História O "Damo" e A "Vagabunda" - Tatuagens e Aula de Inglês

Iara Andrade

Janeiro 2017 - 11:20 a.m 

Minha casa

Acordei com o sol entrando pela janela e incomodando meus olhos que ficaram abertos até altas horas da madrugada de hoje. Os abri, deixando-os se acostumar com a luz para logo depois me esticar ainda mais sobre a cama. Madrugadas de festas e bebidas podem fazer muito mal para algumas pessoas, fazer com que elas acordem com a cabeça girada e o corpo em leito. A única coisa que me sinto é levemente cansada, de resto, estou em ótimo estado. Pronta para uma nova aventura. Acho que é porque eu conheço meus limites.

Sentei-me na cama e vislumbrei meu corpo nú, não por ter transado loucamente com alguém noite passada, mas sim por estar calor e gosto de ter a brisa gélida da noite refrescando meu corpo em combustão por causa da energia das baladas. Minhas tatuagens brilham à luz do sol, uma Sakura na coxa direita, cobrindo metade da parte interna e encostando na virilha o começo de uma pétala e os pontilhados que contornavam a flor pintada de um rosa claro. Já no meu quadril, ao lado direito, da costela ao quadril, uma tatuagem mais selvagem,  uma serpente preta com olhos de diamante enrolada em uma rosa vermelho sangue. Um espanta-pesadelos indígena no braço esquerdo, bem no bíceps. 

Rolo no colchão afim de ver minhas outras obras primas, ficando de costas para o teto e fitando o espelho retangular preso na cabeceira da cama. Miro primeiro a tatuagem abaixo de meu olho esquerdo, um dente de leão com algumas partículas soltas sobrevoando minha pele, entre o luzeiro, a maçã e a bochecha crescida pelo sorriso que abro toda vez que vejo essa flor grudada em meu rosto. Eu amo tanto observar essas pinturas.

Apoio-me nos antebraços, vislumbrando o coração sem pintura alguma bem abaixo de minha clavícula. Levanto meus pés e cruzo meus tornozelos, enxergando a linda Flor-de-Lís pintada bem ao lado do calcanhar. Viro-me novamente, agora de frente para o teto, estico minhas mãos para cima e olho as tatuagens em meus dedos. Uma âncora no indicador, a bandeira do Brasil no médio e uma lua cheia amarela no mindinho que combinava com a lua minguante preta no pulso. 

Porém, minha tatuagem está em um lugar que não posso ver sempre, mas posso fechar os olhos e lembrar-me de mim mesma na sala dos espelhos — na verdade, eu só precisaria dar alguns passos para chegar até ela, mas estou com preguiça de sair da cama —. Colo meus cílios e me lembro dos planetas que pintam bem na área de minha coluna vertebral, alcançando quase o coquis. Entre cada planeta, uma tira fina se estende verticalmente, e estas tiras são pedaços de galaxias. A minha maior tatuagem. 

– Vamos lá, Iara, você não pode ficar na cama o dia todo, tem de viver aventuras. – me auto-incentivei, levantando logo em seguida da cama. 

Apesar de adorar ficar admirando minhas tatuagens, ainda tinha uma vida e precisava me movimentar, afinal, tenho energia de sobra e ela precisa ser gasta. O Brasil é um ótimo lugar, todavia, adoro viver aqui pela atenção que recebo das pessoas, apesar de muitas vezes não ser agradável, eu adoro os olhares distintos. Sei que algumas queriam ser como eu, portanto, ver uma pessoa assim pode ajudar elas à realizar o sonho. 

Park Jimin

Janeiro 2017 - 08:12 a.m

Minha casa

Acordei com batidas leves na porta, a voz suave de minha mãe chamando-me acompanhada dos apelidos carinhosos. Resmunguei algo que nem eu mesmo consegui entender e depois ouvi seus passos se afastando, levando assim meu tranquilo sono. A responsabilidade chamava-me. 

Esfreguei levemente meus olhos antes de abri-los e, ao fazê-lo, vislumbrei meu teto azul escuro um pouco embaçado por ainda estar sonolento. Me sentei na cama, espreguiçando-me para afastar a sonolência e me colocando de pé logo em seguida, abrindo as persianas da janela e fitando o céu claro e o sol forte que me iluminava sem incômodo algum.

Por que raios eu acordo tão cedo na manhã de sábado? Porque tenho uma aula de inglês super maravilhosa com a professora Mônica, não que eu esteja reclamando, mas é que meu humor nunca é um dos melhores nas manhãs, principalmente nas de sábado. 

Meu primeiro ponto era o banheiro, aonde fiz minha higiene matinal e parti para o guarda-roupa logo em seguida, o qual estava lotado de roupas que eu precisava separar para doar. Enfim, pego uma regata de basquete preta, uma calça jeans escura colada e com rasgos dos joelhos para as coxas — que meus pais odeiam que eu use mas também não proíbem — e um vans qualquer que achei pelo sapateiro, não estou com paciência para combinar sapatos com roupa hoje. 

– Filho, você vai se atrasar! – ouvi a voz estridente de minha mãe chamar lá de baixo. 

– Já vou! – respondi, olhando-me uma última vez no espelho para enfim sair do quarto.