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História O começo de tudo - Novos poderes


Escrita por: Kitty-Batsky

Notas do Autor


*Imagem por Inadesign-Stock (Devianart)

Capítulo 14 - Novos poderes


Fanfic / Fanfiction O começo de tudo - Novos poderes

Acordei rodeada de paredes brancas, com uma camisola de noite branca que nunca tinha visto. Lembrava-me vagamente que Hagrid me trouxera à enfermaria mas depois disso não conseguia recordar nada... Talvez tivesse adormecido, ou desmaiado mais uma vez.

Levei as mãos à cabeça e vi que não estava enfaixada. Talvez o corte não fosse tão profundo como eu pensara. Estava a congratular-me pela minha imensa sorte quando reparei que tinha na barriga uma faixa branca. Quando me tentei sentar, uma dor forte espalhou-se pelo corpo. Apalpei a barriga e de novo me senti mal. Parecia que tinha levado uma data de murros no estômago.

Nesse momento, entrou madame Pomfrey.

- O que estás a fazer acordada, querida? Ainda é de madrugada!

- Quando posso regressar às aulas?

Madame Pomfrey demorou a responder. Sentou-se na beira da cama e desenrolou a faixa. Eu contive um queixume a custo. Em vez das mãos macias e habilidosas da enfermeira parecia que me tocavam na barriga com garras de lobisomem. Não consegui evitar ficar horrorizada com a ferida. Apesar do corte não ser muito grande, a zona em volta dele estava completamente negra. Madame Pomfrey limpou e desinfectou a ferida e finalmente respondeu à minha pergunta.

- Se tudo correr bem, na segunda-feira estarás apta a continuar a tua vida normalmente.

- E se não correr?

- A ferida está infectada! Provavelmente o teu sistema imunitário conseguirá resolver o problema por si, mas se adoeceres... terás de ficar aqui mais um tempo.

Suspirei. Então nada mais havia a fazer do que esperar que tudo corresse bem. 

- Sabes que se dormires, podes ajudar o teu organismo...

Eu bem que queria, mas parecia que o sono fora viajar para o outro lado do mundo.

Meia hora mais tarde, madame Pomfrey trouxe-me uma canja e um copo de leite. Devorei tudo com agrado. Parecia que não comia há semanas...

Como a minha cama era virada para a janela, fiquei algum tempo a ver as mudanças do céu à medida que a manhã avançava mas depressa me cansei.

«Que seca!»

Uma infinidade de tempo depois, madame Pomfrey voltou a aparecer para anunciar que eu tinha uma visita.

- Cinco minutos! – Avisou, fechando a porta atrás de Hermione.

- Então Viviane, estás bem? Como está a tua cabeça?

Eu suspirei.

- A cabeça está boa, mas aquela ferida que eu tinha na barriga infectou, por isso acho que me vão aprisionar aqui durante mais uns anos...

Está claro que estava a brincar mas Hermione não percebeu o meu sentido de humor e replicou prontamente:

- É para o teu bem!

Hermione é a minha melhor amiga mas às vezes a sua sensatez e rectidão exasperam-me um pouco.

- Hermione, eu já tive ferimentos bem piores do que estes e não tive de ficar internada... se ao menos eu tivesse algum entretenimento...

Só então reparei que Hermione estava estranha. Parecia que queria perguntar algo mas não conseguia fazê-lo.

- Hermione... estás bem? Aconteceu alguma coisa que eu precise de saber?

Ela sobressaltou-se mas logo tentou negar:

- O quê? Não! – Ao ver a minha cara de desconfiada, remeteu-se ao silêncio durante alguns instantes. Depois sentou-se na beira da cama e confessou. – Bem, na verdade eu queria perguntar-te uma coisa!

Eu arquei uma sobrancelha. Porque Hermione parecia quase... constrangida em fazer-me uma simples pergunta? 

- Podes perguntar-me o que quiseres! – Incentivei, muito curiosa.

- O que se passa entre ti e o Draco? – Disse numa só rajada.

Eu, com certeza, não esperava esta pergunta. Se estivesse a beber algo, decerto me engasgaria com a surpresa. 

- Como assim? – Ao tomar noção do que Hermione insinuava, fiquei tão vermelha como se tivesse apanhado um escaldão. – Tu sabes muito bem... ele anda sempre a insultar-me, odeia-me, acha-me inferior... e eu considero-o um arrogante mimado que...

Hermione interrompeu-me com um tom de acusação que me fez corar ainda mais:

- Então porque o salvaste?

Dito assim, como podia eu argumentar?

- Eu só fiz o que tinha de ser feito! Não podia deixá-lo morrer à minha frente sem mexer um dedo para tentar ajudá-lo. Tu não farias o mesmo?

Estava tensa como um carapau mas comecei a descontrair quando vi Hermione vacilar.

- Talvez... e ele agradeceu-te?

Mas que raios! Porque é que Hermione não mudava de assunto?

- Mais ou menos... sabes como ele é orgulhoso!

- E o que aconteceu depois de seres atacada pelo lobisomem? 

Eu escolhi bem as palavras.

- Não me lembro muito bem... desmaiei logo em seguida.

- Acho que foi muito... gentil da parte do Draco ter-te carregado até a um lugar seguro.

A minha cara embasbacada traiu-me. Mas como é que Hermione podia saber...

- O manto dele estava coberto de sangue, Viviane. Não foi muito difícil somar dois com dois.

Bolas! Hermione e as suas brilhantes deduções!

«Muda de assunto! Muda de assunto, por favor!»

Bem, se ela não mudasse de assunto, mudava eu. Tentava desesperadamente pensar em algo banal para conversarmos quando Hermione voltou à carga.

- E a vossa relação melhorou depois deste incidente?

- Ai, Hermione! Não entendo! Eu salvei o Draco, mas ele já me retribuiu e tudo vai voltar a ser como era dantes! Eu não esqueci que ele é um... um... enfim, não me esqueci de ele é o Draco Malfoy. E ele decerto não se esqueceu que eu sou uma sangue de lama. Se estás a pensar que vamos ficar amigos ou qualquer coisa parecida, podes esquecer! E ele deixou isso bem claro quando disse ontem à noite que eu devia ter morrido às garras do lobisomem.

Calei-me e rangi os dentes para disfarçar as lágrimas que começavam a brotar dos meus olhos. Mas que raios... porque é que eu estava a chorar? Se Hermione se apercebesse ela ia pensar que eu me importo com o que Draco diz ou deixa de dizer...

- Achas que já podes vir às aulas na segunda-feira? Não vamos dar matéria mas perdes importantes aulas de revisões.

Eu acalmei-me um pouco. Finalmente Hermione compreendera que eu queria mudar de assunto. E era uma prova de amizade o facto de ela ter desviado o rumo da conversa e aparentasse como se eu não tivesse acabado de gritar com ela.

- Talvez... Tudo depende da evolução do meu organismo!

- Se quiseres, posso ensinar-te alguns feitiços agora! Talvez desta vez consigas...

Desta vez não pude evitar as lágrimas.

- Não adianta, Hermione. Não vou poder fazer os exames! Eu... eu perdi a minha varinha na floresta e não vou conseguir uma nova em tão pouco tempo.  – Não consegui dizer mais nada pois principiei a soluçar.

Hermione pousou-me uma mão nos ombros, tentando acalmar-me. No entanto, não dizia nada, talvez porque não existissem quaisquer palavras de conforto.

- Talvez seja melhor assim... – entaramelei – Ia chumbar de qualquer maneira... assim poupo-me a mais uma humilhação.

Hermione quis replicar mas nesse momento apareceu madame Pomfrey.

- Já estão a falar há quinze minutos... Mrs. Melmarine precisa de descansar.

Mastiguei uma praga enquanto Hermione deixava a divisão. Continuava sem pinga de sono. Foi quando reparei que Hermione tinha deixado algo na mesa de cabeceira. Era um livro. Peguei nele e reconheci-o.

Hogwarts: Uma história

Esbocei um meio sorriso. Hermione acabara de me resolver o problema da inércia. Assim não teria tanto tempo para pensar no que deixaria para trás quando o ano escolar terminasse.

Na última vez que tivera o livro nas mãos apenas virara algumas páginas, lera o que me parecera mais interessante, mas desta vez decidi começar pelo princípio e acabar no fim.

Tinha lido apenas a introdução, quando madame Pomfrey voltou a aparecer com um ar muito aborrecido.

- Tem outra visita, Mrs. Melmarine! Eu tentei impedir só que parece que é «urgente».

Depois voltou costas com algum rancor e, antes que eu pudesse perguntar-me quem poderia ter vindo visitar-me, deparei-me frente a frente com Draco. De imediato a maldita conversa que tivera com Hermione começou a ribombar-me no pensamento e tive que fazer um enorme esforço para afastá-la da mente, para que não começasse a ficar constrangida. Sabia bem o que acontecia quando eu ficava constrangida e corar neste momento era sentença de desgraça. 

- Draco? O que estás a fazer aqui? Se vieste reclamar do teu manto manchado de sangue, podes dar meia volta que eu tenho mais que fazer... além disso, a culpa não é minha se fui ferida.

Espantei-me por ele ainda não me ter interrompido. Aproximou-se mais e estendeu a varinha na minha direção. Por momentos, pensei que ele ia atacar-me mas depois reparei que a expressão dele não era de raiva, nem de desprezo. Era mais como se estivesse a cumprir uma desagradável obrigação. E quando reconheci a varinha parei de respirar. Ela brilhava... brilhava apenas para mim... era a minha varinha.

Draco começava a impacientar-se. Eu estendi a mão e peguei na varinha, hesitante. Ainda me custava a acreditar que a recuperara.

- Obrigada!

Ele apenas assentiu com a cabeça.

- Boa sorte para os exames... bem vais precisar!

Virava-se para ir embora, mas depois mudou de ideias.

- É bom que saibas que essa varinha é fajuta! Não funciona!

Eu arregalei os olhos.

- Mas... eu derrotei o lobisomem com ela... ou não?

- Eu não vi bem o que aconteceu! É certo que tu fizeste magia, mas não posso assegurar que foi com essa varinha.

- E com que outra seria? – Cortei, um pouco amuada por falarem mal da minha varinha brilhante.

Ele bufou como se estivesse a ser ultrajado.

- Quando tu... «voaste» também tinhas varinha?

Tive um choque quando me apercebi do que ele insinuava. Uma desagradável desconfiança começava a apoderar-se de mim. E se Draco tivesse razão? Mas... espera um momento...

- Porquê é que dizes que a varinha não funciona?

Ele sorriu, escarninho:

- Achas que, se a varinha tivesse alguma serventia, eu voltava a entregar-ta? Francamente, sangue de lama, até parece que não me conheces!

Eu estava tão aterrada que nem me zanguei por saber que ele estivera a ponto de me roubar a varinha.

Isto não podia ser verdade! Seria possível que o problema da minha magia não estivesse em mim e sim na varinha?

Mas então, vieram-me à lembrança as características que Olivander anunciara quando me vendera a varinha.

- Não! Tu não conseguiste usar a varinha porque ela é muito fiel. Não funciona com outro feiticeiro além daquele a quem pertence.

Draco assumiu um ar céptico mas eu sabia que, no fundo, ele estava completamente furioso por eu o estar a afrontar. E, para confirmar as minhas certezas, ele replicou:

- A sério? E quem é o poderoso feiticeiro, dono da varinha fiel? Decerto não podes ser tu já que não consegues fazer qualquer feitiço a não ser em casos extremos para salvar a pele.

Eu podia cuspir-lhe na cara que se não fosse por mim, ele estaria no bucho do lobisomem, mas contive-me porque não queria começar uma discussão. E não podia negar que ele tinha uma certa razão. Nesse momento, uma renovada onda de confiança fez-me desafiar Draco:

- Manda-me fazer qualquer feitiço! Vá! Qualquer um!

Isto era uma loucura! Estava a brincar com o fogo... sabia que não podia ter ficado subitamente tão boa a feitiços. E Draco também porque aceitou o meu desafio, tentando conter o riso.

- Muito bem... e que tal revivermos os velhos tempos? Lembras-te daquela lição de levitação que eu te dei na biblioteca? Então vamos a ver se sou tão bom professor que tenha posto uma Muggle a fazer feitiços.

Engoli um palavrão e apontei a varinha ao livro que Hermione me trouxera. Ela estava quente, e transmitia-me confiança que me ajudava a controlar o pânico que ameaçava domar-me.

Respirei fundo.

- Então? Não tenho o dia todo!

Eu não ia distrair-me com as suas palavras rudes. Continuei a olhar atentamente o livro, pronunciei o feitiço e... o livro elevou-se diante dos meus olhos. Estava tão emocionada que quase me esqueci de que Draco continuava a observar-me com um ar cada vez mais irritado.

Aposto que o meu sorriso podia iluminar Hogwarts inteiro se o céu se cobrisse de nuvens cinzentas. Senti-me como se voltasse a ter quatro anos e tive de conter-me para não desatar aos pulos na cama.

- Eu consegui!

- Foi sorte! – Cortou Draco quase a gritar. – Já entendi porque essa varinha não funciona! É só com sangues de lama!

E quase correu para fora da enfermaria com o orgulho tão ferido que quase se conseguia cheirar o sangue.

Mas que chato! Como é que eu podia curtir a minha vitória com o seu mau humor a contaminar o ar? Era uma pena que, provavelmente, Hermione só me voltasse a visitar no dia seguinte. Assim, não tinha ninguém com quem festejar, se bem que, com madame Pomfrey, festas estavam fora de questão.

Voltei a pegar na varinha, ainda estava quente. Concentrei-me nesse calor e deixei-o aumentar mais e mais. Em breve, ela faíscava. Mas como se não tinha pronunciado quaisquer palavras? Sustive a respiração. Apontei a varinha ao remédio que estava na mesa de cabeceira da cama à frente da minha e ela levitou... exactamente como eu queria. Mas como... se eu não pronunciara o Wingardium leviosa?

Mas que magia é esta?

Tentei mais alguns feitiços. Não obtinha sempre sucesso. Aliás, cedo percebi que tinha bastantes dificuldades em usar a varinha, mas que, com intuição, tinha melhores resultados. Por duas vezes a varinha saltou-me da mão, como que se quisesse fugir de mim. Então pousava a varinha, usava as mãos e conseguia realizar praticamente todos os feitiços que tinha aprendido durante o ano. "Com mil cicatrizes em forma de raio... isto não pode ser normal". Com a cabeça cheia de dúvidas que planavam na minha mente, encerrei o meu estudo e deitei-me. Adormeci quase de imediato pois o sono voltara de férias.

E pensam que as revelações acabaram por aí?

No dia seguinte acordei a sentir-me como um pássaro na Primavera. Toquei na cabeça e não senti qualquer corte. Tomei a iniciativa de desenfaixar a barriga e pasmei. Não estava curada! Mais parecia que nunca tivera qualquer ferida.

Rejubilei mas logo no instante seguinte enchi-me de apreensões. Se madame Pomfrey descobrisse da minha cura milagrosa, decerto diria ao Dumbledore e rapidamente todos os alunos saberiam da boa nova. Nunca mais haveria de ser desprezada pelas minhas incapacidades. Os meus poderes eram diferentes, estranhos, mas existiam. Eram lindos. Eles usam a varinha, eu uso a intuição. Eles usam palavras, eu uso o sentimento. Os poderes deles surgiam por degraus, os meus haviam aflorado todos de súbito. Com certeza dava que falar.

«Mas e daí, qual é o problema?»  

Comecei a imaginar como seria. Os alunos tratar-me-iam com admiração, e Draco... Oh, Draco iria arrepender-se tanto... ainda mais depois de eu o ter transformado no sapo que é.

De novo aquela vozinha irritante me cortou cerne o entusiasmo.

Era um pressentimento! Um pressentimento que me dizia que devia guardar segredo sobre os meus poderes.

E eu não devia ignorar esses pressentimentos, porque já se tinham revelado bem reais.

Contrafeita, levantei-me, peguei numa faca que estava guardada na gaveta da mesa de cabeceira e golpeei a barriga, num gesto rápido e seguro. Cerrei os dentes para não gritar quando a dor me invadiu. Estaquei o sangue e apressei-me a desinfectar a ferida.

Madame Pomfrey veio examinar-me algum tempo depois.

- É incrível como a sua ferida está limpa, nem parece que infectou. Mas eu esperava uma cicatrização mais rápida.

- Eu sinto-me bem, madame Pomfrey! Posso ir-me embora?

- Aguenta só mais algum tempo, querida!

Porque fora eu realizar esta besteira?

Peguei no livro e comecei a ler. Quando me cansei, pedi um copo à enfermeira e diverti-me a tentar solidificar a água. Primeiro com varinha e um bom Glacius. Como tal não funcionou, tentei então intuitivamente. Parti o copo de água.

Ri-me, completamente maravilhada! E as minhas gargalhadas não cessaram nem quando madame Pomfrey veio a correr ter comigo, a perguntar como eu partira o copo e se me tinha magoado.


Notas Finais


Música capitular – Unbreakable (fire flight)

Vídeo sugerido sobre Harry Potter com esta música: http://www.youtube.com/watch?v=4JI4k9Cok0M

Bem a combinar com o capítulo!
Quem é a nulidade a feitiços agora? Draco ficou furioso por não ter conseguido utilizar a varinha da Viviane.
Feitiços por intuição, pressentimentos, tudo isto é bastante estranho! E deve ter um mistério muito grande por detrás. Um mistério que vai demorar muito tempo para Viviane desvendar!


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