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História O Cristal de Zargon - Heranças


Escrita por: DanielWillian

Notas do Autor


Neste capitulo temos uma introdução à história, pouca coisa é apresentada a princípio. Trata-se mais de um ensaio para a narrativa que está por vir. Espero que apreciem.

Capítulo 1 - Heranças


Fanfic / Fanfiction O Cristal de Zargon - Heranças

A caravana cruzou o platô durante todo o dia, até o sol buscar freneticamente o horizonte atrás de descanso anunciando o final de seu trabalho. Como de costume, ao fim de cada dia Terenas, agora senhor das terras de Lorde Dekkion, seu pai, sinalizou para todos que já é hora de parar e armar acampamento.

Era uma caravana bem organizada, com sentinelas de uma extremidade a outra. Mantimentos, tendas, animais, vestimentas, equipamentos, armas, mas entre todos, destacavam-se alguns baús com documentos antigos. Estava composta também por vinte homens, entre eles seis cavaleiros, dois cozinheiros, dois pastores, quatro arqueiros e seis espadachins, oito cavalos de montaria, três carroças e seis cavalos de carga.

Apesar de sua autonomia e organização nem todos ali pareciam satisfeitos com essa viagem. Já se passaram alguns dias cruzando as terras de Alklavir, conhecidas sobre tudo pela presença de criaturas menores como orcs, trolls e goblins, e pela Floresta de Fendri à oeste, onde se oculta a cidade élfica de Thiporiah.

Dizem ser uma floresta mágica e muitos humanos temem até mesmo estar perto dela. Os elfos que lá habitam são seres místicos que não precisam se preocupar com a velhice e possuem grande energia ligada à magia e aos animais, mas desprezam os humanos como se estes fossem a falha genética de sua criação, tolos, intolerantes, comuns, bárbaros... mortais.

Subiram as tendas e acenderam fogueiras. À volta sentinelas eram vistos preparando-se para seus turnos. À frente encontra-se a floresta de Fendri, a qual Terenas observa, parado desde que lá chegaram, como se procurasse por algo escondido entre as folhas, entre os galhos balançados pelo vento que passeia pelas copas das árvores, as fazendo mexer numa dança sincrônica e hipnotizante. Olhando também para o céu, mas nada encontrava.

“Meu senhor!” – disse Batraz aproximando-se de Terenas. Virando-se, Terenas sorri ao ver o comandante de seus homens, dizendo por fim “Aproxime-se meu amigo”. Batraz caminhou até colocar-se ao lado de seu senhor e fez seu relatório, como em outras noites: “O acampamento está pronto, os homens organizados em turnos e logo teremos o jantar”. “E quanto aos problemas?” – questionou Terenas.

“Os homens feridos na emboscada dos goblins estão na tenda médica, se recuperam bem. Os batedores declararam como uma região sem grutas ou maiores perigos, o platô nos favorece. O riacho ao norte servirá de abastecimento”, finalizou seu relatório.

“Não posso dizer-me surpreso, pois desde seu primeiro ano me servindo mostrou-se competente! Logo me juntarei aos homens” disse Terenas, satisfeito com o que ouvira. “Obrigado meu senhor, com licença” respondeu Batraz já virando-se para sair.

A noite caia rapidamente sobre o acampamento como um manto negro vindo da floresta a abraçar os acampados. As fogueiras e tochas tornaram-se os únicos pontos de abrigo contra a escuridão. Alguns homens se reuniram diante de uma fogueira central e conversavam sobre diversos assuntos, entre eles, inquietos por permanecerem tão perto da floresta. Temiam que os elfos os atacassem, por não os querer ali, ou enviassem uma criatura medonha para afugentá-los.

Essa inquietação deixou Batraz preocupado com seus homens e foi à tenda de Terenas. Queria tirar algumas dúvidas. Terenas, que acabara de trocar-se, comia sentado em uma das almofadas espalhadas em seu tapete. Ao ver Batraz, convidou-o a sentar-se e comer. Havia uma badeja com frutas e vinho servidos sobre uma pequena mesa.

“O que desejas Batraz?”, disse Terenas. “Meu senhor, os homens estão preocupados por acamparmos tão próximos à Fendri, logo me perguntarão sobre os próximos passos. Ainda não sei o que informar, pois desta vez meu senhor não disse para onde iremos amanhã.” questionou Batraz, enquanto olhava para o chão, como uma criança que disse algo inoportuno. “Batraz, não o fiz, pois permaneceremos aqui” afirmou Terenas ao seu comandante.

“Mas meu senhor, essa floresta é habitada...” num gesto de mão, Terenas pediu que Batraz interrompesse a frase enquanto dizia “Eu sei exatamente onde estou Batraz, e é exatamente onde desejo estar. Se algo naquela floresta não fosse como é, eu também não estaria aqui.” Batraz erguendo os olhos sem entender disse “Meu senhor, não compreendo suas palavras. Sou ágil com espadas, com mapas, em campos de batalha, mas as palavras me confundem devido à minha pequena sabedoria.”

Terenas levantou-se e caminhou até seu servo. Ao colocar a mão sobre um dos ombros de Batraz, disse com voz serena “Meu amigo, a sabedoria brota do seu coração através de sua humildade e lealdade. Não atormente seu espírito, não há nada a temer, os elfos não farão nada, eles já nos vigiam desde a passagem do Rio Phiron, há cinco dias. Eu tenho motivos especiais para estar aqui e eles têm motivos especiais para nos deixar aqui.”

“O que digo aos homens?” perguntou Batraz, buscando por orientação. “Diga que esta noite contarei uma história a eles, uma história de quando eram pequenos demais para terem ouvido, mas que só puderam tornar-se homens hoje por causa dela” disse Terenas, afastando-se do seu amigo e sentando-se novamente para comer. Ficaram ali, comendo juntos durante algum tempo, até que Batraz pediu permissão para se retirar e foi juntar-se novamente aos homens.

A noite já passava de sua metade quando Terenas deixou sua tenda e foi para a fogueira central do acampamento. Os homens, ao verem-no chegando ficaram em silêncio, Batraz já os havia alertado sobre a história, o que os deixou curiosos. Sentou-se junto aos homens, serviu-se de vinho e pão. Olhou devagar para cada um daqueles soldados que ali estavam, nem uma palavra saía daqueles homens de olhos atentos em seu senhor. Terenas possuía 40 anos, a barba estava por ser feita há alguns dias, seus traços eram rudes e fortes. Suas aventuras lhe renderam experiência, força e respeito. A noite era cortada por um vento frio que vinha da floresta e fazia as chamas da fogueira e tochas balançarem de um lado para outro, o que deixava as sombras com aspecto fantasmagórico. Ao longe na escuridão podiam ser ouvidos os gemidos e gritos de feras, o que deixava as sentinelas alertas o tempo todo.

“Esta noite irei contar uma história para vocês, nem tão antiga para que já tenha sido esquecida, nem tão nova que vocês pudessem tê-la vivido. Uma história que ditou o rumo de como as coisas são hoje”, disse Terenas aos homens, os quais se apertaram uns aos outros para ficarem mais próximos e ouvir as palavras do seu senhor.

“Esta é a história de um jovem e os amigos que fez ao longo de sua jornada. Um jovem que achava que sua vida estava regida por acontecimentos pequenos e bastava-lhe a felicidade de cuidar das terras de seu pai. Até que, de um anoitecer para um amanhecer, tudo mudou. Que, de uma hora pra outra o mundo tornou-se sua casa, de que os maiores perigos não estão nas piores criaturas, e que até mesmo do inimigo pode surgir o maior de seus aliados. Uma história que nos mostra que quando só vemos o pior à nossa frente, se continuarmos caminhando, seremos surpreendidos com o destino a mover-se a favor daqueles que persistem, daqueles que acreditam. Que nem sempre temos o que é melhor, mas podemos fazer o melhor com o que temos. É uma história de honra, de lealdade, de amizade sincera, de amor impossível. Onde a verdade se torna uma tragédia, a tragédia um caminho a ser trilhado com esperança, a esperança sua força. Onde aprendemos que amigos matam para se proteger, mas também morrem se for preciso.”



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