Senti alguns pontapés e acabei abrindo os olhos, não me surpreendi quando vi a cabeça do Triton sobre a minha barriga.
- Olha só, meu amor, você conseguiu acordar a dorminhoca da sua mãe. - ele falava com uma voz manhosa. - Bom dia, minha flor.
- Bom dia, meu amor. - ergui o corpo assim que Triton veio se sentar ao meu lado.
- Está se sentindo melhor? - tocou em minha testa conferindo a minha temperatura.
- Estou ótima. - afirmei sorrindo. - E com fome.
- Então, vamos comer! - ele riu e me ajudou a levantar.
Enquanto ele foi preparar o café, troquei-me colocando uma bermuda bem confortável e uma regata. Em seguida, fui até a cozinha e aproveitei para consultar o relógio de parede, eram onze e meia da manhã.
- Caraca! - surpreendi-me. - Agora entendo porque me chamou de dorminhoca.
- Que nada, você fez bem em dormir bastante. - declarou assim que colocou um café da manhã maravilhoso em cima da mesa.
- Se você diz. - murmurei e comecei a comer.
Triton sentou a minha frente, mas não comeu nada, era provável que ele já tivesse tido seu café da manhã.
- Você é o melhor cozinheiro do mundo! - elogiei-o. - E meu claro! - comecei a rir.
Ele riu e ficou me admirando, enrusbeci e ao terminar de comer, levantei para limpar a louça.
- Pode deixar que...
- Triton Cerutti... - sorri fazendo aquela cara de não ouse. - Posso cuidar disso.
- Tudo bem. - ele deu de ombros e grudou nas minhas costas. - Mas vou ficar aqui.
- Pode ficar. - assenti e comecei a trabalhar.
- Você está a cada dia mais linda e mais gostosa. - beijou meu pescoço.
Curvei-me um pouco e dei risada, Triton dizia isso quase todos os dias, e o que eu entendia era que eu estava ficando cada dia mais grávida, se isso for possível, é claro.
Não demorou muito para que eu deixasse a cozinha limpa, Triton ficou resmungando sobre o esforço desnecessário que eu estava fazendo até que eu lhe puxei a bochecha, ele pediu desculpas e ficou quieto se aconchegando atrás de mim.
- Quando nós vamos comprar o seu vestido? - ele murmurou.
- Acho melhor no sábado, certo?- soltei suas mãos de mim e virei-me para fitá-lo. - Porque você tem o dia livre e podemos ir a hora que quisermos.
- Certo! - como era possível que ele gostasse tanto de me comprar vestidos?!
- E quando vamos comprar as coisas para a April? - mordi o lábio e vi seu sorriso encontrar os meus lábios.
- Podemos ir essa semana ou depois do casamento do Charlie. - murmurou abafado em minha boca. - O que você prefere?
- Acho que pode ser na semana que vem, assim podemos dar toda a nossa atenção. - expliquei.
- Acho mais do que justo. - ele me beijou devagar.
Sua mão deslizou pelo meu corpo até chegar ao meu ventre, sorri feito boba assim que nossas bocas se separaram. Triton também sorria, então decidi provocá-lo.
- Então, quer dizer, que Sven e Jonny não tem a mínima chance com a April? - brinquei segurando o riso.
- Nem comece. - ele fez um bico, agachou-se e começou a falar com a April. - Ei, meu amor, não ligue pras besteiras que a sua mãe fala... Papai vai te proteger desses maus elementos.
- Que papai mais dedicado. - comentei e depois coloquei uma das mãos na minha barriga. - April, mamãe não vai deixar papai perder o controle, está bem?
- Eu não vou perder o controle. - ele revirou os olhos. - Sua mãe que pensa que eu vou deixar você ser safada que nem ela. - brincou tentando me provocar.
- Calúnia! - mostrei-lhe a língua. - A mamãe era santa, papai corrompeu.
Triton arregalou os olhos e seus lábios pronunciaram a seguinte frase espere ela nascer e você verá o que é ser corrompida.
- Não se preocupe, April, mamãe te ama. - afirmei fingindo não ter entendido a mensagem dele.
Ele riu baixinho e colocou a mão em cima da minha, ergueu um pouco a cabeça e beijou a minha barriga.
- Papai te ama muito, e mal pode esperar para você chegar. - foi tão gostoso ouví-lo dizer aquilo.
- Não me ama mais? - fingi magoada.
- É claro que te amo, sua boba. - ele se levantou e me beijou. - Eu amo as duas, e muito... muito mesmo.
- Ohhh... Que fofo. - segurei seu rosto. - Que lobo mais domado é esse?
- Não brinque com o fogo, Kristine. - ele rosnou como aviso.
- Agora sim. - dei-lhe um beijo rápido e virei-me para ir até a sala.
Sentei no sofá e logo Triton estava ao meu lado, colocando seu braço por cima do meu ombro e beijando o topo da minha cabeça. Ele sempre fora carinhoso, mas a cada dia ele ficava ainda mais e isso me deixava mais manhosa.
- Você sabe que está me mimando demais, certo? - fechei os olhos e ouvi o barulho da tevelisão ligando.
- Sei. - ele riu e me deu mais um beijo. - Mas você gosta, então vou continuar.
- Justo. - murmurei e abri os olhos.
Estava nos comerciais, mas a informação do canal dizia que iria começar o filme Jogos Vorazes, que era um dos meus filmes favoritos, pena que Triton não ficaria até o final. Já era meio dia e seu turno do trabalho começava a uma da tarde.
- Deixe-me mimar você agora. - afirmei e bati duas vezes no meu colo. - Vem cá.
Ele nunca resistia, porque com a cabeça em meu colo, Triton conseguia ficar o mais próximo possível da nossa filha. E enquanto ele murmurava palavras fofas para April, eu fiquei lhe fazendo carinho.
Era um dos jeitos que eu podia agradá-lo e isso me fazia tão feliz, vê-lo sair para trabalhar com aquele sorriso lindo no rosto.
*
O almoço estava muito bom, por causa da marmita que Triton havia feito especialmente para mim, pelo menos era isso que estava escrito no papel em cima da comida: comida especial para a grávida mais linda de todas.
Depois de comer e arrumar a cozinha, peguei minha bolsa e sai de casa, hoje, tinha combinado com algumas pessoas de fazermos mais algumas mudanças no cantinho das crianças. Triton sabia desse meu compromisso, e só havia me permitido porque eu já sabia das minhas limitações e da regra de sempre ligar para ele.
Ainda me sentia um pouco sufocada, mas não poderia culpá-lo por se preocupar, então continuei meu caminho sem me estressar. Assim que cheguei, notei pelos cheiros que todos já haviam chegado e só esperavam por mim.
- A chefe chegou. - Bruno brincou e piscou para mim.
- Estou longe de ser a chege de alguém. - sorri e os cumprimentei com um aceno de cabeça. - Como estamos?
- A casinha já está seca e só precisamos dar mais uma mão. - Amanda estava toda animada.
- Nós terminamos os poufs! - Courtney apontou para ela e para a Lyra.
Fiquei surpresa com a rapidez das duas, já que eu que tive que ensiná-las a preencher e costurar os poufs.
- Quantos vocês fizeram? - indaguei curiosa.
- Fizemos dez! - Courtney sorria vitoriosa.
- As cores foram rosa, azul, amarelo, verde, laranja, vermelho, roxo, marrom, branco e preto. - Lyra contava nos dedos.
- Caramba! - Natan arregalou os olhos. - E onde enfiaremos isso tudo mesmo?
- Como são feitos exclusivamente para crianças, ouviu Max? - Bruno observou o mais velho, que tinha um jeitão de criança. - Todos vão caber na casinha mesmo.
E a casinha não era pequena, tinha quatro salas e ainda tínhamos de pintar as mesinhas e outras coisas.
- Mas eu não ía usar os poufs! - Max se defendeu. - Agora os brinquedos daqui de fora são outra história.
- Max! - Courtney o alertou.
- Bom... E alguém já sabe como faremos a gangorra, o gira-gira, o escorregador e a balança? - mudei de assunto para que eles não começassem uma briga.
- E também tem aquelas áreas com areia. - Amando lembrou.
- Certo, então... Alguma ideia? - Lyra segurava o queixo numa pose pensativa.
Nunca imaginei que eles fossem levar isso tão a sério, pois nenhum ali tinha filhos e muito menos planos para isso.
- Estou louca para ser a babá da April! - Courtney gritou.
Então eles já estavam sabendo, pelo visto, não terei de explicar muitas coisas a eles.
- Falando nisso... Qual foi a cara do Triton quando descobriu que era uma menina? - Lyra ria.
- Ahhh, vocês sabem como ele é... Virou o macho da família no mesmo instante, dizendo que a protegeria e tals. - consegui rever a cara de felicidade dele ao dizer o nome April.
- Que legal! - Natan deu um giro e sua tatuagem ficou bem visível, fazendo Amanda dar um suspiro.
- Tive uma ideia! - Bruno sorria. - E se nos dividirmos para que uma parte vá comprar alguns materiais na cidade enquanto a outra termina de pintar a casinha?
- Ótima ideia, só temos que decidir onde a Kristine vai ficar. - Courtney comentou.
- Como assim onde eu vou ficar? - ergui uma sobrancelha. - Não comecem com frescuras.
- Mas chefe, você não pode fazer muito esforço e acho que está muito calor para você ir até a cidade. - Bruno explicou.
- Certo, e quantos de vocês o Triton torturou para falar isso? - sorri sarcasticamente.
- Kristine! - Amanda me abraçou. - Fique aqui pintando comigo, por favor.
Agora havia sido apelação, não tive como negar esse pedido.
- Tudo bem eu fico. - suspirei. - Mas quero saber quem vai sair e quam vai ficar.
- Sim, capitã! - Max parecia uma criança muito feliz. - Eu, Amanda e a Lyra iremos ficar aqui, e o Bruno, o Natan e a Courtney vão até a cidade.
- Certo, e o que vocês vão comprar na cidade? - perguntei já que o dinheiro era de todas da alcateia, parecia que eles queriam que a alcateia estivesse cheia de crianças, nada contra, apoio a ideia.
- Vamos comprar o escorregador e montá-lo aqui. - Courtney disse.
- Compraremos o gira-gira e vamos montar aqui também. - Bruno comentou.
- Vamos comprar as peças para fazer as duas balanças e o suporte, e tinta. - Natan lembrou.
- E a gangorra, eles só irão comprar algumas peças, porque temos a madeira e precisaremos de tinta também. - Lyra avisou-os.
- Então, podem ir... Tomem cuidado e me liguem se precisarem de algo. - acenei dando-lhes permissão.
- Como se eles fossem te ligar... - Lyra riu. - Eles vão fazer de tudo para ganhar um crédito com o seu lobo.
- Verdade. - suspirei frustada. - Bom, vamos começar aqui também... nada de moleza!
- Sim, capitã! - Max pegou as latas de tinta e começamos a dar o último toque na casa.
- Mãos à obra! - Amanda gritou e começou a pintar.
Comecei a rir, esses novatos sabiam como alegrar o dia. Sem demora, peguei um pincel e comecei a pintar, era provável que acabássemos isso hoje.
*
O céu estava limpo, mas o vento forte indicava que logo choveria, estava deitada na grama perto da grande árvore, minhas mãos e a minha cara estavam cheios de tinta.
Já havia terminado a minha parte, só faltava a Lyra, Max e Amanda terminarem a deles, tenho vontade de rir ao lembrar o motivo dos três estarem atrasados.
Já havia se passado quase duas horas, comecei a me sentir cansada e fui atrás da mini-geladeira portátil que Lyra trouxera.
Usei meus sentidos e achei a bolsa, peguei uma água gelada e a bebi pela metade, foi então que ouvi alguns murmuros... e gemidos? Com passos leves segui os barulhos que me levaram para fora da casa.
Não consegui acreditar no que estava vendo, Max estava espremendo a Lyra na árvore, e eles se beijavam com muito fogo, havia mãos passando de la pra cá e daqui pra lá.
Olhei para os lado e vi a Amanda observando tudo, Lyra gemeu mais alto quando Max a pressionou com mais força. As caras da Amanda eram de surpresa, curiosidade... e até de indignação.
Não os interrompi, nenhum dos três, sabia como era perder a noção do mundo a sua volta quando seu namorado ficava excitado. E Amanda parecia entretida demais para que eu a interrompesse.
Respirei fundo e me sentei na grama, encostei as costas na grande árvore e senti April começar a me chutar.
- Ei, pequena, você deve estar louca para brincar aqui. - murmurei enquanto me alisava. - Ou está com saudades do papai?
Ela deu mais alguns chutes e socos leves, era um sinal de que queria chamar atenção, bebês gostam de escutar as vozes dos pais.
- Mamãe estava pensando se você quer que eu cante para você... - comentei. - Você quer?
April se mexeu, o que considerei como um sim. Suspirei e pensei em alguma música calma, pelo menos, a minha versão será calma. Fechei os olhos e lembrei dos momentos mas felizes da minha vida, em quase todos, Triton estava presente.
Senti-me inspirada e soube o que cantar, abri os olhos e toquei na minha barriga, April deu dois solavancos mostrando sua impaciência, talvez?
- Tudo bem, mamãe decidiu o que cantar. - sorri e comecei com um ritmo mais calmo do que da música original. - Sun is coming up over the hill, I can hardly sit still, I got the will and I'll find a way... I am not afraid...
Um vento fresco passou por nós, fazendo o calor perder sua força.
- Waited for the chance all of my life, I can't watch it go by now is the time, it's our choice to make... Every breath we take... - a cada palavra eu podia sentir que April estava gostando, não sei explicar como... Eu apenas sinto isso.
- No more praying off your knees, play your heart out till your fingers bleed... - sorri deixando a música mostrar-me as melhores lembranças. - Yesterday's history, tomorrow's a mystery... But today we're gonna shine.
Conseguia ver um futuro no qual April poderia se divertir sem medo de se expor, e também via Triton, o pai coruja, todo contente virando uma criança ao brincar com sua primeira filha.
- So put your hands up and touch the sky, cause the sky is the limit tonight... We are all born to fly. - com isso fechei os olhos e inspirei fundo, consegui até sentir o cheiro alpiste, maracujá e chantilly.
Abri os olhos e não os vi, porque estavam cheios de sacolas assim só conseguia ver seus pés. Segurei a risada, já que eles pareciam estar esgotados.
Então Courtney conseguiu me ver sentada no chão, ela teve um surto e quase deixou tudo cair no chão, sorte que Max a estava ajudando e teve tempo de pegar tudo.
- Você está passando mal?! - ela gritou enquanto eu me levantava. - Alguém ligue para o Triton!
- Não! - levantei a mão. - Eu só estava descansando, só isso...
- É verdade... Até agora pouco eu a ouvi cantando. - Amanda veio em minha defesa. - Aliás, sua voz é linda Kristine. - corou.
- Obrigada. - eu a teria abraçado se meus sentidos não tivessem me avisado do que estava para acontecer. - Temos que guardar as coisas dentro da casinha e voltar pra casa... Vai começar a chover logo.
- Como você? - Natan estava confuso.
- Coisas de grávida. - Lyra mencionou.
- Até que você entende bastante disso. - Bruno riu. - Está pensando em...
- Não! - Lyra ficou vermelha.
- Ei, cara, não implique com ela. - Max a defendeu, mesmo sendo o lobo menos dominante dali.
- Tudo bem, vamos nos apressar ou vocês querem que a capitã Kristine pegue chuva? - era o único jeito de fazê-los pegarem no tranco.
Em menos de cinco minutos, eles haviam guardado tudo e cada um estava indo para a sua casa, não quis que me acompanhassem até em casa, porque estávamos dentro da alcateia, o que de mal poderia me acontecer?
*
Retiro o que disse sobre não haver mal algum, no meio do caminho de volta, Bryan apareceu, quase chorando.
- Acalme-se e me fale o que houve! - coloquei as mãos em seus ombros.
- A Eva... Nós estávamos andando na floresta quando ela me empurrou e ficou presa em uma armadilha! - sua respiração estava muito acelerada.
Fingi não ter notado a intimidade ao usar o nome da Evanie, e me concentrei no que poderíamos fazer, Triton me mataria se soubesse que eu saí para ajudar alguém pois eu estaria colocando em risco a minha vida e a da April.
- Preciso ligar para ele. - murmurei e peguei meu celular.
Assim que ele atendeu alguma coisa acertou a minha mão, algo muito quente que me fez gritar. Bryan me segurou visto que perdi o equilíbrio, conseguia ouvir Triton gritando do outro lado da linha, mas o cheiro da prata confundiu todos os meus sentidos.
- O que eles estão fazendo aqui? - consegui sentir a presença de apenas um caçador. - Bryan, precisamos sair daqui, agora!
O meu grito foi suficiente para acordá-lo, corremos para trás de uma das casas, e ainda não compreendia como ele havia vindo parar tão longe da entrada.
- Bryan, você viu se foi esse cara que armou a armadilha? - perguntei ainda sentindo a queimação da bala na mão.
- Sinto que foi ele, pelo cheiro. - só então viu o sangue da minha mão. - Ahhh, Kristine! Me desculpe! Eu não deveria...
- Shhh... A culpa não foi sua. - tapei sua boca com a outra mão. - Agora temos que ficar escondidos e tentar chamar ajuda.
Nunca essa seria uma das minhas ações, contudo, hoje eu não estava sozinha, jamais colocaria a vida da minha filha em perigo.
- Vou tirar a gente dessa, prometo. - os olhos caramelos dele brilharam, como eu nunca havia visto antes.
Mas a coragem dele não seria suficiente, eu sabia disso. Tínhamos pouco tempo, o homem logo nos acharia, e quanto mais próximo estava, mais palavras sem sentido eu o ouvia balbuciar.
- Vocês mataram a minha filha... Eu soube que ela a traiu... A melhor amiga! - estava histérico, lágrimas não paravam de cair.
Então eu soube quem era... O pai da Amy. Entrei em pânico lembrando de como fora horrível aquela época, desde a traição com direito a tortura até a visão da morte da minha ex-melhor amiga.
Quando dei por mim, estava gritando e me abraçando, só reparei que estava sangrando quando Bryan segurou os meus braços.
- A culpa não foi sua! - ele tentava me acalmar.
Infelizmente, chamamos a atenção do Senhor Tohed, que me reconheceu no mesmo instante, seus olhos cheios de raiva me fuzilaram e eu achei que fosse morrer.
Mas eu não poderia, não agora... Então eu gritei com todas as minhas forças:
- Triton!
Revoltado o homem apontou a arma e mirou, desejava me levantar e fugir, porém meu corpo não respondia, olhei novamente para a minha mão e vi uma substância rosada.
- O que você fez com ela? - Bryan se colocou a minha frente.
- Eles me deram essas balas especiais... - ele chorava. - Disseram que podia neutralizar qualquer um desses monstros!
- Kristine não é um monstro. - Bryan rosnou.
- Eu não quero matar você, Bryan. - o homem estava pronto para atirar. - Só saia da minha frente.
Com toda a minha força de vontade, arranquei a bala da minha mão, mordi o lábio com tanta força que ele começou a sangrar, mas o formigamentto começou a passar, conseguia mexer o corpo só que mais devagar.
- Eu não a matei! - gritei tentando convencer-me de que a morte dela não havia sido minha culpa. - Não fui eu..
- Eles me contaram tudo! De como você a induziu a se matar! - ele urrava de raiva. - Sua monstra! Você não se sente culpada?
- Eu não a matei... - fiquei repetindo sem parar, até que o vento me trouxe o cheiro da pessoa que mais precisava, que mais confiava. - Triton... - ergui a cabeça e o vi com a arma na mão, sem demora, ele a quebrara em três pedaços.
- Kristine nunca matou a sua filha! - rosnou.
No mesmo instante, começou a chover e dois lobos chegaram, um deles era Travis - um grande lobo preto - e o outro era Oleif - um grande lobo branco. Ouvi Bryan suspirar aliviado, ele se virou e veio me abraçar.
- Está tudo bem. - ele enxugou minhas lágrimas, lágrimas que eu nem sabia que estavam ali. - Vamos ficar bem.
Concordei com a cabeça alheia ao que acontecia atrás do Bryan, eu só ouvi quando Fernando chegou e comunicou que mataria o pai da Amy, afinal, agora ele era um caçador.
Mas eu poderia deixar uma família inteira ser morta por minha causa? Eu me levantei e fiquei tonta, mas me mantive em pé. Triton arregalou os olhos e correu me segurar.
- Ele não pode matá-lo. - implorei. - Por favor.
- Esse homem é um caçador agora, Kristine. - Fernando suspirou. - Sinto muito.
- Mas... - eu não tinha argumentos, e por que estava defendendo um homem que tentará matar eu e minha filha?
- Ele colocou em risco a nossa família. - Fernando voltou a encarar o pai da Amy. - Tirem-na daqui.
- Está feliz agora, Kristine? - ele me amaldiçoou com um olhar.
- Eu não a matei! - gritei chorando mais ainda.
Triton me colocou contra seu peito e tentou me acalmar, mas eu estava entrando em um buraco tão escuro... e tão fundo.
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