História O demônio dentro dela - PRÓLOGO

Alina caiu, ficou no chão se retorcendo de dor, ninguém nunca imaginara uma dor tão forte e intensa, mas ela sim, e estava a sentindo nesse momento. Seus órgãos se reviravam e fazia a dor em seu ventre ser pior que qualquer cólica que alguma mulher um dia já sentira, sua cabeça doía como a pior das enxaquecas e sua pele queimava como se estivesse em uma fogueira.

         A dor era algo indescritível, só podia se dizer que era a pior, bem pior que qualquer outra já existente.
  
        Não tinha ninguém ali para ajudar, havia apenas Alina, as corujas que a olhavam pela janela, e Damen, o rapaz jogado no chão, assustado com o que presenciava. Era tão tolo, colocou a vida de sua amada em perigo em um rito idiota, mas não era hora de se martilizar, precisava fazer algo.

         O grito de Alina emanava por toda a casa, e fazia o chão estremesser, as corujas não se assustavam, pareciam apreciar aquele espetáculo, e apenas esperar a morte dela, que parecia cada vez mais próxima.

        As velas em sua volta arderam com desejo, aquilo não pararia até o ritual ser completo, não haveria saída, ele precisava terminar o que foi fazer ali, senão tudo seria em vão.

        O grito da menina deixava-o ainda mais nervoso, mas precisava pensar e fazer uma coisa de cada vez, primeiro o livro, precisava recupera-lo, mas viu o mesmo voando, e sendo jogado por uma ventania repentina para fora da casa.

       Ele correu, pulou a janela e ignorou os olhos vidrados das corujas, a floresta estava escura e silenciosa, era quase impossível se ver alguma coisa, mas algo o chamou a atenção, um brilho com a forma de um cálice e com uma espada em seu centro. O livro, ele emanava aquele brilho mágico e misterioso, reconhecera de uma noite o estudando.

        O livro estava enroscado em raízes altas que pareciam o abraçar, Damen correu na direção do livro e o puxou, mas as raízes pareciam puxa-lo para si, a briga era acirrada entre eles, a árvore parecia ganhar até que por fim o livro se libertou, Damen caiu pra trás com o livro em seus braços. Ele comemorou aquele momento, porém só por um instante, pois logo se levantou. 

         Pulou a janela novamente e rotomou seu lugar inicial, abriu o livro, mas viu o mesmo se fechar com veracidade, Damen o abriu novamente mas o via fechar toda vez que tentara, o livro queria, ele queria que ela sofresse aquilo, seja lá o que for que estava acontecendo o livro estava feliz com aquilo.

        Damen levantou e tentou observar melhor o círculo, no centro do círculo tinha uma estrela, e em cada ponta uma vela, e Alina, no centro, que no momento estava em posição fetal ainda gritando com ardor.

       Algo estava diferente, algo que não perceberia se Alina não tivesse tentado se levantar, seu cabelo passou de um loiro escuro para um negro profundo, e cresceu, não estava mais no ombro, estava quase em sua cintura. O que ela se transformaria era um mistério, mas não seria bom.

       Damen entrou em desespero, não a veria sofrer sem ao menos tentar, ele se aproximou do círculo e tentou entrar, mas a ventania que levara o livro janela fora se fez presente.

        O vento o impulsionou para a parede, Damen sentiu sua cabeça latejar, e sua visão ficar embasada, as velas ao redor de Alina se apagaram, e uma escuridão se instalou no quarto. Não se via nada além da luz emanada pelo próprio livro. O grito de Alina que era alto e constante, de repente simplesmente parou.

          Damen olhou em volta em buscar de um ajuda, mas não encontrou nada, até que uma vela se acendeu e foi suspendida no ar, não se via quem a segurava, mas Damen tinha um palpite.

        Alina.

        Seus olhos estavam negros, íris, pupilas, o globo ocular, estava completamente negro, e ela estava abaixada em sua frente, a um metro de distância. Um sorriso se instalou em seu rosto, não era de felicidade, era de ódio.

        Um frio na espinha fez Damen tremer, ela não se mexia nem falava, mas ele tinha uma certeza, não era ela, não era a garota que se apaixonara, podia ser qualquer coisa, menos ela.

         Alina se levantou e caminhou para a porta, deixando Damen sozinho naquela sala escura.

       -Alina! - Damen gritou, mas não obteve resposta.

       Precisava sair dali, ele apoiou as mãos no chão e se forçou a se levantar mas sentiu uma dor forte no pé, não percebera, mas o impacto torceu seu pé.

       -Socorro! - gritou, mas estava em uma cabana, no meio de uma floresta, a quilômetros de qualquer pessoa.

        Um som chamou atenção de Damen, era fogo se acendendo, as velas, elas haviam acendido novamente. O terror por um momento o paralisou, mas logo voltou a realidade, precisaria sair dali, voltou a fazer esforço para se levantar, até que conseguiu, se sentiu realizado. Estava perto da porta quando foi jogado pra parede novamente. Não conteve o grito, ele olhou para as velas e viu o fogo delas se elevarem mais que o normal, as chamas chegavam a altura de um metro, e dançavam em um tom encantador de vermelho e amarelo.

       Todas as chamas se juntaram no centro, e desceram até tocarem o chão. As velas rapidamente se apagaram deixando apenas o fogo que criaram no chão de madeira, que se espalhou rapidamente, Damen viu a chama se aproximar, o calor estava tão perto. Ele aceitou, morreria, Damen encostou a cabeça na parede e respirou fundo, e talvez por um momento juraria que vira o rosto de Alina chorando.

       A chama chegou a seus pés, engolindo seu corpo com rapidez, mas ate que por um fio de misericórdia tudo acabou.