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História O Contrato - San Antonio, Texas


Escrita por: SofiaQuem

Capítulo 2 - San Antonio, Texas


Fanfic / Fanfiction O Contrato - San Antonio, Texas

- Geo, quer uma carona até a loja?

- não pai! pode ir! você já está atrasado para deixar a Mel na escola e eu posso ir para a loja de bicicleta...

Ele me deu um beijo na testa e saiu com Melanie, minha irmã mais nova. Coloquei o uniforme preto de sempre, minhas sapatilhas e saí pedalando a minha velha bike.

- bom dia! - falei sorridente trocando as sapatilhas por um salto alto

- bom dia Georgia! uau! que linda! - disse Margot, minha chefe e gerente da loja

- Margot, como posso estar linda hoje se todos os dias eu visto este mesmo uniforme? - revirei os olhos e sorri

- não posso mais elogiar? - brincou

- claro que pode! 

Margot Jensen é minha chefe, mas com o tempo tornou-se bem mais que isso. O coração dela era, provavelmente, do tamanho dos Estados Unidos. Uma generosidade sem fim. Ela tem trinta e cinco anos. É bonita e solteira. Eu sempre dizia que os homens estavam desperdiçando uma grande chance de ficar com uma mulher incrível!

- Margie, não temos movimento nenhum! isso é desesperador! - falei esfregando as mãos

- é... o movimento está cada vez pior! - completou desanimada

Trabalhamos em uma loja de roupas. A marca é muito famosa, mas de uns tempos para cá o movimento caiu e muito! Normalmente a nossa comissão era espetacular a ponto de guardar todo o salário do meu pai e usar apenas o meu para pagar as contas.

Meus pensamentos foram interrompidos pelo toque do telefone. Margot foi atender e eu aproveitei para pegar um pano para limpar as vitrines.

- Geo! A Tina está vindo aqui! - disse Margot empolgada

- aquela sua amiga de Los Angeles? 

- essa mesmo! ela está aqui no Texas a trabalho e vem aqui na loja fazer compras!

- ai, graças a Deus! precisamos vender! 

(...)

Depois do almoço a tal de Tina chegou. Uma mulher muito simpática, linda e jovem! Ela comprou muita coisa e não parava de me olhar. 

Até que antes de ir embora ela disse:

- Georgia, muito obrigada pelo atendimento e tome o meu cartão! quero falar com você sobre trabalho! - ela disse piscando

- ahm, obrigada Tina.

Não entendi a parte do trabalho, mas tudo bem.

- ela é linda Margot! nunca ofereceram nada a ela?

Eu não entendia o que ela queria dizer, então fiquei quieta.

- hum, não! é muito raro passar olheiros por aqui...

Olheiros? o que é isso?

- Georgia, qual o seu número? quero ligar para você para fazermos um ensaio! quero saber como fica em frente às câmeras!

Franzi a testa sem entender absolutamente nada do que elas falavam. Ensaio? Câmeras?

- ahm, Tina, do que vocês estão falando? - perguntei

Tina se aproximou de mim, pegando-me pelos ombros.

- Georgia, o seu rosto é lindo e o corpo também! Você está perdendo tempo nesta loja! Eu vou te ligar para fazermos umas fotos!

Comecei a entender e não pude conter o riso.

- ensaio é de modelo? - perguntei

- é! - ela respondeu com um sorriso gigante

- magina! jamais! eu morro de vergonha! 

Margot me olhou séria e abriu mais os olhos, como quem diz "fica quieta!".

- vergonha? vergonha eu teria de esconder esse rosto do mundo! anda! me passa seu telefone!

Eu passei meu número, mas eu recusaria o convite na primeira ligação.

- Margot, obrigada e Georgia, vamos nos falar! - Tina piscou e saiu da loja

Comecei a rir de novo.

- ficou doida? - perguntou Margot

- porque doida?

- A Tina é uma das maiores caça-talentos de Los Angeles! Ela trabalha com muitas pessoas famosas, pessoas de Hollywood! 

- e daí?

- Georgia, acorda! Se ela disse que você é bonita e que tem que fazer um ensaio é porque sabe do que está falando!

- sabe nada! eu odeio tirar foto e sou feia demais pra ser modelo!

Margot revirou os olhos e parou de falar. 

(...)

Os dias se arrastavam na loja. Eu já estava ficando maluca de tão parado que estava o movimento. Eu ficava o dia inteiro bocejando de tanto sono. 

- Geo, atende pra mim! - gritou Margot

O telefone berrava.

- Gucci, San Antonio, boa tarde? - atendi com desânimo

- por favor, gostaria de falar com Georgia Banks?

- sou eu...

- Georgia, eu falo do Hospital Principal. Seu pai Charles Baker está internado aqui.

Minhas pernas entortaram e eu senti uma leve tontura.

- o que!? meu pai!? porque!?

- ele passou mal no trabalho e está aqui conosco. Você pode vir até aqui?

Se eu estava nervosa, fiquei bem mais. Era grave! Só podia ser grave! 

- estou indo!!!

Pedi dispensa para Margot e em meia hora eu estava no hospital. Entrei correndo, como louca até achar o médico.

- onde ele está? - perguntei aflita

- esta dormindo, está sedado...

- sedado? - coloquei as mãos na boca e comecei a chorar

- senhorita Baker, seu pai vai ficar bem, se fizer a cirurgia e o tratamento...

Cirurgia? Tratamento?

- mas como? porque?

- pode vir até minha sala, por favor?

O médico me conduziu até uma sala pequena. Havia uma maca e uma estante com remédios. Hospital sempre me dava calafrios.

- sente-se...

Fiz o que ele mandou.

- quer uma água? - ofereceu

- não! obrigada!

- bom, seu pai está com um problema no coração que pode ser resolvido com uma cirurgia, mas que precisará de tratamento por toda a vida...

Meus olhos automaticamente encheram de água.

- quando ele fará a cirurgia? - perguntei aflita

- ele tem que fazer a cirurgia hoje!

Pensei por alguns minutos e disse:

- mas não temos plano de saúde! como faremos? posso pagar depois?

Eu tinha algumas economias, mas eu não fazia a mínima idéia se daria ou não para pagar a cirurgia. De qualquer forma, eu venderia a minha alma para salvar a vida do meu pai.

Minha mãe nos abandonou quando eu tinha dez anos e minha irmã apenas um ano. Ela simplesmente se apaixonou por outro cara, deixou um bilhete de despedida e sumiu. Nunca mais a vimos. Hoje com vinte e quatro anos eu entendo bem as dificuldades que o meu pai enfrentou para nos criar, sem ajuda de ninguém, e por isso e muito mais, eu faria tudo para salva-lo.

- vamos fazer o seguinte... faremos a cirurgia e depois vemos os valores, okay? a única coisa que quero de você é que fique aqui esperando notícias.

O médico parecia tranquilo. Parecia até um anjo. Quem sabe não era mesmo um anjo falando comigo?

Pedi para Margot pegar a Mel na escola e levar para casa, enquanto eu ficava com meu pai. Naquele dia eu rezei tanto que dormi apoiada no banco da capela que havia dentro do hospital. Acordei apenas porque me chamaram. A cirurgia já tinha acabado.

- Georgia Banks? a cirurgia acabou!

Uma enfermeira me acordava delicadamente.

- ahn? e como foi? deu tudo certo? - perguntei desesperada

- tudo certo! seu pai está bem! - ela respondeu abrindo um grande sorriso

Respirei aliviada e fui até o quarto. Ele estava na semi-intensiva e podia receber visitas. Chorei muito ao vê-lo e agradeci por ele ainda não ter acordado da anestesia. Meu pai odiava me ver chorar.

- Geo!?

Me assustei com a porta do quarto abrindo. Era Margot.

- Oi! ele vai ficar bem! - falei contente

- ai, graças a Deus! eu vim o quanto antes! Deixei a Mel na casa da vizinha e vim para cá correndo!

- Margie, estou preocupada com a conta do hospital! 

- Geo, vamos dar um jeito! não se preocupa com isso agora!

Assenti com a cabeça e me concentrei no meu pai e na recuperação dele.

(...)

Cinco dias depois da internação e da cirurgia, meu pai estava pronto para ir para casa.

- essa comida é horrível! - ele reclamou

- pode ir se acostumando, porque agora a sua dieta é restrita pai! - falei

Olhamos para a porta do quarto que se abria. Era o médico.

- pronto para ir para casa senhor Banks? 

- muito doutor! 

- ótimo! ahm, Georgia, posso falar com você?

- claro! eu já volto pai!

Saímos do quarto e fomos para a sala do médico. Eu sabia o que ele queria falar.

- Seu pai está ótimo! vai precisar de uma dieta restrita, mas ele se acostuma. Além disso, ele não pode fazer esforço físico e quando eu digo que não pode, quero dizer, para o resto da vida!

Encostei as costas na cadeira e respirei fundo.

- Isso quer dizer...

- quer dizer que ele não pode trabalhar etc...

- Deus do céu... - balbuciei

- ele vai precisar de alguém para cuidar dele...

Pisquei algumas vezes.

- ahm, também quero lhe mostrar a conta...

Quando ele disse "conta" eu realmente caí na real. Olhei o papel e coloquei as mãos na boca por impulso.

- vinte mil dólares!? - exclamei

- e eu ainda diminui este valor por conta própria. Ia ser muito mais...

Eu não sabia quanto eu tinha na poupança, mas com certeza não tinha vinte mil dólares!

- ahm, eu preciso ir ao banco, preciso ver como posso pagar isso!

- tudo bem! o vencimento eu coloquei para a próxima Segunda-feira, ou seja, você tem este tempo, okay?

- obrigada!

- Georgia, preciso lhe dizer que seu pai precisará de cuidados nutricionais e de enfermagem praticamente todos os dias. Isso também vai lhe gerar gastos, então estou lhe avisando para que se prepare...

É impressionante como a vida pode mudar de um dia para o outro. Meu pai era uma das pessoas mais saudáveis que eu já conheci e agora ele dependia cem por cento de mim. Ele e minha irmã!

- tudo bem, obrigada doutor...

(...)

Margot ficou com meu pai e com Mel em casa enquanto eu passava no mercado para comprar coisas saudáveis. Deixei as compras e corri até o banco. Meu saldo na poupança era de onze mil dólares! Ainda faltavam nove mil para pagar o hospital! 

Cheguei em casa arrasada, mas sorri ao ver meu pai dormindo tranquilamente.

- ele tomou uma deliciosa sopa feita por mim e não parou de beijar o porta-retrato com a sua foto e da sua irmã! - Margot disse toda orgulhosa

Eu nem respondi. Eu só a abracei forte.

- obrigada por tudo Margot...

De repente, um estalo veio na minha cabeça!

- Eu já sei! - falei empolgada

- o que!? o que foi!?

- Margot, você sabe se trabalho de modelo dá dinheiro?

- ah, depende, se a modelo tiver sorte... porque?

- eu já sei como vou conseguir dinheiro para pagar o hospital e o tratamento do meu pai!

- como!?

- vou ligar para a Tina!!!

- mas Geo, essas coisas demoram!

- eu sei, mas se eu agilizar tudo tenho certeza de que posso ter algum lucro rápido!

Margot me olhava descrente, mas eu não desisti.

- alô? Tina?

Liguei na cara de pau. Tina parecia tão empolgada quanto eu e disse que se eu me saísse bem nos primeiros ensaios eu com certeza já teria um trabalho.

(...)

- nem salto eu sei usar! droga! - resmunguei

- claro que sabe! você usa salto no trabalho todos os dias! - disse Margot

- mas não um salto como este! quanto tem aqui? uns dez centímetros?

- sim, dez!

Revirei os olhos e saí andando pela casa. 

- onde vai com esse salto? - perguntou meu pai

- vou a um ensaio fotográfico pai!

- ensaio? sério?

- porque? sou tão feia assim? - brinquei

- claro que não, mas você odeia fotos!

- é, mas agora eu amo!

- você está linda Geo! - disse Mel e eu me derreti

- linda é você Mel que nem precisa de maquiagem para ficar deslumbrante...

Sorri para ela e continuei o treinamento. Fiz algumas poses para Margot, tirei algumas fotos e até que eu levava algum jeito.

- está linda Geo! você vai arrasar! - completou Margot

- tomara! 

(...)

No dia seguinte eu já estava em um estúdio de fotos no centro da cidade. O maior de San Antonio. Eu fui sozinha, já que Margot precisava ficar na loja e eu fiz meu pai prometer que não sairia da cama até eu chegar. Além disso, eu pedi para Mel não ir para a escola para ficar com ele.

Na verdade, o estúdio fotográfico era o maior do Texas! E eu nem sabia! Era mesmo gigante e eu nunca vi tanta gente bonita em um só lugar.

- Georgia! aqui!! - Tina gritoue balançou os braços quando me viu

Me aproximei dela e abri um largo sorriso. 

- e ai? preparada!? - perguntou empolgada

- claro! - menti

- ótimo! venha!

Ela me levou para uma pequena sala, onde vi um armário cheio de roupas e sapatos.

- uau! - foi o que consegui dizer

- espere aqui! - ela disse e saiu

Sentei em uma cadeira de frente para um grande espelho. Como eu poderia ser modelo fotográfica? Eu era um caco! Meu cabelo não via uma hidratação há séculos e meu rosto nem sabia o que era uma maquiagem de verdade! 

- Georgia Banks! uaaaaau! 

Me assustei com o grito. Pela forma como falou eu percebi que ela o cabeleireiro... ou o maquiador...

- oi... - respondi tímida

- você é linda menina! teremos pouco trabalho! assim que eu gosto!

Sorri do modo como ele falava.

(...)

Pouco trabalho? Ficamos duas horas em cabelo e maquiagem! Duas! Minha bunda já estava quadrada de tanto tempo que fiquei sentada!

- nossa! Georgia você está um arraso! vamos começar? - perguntou Tina

Assenti com a cabeça e começamos as fotos. Ainda bem que eles diziam como eu tinha que fazer e ainda bem que eu assisti a vários ensaios fotográficos no Youtube. 

- perfeito! assim! - dizia o fotógrafo

Enquanto eu tirava as fotos, percebi que Tina falava ao telefone e quando desligava falava com uma mulher que também acompanhou as fotos. 

Não dei bola no início, mas percebi que as coisas ficaram sérias quando elas me chamaram.

- menina! você tem talento! - disse a mulher

- obrigada! - respondi com um largo sorriso

- já temos trabalho para você Georgia! E um dos grandes! - Tina completou

Meu coração começou a palpitar. Mas já?

- podemos nos falar na Segunda em meu escritório? - perguntou a mulher

- claro! nos vemos lá! - respondeu Tina

Segunda? Mas na Segunda eu já teria que pagar o hospital!

- Tina, posso falar com você? é urgente! - pedi

- não me diga que quer desistir!

- não! pelo contrário! eu preciso logo desse dinheiro... ahm, quer dizer, desse trabalho!

Ela me olhou sem entender, mas assentiu e me levou até uma sala.

- diga!

- ahm, Tina, preciso ser sincera com você...

Contei a ela todo o drama do meu pai. Percebi que os olhos dela encheram de água.

- vai se trocar! vamos até o hospital! - ela disse e eu boiei

- agora!?

- vamos logo pagar essa conta!

- mas eu não tenho todo o dinheiro ainda!

- eu pago! depois você me devolve! - ela piscou

- mas Tina e se eu não tiver o suficiente para lhe devolver?

Tina se aproximou e suspirou alto. Ela pegou nos meus ombros e disse:

- Georgia, se este trabalho der certo, você terá tanto dinheiro que não vai conseguir mais contar...

Engoli seco e respirei fundo. Se ela tinha razão ou não eu saberia em breve. Eu estava mesmo era preocupada em salvar a vida do meu pai.


Notas Finais


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