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História O Cheiro da Lua - Julie


Escrita por: Moyashii

Notas do Autor


Desculpem a demora, mas vocês irão amar esse capítulo.

Boa leitura.

Capítulo 99 - Julie



Triton não matou meu pai, na verdade, ele nem chegou a comentar sobre isso, e tratou-o como sempre, com respeito.

- Vamos na floresta hoje? - April gritou assim que meus pais foram embora. - Passear?

Pois hoje, sábado, meus pais tinham que comprar algumas coisas e só ficaram a manhã conosco. Triton achou melhor assim, às vezes ele sentia-se enciumado com eles sempre por aqui.

- Podemos ir, meu amor, mas a mamãe vai ficar só olhando, tudo bem? - a pergunta de Triton foi para nós duas.

- Mas eu queria brincar com a mamãe. - choramingou.

- Desculpe, panquequinha, mas a mamãe vai poder brincar com você logo logo. - comentei pegando-a no colo.

- Tá. - ela não estava muito contente, mas isso mudou quando Triton a beijou.

Quinze minutos depois, nós saímos de casa, April andava entre nós, sempre olhando em volta, e assim que entramos em Madoch, ela grunhiu animada. Só andamos mais um pouco, até acharmos um local onde eu poderia ficar de olho neles.

Sentei numa rocha deixando os pés para fora, oscilando-os devagar. Triton ficou com April até que ela se transformasse, era pequena com um pelo castanho bem claro e com leves manchas brancas, ela se sacodiu e logo seu pai estava como lobo ao seu lado.

Primeiro foi um pega-pega, começou com Triton, ele sabia como divertí-la, sempre chegando perto e a encurralando, April rosnava e pulava para outro lugar. Porém quando foi a vez da pequena, sua velocidade foi algo surpreendente, e um de seus saltos a fez aterrizar bem em cima do pai.

Triton aproveitou e fingiu estar desmaiado, April olhou para mim e eu apenas sorri, ela abanou o rabo e lambou o focinho do pai, mas ainda assim, ele permaneceu imóvel.

Então, ela o mordeu a orelha, seus olhos caramelos se abriram e ele se virou deitando-a no chão de barriga para cima, em meio a confusão, Triton ficou lhe fazendo carícias com o focinho.

April o lambeu e conseguiu se virar, em seguida, saiu correndo com Triton em sua perseguição. Foi então que alguém sentou ao meu lado, era uma mulher um pouco mais alta do que eu.

Meu primeiro movimento foi ficar alerta, mas a minha loba não demonstrava medo algum, depois notei que não havia um cheiro o que era impossível, até mesmo humanos tem um cheiro próprio.

- Desculpe se a assustei. - sua voz era fina. - Meu nome é Julie.

- Meu nome é Kristine. - sorri, porque estava me sentindo estranhamento confortável com esta mulher.

Ela tinha lindos olhos verdes e um cabelo caramelo curto que batia nos ombros. E sua aura era pacífica, de algum modo sabia que não me faria mal.

- Ele já está para nascer, certo? - deveria ser uma coincidência ela saber o sexo do bebê. - Como vão chamá-lo? - ou não.

- Ren, e sim, está previsto para o começo desse mês. - falar de qualquer um dos meus filhos me agradava demais. 

- Eu me lembro quando engravidei. - ela sorriu, um lindo sorriso gentil. - Ficar sete meses sem poder se transformar era um sacrifício, mas que valeu extremamente a pena.

- E como vale. - foi só então que comecei a ligar os pontos. - Espere, você é uma lupina? Você precisa de uma alcateia?

- Não se preocupe, querida. - sua mão tocou a minha. - Eu sou apenas uma mãe que achou seu bem mais precioso, só que ainda não sabe o que fazer.

- Posso ajudar? - observei-a com atenção.

Não havia reparado antes, mas seus olhos eram realmente belos, contudo, continham uma tristeza, uma angústia aprisionada.

- Eu quero ajudar. - falei sem pensar.

Julie me fitou surpresa e deu uma olhada para trás, ela devia estar pensando em como prosseguir, aproveitei e dei uma olhada para baixo, Triton havia acabado de se transformar de volta e estava ajudando a April a voltar a forma humana.

- Sei como pode me ajudar. - ela ainda segurava as minhas mãos. - Me passe essa sua força, por favor.

- Claro, mas me explique melhor o seu problema, essa sua angústia. - mais uma vez ela ficou surpresa com a minha percepção

Nisso, ouvi Triton e April se aproximando, nenhum dos dois havia notado que Julie estava comigo.

- Quero que o meu sufoco termine agora. - então ela sorriu e manteve seu olhar em mim.

De repente, seu cheiro me acertou em cheio, um aroma agradável de pêra.

- Kristine... - Triton parou e ficou nos encarando, mas Julie não mostrou seu rosto. - Esse cheiro... 

April estava segurando a mão do pai e ficou parada, tentando entender todos os cheiros que se passavam ali. Então, Julie se levantou - fiz o mesmo - e olhou na direção do meu companheiro.

- Eu finalmente te achei! - e começou a chorar, seus braços se abriram, mas suas pernas não se mexiam.

Triton correu abraçá-la e April veio ao meu encontro, fiquei confusa, mas não estava com ciúmes, o que parecia um absurdo.

- Eu pensei que você tivesse morrido. - senti que Triton estava chorando. 

Eles se separaram um pouco e limparam as lágrimas, a mulher sorriu e lhe deu um beijo na testa, do mesmo modo que Triton sempre fizera comigo. Foi quando eu compreendi o que estava acontecendo.

*

Estávamos na sala, April se acomodara em meu colo e brincava com seu castor, Triton estava ao nosso lado enquanto Julie usara uma das poltronas para se sentar a nossa frente.

Por que eu nunca havia perguntado os nomes dos pais do meu companheiro? Mesmo que ele também não sabia os nomes dos meus pais até conhecê-los.

- Sua companheira é tão tímida e linda. - voltei a me concentrar neles quando ouvi a voz gentil de Julie.

- Ah, sinto muito. - corei levemente.

- Eu não os culpo. - ela parecia triste. - Eu só espero que eu ter aparecido do nada, não tenha afetado vocês...

- Claro que não! - fitei-a com atenção. - É verdade que eu fiquei surpresa, mas pelo lado positivo. - voltei a corar.

Era estranho você achar que sua sogra estava morta e do nada ela "reviver", como se estivesse passando por um teste para saber se era digna do seu filho.

- Eu fico extremamente feliz que meu filho tenha uma loba tão gentil ao seu lado. - seu sorriso foi como dar uma recompensa a uma criança. 

- Ela é a grande razão de eu continuar seguindo em frente. - Triton pousou sua mão em cima da minha e sorriu. - Ela me tirou da solidão, mãe.

- Eu imagino que sim. - Julie tocou o rosto do filho. - Nós não queríamos que as coisas acabassem como acabaram...

Julie iria começar a chorar, mas Triton se levantou e a abraçou, meu coração ficou mais quente como se pudesse sentir a emoção que os dois estavam sentindo naquele momento.

- Não gosto que papai fique abraçando outras mulheres. - April rosnou e isso fez com que todos a observassem.

- April, sabe essa moça bonita? - esperei que ela olhasse. - Ela é a mãe do papai, ela é a sua avó.

- Outra vovó? - April sorriu e desceu do meu colo. - Vó, você faz bolo?

Foi algo inesperado para Julie e dessa vez, nós não a impedimos de chorar, apenas lhe entregamos alguns lenços. Triton voltou a se sentar ao meu lado, juntando novamente as nossas mãos.

- Vovó, não chora. - April puxou o vestido dela. - Se quiser eu e a mamãe podemos te ensinar a fazer bolo.

- April, venha cá, meu amor. - Triton a pegou no colo. - Você e a mamãe não querem fazer algo para comermos?

- Café da tarde! - April se jogou no meu colo e riu.

- Nós já voltamos. - levantei e fui em direção a cozinha.

A curisidade estava me matando, tinha duas perguntas que eu gostaria de fazer a Julie: como era o Triton quando pequeno e como ela havia sobrevivido.

A primeira deveria ser feita num futuro próximo, e a segunda teria de descobrir a resposta por livre e espontânea vontade da mãe dele, seria demasiado estranho que perguntasse sobre a sua quase morte.

E pelo que havia notado, apenas ela havia de fato sobrevivido, o pai de Triton havia realmente falecido. April puxou o meu vestido tentando chamar a minha atenção.

- Quero ajudar! - reclamou. - Colo!

Peguei-a no colo e deu-lhe um beijo na bochecha, recebendo em troca um largo sorriso.

- O que acha que devemos fazer, panquequinha? - deixei que ela decidisse.

- Hmmmm... Misto quente. - seus olhinhos estavam me fitando. - E suco?

- Suco de maracujá? - logo que ela assentiu, eu sorri de volta. - Então, mãos à obra.

Preparar foi rápido, e ouvir a risada da April tornava tudo mais gostoso. Agora ela estava no chão, andando ao meu lado como se estivesse se assegurando que eu não me machucaria no caminho.

Triton mal sabia que agora teríamos, na verdade, três guardas costas na família para mim. E assim que cheguei a porta da cozinha, consegui ouvir um pouco da conversa.

Infelizmente, a minha loba ansiava por ouvir sem ser notada, e curiosamente, April se manteve em silêncio parada ao meu lado.

- Eu tinha medo de que nunca conseguiria te encontrar... - Julie confessou. - Uma criança na sua idade nunca deveria ficar sozinha.

- A culpa não foi sua, mãe. - sua voz era compreensiva, e eu conhecia essa calma, era a mesma que ele sempre usava comigo, quando eu estava me sentindo muito culpada. - Eu não vou mentir pra você, foi muito difícil continuar vivendo com vocês mortos... Mas pessoas boas foram entrando na minha vida.

O silêncio que se seguiu pareceu a hora perfeita para voltarmos, e ao entrar na sala, senti o olhar caloroso do meu lobo. Julie já não estava mais chorando e seu rosto suavizara levemente do vermelho que estava.

- Misto quente e suco de maracujá! - April anunciou e pediu colo ao pai.

- E foi você que preparou, meu anjo? - Triton a beijo na bochecha. 

- Claro, mas a mamãe ajudou. - ela estufou o peito.

- Essa é a minha menina. - Triton piscou para mim.

Puxei a mesinha e apoiei os lanches e o suco nela, Julie sorriu para mim, seus olhos verdes me agradeciam, mesmo não sabendo o que havia feito para receber tamanha graça.

- Eu gostaria de saber um pouco da sua história, Triton. - sua mãe estava com receio de que ele não se abrisse para ela.

Em alguns anos na alcateia, eu havia aprendido a entender melhor os sentimentos das pessoas, principalmente, lupinos.

- Tudo bem. - ele me olhou ao mesmo tempo que sua mão buscou a minha. - Depois que vocês morreram, eu fiquei desnorteado, chorei por semanas, e eu só parei quando imaginei que vocês estariam triste e sofrendo por me ver daquele jeito, então eu engoli o choro e comecei a me virar sozinho.

Senti um aperto mais forte em minha mão, mas os olhares dos dois estavam centrados no suco. April se remexia enquanto comia o lanche, sua pequena boca dava minúsculas mordidas e seu nariz parecia curioso, às vezes, ela o usava para entender melhor o cheiro daquilo que comia.

- Vocês tinham bastante dinheiro guardado, que foi o suficiente para sobreviver enquanto ainda não tinha idade para trabalhar, e eu comecei a estudar numa escola do estado. - explicou. - Quando eu fiz quinze, comecei a trabalhar em meio período, depois quando fiz dezoito resolvi que faria uma faculdade.

Julie deixava transparecer que estava orgulhosa e ao mesmo tempo magoada por seu filho ter passado por tudo isso sozinho.

- Comecei a estudar engenharia, não sei explicar o motivo, apenas senti que era o certo. - comentou. - No meio da faculdade eu comecei a mudar um pouco... Digamos que eu ainda era virgem e meu lobo parecia meio fora de controle.

Interessante saber sobre o passado do meu companheiro, sua mãe não pareceu entender muito bem, por isso senti Triton pedindo pela minha ajuda.

- Triton não tinha tido muito tempo para pensar em garotas, e nunca tinha experimentado algo a mais. - também era complicado para mim explicar o que ele fazia. - Mas quando na faculdade, mesmo de engenharia, acaba encontrando mais mulheres e aí o interesse se manisfesta, e o lobo aqui é bem dominante, então... acho que você entendeu.

Julie tentou esconder a cara de surpresa, porém seus lábios a entregaram.

- Continuando, eu me formei e comecei a ganhar dinheiro, mais do que o necessário para me sustentar, então começou as viagens, as paqueras e tudo sem compromisso. - falou essa última parte rapidamente. - Foi aí que a Lorena apareceu, minha melhor amiga, que me trouxe para essa alcateia.

- Ela é invocada, mas tem um coração gigante. - expliquei para que Julie pudesse se recuperar da notícia de que seu filho era um lobo safado que teve todos os tipos de prazeres.

- Claro que demorou muito para ela conseguir me trazer, e quando conseguiu, também foi uma guerra para me acostumar a ter que obedecer um alfa. - Triton  revirou os olhos. - Mas os anos passaram e eu parei de ser aquele antigo lobo quando a Lorena se uniu.

A mãe de Triton esbocou um sorriso e fitou o filho com carinho.

- Eu percebi que estava na hora de parar de ficar solteiro, e comecei a querer algo sério... um compromisso. - comentou. - Não foi fácil, porque meu lobo continuava querendo todas as mulheres, mas eu me controlei.

Achei estranho April não ter feito nenhum pergunta, olhei-a com mais atenção, ela estava cansada e seus olhos estavam quase fechando. E suas pequenas mãos estavam se segurando na camiseta do pai, que lhe fazia um carinho nas costas.

- Foi aí que o Fernando, nosso atual alfa, me mandou dar uma de detetive numa cidade que eu só havia ido uma vez na vida. - explicou. - Foi quando eu conheci a Kristine, esta loba linda e maravilhosa.

- Desculpe interromper, mas você tem quantos anos, querida? - Julie possuía a voz mais amável do mundo.

- Trinta e três, e quando Triton me conheceu, eu tinha alguns problemas lupinos. - não que eu quisesse explicá-los agora. - Mas ele me ajudou com eles.

- Interessante. - ela riu de leve. - Quando você era pequeno, eu sempre achei que você teria uma loba bem mais nova do que você...

- Mães têm seis sentidos ou mais. - Triton riu e me beijou na bochecha. - A Kristine, por exemplo, parece ter uns nove.

- Que exagero. - fiquei sem jeito.

- Mas me contem, pois não parece que ele conseguiu te cortejar logo de cara. - Julie sabia muito bem ler as emoções, ficou comprovado agora.

- Bom, eu nunca soube como era namorar pra valer e a Kristine era um pouco tapada. - Triton disse.

- Ah é? - eu o encarei. - Uma graça você, não? - rosnei. - Julie, é verdade que eu era um pouco mais lenta naquele época, mas tenho que ter um desconto, você era o primeiro lobo que eu conhecia.

- Você não tinha pai? - Julia parecia chocada, e pensei que ela fosse começar a chorar de novo.

- Meus pais me abandonaram quando eu era pequena, deixaram-me com a minha tia, então nunca tive contato com nenhum outro lupino. - comentei. - Mas antes de engravidar da April, meus pais ressurgiram.

Sua expressão foi de alívio seguido de um sorriso sutil.

- Mas enfim, eu a conquistei e esperei até que ela estivesse pronta para se unir comigo e vir até a alcateia. - Triton explicou. - E algumas coisas aconteceram nesses tempos, mas estamos aqui.

- Firmes e fortes. - não contive um sorriso.

- Eu preciso dizer... - Julie colocou as mãos no peito. - Eu me apaixonei pela sua companheira.

- Eu falei que ela era muito cativante. - Triton me beijou mais uma vez, só aumentando o meu rubor.

- E vocês tiveram uma filha linda e estão esperando por um filho, certo? - sua voz estava chorosa. - Será que eu poderia segurar a minha neta?

- Claro. - Triton se levantou e colocou uma April sonolenta nos braços de sua mãe.

- Vovó tem cheirinho de pêra. - April estava adormecendo.

- Ela é linda. - Julie a obserava com dedicação. - Ela é a sua cara Kristine, tem os seus olhos e o cabelo do meu menino.

Então ela começou a cantar baixinho, uma música que fez todos na sala relaxarem.

- Você cantava isso para mim. - Triton sorria. 

A melodia era calma e quase me fez dormir de tão relaxada que fiquei, mas Triton segurou a minha mão com mais força.

- Mãe, o que aconteceu naquele dia? - perguntou.

Julie terminou de cantar, e suavemente colocou April dormindo no sofá, depois seu olhar pousou em suas mãos.

- Você não precisa falar agora. - tive de falar, e com receio olhei se meu companheiro ficou bravo com a minha decisão.

- Kristine tem razão, sinto muito. - Triton abaixou a cabeça e depois me agradeceu com um beijo na testa.

- Eu quero explicar, mas não sei como. - Julie suspirou e ergueu o rosto. - A verdade é que eu fiquei num estado semi-morto: sem pulso nem respiração.

- Sim, eu lembro de conferir isso. - Triton parecia ter dificuldade em dizer isso.

- Eu nunca contei a você, mas seu pai sabia, eu sou lupina e bruxa. - ela confessou. - E eu também não entendo até hoje como aconteceu, mas eu sei que enquanto estava "morta", meu espírito ficou isolada e só conseguia pensar em voltar para cuidar de vocês dois.

- Amor. - deixei a palavra sair e ambos me encararam. - Dizem que o amor de mãe é tão forte que pode fazer o impossível acontecer.

- Não é só o amor de mãe que faz o impossível. - Triton me fitou cheio de amor e sorriu carinhosamente.

- Kristine, eu concordo com você, mas também concordo com o Triton. - Julie se levantou e me abraçou. - Obrigada por cuidar do meu filho.

Nos começamos a chorar, Triton decidiu que deveria ir colocar April para dormir e nos deixou a sós.

*

Jantamos tarde, mas comemos bastante, Julie era decididamente a melhor cozinheira do universo. 

- Quero colo, vó! - April fez um bico.

Julie a pegou e a encheu de beijos, April ria e tentava retribuir os beijos, Triton estava em pé ao meu lado, seu lobo estava calmo, o que era inédito, tratando-se da minha gravidez.

- Eu ainda não acredito que é realidade. - disse com receio.

- É a verdade. - toquei em seus braços, e coloquei-me a sua frente. - Sua mãe está vida, e ela te encontrou... e ela te ama muito.

- Eu também a amo muito. - ele estava mesmo com medo. - Só não sei como deveria agir, sabe?

- Você não precisa se preocupar com isso, ela te ama do jeito que você é. - sorri confortando-o. - Um lobo fiel, carinhoso, gentil, educado e inteligente... e lindo também.

Isso o fez rir um pouco, aliviada eu lhe beijo nos lábios, Triton me abraçou, erguendo-me um pouco.

- Vó, você vai dormir com a gente hoje? - April jogou a cabeça para o lado, mostrando sua curiosidade.

- Não sei...

- É claro que vai. - respondi quando Triton me colocou de volta ao chão. - Se ela quiser é claro, nós temos um colchão que pode ser colocado no quarto dos bebês.

Fomos até elas e Julie se levantou para segurar as minhas mãos, seu cabelo era caramelo e me fazia lembrar dos olhos gentis do meu lobo.

- Acho que eu também me apaixonei pela sua mãe. - afirmei e todos nós começamos a rir.

Triton me abraçou por trás e sua mãe notou a felicidade que ele estava exalando, o cheiro de alívio que ela deixou escapar fez todo sentido.

- Então vovó vai dormir aqui! - April bateu palmas, em seguida, sentou-se no sofá e ligou a televisão.

Nós a observamos e depois sentamos no outro sofá, comigo no meio dos dois.

- Quantos anos ela tem? - Julie indagou.

- April nasceu no dia dezesseis de fevereiro e vai fazer três anos. - Triton a informou. - E o Ren está previsto para o começo desse mês.

Notei como Julie ficou observando a minha barriga de grávida, então pensei em dar um passo a mais na nossa relação em família.

- Pode tocar se quiser. - encorajei-a. - Aproveite que ele está agitado hoje.

Devagar e com cautela, senti as mãos suaves de Julie me tocarem, foi uma sensação indescritível, tudo que pude sentir foi amor. Seu sorriso foi se alargando ao sentir os chutes e socos do bebê, e claro que Triton aproveitou para também sentir o nosso filho.

- É provável que no dia em que você tenha ficado grávida dele, que eu senti a conexão com o Triton. - Julie estava hipnotizada no bebê. - Fazia anos que eu tentava feitiços de rastreamento, mas quem diria que um bebê menino teria me dado a pista?

- Por que com ele? E não com a April? - Triton indagou interessado.

- Chego a conclusão de que é por que Ren deve ser muito mais parecido com você do que com a Kristine. - explicou com cuidado. - Entende?

- Perfeitamente. - Triton assentiu. - Mas isso foi a sete meses...

- Como eu disse, foi uma pista... Ela me informou que você estava unido e tendo um filho, e que estaria nesta região do país. - respirou fundo. - Demorou mais do que o previsto para procurar por todos os lugares, tive que enfrentar alguns obstáculos... Mas eles não vem ao caso.

- O que importa é que vocês se reencontraram. - digo pois pareceu ser o certo. 

- Ah, meu filho, sua companheira é adorável. - Julie sorriu com sutileza e depois voltou-se para observar April. - Vocês acham que eu poderia ser aceita nesta alcateia?

Triton me apertou levemente contra si, ele precisava da minha ajuda para responder a essa pergunta.

- Acho que todos adorariam ter uma loba tão gentil e amável quanto a senhora por aqui. - afirmei sentindo as bochechas esquentarem.

- Eu posso ligar para o Fernando agora, ele ainda deve estar acordado. - Triton explicou. - E amanhã nós a apresentaremos, o que acha?

- Prometo não ser uma mãe e sogra muito grudenda. - Julie abaixou o rosto. - Só não quero perder você de novo, meu filho.

- Eu nunca vou deixar que a gente se separe de novo. - ele estendeu o braço e conseguiu erguer o rosto de sua mãe. - Eu senti muito a sua falta, mãe.

- Ah, querido... - então ela nos abraçou. - Eu o amo muito, e já me sinto amada pela sua nova família.

- Nossa família. - retribui seu abraço.

-  Eu também te amo, mãe. - Triton sorriu ao mesmo tempo que corou. - E também amo a nossa família. - beijou o topo da minha cabeça.

- Para, papai! - April estava nos olhando com uma cara brava. - É a minha vez de ficar com a mamãe e o meu maninho.

- Sua vez? - Triton deu sua risada alta.

- Isso. - April me puxou pelo vestido. - Vem ver TV comigo, mamãe!

- Vou atender o pedido da chefe da família. - brinquei e fui me sentar no outro sofá.

Desta vez, April se sentou ao meu lado e enquanto seus olhos acompanhavam as cenas coloridas da televisão, suas pequenas mãos passeavam pela minha barriga de grávida.

De canto de olho, vi Julie e Triton conversando, era mais do que um alívio que Julie Cerutti tivesse voltado a vida do meu lobo.

- Vovó deixou papai mais fofinho. - April murmurou olhando em meus olhos.

- Ela fez muito mais do que isso. - sussurro, e minha pequena já não estava mais prestando atenção, mas um dia ela entenderia.


Notas Finais


Alguém já imaginava isso?


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