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História O começo de tudo - O leão e a ovelha


Escrita por: Kitty-Batsky

Notas do Autor


Eis o penúltimo capítulo da PRIMEIRA fanfic.
Se estão a perguntar-se em quantas vai ser dividida a história, são 7.
Espero conseguir criar uma história muito boa, para conseguir leitores que a acabem, o que eu duvido um pouco :3
Bem, estou a adiantar-me... voltemos à primeira fanfic, penúltimo capítulo (o meu preferido).

Imagem por: Fotostyle-Schindler e ratinrage (Devianart)

Capítulo 15 - O leão e a ovelha


Fanfic / Fanfiction O começo de tudo - O leão e a ovelha

Mal entrei na sala comum dos Gryffindor, no domingo à tarde, fui recebida pelos meus amigos. Não perdi tempo a mostrar a todos que já conseguia fazer feitiços. No entanto, mantive em segredo o facto de o conseguir fazer sem pronunciar qualquer encantamento. Usei a forma mais "difícil", isto é, a normal. Todos ficaram muito espantados, mas logo superaram a surpresa, felicitaram-me e contaram-me novidades.

Hermione principiou de imediato a despejar um monte de recomendações e dicas de feitiços para os exames. Nessa altura, todos os outros começaram a afastar-se porque ficavam verdes só de ouvirem falar nos exames.

Quando, por fim, a noite caiu eu, Hermione e as restantes raparigas subimos para os dormitórios. No entanto, eu estava sem vontade de ir para a cama, porque, afinal, passara o dia inteiro deitada na enfermaria.

Estava a ler: Hogwarts: uma história, quando Hermione se dirigiu a mim em voz baixa.

- Viviane, como conseguiste recuperar a varinha?

Eu suspirei. Ah, não! Não podia estar a começar tudo de novo!

- Afinal, não estava perdida na floresta. O Draco foi à enfermaria entregar-ma.

Esperei que a história ficasse por aí, mas claro que Hermione voltou a insinuar:

- Não estou a reconhecê-lo nestes últimos tempos. Ele podia ter ficado com a varinha.

Interrompi-a prontamente:

- Não, não podia! Ele bem tentou, mas a minha varinha é fiel a um único feiticeiro.

- Mesmo assim, o que o impedia de a deitar fora? Ficavas para sempre a pensar que ela se perdera na floresta e não farias os exames. Não é o que ele quer, que tu sejas expulsa, ou que não possas voltar para Hogwarts?

Eu bufei, exasperada.

- Como queres que eu saiba o que se passa na cabeça do Draco? Eu nem sequer convivo muito com ele!

Hermione abafou o riso.

- A sério? Olha que não parece, já que passavas mais tempo a discutir com ele do que a estudar e a conversar comigo.

Eu rangi os dentes.

- Podemos parar de falar no Draco? A não ser que estejas com segundas intenções. Se queres dizer alguma coisa Hermione, diz de uma vez, não estejas com rodeios.

Ela nem sequer pestanejou. Já começava a habituar-se à minha irritação sempre que mencionávamos o rapazinho arrogante.

- Está bem, queres saber o que eu penso? Sempre me intrigou a maneira como ele parecia simplesmente odiar-te mais do que a qualquer pessoa. A questão é que não me parece que ele te odeie! Ele gosta de discutir contigo e faz de tudo para conseguir irritar-te. Mas eu acho que ele apenas quer chamar a tua atenção e a verdade, a julgar pela maneira como ele às vezes olha para ti, é que ele gosta de ti.

Eu tive que me controlar para recordar que estávamos num dormitório para não desatar aos gritos. Contei até dez e depois disse o mais calmamente possível:

- Eu é que bati com a cabeça e tu é que estás a alucinar! Como é que te pode passar pela cabeça uma ideia tão absurda?

Hermione sorriu, um daqueles sorrisos meigos de quem não está a acreditar numa palavra do que dizemos e que acha que é dona da razão e que nós é que não conseguimos ver a verdade.

- Não é tão absurda como tu dizes, Viviane! Pensa bem e vais ver que encontras sentido nas minhas palavras. Estou a dizer-te, mais apaixonado do que ele por ti, só mesmo tu por ele!

Eu quase conseguia sentir fumo a sair por cada poro da minha pele. Estava vermelha de raiva, tremia com uma certa invulnerabilidade. Isto não podia estar a acontecer-me! Eu não sabia lidar com isto! Eu não queria lidar com isto!

- Hermione, por favor, dizes mais uma palavra e eu juro que te arrasto até à enfermaria e digo que tu fritaste os miolos de tanto estudar.

- Se és tão indiferente em relação ao Malfoy porque é que estás tão irritada a ponto de me saltar para cima?

- Eu não disse que era indiferente! Eu odeio-o! Ele é irritante, chato, arrogante, já sabes a lista, não vou estar a alongar-me!

Hermione ponderou.

- Sabes, há uma frase que diz assim: «Love me, hate me, either way i`m on your mind», ou seja, ama-me, odeia-me de qualquer maneira eu estou sempre no teu pensamento. É muito fácil confundir ódio com amor!

Eu contei até vinte.

- Exactamente! E tu estás a confundir tudo! Porque achas que eu e o Draco... tu sabes...

- Primeiro, porque tu estás tão nervosa que nem consegues mencionar a hipótese de vocês estarem apaixonados. Segundo, porque ele é o único rapaz que te faz perder a cabeça e fazer as maiores loucuras... como na prova de voo, onde quase tiveste uma negativa só por dares ouvidos às suas provocações. Terceiro, porque mesmo supostamente «odiando-o», tu o salvaste na floresta proibida. Quarto, tu podes tentar negar, mas também gostas quando discutem. Ou vais negar que não achavas graça a tentar responder-lhe à letra? Quinto, às vezes, tu ficas magoada quando ele diz coisas que reflectem a sua opinião acerca de ti. Queres que continue?

Eu queria dizer que não, mas parecia que estava a sufocar com tantas barbaridades que saíam da boca da minha melhor amiga.

- Certo... então... nós temos uma forma muito invulgar de expressar o nosso «amor» não é verdade? É assim «eu amo-te, sangue de lama nojenta» e eu respondo «eu também, seu mimadinho arrogante».

Hermione desatou à gargalhada:

- Sabes que eu consigo imaginar-vos a dizerem mesmo isso?

Eu levei as mãos à cabeça e descabelei-me.

- Hermione, tu estás a pensar no que estás a dizer? Eu sou filha de Muggles, mais pobre que o Ron, uma Gryffindor... que interesse é que ele pode ter em mim? Não será decerto pelos meus lindos olhos...

Hermione, que ainda estava de lágrimas nos olhos de tanto rir, respondeu:

- Em parte... eu acho que ele te acha bonita!

- Ah, então está tudo explicado! Ele acha-me bonita! Ele... e mais uma dúzia de outros rapazes. Francamente Hermione, fizeste uma tempestade num copo de água. No que é que ele é diferente dos outros?

Hermione voltou a ficar séria.

- Eu não disse que era só por isso! Ele acha-te bonita, mas eu acho que também gosta da tua personalidade, da forma como tu o afrontas... e quanto àquelas insignificâncias que mencionaste há pouco, não são elas que vão fazer com que o Malfoy deixe de gostar de ti... por muito que ele tente convencer-se do contrário.

- Andas a ver muito Romeu e Julieta! Até parece que eu ia estar... apaixonada por aquele preconceituoso. Mas nem que o céu me caia em cima da cabeça juntamente com as estrelas, a lua e os satélites.

- Está bem, acalma-te! Mas... vais ao menos pensar no que eu te disse?

Eu respondi de imediato, o mais rápido que consegui:

- É claro que não! Hermione, francamente, amanhã vais acordar e vais perguntar a ti própria o que é que te passou pela cabeça para dizeres tanto disparate.

Ela semicerrou os olhos e replicou com prontidão e um sorriso decidido:

- Ou então, amanhã vais acordar e descobrir que realmente estás...

- O.K, chega! Eu não quero mais falar sobre isto! Estou cansada! Até amanhã! Boa noite!

E saltei para a cama, meti-me debaixo das cobertas e fechei os olhos. Se pudesse teria posto algodão nos ouvidos. Mas, para meu alívio, Hermione também se deitou e não disse mais nada.

Virei-me na cama uma, duas, três vezes... e não é que as palavras de Hermione me continuavam a martelar estupidamente na cabeça? Bolas, apesar de eu saber que aquelas insinuações não passavam de um desvario, não conseguia parar de pensar nelas. Realmente... quando Draco me olhava nos olhos, havia uma certa...

Ah, não! Mas o que raio é que eu estava a pensar? Não! Não! E não! Hermione envenenara as minhas opiniões! Já nem conseguia pensar direito! Ela que pensasse o que quisesse... isso não podia afectar-me! Mas porquê? Porquê que eu sou tão influenciável?

Hermione não pôde esconder o sorriso quando viu as minhas olheiras no dia seguinte. Continuava a achar que era dona da verdade, dona da razão e que mandava no meu coração e isso começava a irritar-me.

Agora, iluminadas por um novo dia, as aleivosidades de Hermione pareciam-me ainda mais impossíveis. Era como... um leão estar apaixonado por uma ovelha.

Eu estava mesmo chateada com Hermione e não fiz questão de escondê-lo. Ela tinha que me pôr macaquinhos na cabeça antes dos exames? Além da noite em claro não conseguia concentrar-me!

Ao dizer-lhe isto, Hermione arrependeu-se de imediato mas teve o mau gosto de acrescentar:

- Lamento, não sabia que ia afectar-te tanto! Se soubesse deixava este assunto para depois dos exames... na verdade, era o que eu devia ter feito! Mas se aceitasses de uma vez que estás apaixonada, poupavas tanto estresse...

Eu virei-lhe as costas e fui passear pelo jardim. O teste teórico de encantamentos tinha corrido mesmo mal, e eu rezava para não ter uma negativa. Quanto ao teste prático, tive de me esforçar para me lembrar de que tinha de dizer o encantamento e em voz alta para que ninguém desconfiasse de nada. A turma paralisara de espanto ao primeiro encantamento. O professor Flitwick, que é muito baixinho e dá as aulas em cima de uma pilha de livros, até caiu de tanta surpresa. Em suma, correu bastante bem. Mas a varinha continuava a atrapalhar-me. Podia ter ido muito melhor se tivesse usado as mãos. Ainda assim, estou a contar que esta nota compense a péssima que vou ter no teórico.

Robin e os seus amigos ainda estavam a fazer o teste, por isso não tinha ninguém para conversar. Foi então que vi Lyonette encostada a uma árvore com um livro nas mãos e uns grandes olhos esbugalhados e atentos. Pensei que estava a estudar, mas, quando me aproximei dela, vi que não era um livro de estudo que ela lia.

Lyonette é uma rapariga do primeiro ano que foi seleccionada para os Hufflepuff, muito baixa, redondinha, com uns caracóis castanhos muito volumosos que compensam grande parte da falta de altura e uns olhos azuis muito escuros, como o céu ao princípio da noite de Verão. Às vezes é difícil acompanhá-la porque é muito energética e fala muito rápido. Faz-me lembrar a minha irmã Maria, mas mais crescida e ainda mais viva.

- Então Lyonette, estás a ler em vez de estudares? Olha que o teste de transfiguração é daqui a dois dias.

- E matar-me de estudar é a solução? Temos de relaxar um pouco, senão ficamos com o cérebro queimado antes de fazermos a prova. Estou só a ler um livro muito giro que a minha mãe me enviou.

Eu sorri. As palavras de Lyonette até podiam fazer sentido, mas ela era a maior preguiçosa e quase ninguém a via pegar num livro de estudo. Na verdade, a história devia ser muito envolvente para conseguir que ela se sentasse durante tanto tempo e com aquela atenção.

- E qual é o nome do livro?

- Amor impossível! É sobre um leão e uma ovelha que se apaixonam!

Eu quase gritei de frustração. Tive de me recordar de que Lyonette não tinha culpa nenhuma. Virei costas e desatei a correr ignorando os apelos de Lyonette:

- Viviane? Onde vais?

Era melhor afastar-me dela, ou então ainda faria ou diria alguma coisa de que me arrependeria depois.

Esmurrei uma árvore. Parecia que o mundo todo conspirava contra mim. O destino estava a cuspir nas minha convicções e a tentar enlouquecer-me. Mas eu não podia simplesmente deixar-me convencer que aqueles equívocos eram mais do que simples coincidências. Eu até era capaz de gostar da história... não podia deixar-me afectar por tão pouco. E mais... era apenas uma história. Fantasia, não realidade!

Preparava-me para voltar para junto de Lyonette quando me deparei com a última pessoa no mundo que eu queria ver. Draco Malfoy!

- Então como é que te correu o teste de encantamentos? Se estás preocupada em teres um Fraco, não te preocupes, porque um Horrível já está além das tuas capacidades.

Bastava-me ouvir a sua vozinha de troça para começar a sentir o controlo a escapar-me como água por entre os dedos.

- Draco, hoje não estou com paciência! Por isso, acho melhor ires-te embora rapidamente, porque senão ainda te vais arrepender, ou melhor, arrepende-mo-nos os dois.

- Isso é uma ameaça?

- Não! É um pedido! Por favor, Draco! Deixa-me em paz... só hoje! – Implorei quase num gemido.

- Estás amuada porque te correu mal o teste? Já devias estar mentalizada... ou será que aquele feitiço na enfermaria subiu-te à cabeça? Eu disse-te que não eras capaz de aguentar muito tempo aqui em Hogwarts. Vais ver que para o ano nem sequer te vão aceitar na escola. Se cometerem o mesmo erro pela segunda vez é porque são muito burros.

O.K, eu tinha avisado! Hoje, eu não ia tolerar que Draco continuasse a implicar comigo. Empunhei a varinha como se fosse uma espada e apontei-a para ele.

- Não torno a avisar-te!

Ele desatou a rir.

- E achas que me consegues meter medo com essa varinha fajuta? És tão ridícula que me enjoas...

Eu desviei a varinha para um monte de pedras, disse as palavras apenas para disfarçar a peculiaridade do meu poder e fiz com que elas ficassem a pairar acima da cabeça de Draco que não notou nada.

- Então vais atacar-me ou vais apenas ficar aí parada como uma anormal, sua sangue de lama...

Deixei cair uma das pedras sobre a sua cabeça. Ele soltou um queixume.

- Que coisa... acho que está a chover! – Gozei.

- Que maldição é que me lançaste, sua sangue de lama nojenta? – Cuspiu ele antes de levar com uma nova pedrada.

Eu contive o riso.

- Olha para o céu! As nuvens estão tão carregadas...

Ele olhou mesmo para cima e viu as pedras a pairarem sobre ele.

- É melhor correres... porque elas nunca erram o alvo!

Ele lançou-me um olhar repleto de raiva antes de fugir por entre as árvores, tentando despistar as pedras.

Daí a momentos, já me tinha arrependido. Eu tinha exagerado um pouco. Devia ter simplesmente ignorado... agora decerto ele ia querer vingar-se. Mas também... ele tinha escolhido a pior altura para se meter comigo. Ele não podia imaginar que neste momento estava pelos cabelos apenas por ouvir o nome dele.

Voltei para junto de Lyonette. Ela estava a comer uma banana com um ar pensativo e cabisbaixo.

- O que aconteceu? Estás triste?

- Não! É que a história acaba de uma maneira triste! – Respondeu Lyonette.

- Isso quer dizer que já a acabaste?

Ela assentiu.

- Onde foste?

- Fui tratar de uns assuntos urgentes, mas agora já estou mais calma... quero dizer... já tratei dos assuntos que tinha de resolver. Olha, podias emprestar-me o livro?

Lyonette sorriu.

- É claro! Mas tens de mo devolver para a semana!

Eu prometi.

Subi para o dormitório, que estava completamente deserto e deitei-me na minha cama para ler o livro.

Era realmente uma história muito comovente. Eis o resumo:

O leão saíra para caçar e atacara um rebanho de ovelhas, levando com ele a mais formosa e a que parecia mais deliciosa.

Quando ele ia comê-la, a ovelha tentou ganhar tempo conversando com aparente naturalidade, embora estivesse a tremer por dentro. O leão achou graça à sua coragem e às suas histórias e decidiu dar-lhe mais alguns dias de vida, pois não estava muito faminto.

Os dias passavam e o leão continuava a não comer a ovelha. Juntos passeavam todos os dias e, durante a noite, o leão protegia a ovelha dos outros predadores. Quando se perceberam apaixonados, o leão expulsou a ovelha, porque sabia que a qualquer momento, o instinto podia prevalecer à razão. Se comesse a ovelha, o leão nunca mais conseguiria perdoar-se.

Convencido de que a ovelha voltara para o rebanho onde nascera, o leão seguiu caminho, tentando afastar-se o mais possível da ovelha, para não cair na tentação de a visitar. Vê-la só tornaria as coisas mais difíceis.

No entanto, ao atravessar uma floresta, deparou-se com um grupo de caçadores que o feriram gravemente.

Apesar de ter conseguido escapar, o leão ficou demasiado ferido para conseguir continuar com a sua vida. Deitou-se numa clareira e esperou pela morte, pensando na sua querida ovelha e na vida feliz que ela devia estar a viver com as suas amigas e irmãs.

Muito espantado ficou quando a viu aparecer na clareira. Afinal, ela não voltara para o rebanho e seguira-o o tempo todo à distância. A ovelha, vendo o leão demasiado fraco para conseguir caçar, implorou que ele a comesse. Mas o leão nem queria pensar numa coisa dessas e mandou a ovelha embora. No entanto, por mais que suplicasse, que ameaçasse, a ovelha continuava na clareira. Apesar de tudo, o leão tinha que admitir que apreciava a sua companhia. Além disso, quando ele morresse, a ovelha haveria de voltar para o rebanho. Doce ilusão! Ao ouvir isso, a ovelha desmentiu tudo e disse que, se não conseguisse salvá-lo, ficaria ali até morrer. O leão zangou-se e tentou arrastá-la para fora da floresta. No entanto, estava tão esfomeado que, quando sentiu o sabor do sangue na pata da ovelha, não conseguiu resistir e cravou-lhe os dentes no lombo. Quando se apercebeu de que estava a matá-la, o leão recuou de imediato, tão arrependido que desejou morrer. No entanto, a ovelha estava feliz e suportou o suplício com um sorriso.

Na manhã seguinte, as hienas comentavam a invulgaribilidade da cena. Ao chegarem à clareira atraídas pelo cheiro do sangue, para comerem o corpo de algum animal moribundo, encontraram um leão e uma ovelha, que pareciam dormir lado a lado, pacificamente, como se fossem dois amantes em vez de predador e presa.

Quando terminei a história tinha a almofada banhada em lágrimas salgadas. No entanto, apesar de triste a história era muito bonita e ao lê-la esquecera-me por momentos das confusões atribuladas dos últimos dias.

Hermione entrou nesse momento no dormitório:

- Viviane, estiveste a chorar? O que aconteceu?

- Nada, é esta história que é um pouco triste. – Antes que ela pudesse dizer o que eu sabia que ela ia dizer, cortei: - Eu sei que devia estar a estudar para o teste de transfiguração mas a história era tão envolvente que não consegui parar de lê-la. Além disso, conseguiu apaziguar-me o espírito! Tenho a certeza que agora até consigo estudar melhor!

Hermione ficou estranhamente calada.

- O que foi? – Tinha a certeza de vir a arrepender-me por fazer esta pergunta.

- Eu queria pedir-te desculpas pela minha insistência nos últimos dias. Eu não devia ter sido tão chata... mas é só que... eu nunca vi nenhuma amiga minha apaixonada.

Eu, que tinha começado a ficar mais confortada no início da conversa de Hermione, senti as tripas a revirarem-se no estômago de tal maneira que estava revoltada.

- Eu não estou apaixonada! Muito menos por aquele mimado!

- Tudo bem, eu não vou insistir! Além disso, começo a achar que tens uma certa razão. Mesmo que vocês estivessem apaixonados, tu és demasiado orgulhosa para o admitir e o Malfoy é demasiado preconceituoso para aceitar ter alguma coisa com alguém como tu. As diferenças entre vocês são demasiado grandes.

Eu concordei de imediato.

- Que bom que pensas assim! De qualquer maneira eu não quero ter nada com o Draco! Nem vou querer ter alguma coisa com ele... nunca na vida!

*********************************

Durante a noite, revivi na minha cabeça toda a história do leão e da ovelha. Quando cheguei à parte em que o leão expulsava a ovelha ao perceber que estava apaixonado por ela, conseguia imaginar a voz grossa e profunda do leão:

- Vai-te embora! Não vou mais comer-te, estás livre para regressar para o teu rebanho.

- Mas eu quero continuar contigo!

- Nem pensar! Um leão não pode ter uma ovelha atrás! És para mim um atraso de vida que me obriga a estar acordado de noite para te proteger, que me impede de caçar... mantive-te comigo até agora, porque me divertem as tuas histórias, acho graça à tua irreverência. Mas agora enjoei... vai-te embora antes que eu te confunda com um petisco!

- Eu não posso regressar ao meu rebanho! Eu quero ficar contigo!

- Eu sou perigoso! Eu sou um leão! Todas as ovelhas tremem de me ouvirem rugir, mas tu, tu ficas apenas a olhar para mim com esse olhar de admiração. Não tens amor à vida, ovelhinha? Tão pequena e imprudente... Como sabes que não vou fazer-te mal?

- Eu confio em ti! Sei que tu não és o monstro de quem a minha mãe falava nas histórias de leões.

- Posso sê-lo... basta tu não me desapareceres daqui imediatamente e eu juro que te mato, sem remorso nem piedade!

- Não farias isso!

- Porque não ovelhinha? Afinal o que significas para mim? Não passas de um insecto insignificante na minha vida... e eu posso esmagá-lo se ele não parar de me irritar. Eu sou demasiado poderoso e especial para ter alguém como tu sempre a andar à minha roda... por isso, desaparece da minha frente! Nunca mais te quero voltar a ver, sua sangue de lama...

Abri os olhos e vi-me envolta pela escuridão. Quando será que eu adormecera e começara a misturar tudo? De repente a voz do leão tornara-se para mim tão familiar...

Num momento o leão falava com a ovelha, mas no seguinte, era Draco Malfoy quem falava com ela... não, ele não estava a falar com a ovelha... ele estava a falar comigo!

Respirei fundo e bebi uns goles de água. Realmente... eu tinha a imaginação tão fértil!

 


Notas Finais


Música capitular: Lion (Rebecca St. James)

Esta foi a primeira vez que fiz um capítulo para a música e não o contrário. Quando ouvi esta música veio-me esta mini história à cabeça e não resisti a colocá-la aqui. Se me permitem o auto-comentário resultou muito bem.

Se por acaso não perceberam porque é que Viviane ficou zangada quando Lyonette lhe disse o nome da história eu posso explicar nos comentários.

Este deve ser o capítulo com mais frases épicas da história inteira.
«ama-me, odeia-me de qualquer maneira eu estou sempre no teu pensamento»
«Até parece que eu ia estar... apaixonada por aquele preconceituoso. Mas nem que o céu me caia em cima da cabeça juntamente com as estrelas, a lua e os satélites.»
«De qualquer maneira eu não quero ter nada com o Draco! Nem vou querer ter alguma coisa com ele... nunca na vida!» - Típicas últimas palavras. Não sei se conhecem o ditado: Nunca digas desta água não beberei, ou seja, nada é impossível e não podes dizer que nunca farás algo... porque as coisas mudam.

Nota final (sim eu sei, hoje estou a exceder-me): Apesar de ter prometido talvez eu não consiga postar mais um capítulo hoje, porque estou a preparar... uma surpresa, assim tipo, algo especial para comemorar o último capítulo.


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