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História O Cheiro da Lua - Primeiro ataque


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Chegou mais um capítulo, espero que gostem!

Boa leitura.

Capítulo 95 - Primeiro ataque



Infelizmente, os meus momentos de sossego não andam durando muito ultimamente, pois foi só eu voltar para casa que ouço um grito vindo de fora.

Meu primeiro extinto foi ver o quarto, April despertara com o grito, mas Triton já a estava envolvendo num abraço protetor. 

- O que foi isso? - ele perguntou o mais baixo possível.

- Não sei, tinha acabado de chegar em casa quando...

- Você saiu de casa?! - seu olhar estava claramente dizendo que conversaríamos mais tarde.

Era melhor não mencionar, ainda, o ocorrido no mercado.

- O que vamos fazer? - indaguei. Era óbvio que queríamos ajudar quem havia gritado, mas não podíamos deixar a April. - Você vai, eu fico.

- Não vou deixar vocês duas sozinhas. - ele negou de modo dominante. - Nem em um milhão de anos.

- Triton Cerutti! - chamei-lhe a atenção. - Isso é importante, e envolve todo mundo.

Deixei claro que April estaria mais segura se o pai e outros lobos fossem resolver o problema.

- Eu volto logo. - ele rangeu os dentes enquanto me entregava a pequena. - Não faça nada de louco, e permaneça em casa, entendeu? - colocou um casaco e uma calça.

- Prometo ficar aqui. - assenti e beijei sua bochecha. - Tome cuidado.

- Eu sempre tomo, é você que costuma fazer as loucuras. - Triton estava um pouco bravo, por isso escondi o fato de ter me magoado um pouco. - Tranque as portas e só abra se tiver duzentos por cento de certeza que sou eu na porta!

- Está bem. - concordei, ignorando o seu exagero.

Antes de sair, Triton me deu aquele aquecedor beijo na testa e beijou cada uma das bochechas da April. Um sorriso bobo brotou nos lábios da pequena, em seguida, April lhe mandou um beijo enquanto acenava.

Assim que a porta se fechou, eu a tranquei e segui com a April até a sala, meu coração batendo forte contra o peito. 

- Mãe? - ela me chamou baixinho. - Por que seu coração tá fazendo um tum-tum tão alto?

- Não é nada meu amor. - acariciei seu rosto, forçando um pequeno sorriso. - Quer tomar um leite quente?

- Quero. - seus olhos azuis brilharam.

Fomos até a cozinha, April ainda em meus braços, foi rápido preparar o leite com nescau e esquentá-lo só demorou dois minutos. April tomou devagar, mas cheia de vontade e quando terminou, sorriu de satisfação.

Estávamos voltando para a sala quando ouvi um barulho no quintal, April se arrepiou e rosnou, notei que a sua loba estava no comando o que não deixava a situação mais confortável.

Lobas novas normalmente se mostravam quando havia algum perigo desconhecido, devagar, sem fazer barulho, fui até o nosso quarto. Entrei no closet e coloquei a minha pequena em uma caixa de papelão.

- Fique aqui quietinha, está bem? - coloquei o dedo indicador na frente dos lábios. - Mamãe volta já, mas me prometa ficar quieta e aqui, certo?

- Prometo, mamãe. - sua voz doce e fiel me fez relaxar pelo menos por esse sentido.

Fechei ambas as portas - do closet e do quarto - eles teriam que passar pelo meu cadáver se quisessem encostar na minha filha. 

Com os sentidos bem sensíveis, voltei a sala, havia pegadas de terra que íam até a cozinha. Ouvi um vidro se espatifar no chão, meus olhos acharam o meu celular que estava no braço do sofá.

A escolha mais lógica seria ligar para o Triton, então teria de pegar o celular sem que a coisa na cozinha me notasse. Tarefa fácil se estivéssemos falando de um humano, mas era provável que fosse um vampiro.

Respirei devagar, relaxando os músculos, fazendo nada de barulho ao pisar no chão. Um passo e a geladeira foi aberta, dois passos e a cadeira deve ter caído no chão, três passos e outro vidro se quebrara.

Faltava apenas um passo e esticar o meu braço, devagar peguei o celular e puxei para mim, com dedos ágeis apertei um único botão que começou a ligar para o Triton.

Enquanto a linha chamava, meu ouvido livre captava tudo que ocorria na cozinha, até que ele atendeu.

- KRISTINE, ME DIGA QUE VOCÊS ESTÃO BEM E QUE VOCÊ AINDA ESTÁ EM CASA!!! - a sua voz havia saído mais alto do que eu esperava.

Qualquer ser sobrenatural teria escutado isso, só tive tempo de ver seus olhos me encararem antes de pular do outro lado do sofá para esquivar do ataque que veio em seguida.

Infelizmente, meu celular voou longe e como não podia mais escutar nada vindo dele, supus que Triton logo estaria em casa. 

- O que você quer? - teria de enrolá-lo.

Agora via que era um vampiro, e parecia ser o mesmo da noite passado, o cabelo parecia ainda mais negro e seus olhos estavam incrivelmente verdes avermelhados.

- S-Sangue. - sua voz saiu rouca como se estivesse prestes a desmoronar.

Mas o salto que ele deu deixava claro que estava longe de estar fraco, porém com a loba no controle foi fácil desviar. Meus caninos se alongaram, era um modo de intimidá-lo para afastá-lo, mas isso pareceu fasciná-lo ainda mais.

- V-Você é diferente. - ele lambeu os dois caninos. - Você é uma l-loba, certo?

Apenas o observei, tentando me afastar aos poucos.

- Eu ouvi que o s-sangue dos lobos é o m-melhor. - seus olhos ficaram vermelho vivo e seus dentes rasgaram os próprios lábios, em seguida um barulho grutal saiu de sua garganta. - Fome!

Ele veio para cima, e tudo que pude fazer vou correr para a cozinha, abri uma gaveta pronta para pegar uma faca, mas sua mão agarrou o meu cabelo jogando-me na pia. 

Seu olhar de surpresa me fazia pensar que era um novato, o que chegava a ser pior ainda, pois eles normalmente são insaciáveis e descontrolados.

Ao descer da pia senti a cabeça tonta e o sangue escorreu pela minha testa. Pelo menos havia conseguido mantê-lo longe da minha filha, mas não desistiria ainda.

O vampiro estava ao lado da gaveta com facas, e eu perto do fogão, era impensável incendiar a casa, e Triton tinha razão... as ideias mais malucas vinham de mim.

- Qual seu nome? - perguntei tentando ganhar tempo.

Começamos a nos mexer em volta da mesa, não apressei nem retardei o movimento, cedo ou tarde eu chegaria na faca.

Havia algo de muito estranho, por que não me atacava de uma vez? 

- Caçar. - era como se pudesse ler a minha mente.

De certo modo, os vampiros tem uma habilidade de sentir os sentimentos de qualquer ser e de qualquer modo. Os lobos já eram mais limitados aos cheiros e barulhos, além de que quase sempre nossa sensibilidade era apenas para lupinos.

Quando finalmente chegasse a gaveta, pegaria a faca sem que ele notasse, não que fosse difícil, pois seus olhos estavam no sangue que escorria da minha testa.

Sua paciência devia ter acabado, pois a mesa voou em minha direção, agachei a tempo, mas senti meu pé ser puxado com força. Depois, o vampiro se jogou em cima de mim, mas minhas pernas conseguiram o jogar contra a janela da cozinha. 

Rolei para conseguir me levantar, minha resistência estava péssima e minha cabeça doía ainda mais agora. Deu um passo para fora da cozinha, mas perdi o equilíbrio e tive de me apoiar no sofá.

Respirei fundo e me virei, ele estava saboreando o momento, fazendo-me sofrer até que desse o golpe final. 

- Nem sonhe com isso, pirralho. - rosnei.

Isso pareceu afetá-lo, um de seus pés foi para trás e agora ele estava levemente receoso, ou pelo menos a sua parte sensata estava, porque a vampírica parecia sedenta por morte.

Eu já estava pronta para agir quando April apareceu no corredor da sala, seus olhos se arregalaram quando viram a cena. Em um segundo ela gritou e no outro o vampiro se sentiu ameaçado e pulou para atacá-la.

Em um movimento absurdamente rápido e instintivo, lancei meu corpo contra o dele fazendo-nos quebrar uma das paredes. Não sei como levantei antes dele, mas eu tinha de mantê-lo no chão enquanto mandava April correr dali.

- Saía daqui! April! - ela negava com a cabeça. - Agora!

April começou a chorar e isso despertou a parte mais sómbria da minha loba, e quando o vampiro acordou, pode ter certeza que ele desejou nunca ter entrando no meu território e ameaçado a minha família.

*

Quando abri os olhos, meu corpo inteiro doía, minha cabeça parecia que explodiria. Virei a cabeça o que me custou um gemido doloroso e notei April deitada ao meu lado, seus olhos captaram o meu movimento e ela se jogou no meu peito.

- Desculpa, mamãe! - ela tentou não chorar. - Eu não consegui ficar lá parada, desculpa...

- Ei, minha panquequinha, mamãe não está brava. - era a pura verdade, saber que ela estava bem me deixava completamente aliviada. - E seu pai?

- Estou entrando. - ele parou na porta quando me viu acordada. - Você ainda vai me fazer morrer do coração, não é?

Sua voz estava exausta, mas seu sorriso foi tão aconchegante.

- Não enquanto eu viver. - forcei-me a sentar e senti a cabeça latejar. - O que aconteceu?

- Você que tem que me contar. - afirmou sentando-me ao meu lado, ajudando-me a sentar na cama. - Eu cheguei e você estava sentada no sofá com a April dormindo no seu colo, e quando eu olho pros lados a casa está destruída e tem um vampiro semi-morto enfiado num buraco na parede.

- Tudo bem, até a parte da parede eu me lembro. - forcei a cabeça a pensar, mas a dor era absurda. - Meu Amaterasu que dor.

Fiquei tonta, mas Triton me segurou.

- Você precisa descansar. - disse suavemente. - Você deve estar muito dolorida, porque pelo que pareceu você acabou com um vampiro sozinha.

- Foi a loba da mamãe. - April murmurou. - Ela me protegeu quando o bicho quis me pegar.

Então eu me lembrei de como foi sentir todo a adrenalina e o medo misturados. Triton me fitou confusa e depois puxou April para os seus braços.

Ela se aconhechegou no pai e fechou os olhos.

- Eu desobedeci a mamãe... Desculpa. - disse mais uma vez.

- Mamãe não está brava, meu amor. - Triton disse o mesmo que eu e lhe beijou a testa. - Mas eu acho que a mamãe vai ficar muito feliz se você dormir um pouco com ela.

- Vai? - seus olhinhos brilharam esperançosos.

- Você vai dormir abraçadinha com a mamãe? - entrei na brincadeira. - E o papai também?

- Vou! - ela pulou na cama. - E o papai também!

Triton riu, pois nem havia falado nada. Dei um meio sorriso e devagar voltei a me deitar, realmente meu corpo estava destruído, o que me deixou seriamente preocupada.

Felizmente, April se colocou no nosso meio e logo adormeceu, Triton me fitou enquanto acariciava a minha bochecha.

- Eu não protegi vocês de novo... - seu olhar estava carregado de dor.

- Triton... - eu teria erguido a cabeça, mas no momento esse simples movimento era impossível. 

- Às vezes eu acho que vocês nem precisam mais de mim... - suspirou. - Parece que eu não ando muito útil.

- Como pode dizer isso? - fiquei muito brava. - Você é o pai dela e o meu companheiro, caso tenha esquecido. E se quer culpar alguém, culpe a mim, pois fui eu quem mandei você ir ajudar lá fora, certo?

- Mas você mandou certo, Kristine. - ele respirou fundo. - A Destiny foi atacada, ela poderia ter morrido, mas eu consegui achá-la a tempo... Tudo graças a você, mas eu não consegui voltar logo para casa.

- Você pode parar de fazer isso? - ergui o corpo ignorando a dor e mostrando minha íra. - Eu amo você, quantas vezes vou ter que repetir isso? Ou será que vou ter de provar também?

- Kristine, você sabe que não é isso que estou...

- Tá, eu sei! - segurei-me para não gritar. - Mas você tem que entender que quando as coisas dão errado, não é culpa sua! E pelo amor de Amaterasu, eu não vivo sem você, poxa!

- Eu te puxaria e lhe daria o beijo mais longo possível. - ele voltou a me tocar, dando arrepios deliciosos por onde seus dedos passavam. - Mas nossa pequena está dormindo aqui no meio e você está tão frágil agora.

- Isso significa que você vai parar de se culpar por tudo? - continuei séria tentando me controlar diante das carícias dele.

- Eu posso viver com a culpa. - ele piscou para mim.

- Triton. - protestei. - Eu vou ficar mais brava.

- Tudo bem, vou tentar compreender que a culpa não é minha, mas que eu poderia estar junto quando vocês mais precisam. - resmungou.

- Caraca, como você é teimoso. - respirei bem fundo e recebi um beijo nos lábios.

- Eu entendi, de verdade, Kristine. - sua expressão era sincera. - Eu sei que às vezes exagero, mas é que pensar em perder vocês é...

- Impensável... Eu sei... - eu sabia porque era do mesmo jeito que me sentia em relação a eles. - Eu te amo, meu lobo bobão.

- Eu também te amo, mamãe. - seu sorriso me aqueceu. - E agora você vai descansar, e eu vou ficar aqui até você acordar, está bem?

Assenti já deitando novamente, meu corpo cedeu totalmente exausto, e depois de resistir o máximo possível acordada só para aproveitar mais o carinho do meu amado, cai num sono profundo.

*

Uma semana se passou, e parecia que não haviam conseguido obter nenhuma informação do vampiro. Só sabíamos que ele não era o único que invadira a alcateia, pois Destiny fora atacada por uma vampira.

Ainda não contei ao Triton que desconfio que ela seja a mesma que encontrei no mercado, já estou sendo vigiada vinte e quatro horas por dia.

- Kristine. - Triton vem mais uma vez me ver na banheira. - Você tem certeza de que está bem?

- Estou. - sorrio de leve. - Por quê?

- Você nunca passa tanto tempo na banheira, a não ser que eu esteja junto. - deu uma risada maliciosa.

- Fato. - assenti e suspirei. - Só estava pensando se eu posso ir ver a Destiny, ela já está em casa.

- Quem te contou isso? - ele bruzou os braços e me encarou.

- O Patrick. - murmurei.

Triton bufou, às vezes, ele acha exagerado a troca de informações que ocorrem entre mim e Patrick.

- Pare de ser ciumento! - revirei os olhos e levantei da banheira. - Patrick é um dos meus melhores amigos e meu médico.

Puxei a toalha, enrolando-me, Triton continuou com os braços cruzados me encarando curiosamente.

- Quando você quer vê-la? - suspirou, descruzando os braços e se aproximando de mim.

- Hoje. - sugeri. 

- Então melhor já dar um banho na April, nós sempre passamos tempo demais naquela casa. - revirou os olhos.

Triton e Travis eram rivais, mas ao mesmo tempo podiam ser considerados melhores amigos e dois dos lobos mais dominantes da alcateia.

- Onde ela está? - achei estranho ele deixá-la sozinha.

- Na sala vendo televisão. - seus olhos brilhavam. - Mas pode deixar que eu cuido dela, acho que você deveria descansar antes de sairmos.

Seus dedos pousaram na minha bochecha fazendo uma formigação gostosa subir pelas minhas costas. Deu um passo para frente, eliminando o espaço que havia entre nós.

Selei nossos lábios e passei uma mão por trás de seu pescoço, enquanto a outra mão passeava por de baixo da sua blusa. Senti todo o seu abdômen e me deliciei com a sensação de ser dona de um lobo tão sedutor.

Triton rosnou quando minha mão arranhou as suas costas, no mesmo instante, seu beijo ficou mais possessivo forçando-me a concentrar-me em não deixar as pernas moles.

- Você não faz ideia da vontade que eu tenho de arrancar essa toalha daqui. - beijou meu pescoço dando leves mordidas.

- Quem sabe depois... - brinquei, usando toda o meu controle para não extrapolarmos. - Você precisa cuidar da April. - lembrei-o.

- Tem toda razão. - ele deu um último beijo nos lábios e sorriu. - Promete que vai descansar um pouco?

- Prometo. - dei risada, já que era a segunda vez que estava grávida e eu imaginava que ele fosse ser menos exagerado sobre os meus cuidados.

- Cuidado nunca é demais. - afirma como se pudesse ler a minha mente.

Mas na maioria das vezes parece que ambos lemos um a mente do outro. Meu lobo me deu um beijo na testa e se virou para sair, logo em seguida escuto a risada da nossa pequena.

Sem mais demora, troco-me e seco rapidamente o cabelo, quando estou acabando, April se agarra a minha perna.

- Mamãe! - ela pula pedindo colo.

Guardo o secador e a pego, Triton chega logo em seguida com seu melhor sorriso de pai coruja. April me dá um beijo na bochecha e fica mexendo no meu cabelo.

- Mamãe, por que seu cabelo é diferente do meu e do papai? - pergunta diretamente.

- Por que você puxou o papai nesse aspecto. - imaginei que ela se referiu a cor de nossos cabelos.

- Ahhhh... - sua pequena boquinha abriu e fechou-se num bico. - O papai disse a mesma coisa quando perguntei sobre os nossos olhos.

Triton soltou sua risada alta, era incrível como April era tão observadora. 

- Hora do banho. - ele chegou bem perto esperando que eu a entregasse a ele.

- Só deixo você tomar banho com o papai se ele prometer que vai te fazer rir bastante. - mostro a língua para o meu companheiro.

- Você promete, papai? - os pequenos olhos dela se iluminaram.

- Prometo, meu amor. - rapidamente, April lhe estendeu os braços e Triton a pegou cuidadosamente. - Agora peça para a mamãe descansar um pouco assim poderemos sair mais tarde.

- Onde a gente vai? - curiosidade herdada da mãe, com cem por cento de certeza.

- Na casa da tia Destiny e do tio Travis. - informei-a sorrindo.

- Na casa da Skye e do Joshua?! - ela bateu palmas.

Pela cara, Triton não ficou muito animado de ouvir a filha falar tão animadamente sobre ir ver o filho do seu rival.

- Melhor ficar bem cheirosa, hein? - pisquei. - Foi o Joshua que lhe deu uma flor da última vez, não?

Senti o olhar mortal sem ter de olhá-lo, meu companheiro rangeu os dentes e respirou bem fundo antes de falar.

- Eu vou me assegurar que ele não tenha toda essa sorte dessa vez. - ergueu uma sobrancelha.

Segurei o riso, quão bobo e infantil ele poderia ser sobre esse assunto?

- Agora vamos ficar cheirosinha, meu amor. - Triton lhe beijou e sibilou para que eu fosse descansar.

- Já entendi. - reclamei e deu um último afago no cabela da minha pequena. - Te amo, panquequinha.

- Eu amo a mamãe e o papai! - ela grita e me manda um beijo.

O incômodo de Triton passou em segundos, o que uma filha não fazia com um pai tão ciumento.

*

Como sempre, Skye estava grudada ao pai, enquanto Joshua ficava tranquilamente vendo televisão junto da companhia de April. Os três gostavam dos mesmos desenhos, porém Skye era mais energética e fica pouco tempo parada.

Destiny estava sentada na sala, observando os nossos pequenos, cumprimentei Travis e fui conversar com ela. Ainda mais que logo os dois lobos começariam uma discussão ou uma competição.

- Ohhh... Você está a cada dia mais fofa! - Destiny gesticulou para que eu me sentasse ao seu lado. - Já sabe se é menino ou menina?

-  Ainda não. - neguei. - Mas e você está bem?

- Revoltada, mas bem. - deu de ombros. - Ainda não me conformei que fui derrotada por uma vampira.

- Isso não importa. - fiz uma cara brava. - Além de que é provável que seja uma novata, e normalmente, os novatos acabam sendo mais persistentes e aí mais fortes.

- Obrigada, mas meu orgulho de loba está machucado. - sinceridade em primeiro lugar.

- Mudemos de assunto então. - fiz um bico. - E os seus filhos? Dando muito trabalho?

- A Skye é ligada no 220 pela manhã, no 330 na tarde e no 110 na noite, ou seja, ela nunca está esgotada... São raros esses momentos. - comentou sorrindo. - De certo modo, é muito gostoso vê-la sempre com energia.

- Ela parece mesmo bem extrovertida. - afirmei, dando uma olhada para trás.

Era uma inédita cena, Travis e Triton estavam conversando normalmente - sem gritos, xingamentos, ameaças ou gozações - e Skye estava ora girando no mesmo lugar, ora andando em volta deles. Isso quando não estava fazendo caretas para que eles lhe dessem atenção, o que sempre funcionava.

- E o Joshua? - sussurrei para não atrapalhar a conversa dos pequenos que comentavam sobre o desenho que estava passando.

- Ele é um amor... Carinhoso, gentil e super preocupado, você tinha que ver nos dias que passei no hospital, ele ficava comigo o máximo possível e sempre me trazia algum presente como desenhos e flores. - seus olhos estavam apaixonados. - Mas ele...

Um silêncio se formou.

- Ele? - disse lembranco de como a sua voz evidenciou a preocupação.

- A única pessoa que ele conversa mesmo é a April, já que ele mal consegue acompanhar o que a Skye faz e sempre que o levamos para o parquinho, Joshua fica brincando meio que sozinho, isolado no próprio mundo. Claro que isso acaba quando a sua pequena chega. - suspirou. - Você acha que devo fazer algo?

- Sinceramente, eu acho que você está estranhando porque a Skye é muito mais solta do que ele, e não acho que ele vá ter problemas, April também não conversa muito com os outros, mas ela fala bastante com a gente. - expliquei.

- Pensando desse modo, faz muito sentido... Porque ele também conversa bastante comigo e com o pai, e bem, Skye não tem muita paciência para conversar por muito tempo. - riu.

- Vocês querem beber alguma coisa? - Travis nos perguntou.

- Uma água, por favor. - Destiny sorriu. 

- Duas, por favor. - pisquei sorrindo.

Travis assentiu e foi junto com Skye para a cozinha, Triton veio se sentar ao meu lado e puxou-me levemente para si.

- Se você me disser que isso é ciúmes de mim, Cerutti, eu meto a mão na sua cara. - rosnou.

- TPM? - ele arriscou e ergueu as mãos se rendendo. - Só quero ficar perto da minha companheira. - defendeu-se.

- Mais do que justo. - Travis surgiu com as bebidas e se sentou puxando Destiny para o seu colo. - Mas cada um tem um jeito único, alguns não levam muito o jeito.

Triton fingiu não ter sido afetado, mas eu sabia que o "troco" estava sendo bolado.

- Estava demorando pras meninas brigarem. - Destiny reclamou e saiu do colo de Travis.

Dando a situação perfeita para Triton se vingar.

- Tem razão Travis, tem que saber como tratar sua companheira assim nunca se perde desse jeito. - retrucou.

Mas Travis nunca deixava para depois, ele se levantou e rosnou, e logo o show deles iria começar. Só que dessa vez, Joshua apareceu na nossa frente.

- Vocês vão brigar? - o medo estampado no seu rosto.

- Não, Joshua. - April apareceu ao lado dele. - O papai e o tio só querem brincar de cabo de guerra.

- Cabo de guerra? - todos, exceto eu e April indagaram.

- Isso, a mamãe disse que um puxa de um lado e o outro logo puxa do outro, mas nunca tem um vencedor no jogo... Por que será? - April me entregou.

Os três adultos me encararam, Destiny estava bem ao meu lado e se segurava para não rir. Travis continuava em pé com a boca aberta e Triton estava estranhamente calmo.

- Você por acaso me igualou ao seu lobo? - Travis ergueu uma sobrancelha. - Ou você só estava zoando com a minha cara?

Pareceu que Travis não estava brincando, e de verdade, eu o temi, o que piorou a situação, porque o meu lobo sentiu o meu medo e rosnou. 

- Já chega os dois! - Destiny se levantou. - Travis você exagerou, Kristine só fez uma brincadeira, e eu já te falei que é pra você controlar um pouco os seus hormônios de lobo dominante.

- Foi mal. - Travis respirou fundo e deu meia volta, indo em direção ao corredor que provavelmente dava ao quarto deles.

- Sinto muito, Kris. - Destiny segurou a minha mão. - Mas é que ele anda sobrecarregado com tudo que aconteceu, e qualquer coisinha faz ele estourar.

- Sei bem como é isso. - surpreendentemente, Triton concordou.

- Sabe? - ambas o observamos.

- Vocês não fazem nem ideia do quanto a gente se preocupa com vocês, não é? - seu tom era meio decepcionado. - Bom, deixa pra lá.

- Bom... Já volto. - Destiny deve ter ido falar com Travis, pois entrou no mesmo corredor.

Rapidamente, virei-me para ver o meu lobo melhor.

- Por que você acha que não sei o quanto se preocupa comigo? - mantive o tom de voz baixo.

- Não é não saber, mas é como se fosse subestimasse o que as suas ações causam na nossa família. - afirmou sério.

- Minhas ações? - mordi o lábio. - Tudo bem, e o que você sugere?

- Kristine, não vamos discutir na casa dos outros, está bem? - ele foi tão grosseiro que senti vontade de xingá-lo e sair dali.

Não respondi, apenas levantei e fui me sentar no meio das crianças, o que deixou bem claro que estávamos brigados.

*

No fim, nós voltamos para casa ainda brigados, nossas conversas eram apenas o básico, e por sorte April estava esgotada e dormiu rapidamente.

- Você está exagerando. - falou quando entrei na sala, havia acabado de deixar April em seu berço no nosso quarto.

- Engraçado como sou sempre eu que exagera. - afirmei ao parar atrás do sofá. - Algo mais a dizer?

- Sim, pare de ser criança. - virou-se no sofá para me olhar. - Sente-se aqui e vamos conversar como dois adultos.

- Tudo bem. - dei a volta e sentei no sofá, mas não tão perto dele. - Diga.

- Por que você está tão brava? - ele estava inconformado. - Eu só pedi que você esperasse para conversar em casa.

- O grande problema não é esse e você sabe. - expliquei. - Primeiro, você alega que não dou valor pra sua preocupação e depois é mal educado querendo que eu cale a boca.

- Exagero! - ele respirou bem fundo. - Eu disse que você subestimava a minha preocupação e que não iríamos discutir na casa dos outros.

- Ah, e também falou das minhas ações. - relembrei. - Agora me diga, você quer que eu mude?

- Puta que pariu, Kristine do céu! - era raro ele falar palavrão comigo. - Escute bem. Eu só quero que você entenda que algumas das suas ações instintivas inquietam o meu lobo, consequentemente, eu mudo e muito... Se acha que eu não percebo como às vezes eu te sufoca querendo te proteger, está enganada. 

Uma curta pausa foi feita, não sabia se era para que eu falasse ou se era para que ele pensasse em como falar o que queria.

- Mas eu sei que quase sempre você não tem culpa, porque suas ações têm de ser tomados... - afirmou mais calmo. - Só que do mesmo jeito que eu entendo, queria que você fizesse um esforço para ver como é difícil pra mim controlar o meu lobo quando vocês duas passam por momento difíceis.

- Triton, sobre as ações, eu sabia o que causavam em você, mas eu sempre achei que você me culpava por elas terem de ser tomadas. - digo sinceramente. - Então nunca tive coragem de conversar sobre isso.

- Eu nunca culparia você, pelo amor de Amaterasu! - seus olhos estavam arregalados. - Não quando um movimento pode salvar você ou a nossa filha, ou qualquer pessoa.

- Então por que nos acabamos de brigar? - era a pergunta da noite.

- Porque faz uma semana que você foi atacada por um vampiro, e vocês duas poderiam ter morrido. - parecia extremamente doloroso para ele dizer isso. - Sinceramente, eu ando tão nervoso e preocupado com vocês que fiquei fora de mim quando você pareceu não se importar com o cuidado que ando tendo com você. Tudo bem, estava exagerando, mas não precisava deixar parecendo que sou um idiota.

- Você está falando sério que você achou isso? - agora era a minha vez de estar indignada. - Agora você vai me escutar, naquele momento que eu estranhei você "entender" o Travis foi por vocês nunca concordarem, apenas por isso. Além de que você não pode esperar que eu entenda o que o lobo da minha amiga esteja passando, se você fosse tendo um ataque de dominância, eu entenderia na hora.

- Justo. - assentiu.

- E eu nunca subestimei o que você faz por mim, sim, eu quase sempre acho um exagero, mas alguma vez eu mandei você me deixar em paz? Alguma vez eu disse que não precisava dos seus cuidados? - quase comecei a rir. - Porque isso seria hilário, já que temos o fato de eu ser tão dependente de você.

Sentia-me nervosa, mas não de raiva... Algo diferente.

- Brigamos por um mal entendido... - ele mordeu o lábio inferior.

- Desculpe ter feito você pensar que eu não dava valor para a sua preocupação... Você não faz ideia do quanto eu gosto de ser mimada por você, sei que às vezes reclamo, mas é porque não gosto de admitir que posso estar lhe sobrecarregando. - comentei. - Sinto muito.

Eu teria começado a chorar, ainda mais que meus hormônios de grávida estavam a cada dia mais aflorados.

- Você não tem que se desculpar, eu que entendi errado, e você tem razão, acabei sendo meio grosseiro com você naquela hora. - seu olhar me tranquilizou, como sempre. - Desculpa ter deixado você brava, e por ter tirado uma conclusão precipitada. - estendeu os braços me chamando para si.

- Por que você tem que ser tão perfeito? - suspirei e me entreguei aos seus braços.

Triton me aconchegou em seu peito e beijou o topo da minha cabeça, era tão aliviador quando resolvíamos uma briga.

- Respondendo a sua pergunta, uma mulher tão linda, sensível, gentil, carinhosa e inteligente como você... Merece um cara perfeito, mesmo que eu ainda não esteja nem perto disso. - abraçou-me mais apertado. - Porém, eu acho que sou o único que pode mimar você tanto assim.

- Então pode continuar assim, porque pra mim é mais do que suficiente. - ergui o rosto e beijei seus lábios. - Estamos bem?

- Estamos, meu anjo. - e beijou a minha testa.


Notas Finais


Pessoal, saiu o terceiro jornal de personagens, confiram lá no meu perfil, haha

E gente, eu to me apaixonando cada vez mais por esses dois shaushuahsuahsuas


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