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História O Cheiro da Lua - Separação


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Esse capítulo vai despertar a fúria em várias pessoas.

Boa leitura.

Capítulo 90 - Separação



Estava de olhos abertos, mas havia uma fenda cobrindo meus olhos e minhas mãos e pés estavam amarrados, respirei fundo sentindo o cheiro de hortelã, abacate e mexirica.

Destiny, Elizabeth e Jule. Então foram elas as outras três escolhidas, também notei que minha cabeça não doía mais, portante já devia ter se passado pelo menos vinte e quatro horas.

Então ouvi uma porta sendo empurrada, depois alguém tirou as nossas fendas, havia quatro homens parados na nossa frente. Um deles era o alfa, o chamado Daniel, pude reconhecê-lo pelo cheiro e pelos olhos escuros.

- Que bom que estão acordadas. - comentou com um sorriso. - Sou o alfa de vocês agora e me chamo Daniel.

Nenhuma de nós respondeu.

- Bom... - ele riu e acenou para que os outros as pegassem. 

Uma por uma foram sendo tiradas daquele armazém, no fim, estava sozinha ali sem conseguir me defender.

- Kristine, estou certo? - ele me levantou com facilidade e me soltou enquanto me alertava. - Qualquer gracinha e suas amigas morrem, entendeu?

Assenti sentido-me uma inútil.

- Vamos, irei lhe mostrar a nossa casa. - segurou a minha mão e me levou até uma grande escada.

Então o armazém era parte da casa, que era enorme aliás, como uma mansão estava dentro de uma floresta? Eles viviam em uma floresta, certo?

- Não se preocupe, a casa é segura e bem escondida, nenhum caçador irá achá-la. - comentou. - E muito menos seus antigos lobos.

- O que você quer tanto com a gente? - recuperei a voz.

- Simples, depois do ataque do Fernando a minha alcateia, desculpa... Nossa alcateia, as fêmeas ficaram muito traumatizadas e estão com dificuldade de engravidar, então só pegamos algumas mulheres da alcateia dele para nós. - explicou. - Nada mais do que justo.

- Justo? - arregalei os olhos e soltei-me de sua mão. - Você nos separou da nossa família!

Estava ficando mais nervosa do que deveria, mas estava difícil me conter.

- Eu já disse como amo lobas rebeldes? - ele rosnou e senti tanto medo que tive de abaixar a cabeça. - Mas sempre é possível domá-las, certo?

Puxou meu cabelo e lambeu o meu pescoço, tentei lhe dar um soco, mas meu punho foi segurado.

- Nada disso. - ele me prensou na parede. - Você deve ser castigada para aprender?

Rosnei e senti meu braço ser quebrado, caí no chão chorando, mas logo fui erguida pelo cabelo.

- Aprendeu a lição? - fez-me olhar em seus olhos.

Não precisei responder, era mais do que óbvio que pensaria duas vezes antes de enfrentá-lo novamente... Mais um dia eu o enfrentaria, disso tinha certeza.

*

Daniel não descansou até me arrastar para o seu quarto, e fiquei surpresa, mas não do modo feliz que ele imaginou. Aquele cômodo não podia ser chamado de quarto, parecia um apartamento: tinha um quarto, uma mini cozinha, uma mini sala, um grande banheiro e um closet.

Abracei-me sentindo aquele medo do desconhecido, April se mexeu e lembrei de como Daniel a queria como filha... Eu nunca deixaria isso acontecer.

- Quer tomar um banho? - senti seu peito encostar nas minhas costas.

Afastei-me fingindo estar hipnotizada pela sofá, não queria ter mais nenhum osso do corpo quebrado.

- Gostou? - ele havia caído, o que me fez voltar a respirar.

- Sim, parece ser novo. - forcei um sorriso e me sentei no mesmo. - Bem confortável.

- É que você ainda não viu a cama. - isso havia acabado de ser uma cantada?

Fitei-o e esperei que ele prosseguisse, parecer uma mulher ingênua foi minha melhor estratégia.

- Bom... Como não quero acelerar as coisas. - seu sorriso me deu calafrios. - Vou tomar um banho e em seguida você pode ir.

- Obrigada. - consegui dizer.

- Fico feliz que seja educada. - aproximou-se, sua mão tocou a minha bochecha.

De repente, meu cabelo foi puxado para trás e seu nariz tocou o meu pescoço.

- A única coisa que me irrita é o cheiro do seu antigo lobo em você. - rosnou e eu tremi.

Por que eu tinha tanto medo desse cara? Simples, minha filha estava comigo e se eu morresse, ela iria junto. E eu não podia decepcionar o Triton, nossa promessa de criar a nossa família ainda não estava concluída.

- Sinto muito. - murmurei, pois não podia desafiá-lo e tinha de mantê-lo feliz para não machucar a minha filha.

Daniel soltou meu cabelo e sorriu, não disse nada, apenas se virou e saiu em direção ao banheiro. Soltei um grande suspiro, continuei sentada, mas fiquei pensando em como escapar dali.

As outras estavam nessa alcateia também, esperava que estivessem bem, tínhamos que nos encontrar, talvez eu conseguisse convencer o Daniel a fazer algum jantar assim poderia vê-las.

*

Não foi fácil convencê-lo, pois Daniel ainda desconfiava de mim e sua posição de alfa era muito dominante. 

- E como está o seu braço? - perguntou assim que terminei de tomar o banho, estava só de toalha e me assustei quando ele entrou no banheiro.

- Está bem... - engoli em seco, tentei cobrir todo o meu corpo com a toalha, por sorte eu era bem pequena.

Seu sorriso era para ter sido sedudor, mas me fez tremer e agarrar a toalha. 

- Que bom. - parou de sorrir. - Tem roupas limpas para você na cama.

Daniel se virou e saiu, meu coração batia rápido no peito, April se agitou, por isso coloquei a mão em cima da minha barriga.

- Ei, meu amor, não fique assim... Vai dar tudo certo, logo veremos o papai de novo, eu prometo. - sussurrei.  

E como Daniel disse, havia um conjunto de lingerie branco e um vestido preto que me servia, coloquei pois não desejava ficar nua e depois saí do quarto.

Sabia que alguns convidados já haviam chegado, mas os cheiros das minhas amigas eram o que me importavam e graças a Amaterasu, senti o das três. Assim que terminei de descer as escadas, eu as avistei, todas estavam - infelizmente - acompanhadas e não eram pelos seus lobos.

- Atenção! - todo o barulho parou, a voz de Daniel encheu a sala de jantar. - Quero que conheçam minha nova mulher, Kristine.

Todos os olhares pousaram em mim, minha bochecha ficou tão vermelha que a senti esquentar, quis recuar, porém os olhares de coragem das minhas amigas me ajudaram a permanecer em pé.

- Prazer. - balbuciei.

Daniel veio ao meu encontro, ouvi Destiny rosnar, ele ergueu uma sobrancelha e soube que algo de ruim aconteceria.

- Brad, controle a sua mulher, ela não sabe respeitar o alfa. - Daniel me puxou contra seu corpo.

Destiny ia vir em nossa direção, mas um lobo tão assustador quanto o alfa rosnou e a puxou pela cabelo, jogando-a no chão de costas.

- Não! - gritei, e tentei me desvencilhar de Daniel. 

Brad sorriu maliciosamente e pisou com força no joelho de Destiny, o barulho de ossos quebrando fez meu estômago se revirar.

- Deixe-a em paz! - gritei, mas Daniel me deu uma cabeçada.

Fui perdendo os sentidos, mas consegui ouvir Destiny gritando de dor, Elizabeth estava segurando o choro e Jule tremia. A minha dor logo passou, mas foi o tempo suficiente para que levassem Destiny dali.

- Podemos voltar ao nosso jantar? - Daniel me puxou até a mesa.

Haviam vários "casais", Elizabeth e Jule estavam tão desconfortáveis quanto eu, entretanto sabíamos que qualquer desagrado seria punido. E enquanto os homens conversavam animadamente durante o jantar, as mulheres ficavam quietas e só falavam quando a palavra era direcionada a elas.

Onde estava a minha coragem de sair correndo dali? O problema era se eu fosse pega, o que provavelmente aconteceria, e então eu poderia perder a April.

- Kristine. - Daniel me chamou. - As mulheres vão poder conversar agora lá na sala de estar, pode ir.

- O-Obrigada. - tive de agradecer, e depois me levantei sem trocar olhares com os outros machos.

*

Sentei-me perto das duas, Eliza estava com os olhos vermelhos e Jule parecia em choque.

- Vocês estão bem? - parecia a pergunta mais idiota a ser feita. - Desculpe... Eu só não sei...

- Kristine... Estamos mais preocupadas com você do que com a gente. - Eliza encarou o meu braço que estava enfaixado improvisadamente.

- É verdade... - Jule me olhou com cuidado. - Afinal, apenas a mulher do alfa mora com ele, nós moramos com outras mulheres.

- Como assim? - era uma ótima notícia que elas dormiam com outras mulheres, mas ainda sim confuso. 

- Essa alcateia não uni os casais, eles priorizam a procriação, por isso uma loba só fica na casa de outro lobo se ela estiver grávida ou se for a escolhida do alfa. - Eliza me explicou com tristeza.

- Então, vocês que vão cuidar da Destiny... Ainda bem. - afirmei mais aliviada.

As duas sorriram de leve e depois voltaram a me olhar daquele jeito receoso, sabia o que estavam pensando. Eu estava sozinha na casa de um alfa, e ainda por cima grávida, minha situação era péssima.

- Não se preocupem, se eu me manter na linha, tenho certeza que consigo sobreviver. - comentei. - Só temos que esperar eles virem nos buscar.

- Eles virão. - Jule assentiu e olhou em volta.

Todas as outras lobas eram magras e seus olhos eram repletos de medo e insegurança. Eu só não queria que minha filha ficasse como elas.

- Chega de conversa, hora de vocês irem para casa. - um outro lobo que fedia a bebida surgiu atrás de nós.

Ele riu e tocou o meu ombro, instantaneamente a parte loba da Eliza entrou em ação e ela se transformou para me proteger. Eles iriam matá-la desse jeito, e antes que eu pudesse agir, esse mesmo lobo se transformou e começou a brigar com a minha amiga.

Era maior e mais forte, primeiro suas garras lhe acertaram no olho, Eliza perdeu o equilíbrio e recebeu uma mordida no pescoço, mas consegui a tempo tirá-lo de cima dela.

Infelizmente, o lobo veio para cima de mim, mas Daniel rosnou tão alto que o fez recuar.

- Já chega, Kevin! - colocou-se a minha frente. - Entendo que queira punir a sua mulher, mas não aturarei que machuque a minha mulher nem a minha filha.

- Ela não é a sua filha! - Jule estava chorando. - Nenhuma de nós é sua nem de ninguém daqui! Vocês vão ver quando o nosso verdadeiro alfa chegar!

Não tive como impedir, um homem se aproximou da Jule e sem pensar duas vezes quebrou o seu pescoço, o crack que ouvi comprovou a morte, seguido do baque do seu corpo ao chão.

Todas as lobas tremeram e ficaram imóveis, Eliza grunhiu e me olhou preocupada, Daniel não pareceu gostar muito do que viu, mas mesmo assim aplaudiu.

- Nós precisávamos dela, porém estava causando muita encrenca... Boa decisão, Fred. - o alfa deles sorriu e depois me encarou. - Vá para o quarto, agora!

- Mas as minhas amigas... - levei um tapa na cara.

Eliza tentou se levantar, mas o lobo a estava segurando e rosnou.

- Estou bem. - disse a ela. - Só se cuidem, está bem? Você e a Destiny, por favor. - ela assentiu.

Virei e caminhei em direção a escada, temendo o que iria acontecer comigo.

*

Daniel não ficou bravo comigo, mas também não estava feliz, seu olhar escuro me manteve calada e sentada na cama. Primeiro, ele foi até o closet, depois se colocou a minha frente e meu coração acelerou.

- Olhe para mim. - sua voz era dura.

Sem dizer nada, ergui a cabeça e encarei seus olhos, um sorriso satisfeito brotou em seus lábios. 

- Não acho que você mereça ser punida, já que não me desrespeitou. - comentou. - Contudo, você não se mostrou grata por eu ter poupado duas de suas amigas.

- Obrigada. - engoli em seco. - Obrigada por ter parado os seus lobos.

- Melhor assim. - senti seu olhar me queimar.

Segurei-me para não fugir dali, Daniel ergueu uma sobrancelha como se pudesse ler a minha mente.

- O que foi? - perguntei cautelosamente.

- Estou pensando em como tirar esse cheiro horrível de você. - afirmou sorrindo.

Minhas mãos estavam fechadas sobre o lençol, num movimento rápido, Daniel me pressionou contra a cama, seu corpo era pesado e ele não tinha intenção de aliviar o seu peso sobre mim.

Sua boca me pegou de surpresa e seu beijo era algo violento, por reflexo dei-lhe um tapa no rosto. 

- S-Sinto muito. - arrependi-me, pois sabia que isso acabaria em punição.

- É assim que você trata o seu alfa? O SEU HOMEM? - gritou e me levantou da cama. - Responda!

- Não. - mordi o lábio rezando para que ele mantesse a April fora disso.

- Se você não estivesse grávida, eu te fodia até me satisfazer. - rosnou. - Escute aqui, Kristine, se eu te beijar, você aceita e acabou!

Seus dedos estavam quase quebrando o meu maxilar, fechei os olhos reprimindo um grito.

- Entendeu?!

- Entendi. - consegui dizer e ele me soltou.

- Muito bem. - bufou. - Agora vá se deitar!

Sem perguntar o motivo, fui até a cama e me deitei de lado, deixando as costas para ele. Daniel não reclamou, depois de alguns minutos ele adormeceu, porém eu não conseguiria dormir tão cedo.

Meu coração ainda estava acelerado e as imagens do acontecido no jantar estavam nítidas na minha cabeça, eu teria pesadelos, disso tinha certeza. Ouvi ele roncar e todo o meu corpo sentiu saudades do meu único companheiro: Triton Cerutti.

O que ele deveria estar pensando? Fazendo eu já sabia, procurando-me feito um louco e posso apostar que, pela primeira vez, ele e Travis estavam se ajudando.

Infelizmente, estava tão esgotada que acabei caindo no sono... Uma passagem direta e grátis para um pesadelo.


Estava muito escuro, mas meus olhos estavam abertos, havia vários vultos a minha volta. Olhos vermelhos assustadores surgiram, tentei correr, mas em meus pés existiam grossas correntes.

Também não tinha voz, olhei em volta... Ninguém conhecido. Mas os vultos não se aproximaram, apenas ficaram me encarando, esperando.

Esperando pelo o quê?



*

Eu acordei sozinha, tomei o café da manhã sozinha, fui até o jardim sozinha e fiquei tentando entender o meu sonho ruim... Até que uma mulher loira com vazios olhos castanhos se sentou ao meu lado.

- Olá. - disse sem me olhar.

- Olá. - respondi observando-a.

- Você deve ser a Kristine, certo? - agora ela me fitou, seus olhos sem expressão alguma. - Meu nome é Lindsey.

- Prazer. - forcei um sorriso.

- Meu pai é uma pessoa difícil, não? - afirmou. - Quantos anos você tem?

- Daniel é seu pai? - tentei não parecer tão abismada.

Como poderia? Ela não tinha nada a ver com ele.

- Sim. - assentiu e voltou a olhar para frente. - Eu tenho vinte e quatro, como é a maturidade?

- Eu tenho trinta anos... - senti obrigação em respondê-la. - E a maturidade é bem normal...

Pelo menos foi como me senti, já que Triton me ajudou com todo o processo.

- Qual era o nome dele? - um singelo sorriso se formou em seus lábios.

- Desculpe?

- O nome do seu antigo lobo? - apontou para a minha barriga. - O pai dessa criança.

Uma menina tão jovem e gentil morando nessa alcateia? Desconfiei, mas a respondi.

- Triton. - o nome fez meu coração doer.

- Ele te entregou mesmo para o meu pai? - sua voz era triste.

Era isso que Daniel contou a ela? E eu deveria mentir ou falar a verdade?

- Não. - optei pela verdade. - Seu pai e outros lobos pegaram eu e mais umas amigas. 

- Ahhh... Eu suspeitava, ele sempre faz isso. - suspirou. - Você vai ficar aqui pra sempre?

Mas antes que eu respondesse, senti o cheiro de Daniel, calei-me e me levantei devagar. Lindsey se levantou e ao invés de entrar na casa, correu pular o muro para sair.

- Parece que conheceu a minha filha. - sua voz me fez encolher. - Desculpe se ela lhe incomodou, ela anda meio rebelde.

- Não me incomodou, apenas me fez companhia. - comentei ainda sem me virar para olhá-lo.

Suas palavras me deixaram com mais raiva ainda, então se ele visse a íra em meus olhos, a conversa não acabaria bem. Ouvi seus passos indo embora, fechei os olhos e sentei novamente com as flores, só queria ficar sozinha.

*

Fiquei com fome e fui até a cozinha, não tinha comida pronta então tive de cozinhar. E quando já estava me servindo, Lindsey entrou na cozinha e sua barriga roncou.

- Está com fome? - sorri. - Eu fiz arroz, feijão e alguns bifes.

- Posso? - seus olhos estavam grudados na comida.

- Claro. - abri passagem para que ela se servisse.

Fomos juntas até a mesa e começamos a comer, Lindsey parecia realizada, imaginei que nunca comia comida feita na hora.

- Você cozinha tão bem! - disse assim que terminou. - Pode me ensinar?

- A cozinhar? - segurei um riso. - Claro.

- Jura? - ela pulou da cadeira. - Você é tão gentil!

Talvez eu conseguisse me manter sã e sobreviver a essa alcateia se passasse bastante tempo com essa garota.

Levantei e fui até a cozinha, April se debateu chamando pelo pai, incrivelmente, Lindsey notou isso.

- Qual o nome? - fitou-me com aqueles olhos vazios.

- April. - por que eu não conseguia esconder nada dela?

- Ela sente falta do Triton. - Lindsey havia decorado o nome dele. - Meu pai não pode saber disso.

Então ela entendia o perigo que era o próprio pai.

- Vai dar tudo certo. - forcei-me a acreditar nessa ideia.

- Eu vou te ajudar. - afirmou. - Não vou deixar que ninguém te machuque.

Observei ela se virar e começar a fuçar nos armários da cozinha, de repente, Lindsey se virou, agora sua expressão era bem preocupante.

- Você acha que ele vem te buscar? - sabia que ela falava sobre o Triton.

- Ele vem. - assenti e toquei meu ventre. - Tenho certeza.

*

- O que vocês estão fazendo? - Daniel chegou quando terminávamos o bolo de chocolate.

- Bolo de chocolate. - Lindsey respondeu na defensiva.

- Você está grávida, Kristine. - seu olhar parecia uma arma. - Está tentando me provocar?

- Não. - neguei, mas não sabia mais o que dizer.

- Ela estava me ajudando, eu implorei que ela me ensinasse a cozinhar. - Lindsey disse em minha defesa.

Daniel rosnou e deu um tapa na cara da filha, arregalei os olhos e quis protegê-la, mas minhas pernas não se mexeram.

- Ela não é sua mãe, Lindsey! - gritou. - Ela é a minha mulher! - preparou-se para lhe dar outro tapa.

- Daniel! - chamei-o e seus olhos me observaram, parando seu braço. - Cozinhar não é nenhum esforço, e Lindsey veio me fazer companhia.

Ele abaixou o braço e rosnou, veio em minha direção e tomou os meus lábios, mas dessa vez, fiquei quieta, deixando que Daniel me beijasse. Quando terminou, seu sorriso foi de satisfação, depois virou-se e foi embora.

- Kristine! - Lindsey me abraçou. - Desculpa... Não queria arranjar encrenca para você... Eu sinto muito.

- Não se preocupe, Lindsey. - comecei a ficar tonta e me apoiei na pia. - Vou ficar bem.

- O que foi? - desesperou-se. - Você quer que eu pegue algo?

- Um copo d'água, por favor. - respirei fundo.

Depois de beber a água, consegui andar até a sala, onde Lindsey ficou comigo cheia de preocupação.

- Isso não fez mal à April, certo? - seus olhos estavam marejados.

- Ei, Lindsey, não chore. - segurei sua mão. - Já estou bem e April vai ficar bem.

Sentia isso e não deixaria ninguém tirá-la de mim.

- Queria ter uma mãe como você... April tem sorte sem nem nascer ainda... - Lindsey começou a chorar.

E com todos os hormônios bombando no meu corpo, comecei a chorar também, todo o meu medo começou a me assustar e não reparei que estávamos abraçadas até que paramos de chorar.

- Quando eu sair daqui, você quer ir junto? - perguntei secando as lágrimas.

- Eu quero! - Lindsey sorriu e me abraçou mais forte. - Vamos nos unir, e um dia vamos sair daqui.

Respirei fundo e afaguei seu cabelo, Triton nos acharia, só não imaginava quanto tempo demoraria.

- Tomara que seja logo. - murmurei.

*

Quando Daniel chegou na casa já passava das dez horas da noite, Lindsey me ajudou a passar o tempo vendo filmes e jogando alguns jogos. Ambas precisávamos de algo para nos acalmar.

- Já tomou banho? - Daniel perguntou a mim.

- Já. - afirmei.

- E você, Lindsey? - bufou.

- Já também. - assentiu e continuou ao meu lado.

- O que está fazendo? - rosnou. - Se aproximando tanto da minha loba e da minha filha?

- Ela não é sua filha. - Lindsey respondeu e temi por ela.

- O que você disse? - Daniel veio para cima de nós.

- Ela só está com ciúmes. - defendi-a. 

- Ciúmes? - ele mesmo se deteve.

- Sim, ela era sua única filha até uns dias atrás. - expliquei.

O lobo bufou e encarou a loira filha, Lindsey se escondeu atrás de mim, tremia e suas mãos seguravam firmemente o meu braço.

- Ele não vai te machucar, não é, Daniel? - usei um dos melhores truques, sempre esperar pela resposta final do macho.

- Certo. - ele assentiu e extendeu a mão para mim. - Vamos para o quarto, agora!

Lindsey tentou me puxar, mas eu não tinha mais ideia de como salvá-la, então tive uma ideia.

- Posso colocá-la para dormir e depois ir para o nosso quarto? - ardia dizer "nosso".

Ouvi os barulho dos seus dentes trincando e fechei os olhos com medo, até que ouvi a fina voz de Lindsey.

- Por favor, pai, Kristine falou que ía me contar uma história para eu conseguir dormir a noite inteira. - colocou-se a minha frente, fazendo uma posição submissa ao alfa.

- Tudo bem, mas você vai dormir no seu quarto e a minha mulher dorme comigo na cama! - rosnou e saiu.

Juntas voltamos a respirar, Lindsey me guiou até o seu quarto, acabei usando a sua ideia e lhe contando uma história da minha infância. Quando finalmente dormiu, voltei ao quarto de Daniel, ele já estava deitado e assistia a televisão.

- Tire a roupa. - sua voz foi áspera. - Agora! - desligou a televisão.

Como se tivesse levado um choque, despi-me ficando apenas de calcinha e sutiã. Daniel se levantou e começou a me circundar, permaneci imóvel mesmo quando sua mãos tocaram os meus seios.

- Parece que você tem seios sensíveis. - disse já os apertando.

Tive vontade de gritar é porque estou grávida, animal!

- Quem é o seu alfa? - perguntou apertando-os mais forte.

Não conseguia responder, minha loba parecia enjaulada e rosnava querendo se libertar.

- Eu perguntei, quem é o seu alfa?! - soltou meus seios e puxou o meu cabelo. - Responda.

- Não sei. - segurei as lágrimas.

- O que disse? - soltou meu cabelo e me segurou pelo queixo.

Mas antes que eu pudesse responder, Daniel apertou o meu braço quebrado, fazendo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

- Quem é o seu alfa? - rangeu os dentes.

- Você. - minha loba estava destruída.

- Quem? - apertou mais ainda o meu braço.

- Você, Daniel, é o meu alfa. - gritei e ele me soltou.

Caí de joelhos no chão, fiquei ali quieta esperando por mais uma ordem, temendo o futuro da minha filha.

- Levante-se e coloque um pijama. - ordenou. - Depois venha se deitar.

Assenti limpando as lágrimas e com cuidado coloquei um pijama, meu braço latejada de dor, e tive que me deitar virada para cima assim não pesaria em meu braço esquerdo.

- Durma. - foi a última palavra e ordem do dia.


Notas Finais


Gente, esse capítulo foi muito tenso...

Não sei nem o que perguntar para vocês porque aconteceu tanta coisa!


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