História O Cheiro da Lua - Um novo modo de vida

Não tive nenhum pesadelo desde que me abrira com Triton, claro que contar a ele como meus dias haviam sido horríveis, não o fizera muito bem. E ainda me sinto culpada por vê-lo tentar manter seu lobo controlado.

- Você está bem mesmo? - pergunto enquanto sua cabeça está em meu colo.

- Estou. - responde olhando para o berço de April. - Fico feliz e aliviado que vocês duas estão bem agora.

Respiro fundo e ligo a televisão, nossa rotina não tinha mudado muito, Triton e eu ficávamos a manhã inteira juntos, e na maioria do tempo, April estava dormindo. 

Depois do almoço, ele ía trabalhar, mas algo me dizia que eu e April ficávamos sendo vigiadas por membros da alcateia, cada dia era um diferente. Era um jeito de disfarçar fazendo com que eu não notasse, às vezes, eles me subestimam.

Entretanto, nunca comentei com Triton que sabia disso, hoje, por exemplo, fico boa parte da tarde no quintal, April acordou e seus membros ficam se mexendo sem parar.

- Saudades do papai? - brinco com sua pequena mão que segura o mais forte possível um dos meus dedos. - Nossa, que força. - sorrio e ela sorri de volta.

Não que April já tenha dentes, mas o movimento de sua boca revela que havia sido um sorriso. Todos os dias eu a fico admirando, procurando detalhes que eu possa ter deixado passarem despercebidos.

Como Triton dissera, April tem os meus olhos e o meu nariz, mas também tem os lábios do pai e o cabelo. E parecia que era bem teimosa, o que era uma característica de ambos.

De repente, a campainha soou, levantei com April no colo, olhei no olho mágico, Destiny estava parada a porta com um leve sorriso. 

- Boa tarde! - digo assim que ela entra.

- Boa tarde! - Destiny me abraça com cuidado para não esmagar a pequena. - Ela é realmente linda!

Vamos até a sala e a deixo segurar a minha filha, Destiny me lembrou de quando vi o filho da Lorena pela primeira vez. 

- Como vão as coisas? - pergunto, pois sei que não foi fácil para nenhuma de nós.

- Indo. - responde dando de ombros. - Tento relaxar o máximo possível, pois Travis ainda não está no controle total do seu lobo.

- Idem. - suspiro. - Mas com o tempo vamos superar isso...

Um silêncio atinge a sala, os olhos de Destiny parecem tristes e sua boca se curva de modo tenso.

- Poderia ter sido uma de nós... - disse sem me olhar.

Sabia que se referia a morte de Jule, nenhuma de nós esperava por aquilo... Havia noites que sonhava com aquela cena.

- Mas não foi... Então temos que ser gratas, certo? - ela mesma concluíu o pensamento.

- Com certeza. - assinto.

E como se fosse para nos ajudar nesse momento estranho, April começa a chorar, Destiny se desespera e a entrega para mim.

- Foi algo que eu fiz? - estava preocupada e isso me fez rir.

- Não. - disse assim que parei de rir. - Ela só está com fome.

Fitei a pequena em meu colo, esse choro em especial indicava que era hora de mamar. Por sorte existem sutiãs próprios para grávidas.

- Você é muito boa nisso. - comentou assim que April começou a mamar, e consequentemente parou de chorar.

- A gente pega o jeito. - afirmo. 

- Espero que sim. - seu rosto ficou vermelho. - Kris... 

- Sim? - paro de olhar para a minha filha e noto como Destiny ficou sem jeito. - Des... Você está grávida? - é a única coisa que consigo pensar.

E já me apavoro, pois não sabia se ela e Elizabeth haviam sido assediadas naquela alcateia.

- Não sei... Acho que sim... - não parece que ela está com medo, só confusa. 

Então fica claro que ela percebe o meu receio.

- Ah, não! - ela nega. - Fique tranquila, nenhum deles conseguiu me levar pra cama.

- Quer me matar do coração? - suspiro aliviada. - Ainda bem.

- Pelo que eu entendi, eles estavam esperando aquela cerimônia para poderem fazer o que bem entendiam... - resmunga. - Por sorte nossos salvadores chegaram.

Concordo com a cabeça e sinto April terminar de mamar, cuidadosamente eu a ajudo a arrotar e depois a pequena dorme calmamente em seu berço.

- Como o Triton está com tudo isso? - seu sorriso é de curiosidade.

- Mais ciumento e protetor, impossível. - brinco. - Mas ele é ótimo, sempre faz a comida, me ajuda a limpar a casa, conversa sempre que preciso e quase todas as noites é ele quem acorda primeiro...

- Será que o Travis vai ser assim? - ela se pergunta e me observa, atenta a minha reação. 

- Olha... Eles são bem parecidos, mas acho que o Triton é mais mole que o Travis. - contenho o riso. - Só não conte a ninguém que eu disse isso!

Destiny gargalhou e só parou quando lhe faltou ar.

- Tudo bem, eu não conto. - respirou fundo. 

- Mas então, quando você fará o exame? - encaro-a meio que a pressionando.

- Eu ía fazer hoje à tarde... - murmurou.

- Você vai fazer. - deixo bem claro.

- Tudo bem. - ergue as mãos em sinal de derrota. - Então, tenho que ir, marquei uma consulta com a Giulia.

- Ohh... Boa sorte! - nos levantamos e nos abraçamos. - Depois me conte, hein?

- Pode ficar tranquila. - acena já saindo. - E Kris, sabe que pode contar conosco para tudo, certo?

- Você também. - dou uma piscadela e a veja sair, em seguida ouço o barulho da porta se fechando.

Olho para o lado, April continua dormindo, sento no sofá e ligo a televisão, esperando que algo de bom passe.

*

Quando Triton chega em casa, surpreende-se com a presença de meus pais e Steve. Seu olhar busca por algo até que para em April, que está no colo de meu pai.

Meu companheiro respira fundo e se senta no sofá ao meu lado, dou-lhe um beijo na bochecha enquanto meu pai se diverte com uma April bem desperta.

- Ela adora brincar com ele. - comento observando-os.

- Eu sei... - talvez fosse por isso que ele ainda não a havia tirado do avô.

Meu pai não podia ser o avô mais responsável do mundo, mas seu amor e carinho pela neta eram imensuráveis.

- Onde está sua mãe? - Triton me fita com carinho.

- Preparando a janta. - afirmo com um sorriso.

Steve pula em meu colo e mostra a língua para o Triton, depois agarra-me e fica dizendo que apenas sou sua.

- Isso mesmo, filhão! - meu pai exclama eufórico.

- Eu vou me trocar. - Triton me dá um beijo antes de se levantar e sair da sala.

Como esperado, Steve continua em meu colo, mas menos agarrado. Já meu pai brinca sem parar com April, que  não para de se mexer nem por um segundo.

- Dá atenção pra eu, Kris... - Steve usa sua voz mais mole.

- Oh, meu amor. - dou um beijo em sua testa. - Por que você não brinca junto com o papai e a April?

- Papai só gosta da Apil agora... - ele tem uma voz de choro.

Mole como sou, levando com Steve junto e sento ao lado de meu pai, April continua a se mexer, mas dessa vez seus bracinhos se erguem em minha direção.

- Steve está com ciúmes. - murmuro e pego April para mim. - Cuide dele, seu pai esquecido. - brinco.

Jefferson coça a cabeça e começa a brincar com Steve, até mesmo de cavalinho eles brincaram. Os pequenos olhos de April observavam tudo, cheios de curiosidade, e hora ou outra ela emitia algum som de bebê.

E como se fosse combinado, Triton e Stefany entram na sala, e sem hesitar vamos juntos até a cozinha e comemos uma das melhores refeições da minha mãe.

Até mesmo Triton a parabenizou, enquanto meu pai e Steve comiam mais ainda, já April ficou em seu berço, mas sem sono algum, o tempo todo se mexendo e pedindo por atenção.

- Você venceu, meu amor. - Triton a pegou no colo e isso pareceu acalmá-la.

- É incrível como ela é ligada a você, Triton. - minha mãe observou.

Mas ele não pareceu ter ouvido, pois toda a sua atenção estava na pequena em seus braços.

- E ela terá um ótimo lugar para morar. - meu pai entrou na convesar. - Essa alcateia é muito boa mesmo.

- Pena que ela vai diminuir... - minha mãe suspira.

- Diminuir? - olho para Triton e sinto que ele já sabia dessa informação. - Quando você ía me contar?

- Muitas coisas aconteceram Kristine. - afirmou. - Só não queria te deixar preocupada... Porque na verdade, essa informação se confirmou hoje à tarde.

Ergo uma sobrancelha, mas decido que teremos uma conversa depois, agora preciso saber o que minha mãe descobriu.

- Fale mais, Ste. - meu pai parece tão curioso como eu.

- Parece que todos os machos, que sobreviveram, daquela alcateia fugiram. - explica. - Então, só sobraram as fêmeas e assim o Fernando e outros alfas de alcateias próximas deciriam que essa alcateia tem que ser reposta... 

- Algo a ver com localização estratégica. - Triton comenta. - Fernando não obrigou ninguém a ir, mas tem pessoas que querem uma vida nova, diferente... Ainda mais que aquela alcateia fica bem mais perto de cidades grandes do que essa.

- Um atrativo enorme para a maioria dos novatos. - minha mãe conclui.

- Mas se a informação já foi confirmada, então já sabemos quem irá embora? - indago imaginando quem iria.

- Sim. - Triton assente e suspira. - Você vai mesmo querer saber?

- Claro que vou! - rosno.

- Calma vocês dois. - meu pai sorri tentando acalmar a tensão no ar.

- Só conto se você prometer não ir vê-los encondidos ou coisa parecida. - Triton resmungou.

- Você acha que eu sou o quê? - tento conter a raiva. - Mas não se preocupe, não vou sair de casa.

Nenhum dos homens parece ter notado como fiquei chateada, apenas minha mãe que me dá uma piscadela, tranquilizando-me.

- São eles... Mike, Anne, Angie, Miguel, Lenalee, Rae, Charlie, Hena, Lupus, Tyrone, Mayuri, Amanda, Natan, Lyra, Max, Gabriel, Helena, Leonardo, Daphny, Bruno, Courtney, Sophie... E Evanie e Bryan vão ficar viajando por aí, Kaya e Oleif seguiram esse mesmo pensamento.

É quase a alcateia inteira, só sobraram eu, Lorena, Elizabeth, Giulia, Destiny, Alice e suas respectivas famílias. Parecia com um novo começo, um pouco triste, mas seria bom futuramente... Além de que não perderíamos o contato.

- E o que você achou disso? - pergunto observando-o.

- Acho que é um recomeço para todos nós. - afirma olhando nos meus olhos.

- Aliás, eu fiquei sabendo que prenderam aquela tal de Will. - minha mãe comenta.

Só o nome já me fazia tremer de arrepio enquanto fazia Triton deixar os caninos à mostra, embora ele tenha se controlado a tempo para ninguém ver, exceto eu.

- Ele mereceu. - minha mãe dá de ombros e se levanta para começar a lavar a louça.

Ofereço-me para ajudá-la, mas eu e Triton somos expulsos da cozinha. 

*

Depois que os três foram embora, tentei dormir, mas minha mente estava a milhão... Pensando na diminuição da alcateia e na prisão de Will.

- Desculpe não ter te contado antes, estava esperando uma confirmação. - pelo visto, ele também não estava conseguindo dormir.

Fico em silêncio mesmo que ele saiba que estou acordada.

- Vai me ignorar?

- Não. - nego. - Só não sei o que dizer... Foi tudo muito de repente.

Então me viro e o fito, seus olhos estão intensamento focados em mim, como se estivesse tentando entender os meus pensamentos.

- O que está pensando? - indago ao tocar seu rosto. - Hein?

- Muitas coisas. - admite. - Mas principalmente em você e na April, como imagino que seja nosso futuro aqui.

- Vai ser ótimo, teremos o melhor lobo do mundo para nos proteger. - isso pareceu deixá-lo mais calmo e um leve sorriso surge em seus lábios.

- Todos os dias eu vejo como sou o lobo mais sortudo do mundo... Por ter vocês duas. - afirma me dando um beijo.

- Eu te desculpo. - digo por fim e fecho os olhos.

Sinto seus braços me envolverem e sou puxada de encontro ao seu peito, é quente e confortável, o sono começa a vir, mas novamente algo o impede de me fazer dormir.

- Por que você acha que eles escolheram partir? - ergo a cabeça.

- Por quê? - ele pensa um pouco. - Cada um deve ter seu motivo, e como sua mãe disse, uma alcateia próxima de cidades grandes, atrai demais os mais novos... E têm outros que apenas querem mudar um pouco, se distanciar de certas lembranças.

Então me recordo de Lupus, e como Jule o admirava.

- Tem razão... Deve ser um recomeço para todos. - assinto e volto a me encaixar em seu peito.

- Às vezes eu a invejo. - ele brinca. - Consegue dormir tão fácil.

Ergo o corpo e noto April dormindo em seu berço, sua cara está doce e suas mãos estão fechadas. E antes que pudesse comentar, Triton me beija, sua boca busca pela minha com ansiedade.

Rosno baixinho e sinto suas mãos me puxarem para mais perto, o beijo fica mais calmo e mais carinhoso, Triton morde o meu lábio e finaliza com um leve e demorado beijo.

- Acha que consegue dormir agora? - provoco-o.

- Com você ao meu lado... Sim. - ele beija meu pescoço e depois deita a cabeça no travesseiro.

- Boa noite, meu amor. - murmuro e me sinto mais calma.

- Boa noite, meu anjo. - dá um último beijo em minha bochecha e fecha os olhos.

*

Ainda deviam ser nove horas da manhã quando estava amamentando April pela terceira vez desde que acordamos.

- Meu Amaterasu! - Triton arregala os olhos. - Onde cabe tanto leite?

- Vai saber. - começo a rir assim que ela termina de se saciar. 

- Você quer crescer bem forte, certo, minha linda? - ele a pega no colo, April sorri do seu jeitinho sem dentes.

Sem que eu o avise, Triton dá tapinhas em suas costas fazendo-a arrotar.

- Ohh... Que pai mais fofo. - sorrio e levanto-me, espreguiçando-me.

- Está com ciúmes. - ele mostra a língua e vai se sentar colocando April em seu colo.

Faço um afago em nossa filha que estende os braços e agarre o meu indicador com uma das mãos. 

- Isso mesmo, meu amor. - observo-a sorrir. - Você tem que ficar bem forte assim homem nenhum manda em você.

- Como a conversa acabou em homens para a minha filha? - Triton ergue uma sobrancelha.

- Facilmente influenciado. - começo a rir. - Depois eu que sou a ciumenta.

- Não escute o que sua mãe esta dizendo, April. - resmunga. - Sou um pai super tranquilo.

Quase caí no chão de tanto rir, para a minha sorte, seu celular tocou e ele teve de atendê-lo. Depois de no máximo dois minutos de conversa, Triton me avisou que não iria trabalhar hoje.

- Aconteceu alguma coisa? - fiquei preocupada.

- Nada de ruim. - ele parecia estar pensando se essa era a palavra adequada. - Hoje à tarde será a despedida.

- Ah... Isso. - sinto a tristeza em minha voz.

- Ei, minha violeta linda, venha aqui. - seus olhos e sua mão livre me fizeram sentar ao seu lado. - Não quero que pense nisso como o fim da amizade, tudo bem?

- Acho que sim. - respondo encostando a cabeça em seu ombro.

Então April arrota bem alto e nós dois começamos a rir, ela era a maior felicidade que podíamos ter, então por que estragar tudo isso?

Depois disso, ficamos zelando pelo seu sono, e quando já não tínhamos mais como atrasar, fomos nos arrumar, Triton primeiro e depois eu. O engraçado era como April conseguia entender quando qualquer um de nós se ausentava.

- Essa será a primeira vez que ela sai de casa. - Triton parece estar reconsiderando a ideia de sairmos.

- Nada disso. - pego April de seus braços e aponto para a bolsa dela. - Pode arrumar.

Ele rosna bem baixo, claramente sentindo sua dominância testada, porém decide fazer o meu pedido ou ordem.

- E Triton, não fique caindo nas brincadeira daquelas doidas. - digo assim que saímos de casa. - Sabe que elas não podem obrigar a nossa filha a casar com alguém...

- Não podem mesmo. - bufa e fecha a porta de casa.

Rio escondida e prosseguimos nosso caminho, o salão de festas não ficava muito longe e parecia que já estavam todos aqui. April ainda estava comigo e podia sentir o lobo de Triton começar a vistoriar o local.

- Triton, olhe pra mim. - digo e ele me fita. - Não vai acontecer nada, está bem?

Ele respira fundo tomando controle do seu lado selvagem, agradece-me com um sorriso e vamos nos sentar em uma das mesas de canto. Depois de um minuto, Destiny e Travis estão sentados com a gente.

- Parece que não foi dessa vez, anão. - Travis começou com as gentilezas. - Vai ter que brincar de boneca e não de bola.

- Falou o pequeno Travis que não consegue agir. - uma resposta direta e sagaz.

- Como disse? - Travis rosnou e Destiny o manteve sentado com um olhar mortal.

Triton começou a rir e colocou o braço por cima do meu ombro, havia sido uma ótima vitória, devia ser o que ele estava pensando.

- Kris, preciso falar com você depois daqui, tudo bem? - Destiny pisca para mim.

- Claro. - digo e me lembro que ela não me ligou depois de ir fazer o teste de gravidez.

- É o Fernando. - Travis murmura e todos olhamos para o palco.

O alfa segurava um alto-falante e, sem demora, começou um discurso, falou sobre cada um, tanto dos que ficaram quanto dos que íam embora. Ouvi choros e risos, mas eu e Destiny nos mantivemos firmes, Triton e Travis ficaram com suas caras normais e no fim, brindaram sorrindo.

- Posso? - Triton sempre me perguntava se podia tirar April de meu colo.

- Claro que pode. - rio. - Ela é sua filha.

- Eu sei, mas vai que você tem um ataque de ciúmes ou liga uma defensiva proteção, nunca se sabe. - ele brinca e a pega com cuidado.

- Aí está a minha mais linda e nova paciente. - Patrick se senta ao lado de Triton e sua namorada, Alice, ao meu lado.

- Vou ficar com ciúmes. - brinco e todos riem.

A "festa" continua até anoitecer, já começava a esfriar um pouco, por isso pego o cobertor da pequena e faço Triton cobrí-la.

- Melhor irmos para casa. - comenta corado, tentando esconder a preocupação.

- Vamos sim. - assinto e me levanto. - Só vamos nos despedir...

Era a última noite deles aqui, pela madrugada já estariam partindo, e infelizmente, não consegui falar com todos sem chorar. Cada um deles foi muito importante em minha vida e me ajudou em fases diversas, Triton concordava comigo.

No fim, quando saímos do salão, respirei fundo e fechei os olhos para cessar as lágrimas, Triton segurou uma das minhas mãos. Senti seus lábios beijarem a minha testa e abri os olhos, sorri e beijei seus lábios.

- Vocês dois são tudo pra mim. - sussurro. - Amo vocês.

- Que linda, você. - faz um bico e sorri. - Mas saiba que o meu amor por vocês duas, as mulheres da minha vida, é muito maior.

Mostro-lhe a língua e grudo em seu braço, caminhamos assim até a nossa casa, mas antes de entrarmos sinto o cheiro de hortelã da Destiny. Viro-me e vejo seu olhar de urgente!

- Vai entrando com ela, está bem? - peço ao meu companheiro.

Seu olhar desconfiado pede medidas urgentes.

- Vamos ficar aqui na varanda, prometo. - afirmo com um olhar de suplícia.

- Não demore e grite se precisar. - tudo o que ele diz antes de entrar e fechar a porta.

*

Triton não precisou me perguntar para saber o que Destiny queria, eu lhe contei sem que ele precisasse fazer esse esforço.

- Então quer dizer que o novato conseguiu... - comentou. - Quanto tempo mesmo?

- Dez semanas! - eu ainda estava eufórica com a confissão dela. - Mas lembre-se, ela vai contar ao Travis hoje à noite, então bico fechado!

- Não se preocupe. - ele ri. - Só me lembre de zoá-lo por falta de sexo, posteriormente?

- Triton! - sento em seu colo. - Vocês se amam, não é?

- Nossa, demais, não posso viver sem ele. - revira os olhos e me encara.

Vejo April deitada em seu berço, depois de se alimentar pegou facilmente no sono, Triton me joga na cama e beija meu pescoço. Já sei onde isso vai dar e, de verdade, não vou impedí-lo.

Seria nossa primeira noite de amor depois de tanto tempo, e pareceu que cada toque seu era algo mágico, inovador. Não foi fácil conter os gemidos, mas não queríamos acordar a nossa pequena.

- Foi tão bom. - murmuro satisfeita.

Triton nos cobre e beija meu ouvido.

- O que acha de amanhã irmos comprar roupas novas para a April? - indaga me abraçando e me puxando.

- Você ama comprar roupas, hein? - sorrio e deixo que ele me encaixe em seu peito. - Ela vai adorar sair um pouco.

- Alguém vai capotar igualzinho a filha. - ele ri e me beija no pescoço.

- Me deixa dormir. - resmungo, pois havia ficado bem cansada dessa vez.

- Tudo bem, boa noite, meu anjo. - ele sossega e respira fundo.

- Boa noite, minha noz gostosa. - digo e sinto o sono me dominar.


Estava deitada numa grama bem verde, meus olhos piscavam devagar e as nuvens me davam uma sensação de felicidade. Ouvi a risada alta do meu companheiro e me sentei.

Triton brincava com nossa filha, ela sorria e ria enquanto seu pai fazia de tudo para chamar a sua atenção. Então ela me viu sentada e apontou para mim, o moreno me mandou um beijo e pegou April no colo.

Logo, os dois estavam sentados ao meu lado, a pequena ainda não sabia andar, mas estava quase lá.

- Vem aqui, meu pudinzinho. - pego-a para mim.

- Ela é muito parecida com você. - Triton comenta nos observando. - Vai dar trabalho...

- Ciumento. - rio e April começa a dançar no meu colo. 

- Não é ciúmes! É preocupação, apenas. - resmunga.

- Acredito. - seguro o riso e lhe entrego a bebê.

Triton a coloca de pé apoiando seus pézinhos em sua perna, April faz um bico e fica mexendo as mãozinhas.

- Dá um beijo no papai. - digo sorrindo.

Sem vergonha, April faz um bico maior, Triton se aproxima e recebe um beijo na bochecha. Em seguida, ele enche a filha de beijos e mordidinhas, e ele costumava ter dúvidas se seria um bom pai.