por Bryan, coloco-me no meio dos dois, mas Triton não parece querer briga.

- O que você está fazendo? - empurro Bryan para longe de Triton.

- Felipe me disse que você saiu correndo do restaurante quando estava almoçando com esse aí. - Bryan range os dentes.

- Ah, mas o Felipe te contou o porquê? 

Estou com tanta raiva que poderia dar uma voadora no Felipe.

- Ele disse que esse cara estava te incomodando. - disse, agora mais calmo.

- Então, seu amigo anda mentindo para você. - Triton comenta. - A Kristine saiu, sim, correndo, mas foi porque o seu amiguinho ali a ficou provocando enquanto falava de você.

Podia ter sido mais vergonhoso? Agora Bryan está me fitando com um olhar de desculpas, mas eu não posso simplesmente perdoá-lo. E antes que alguém mais possa estragar a minha noite eu grito:

- Já chega!

Os três me olham espantados.

- Já é tarde, eu tenho faculdade amanhã e se vocês não tem nada pra fazer não é problema meu! - piso com força no chão. - Com licença, estou indo pra minha casa! 

Passo por todos e nenhum deles se atreve a me parar ou falar comigo, é melhor assim, eu penso. Quando já estou dentro de casa e com a porta trancada, é que as lágrimas vem, ainda encostada a porta eu choro e espero que esse sentimento confuso se vá.

Finalmente, enxugo as lágrimas e vou até meu quarto, coloco meu pijama e me jogo na cama, estou tão exausta que durmo rapidamente.

*

Acordei com a cabeça tão pesada que mal sei se estou indo para o caminho certo, fico verificando, toda hora, se estou indo corretamente em direção a faculdade. 

Sete e meia é o horário que marca o meu relógio de pulso, caminho devagar, tentando colocar os pensamentos em ordem antes de me concentrar nos estudos.  

Já não sei mais o que pensar e o que fazer, sinto-me entre duas vidas... Uma delas é impossível para mim, porque não posso só viver na forma humana e a outra é aceitar quem eu sou e talvez fazer parte da alcateia de Triton. 

Paro e olho para o céu, está uma manhã muito bonita, não há nuvens e o sol está suave, se não fosse pelo meu humor, seria uma segunda-feira perfeita. Suspiro e volto a caminhar, relembro do fim de semana inteiro, desde a briga com Bryan até a hora em que ele e Felipe vieram acusar Triton. 

Depois de pensar, chego a uma conclusão: sou mais feliz quando aceito a loba que existe dentro de mim, portanto não posso continuar com Bryan porque ele acha que estou estranha, mas a verdade é que eu era estranha quando agia normalmente na frente de todos, agora é que eu estou agindo como eu mesma. 

Já estou na rua da minha faculdade, mas continuo andando devagar, perdida em meus pensamentos, dou um pequeno sorriso quando lembro dos momentos gostosos que passei transformada. 

Triton me ajudou bastante e eu quero muito falar com ele de novo, será que ele está bravo comigo? Eu fiz uma cena e tanto ontem, mandando-o embora. Paro no portão, olho pro meu lado e como meu nariz me alertou, Bryan está aqui. 
Ele vem na minha direção e para bem perto de mim, fito-o e vejo que seus olhos pedem desculpas, seu cheiro também me diz que está arrependido. 

- Kristine, eu... Sinto muito. 

Ele está quase mordendo o lábio, mas eu toco seu rosto, suavemente, e ele se surpreende.

- Tudo bem. - consigo dar um sorriso forçado. - Eu também sou culpada das coisas que andam ocorrendo entre a gente.

Ele coloca sua mão em cima da minha e eu sinto o calor de seu toque, quase desisto do meu controle para abraçá-lo.

- Só que você precisa confiar em mim, o Triton não teve nada a ver com o que aconteceu comigo. - comento, tirando minha mão de sua bochecha. - Ele é um amigo da minha tia e veio me ver quando soube que ela faleceu. - minto.

Ele não diz nada, mas sei que acreditou. Respiro fundo.

- Bryan, eu acho que nós temos que colocar um fim nisso tudo. - continuo fitando-o. - Vai ser melhor para nós dois... 

- Acho... Que você tem razão. - ele afirma e me abraça. - Mas eu quero que você saiba que eu sempre serei seu melhor amigo. - sorri ao nos afastarmos.

Por um momento, eu me arrependo ao ver aquele sorriso tão lindo e gentil, porém o meu mundo é diferente do dele e não posso colocar a minha espécie em perigo por um amor que dificilmente dará certo. Sorrio de volta, porque eu acredito que as coisas, um dia, irão melhorar. 

- Obrigada e você pode sempre contar comigo também.

- Eu sei que posso. 

Ele me dá um beijo demorado na testa, despede-se e vai embora, espero que ele vire na próxima esquina e entro na faculdade, enxugo uma lágrima que teimou em sair e ergo a cabeça. Só mais este ano e então poderei decidir a minha vida.

*

Último sinal, suspiro e guardo meu material, aceno para as minhas colegas de classe e saio. Não sei o porquê da minha pressa, mas quero muito sair daqui, quero encontrá-lo, preciso conversar com ele que é o único que pode me entender de verdade. 

Já estou perto do portão quando o sinto, um leve aroma de nozes, não contenho um pequeno sorriso, mas o escondo assim que passo pelo portão e o vejo. 

Ele está em pé, do outro lado da rua, sorrindo e acenando para mim. Vou até ele, faz um sinal para que andemos e eu o acompanho, ainda sem trocarmos nenhuma palavra. 

- Como sabia que eu estudava aqui? - pergunto para acabar com o silêncio.

- É a única faculdade de engenharia da cidade. - ele comenta.

Assinto, totalmente sem saber como prosseguir com o assunto. Andamos mais um pouco até que ele para na frente de uma praça do centro, que está tranquila no momento, pega minha mão e me puxa até um banco, nos sentamos e ele respira fundo.

- Sinto muito por ontem à noite. - ele abaixa a cabeça. - Eu devia ter ficado quieto naquela hora.

- Não foi culpa sua. - comento e sorriu de leve. - Alguma coisa tinha de acontecer para que eu abrisse os olhos.

Olho em frente, só há algumas crianças brincando no gira-gira, fito-o e vejo que ele está me olhando, o que me faz corar.

- O-O que foi?

- Você é surpreendente. - ele afirma. - Eu vi você conversando com ele hoje de manhã.

- Ah.. Você viu... 

- Você está bem mesmo?

Fico cabisbaixa, mas eu sei que ele continua a me olhar.

- Não. - eu riu baixinho. - Mas eu vou melhorar.

Silêncio. Sinto ele fazer um cafuné no topo da minha cabeça e fico contente, ergo a cabeça e ele está sorrindo pra mim.

- Vamos? - ele se levanta e estende a mão para mim.

- Aonde? - pego sua mão e levanto.

- Comer alguma coisa, estou com fome. - ele ri. - E depois podemos dar uma volta na floresta para te animar.

Eu rio e dessa vez sou eu que o puxo, pois já tenho em mente onde poderemos comer.

*

Fomos até o mercado e depois até minha casa, eu mesma preparei a comida, não sei porque, mas quero agradecê-lo por tudo que ele tem feito por mim.

- Então, você cozinha? - ele diz ao se sentar na cadeira da cozinha.

- Sim. - coloco a comida na mesa. - Surpreso?

- Eu não vou morrer, não é? - ele brinca.

Mostro-lhe a língua e me sento à mesa, comemos devagar, conversando sobre coisas bobinhas - aula de hoje, cozinhar, caçar, etc.. - depois, ele me ajudou a lavar a louça, do mesmo jeito que Bryan naquele dia, balanço a cabeça. 

Estava guardando a comida na geladeira quando Triton assoprou em meu ouvido, arrepiando-me. Rosno e ele sorri.

- Decidi te explicar sobre aquele assunto. - ele se senta de forma relaxada na cadeira. - Ainda interessada?

- Com certeza. - fecho a geladeira e me sento rapidamente.

- Sua tia deve ter te dito sobre a atração ou algo do tipo, não?

Coloco a mão no queixo e lembro-me de Judely falando algo desse tipo.

Kristine, você sabia que nós sempre sabemos quando estamos apaixonadas de verdade por um lobo? É coisa de destino, como alma gêmea! Espero que um dia você possa sentir essa atração maravilhosa.

- Já sim. - assinto.

- Acho que fica mais fácil explicar então. - comenta. - Como eu disse ontem, existe a união e, normalmente, ela ocorre quando a parte lobo, de cada um, aceita o outro como sua cara de metade, diga-se assim.

- Se é a parte lobo que percebe a cara metade, então como você em pessoa descobre isso?

- Como você não viveu entre lobos, você não vai entender tão fácil. - ele explica. - Mas é uma atração muito forte que acaba sendo passada pra você em pessoa.

Remexo-me no sofá, um pouco incomodada, sou uma deles, mas ao mesmo tempo não sei muita coisa e ainda não convivi com eles.

- É tipo amor à primeira-vista? - indago ainda confusa.

Ele ri alto, reviro os olhos e espero que ele se controle.

- Desculpa, mas é que eu não acho que exista amor à primeira-vista. - ele afirma.

- Então é como? - cruzo os braços.

- Bom.. Vou explicar. - ele sorri. - Quando você vê a sua cara metade, você sente que ela tem algo de especial.

- Especial como?

- Você é bem curiosa, não é? - ele brinca. - Especial como fazer se interessar, ficar intrigado. Mas cada um se intriga com algo diferente.

- Com o que você ficou curioso? 

Ele me fitou, corou e desviou o olhar, continuei olhando-o a espera de uma resposta.

- Achei interessante o nariz dela e a voz, e depois o jeito dela de andar. - disse meio baixinho.

Foi um pouco engraçado ver Triton com tanta vergonha. Confirmei com a cabeça e esperei que ele continuasse.

- Depois, você percebe que está prestando atenção em cada movimento e detalhe da pessoa. 

Ele coça o cabelo para esconder a vergonha, desarrumando-o, deixando-o mais sexy. 

- E então sua parte lobo te dá um tipo de sinal, aí você sabe que encontrou sua cara metade. - concluiu.

- Faz algum sentido. - sorrio. - Mas eu tenho uma pergunta, só existe uma cara metade, certo?

- Não necessariamente. - ele comenta. - Eu não sei explicar como e nem o porquê.

- Acho que podemos dizer que não é uma coisa do destino, mas que quando a parte lobo se interessa é amor?

- É, podemos colocar desse jeito mesmo. - ele dá uma risadinha.

- Então é por isso que não há namoro. - comento. - Porque não há algo que faça com que a parte lobo de alguém goste de outra?

- É mais ou menos isso. - ele dá um sorriso. - Nossa espécie acredita que não há o porquê de ter um compromisso se não há amor de verdade, seria uma perda de tempo.

- Perda de tempo não é procurar a vida inteira por alguém que desperte seu lobo interior?

- Se você colocar dessa maneira, é sim. - ele ri de leve. - Porém, eu tenho amigas que tiveram a sorte de acharem seu par e elas são muito felizes, me falaram que é a melhor sensação do mundo.

Jogo a cabeça para trás e observo o teto, fico curiosa para saber quando isso acontecerá comigo.

- Se já aconteceu isso com você, significa que você já se uniu? 

- Não. - ele ri.

Faço a cara mais confusa que consigo e ele solta aquela risada alta que, aparentemente, estou começando a gostar.

- Você parece confusa.

- E estou. - dou uma risadinha. - Você disse que suas amigas disseram que é uma sensação maravilhosa estar unido com alguém que você tem uma grande atração, e do jeito que você falou, você parece querer muito isso.

- Eu quero. - ele sorri bobamente. - Mas é complicado.

- O que? Ela que não quer? - arregalo os olhos. 

Não posso acreditar que uma garota o recusaria, a não ser que ele tenha algum defeito, que eu ainda não descobri, que derrube todas as suas qualidades ou talvez um passado obscuro que prejudique um bom relacionamento. 

Ele ri da minha cara de surpresa e então dá um peteleco na minha testa.

- Você acha que tudo é muito fácil, não? - ele debocha. - Falando é bem simples, mas na prática é bem complicado.

- O que é complicado? - massageio a testa.

- Eu não disse que as partes lobas tem que aceitar uma a outra? - ele explica. - Então, a minha parte já aceitou, mas a dela não aceitou ou ela mesma ainda não percebeu que a loba dela já aceitou.

- Estou vendo que não sou a única que sofre no amor. - digo enquanto confirmo com a cabeça. - Acho que depois dessa, nós dois precisamos nos divertir.

- Concordo plenamente. 

Nos levantamos, pegamos nossas mochilas com trocas de roupa e saímos, ainda bem porque eu já estava ficando com vontade de tomar um ar fresco e me sentir livre de novo.
 


Notas Finais


Ahh, então.. eu vou VIAJAR hoje e volto dia 08/02... ou seja, nada de fic até lá, mas eu não irei abandoná-la, fiquem tranquilos. Se quiserem saber mais, vocês podem ir até o meu jornal.

Obrigada. E espero que tenham gostado.


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