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História O começo de tudo - Acontecimentos mágicos


Escrita por: Kitty-Batsky

Notas do Autor


Primeira fanfic, por isso desculpem se não está muito boa. Nunca fiz uma história de romance e também não tenho muita experiência (para não dizer nenhuma). Enfim, sempre gostei do Draco, não só pela aparência como pela personalidade e resolvi fazer esta fanfic já há um bom tempo embora só agora tenha decidido publicá-la. Não é Dramione, mas espero que gostem na mesma e que ao conhecerem Viviane se afeiçoem a ela tanto como eu me afeiçoei.

Imagem por jcantelo (Devianart)

Capítulo 1 - Acontecimentos mágicos


Fanfic / Fanfiction O começo de tudo - Acontecimentos mágicos

Saí de casa o mais rápido que pude e enveredei a correr pelo caminho que tão bem conhecia. A mãe tinha acabado de chegar a casa pelo que não precisava mais de tomar conta da minha pequena irmã Maria. Não que eu não gostasse de tomar conta dela mas estava ansiosa por terminar o meu último desenho. A minha obra-prima!

Saltei o ribeirinho que corria em volta da minha casa. Tropecei, e os meus esboços a carvão espalharam-se pelo chão de terra. Apanhei-os rapidamente, ainda de gatas, e procurei o lápis. Estava a escurecer cada vez mais, já pensava que não chegaria a tempo. Eis que finalmente vejo o meu lápis, que, por ser tão pequenino, apenas um toco, já se escondia bem por debaixo de qualquer tronco, folha ou toca de coelho.

Corri o mais depressa que pude até chegar a um maço de arbustos. Tateei pela folhagem até sentir os braços a afundarem-se indicando o lugar desprovido de ramos pelo qual eu costumava passar. No entanto, cada vez era mais difícil encontrá-lo, estava em desenvolvimento veloz e, quando o caminho estivesse totalmente invadido pela vegetação, teria de encontrar outro caminho secreto que só eu conhecesse, para conseguir chegar ao meu penhasco favorito. A minha saia ficou presa num dos arbustos e rasgou-se. A mãe não iria ficar nada satisfeita por ter de a coser outra vez. Ela diz que eu devia ter nascido um bichinho da floresta em vez de uma pessoa e que gostaria imenso se eu estimasse mais a minha roupa. Eu também não iria ficar nada satisfeita porque enquanto ela estivesse a coser a saia, ia ter de usar as velhas calças de carpintaria do meu avô que são duas vezes o tamanho da minha cintura e fazem tanta comichão que só podem ter sido a origem da expressão «ter bichos carpinteiros».

Finalmente consegui desembaraçar-me das últimas folhas e, já mais calma por constatar que chegara mesmo a tempo, deitei-me de bruços no chão, com a folha à minha frente.

Seria mesmo fantástico se eu fosse tão boa a desenhar que pudesse passar para o papel toda a beleza do pôr do sol que se via do meu penhasco. Mas acho que isso nem mesmo o melhor pintor. O sol parecia tão próximo que até dava a ilusão de lhe conseguirmos tocar se nos aproximássemos bem à beirinha da formação rochosa e esticássemos a mão, para podermos roçar a superfície quente com a ponta dos dedos.

As cores era o que mais me enchia de admiração, aqueles tons de rosa, laranja, vermelho, amarelo, …

Comecei a completar os sombreados, parte tão importante no desenho de um pôr do sol. De repente, senti que estava a ser observada. Olhei para baixo e vi um lindo esquilo castanho que me analisava muito apreensivo.

- És novo por aqui, não és? – Perguntei-lhe como um convite para se aproximar.

- Sim! – Respondeu o pequeno esquilo ondulando a cauda duas vezes e mexendo os bigodes com nervosismo. – Não conheço ninguém por aqui! Derrubaram a árvore aonde eu vivia por isso tive que me mudar. Eram parecidos contigo, aqueles que derrubaram a árvore. Duas pernas, sem pelos nem penas, grandes… no entanto, eram mais feios e altos. Vinham acompanhados de grandes monstros amarelos com muitos dentes que destruíram a floresta aonde eu vivia. Tu és da mesma espécie que eles?

Eu ouvia atentamente e via gradualmente os olhos pequeninos do esquilo ganharem um tom de medo.

Para a maioria das pessoas, conversar com animais não faz qualquer sentido, muitos acham que é um sinal de loucura mas o facto é que eu compreendo os animais. Eles muitas vezes não falam mas pensam com muita nitidez. E eu consigo perceber exactamente o que eles pensam pelos movimentos, pelo olhar, pela forma de franzirem o nariz. Cada gesto com o seu significado. Mas nunca ninguém acreditou realmente que eu consigo perceber os animais, nem mesmo a minha mãe e a minha irmã. Também, eu nunca soube explicar muito bem esta «relação» que crio com os animais. Normalmente, quando são parentes mais chegados perguntam-me:

- A sério? Tu falas com os animais? E eles respondem-te?

- Não! Eu consigo compreender o que pensam! Muitos nem sequer emitem qualquer som.

- A sério? Então… eu sou um animal! O que estou a pensar agora?

E eu nunca respondo, porque não adiantaria tentar explicar. Apesar das pessoas serem animais, de tantas mentiras, intrigas, de tanto tentarem esconder o que pensam, o que sentem… tornaram-se diferentes de todos os outros animais que comunicam entre si, perderam completamente a relação com eles como se fossem uma raça superior e especial. Muitos podem não compreender realmente o que essas pequenas criaturas querem dizer-nos mas quantas é que realmente tentaram? É preciso muita paciência, muita dedicação. Ver como é que os esquilos e os pássaros comunicam entre si. Ver como animais tão diferentes como cães, gatos e golfinhos conseguem entender-se. E de repente, estás de novo em sintonia com a Natureza e com a linguagem de todos os animais como era no início dos tempos.

Outra prova em como somos muito diferentes dos outros animais (no mau sentido) é o facto de acharmos que tudo nos pertence. Quem é que nunca utilizou a palavra «meu»? A minha escola, a minha casa, o meu namorado, o meu país, …

Mas a realidade, e os animais entendem-na tão bem, é que não somos donos de nada e nada nos pertence. Nunca ouvi um animal dizer por exemplo «a minha árvore» ou «o meu rio» ou «as minhas bolotas». Sempre dizem, como o meu novo amiguinho esquilo que acabara de conhecer, a árvore onde eu vivo, ou o rio onde eu moro ou as bolotas de que me alimento.

- Não te preocupes, amigo esquilo! Eu nunca faria mal à floresta onde passeio todos os dias. Eu apenas gosto de retratar a Natureza, tentar fazer coisas tão bonitas como ela as faz.

O pequeno esquilo, já menos desconfiado, abeirou-se da minha folha de papel.

- Retratas muito bem!

- Obrigada!

Depois apercebi-me de que algo o incomodava.

- O que foi?

- Nada! É que… o que usas para fazer isto? É esse estranho objeto? – Perguntou referindo-se ao meu lápis.

- Sim!

E de imediato peguei nele porque sei melhor do que ninguém que o instinto natural dos roedores é começarem a morder tudo o que possa ser mordido. Fazem isso totalmente por instinto e o objetivo é desgastar os dentes que nunca param de crescer num roedor.

- Mas como é que vais acabar esse teu desenho, se o sol já mudou de posição?

Eu apercebi-me nesse momento de que o sol já há muito deixara o meu penhasco, que descia agora cada vez mais, mergulhara nas colinas.

- Oh, bem! Parece que tenho de terminar amanhã. E eu que corri tanto! Mas é sempre melhor fazer novos amigos. – Disse mais para mim do que para o esquilo.

De repente o pequeno esquilo arrebitou as orelhas e ficou muito quieto, um sinal óbvio de perigo.

- O que se passa? – Perguntei muito baixinho. Seria um falcão?

No momento seguinte, já não via o meu amigo esquilo em parte alguma. O que eu mais gosto nos esquilos é a maravilhosa cauda felpuda que usam para se aquecer nos meses de Inverno. O que eu menos gosto nos esquilos é o facto de por vezes desaparecerem sem aviso prévio.

O que aconteceu a seguir foi tão rápido que é até difícil descrever. No momento em que os últimos raios de sol deixaram de iluminar o penhasco, mergulhando-o numa penumbra, começou a soprar um vento fortíssimo que de imediato me arrancou o lápis e o papel da mão, embora eu tenha tentado desesperadamente agarrá-lo. E o vento continuou a soprar cada vez mais forte fazendo o meu cabelo redemoinhar para todos os lados. Mantinha os olhos completamente cerrados e tentava desesperadamente manter-me firme no chão, a cabeça encoberta pelos braços. Quando dei por mim, já principiara a rebolar e tateei nervosamente o chão tentando encontrar qualquer ramo seco ao qual me pudesse agarrar, mas havia apenas relva macia que nem tinha tempo de segurar.

A última coisa que senti antes de cair do penhasco foi o meu corpo raspar nas farpas finais e a minha mão que se cortou ao tentar segurar a ponta da última rocha.

Cair de tão alto é quase como saltar de uma prancha para a piscina, só que no final não há uma camada de água que aparar a nossa queda, mas sim chão duro que nos corta em pedaços.

E o vento! Ele soprava tão forte que por momentos de esperança pensei que voltaria a colocar-me no cimo do penhasco mas a força de gravidade era mais do que imbatível e o máximo que o vento podia era fazer-me rodar descontroladamente como um foguetão desgovernado. No final, acabei por ficar de barriga para baixo e o que vi assustou-me mais que tudo. O chão aproximava-se a uma velocidade vertiginosa. Não era nada como nos filmes em que tudo acontecia em câmara lenta. Fechei os olhos com força e preparei-me para o impacto. Senti por momentos uma estranha leveza apoderar-se do meu corpo e no momento seguinte veio o tão indesejável impacto. Rebolei durante uns bons segundos e permaneci de cara no chão, olhos fechados, sentindo o sabor do sangue que me cobria os lábios. No entanto, estava viva! As dores que sentia só podiam ser sinónimo disso. Levantei-me, extremamente tonta, e olhei para cima. O penhasco estava tão alto! Eu caíra de tão alto! E estava viva não fazia ideia como!

Comecei a caminhar lentamente, iluminada pela luz da lua e das estrelas. Se não conhecesse tão bem a floresta, decerto ficaria perdida mas já vagueara muito por aquela zona e encontrei facilmente o caminho de volta para casa. Ao chegar, vi a luz da candeia acesa e a porta aberta. A mãe esperava-me, provavelmente era já muito tarde. Ao ver-me, a sua expressão encheu-se de horror:

- Viviane, o que é que te aconteceu? Estás toda suja de terra e… estás a sangrar? E tens as roupas todas rasgadas!

Eu começava a ficar realmente cansada e já via tudo um pouco enevoado.

- Eu caí! – Disse tentando terminar a conversa.

Mas a mãe franziu as sobrancelhas e olhou para mim de forma desconfiada como se eu tivesse feito uma asneira grossa.

- Onde estiveste até esta hora?

Eu permaneci calada.

- Espero que não tenhas ido para o penhasco, aquele lugar é extremamente perigoso.

Eu só não corei porque estava demasiado cansada e o meu ar devia ser de quem estava mais para lá do que para cá. Deve ter sido por isso que a expressão da minha mãe se suavizou:

- Estás tão pálida! Deves estar muito cansada! Amanhã conversamos quando eu voltar do trabalho. Tens de ir trocar de roupa, podes vestir a minha camisa de noite.

Se a mãe soubesse que eu tinha caído do penhasco, provavelmente estaria fula comigo e não a mimar-me. Isto é, se acreditasse, porque isto só visto.

A Maria estava ao cimo das escadas com os seus belos olhos azuis fixos em mim, meio agachada com se estivesse escondida.

- A Viviane já voltou, mãe? – Perguntou, saltando os degraus.

A mãe nem lhe respondeu. Subiu as escadas e incitou-a a subir.

- Mas o que é que estás a fazer, acordada a esta hora? Vai-me mas é para a cama! – Depois virou-se para mim. – É melhor ires também, Viviane! Mas primeiro é melhor limpares esses ferimentos.

Eu esperei enquanto a mãe foi buscar um pano molhado. Pressionou-o contra a minha face e passou-o pelos lábios, enrolando-o depois na minha mão que apresentava o corte mais profundo. Subi para o meu quarto e o da Maria, vesti a camisa de noite da minha mãe que me ficava tão grande que arrastava pelo chão, e deitei-me na minha cama de barriga para cima.

A minha cama consistia, basicamente, num monte de feno com um pano a encobrir e mais um cobertor de lã para me tapar. Não era muito confortável mas eu habituara-me a ela desde o início, talvez por não conhecer outro modo de viver.

Não era, portanto, a pobreza do meu leito que me impedia de dormir, mas sim os pensamentos que desfilavam pela minha cabeça. Não conseguia parar de reviver o momento em que caíra do penhasco. Que misteriosa explicação haveria para ainda estar viva? Que acontecera quando fechara os olhos? E que sensação de leveza fora aquela? Magia?

Abanei a cabeça fazendo-me voltar à realidade.

É claro que só podia ter sido o vento que, de tão forte, me aparara a queda. É contra todas a leis da física mas… que outra explicação poderia haver?


Notas Finais


E é isso, espero que tenham gostado do início, aviso desde já que a história vai ser looooonga, dividida em 7 fanfics. Em todos os capítulos eu vou acrescentar uma música capitular que serviu de inspiração para o capítulo. Aqui vai a primeira:

Colours of the wing (Vanessa Williams)


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