História O demônio dentro dela - UM - COLANDO

A porta do diretor Luther bateu com força fazendo Austin pular, era terceira vez de Austin na diretoria essa semana. Era inevitável não vê-lo ali ao menos uma vez no mês. 

       Marff Luther o rigoroso diretor já cansara de ver Austin ali. Já o viu chegar por mais diversas infrações, tais como brincar com extintor, arrumar briga, desligar o disjuntor de todo o primeiro andar, fazendo a aula se suspensa por horas. Mas depois de tanto tempos juntos, criaram uma certa intimidade, apesar de tudo Austin nunca foi expulso, pois não tinha provas o suficiente para isso, pois a maioria das vezes eram especulações de terceiros. 

       Austin começou a gostar de Luther, depois que fingiram estarem tendo uma conversa seríssima, quando na verdade estavam em uma partida acirrada de xadrez. Era um jeito dos alunos acharem que a justiça estava feita, mas não, o diretor se derreteu com Austin depois de tantas conversas e parou de puni-lo tão severamente.

       A porta se abriu e a nova delinquente Camille saiu batendo pé, e xingando o diretor baixo, mas alto o suficiente pra ele ouvir. Era a vez de Austin, que se levantou, colocou as mãos no jeans desbotados e abaixo a cabeça. Assim que entrou fechou a porta e se jogou no sofá de couro da sala.

      Quando levantou a cabeça viu o diretor grisalho que usava um terno chique demais pra uma escola de ensino médio, suavizar sua expressão séria.

         -Camille vai dar trabalho - disse Austin brincando com um boneco de ação que ficava numa prateleira perto, tentando não falar da sua vergonhosa infração.

        -Colando Austin Whitley? - disse o diretor com ar de divertimento 

      Austin revirou os olhos, aquilo era ridículo, ser pego colando. Não seria pego se não fosse a nerd Judith, seu último nerd saiu da escola e precisava de um novo, porém assim que o professor se aproximou Judith não conteve o nervosismo "Sai daqui Austin". Aquilo foi ridículo, o professor não percebera até ela falar. Precisaria de um novo nerd.

        -A culpa é da nerd lá, inútil! - disse Austin com irritação.

       Luther olhou pela janela na tentativa de conter a risada mas acabou se distraindo com o campus. Estava perdido nos seus devaneios quando ouviu uma tossi sendo forçada, era Austin.

       O diretor o olhou com um leve sorriso de compreensão, abaixou-se para pegar algo em sua mesa e voltou com um tabuleiro de xadrez em suas mãos. Austin se sentou em frente ao diretor e o ajudou a arrumar as peças.

                                ∆∆∆

       Um ser vermelho se sentou ao lado de Austin na quadra, reconheceria aquele suéter exageradamente vermelho a quilômetros de distância, era Loly. Assim que se virou confirmou o que imaginara, ela já sabia do acontecido, estava com um sorriso largo demais tentando esconder sua vontade de rir, e com certeza aquela situação não fugiria das brincadeiras dela.

       -Colando? - ela disse segurando a risada

      -Sério isso Loly? - ele disse sério

      -Você escapou de expulsão depois de pintar a cara de uma professora, e conseguiu ser pego colando?

     Ela não se aguentou e riu, Austin a olhava com desprezo, mas não de verdade, era uma forma de dizer o quanto aquilo o irritava.

       -Vamos lá Austin, é engraçado, ria de si mesmo - Loly limpou as lágrimas dos olhos de tanto rir, e o deu um empurrão no ombro dele na forma de faze-lo ceder.

       -Você é uma idiota! - foi a única coisa que Austin conseguiu pensar como resposta.

       Poderiam discutir o almoço todo sobre aquela situação, mas Loly teve que ir a biblioteca estudar para a prova de história, e obviamente Austin não seria capaz de ajuda-la.  

     Austin voltou a atenção a quadra, nela estavam jogando basquete, e no time estava Theodore, seu melhor amigo com sérios problemas de auto-estima e constante vontade de suicídio. Ele era horrível, não se tinha um motivo plausível para ele ainda tentar jogar, suas técnicas eram horríveis e conseguiam pegar a bola de sua mão com facilidade. Mas tinha algo bom, sua mira, se a bola estivesse em sua mão e uma boa visão da cesta o arcetara com facilidade.

       O jogo acabou, Theo se sentou ao lado de Austin com um sorriso no rosto, saberia ele da cola? Mas não, ao seguir o olhar de Théo, Austin avistou o motivo de sua felicidade, Tara, sua paixonite crônica. Era inútil, ele a adora, porém tem medo de fazer algo ruim com ela, pois ela é uma pessoa doce, e ele... bom, andava com Austin, então era atentado tanto quanto.

         Austin deu um cutucão no ombro de Théo, e o mesmo virou com velocidade, estava completamente distraido e não percebera, que fazia cara de bobo.

      - Vai lá! - disse Austin, Théo na mesma hora negou - OK, vou traze-la aqui.

       Théo entrou em pânico interno, paralisou, não tinha medo de falar com ela, tinha medo de se apegar, pois ambos sabiam, que Tara era apaixonada por Theodore. Mas quando Austin ia levantar o sinal tocou, e rapidamente Tara e seu grupinho se dirigiram a sala. Théo soltou um suspiro de alívio. "Agora não" pensou Théo.

                               ∆∆∆

         A próxima e última aula era de matemática, e mesmo Austin gostando da matéria não estava com cabeça para contas complexas. Então se sentou no fundo e colocou os fones e os deixou no último volume. 

      Austin olhava para a boca de sua professora Lori mexendo, tentando decifra-la, como um modo de passar o tempo. Decifrava palavras aleatórias como "a base", " transcende ", "aluna nova". Austin tirou os fones, e não errou na sua tradução, tinha uma aluna nova, ela se levantou com seu moletom preto com capuz que tirava qualquer visão de seu rosto. Ela se posicionou ao lado da professora ainda de cabeça baixa, Lori com um sussurro pediu que ela tirasse o capuz, e assim ela fez. Austin teve uma visão clara de seu rosto, seus cabelos eram negros como a noite mais escura, sua pele pálida e os olhos do mais profundo verde. Era linda!

     -Quer se apresentar? - perguntou a professora

     Ela negou, no fundo Austin queria ouvi-la falar, mas que bobagem! Era só mais uma garota idiota no mar de garotas idiotas que essa escola tem. A maioria ou é nerd, ou é metida e fútil.

      -Alguém pode apresentar a escola a ela? - perguntou a professora, e no mesmo momento vários garotos levantaram a mão. Mas a professora sorrindo olhou para Austin e apontou pra ele. - Você poderia apresentar a escola para Alina, Whitley?