História O clã - Interespecies - A festa

            NEM BEM CESAR SAIU, OS convidados começaram a chegar. Aos poucos a casa foi enchendo. Nossos amigos chegaram juntos: Emily usava os longos cabelos castanhos lisos e repartidos ao meio, um pouco de lápis nos olhos, uma camiseta preta com uma jardineira cuja saia ia até pouco abaixo do joelho.  Usava um sapato plataforma de camurça preto. Os garotos estavam todos de camiseta, bermuda jeans e tênis, como um uniforme.

            -Emily! Você está fantástica – disse Clarissa.

            -Você também, Clarissa – disse Emily, me meio àquele sorriso bobo que as pessoas geralmente dão quando recebem elogios.

            -Não esqueça que ela é dona da festa, precisa ser a mais bonita – falei com desdém, e soltei uma gargalhada logo depois, que foi seguida pela gargalhada das minhas amigas.

Os garotos então, trocaram um olhar de tédio.

            -Bora comer? – Perguntou Lucas.

            -Vamos nessa – disse Theo, e assim dirigiram-se à mesa.

            A mesa fora feita por Emily e continha coxinhas, pastéis de carne, calabresa e cenoura, bolinhas de queijo e doces de diversas cores e sabores, incluindo brigadeiros. A mesa era enorme e farta, mas a quantidade de comida encomendada por Emily poderia repor aquela mesa por mais três vezes. O tema da festa era neve, uma das coisas de que Clarissa mais gostava. A mesa então era feita de acrílico, imitando gelo. Em cima da mesa, entre um prato e outro haviam grandes esculturas de acrílico, todas iluminadas por luzes coloridas. No centro da mesa, um enorme castiçal também de acrílico, três enormes velas brancas acesas.

            Mas a maior atração da festa, sem dúvidas eram os videogames , algo que Clarissa fez questão de colocar para agradar à Lucas. O clímax da festa foi quando o campeonato  começou.

            O grupo estava unido e a conversa animada, com momentos de silêncio que usávamos como instantes de intimidade com nossos respectivos namorados. Em determinado momento, Clarissa pareceu se lembrar dos videogames.

            Fomos em comboio, atrás de Clarissa e Lucas, que era praticamente arrastado pela mão. Chegamos até lá. Eu sorri e disse, com entusiasmo:

            -Eu começo!

            -Você joga? – Me perguntou Roger.

            -Se eu jogo! Fala pra eles Clarissa.

            -Nós somos as melhores – disse Clarissa, passando o braço em volta do meu pescoço.

            -Olha, não parece – disse Theo com um sorriso malicioso. Eu, Clarissa e Emily estávamos abraçadas, como que para juntar as forças femininas.

            -Quer apostar? – Provoquei.

            -Tô dentro! – Gritou Lucas.

            -Eu sugiro: quem vencer aplica o castigo que bem quiser ao seu respectivo namorado – disse Clarissa.

            -Ou namorada – disse Roger.

            -É o que veremos. – Provocou Emily.

            Seguindo o tema da festa, o jogo era sobre corrida de esquis. Dois jogadores de cada vez subiam em duas pranchas de plástico, que simulavam as pranchas de esqui. Os primeiros foram Clarissa e Lucas, e toda a festa já estava observando, quando Clarissa venceu por pouco. Nós ,vampiras geralmente somos muito educadas, silenciosas e seguimos as regras de etiqueta, mas isso não se aplica a mim e a Clarissa quando vencemos um jogo. Clarissa venceu por uma diferença mínima, mas isso não a impediu de esfregar a sua vitória na cara de Lucas:

            -Se eu fosse você, eu manteria a boca fechada da próxima vez – ela disse, mas seu sorriso indicava a brincadeira. Os convidados reagiram como se estivessem cursando a quarta série.

            -Acho que isso foi um pouco agressivo – disse Lucas, em seu humor tipicamente sarcástico. Nesse momento, Clarissa chegou bem perto e disse com um tom sensual e ameaçador ao mesmo tempo:

            -Você ainda não viu nada,- arrancando gritos dos convidados.

            Os próximos fomos eu e Roger. Ele obteve a vitória por poucos pontos (isso foi porque eu não quis tirara as botas, às vezes a arrogância atrapalha). Em seguida, foi a vez de Emily e Theo. A competição seguia apertada: os dois empataram duas vezes. Na terceira, Emily conseguiu a incrível vitória por 300 pontos de diferença, achamos, porém que Theo entregou o jogo.

            -Eu não quero dizer nada, mas parece que – disse eu, ficando entre Clarissa e Emily e oferecendo uma mão para cada uma bater – as garotas venceram!

            -Isso não vale! – Disse Roger – Eu ganhei.

            -Mas o combinado foi esse – disse Emily. Foi então que a algazarra começou. Pessoas de fora poderiam achar que estávamos discutindo seriamente, mas era tudo muito divertido, até que Clarissa falou a um tom acima.

            -CHEGA! Porque eu vou aplicar o meu castigo agora – disse, e em seguida puxou Lucas pela mão em direção à escada preta que levava aos quartos – três no total.

            A festa continuou mesmo com a anfitriã fora. Dançamos e nos divertimos muito. Quando Clarissa voltou, parecia mais feliz do que habitualmente ficava depois de passar algum tempo sozinha com Lucas.

            -O que aconteceu? – Eu perguntei, buscando saber o motivo de toda aquela alegria.

            -Apenas continue dançando, e tenha certeza: vai ficar tudo bem.