História O Destino da Híbrida - Capítulo 14

"Eu deslizo, eu vôo num mar de lençois 
E cada dobra conta histórias
 De muitas delas sinto medo"

Voltar pra casa me parecia errado agora, se tudo que ela Tatiana (minha mãe falou) for verdade, minha vida era uma mentira, tudo que eu acreditava era mentira.
Parei na entrada da fazenda, tudo parecia diferente, tudo parecia errado, continuei caminhando devagar até a entrada, não podia evitar o encontro com eles, ela estava contando comigo, e eu não sabia quanto tempo mas ela preservaria sua sanidade naquele lugar.
Encontrei com Nicolas um dos lobos da matilha, ele estava saindo do casarão apressado e parou no meio da escada me olhando com os olhos curiosos, nunca fomos próximos, na verdade agora parando pra pensar nunca me deixaram ser próxima de ninguém da matilha, agora a dúvida me fazia sentir raiva, senti minha loba se agitar, tentei pensar em alguma coisa pra me acalmar, mas eu não queria me acalmar.
- Você está bem!? Estávamos indo atrás de você! Estão todos preocupados, isso é preocupante! - Falou de um jeito preguiçoso, virando a cabeça de lado, me analisando. 
- hum ... - Não quero e não vou me explicar, só quero saber se tudo que descobrir é verdade, e se for... 
Bem penso nisso depois.
Passei por ele subindo as escadas, e entrando, a sala estava cheia, todos estavam lá falando sem parar, não consegui me focar em nenhuma conversa em particular, peguei o corredor oposto da sala, fui direto ao meu quarto, entrei parei em frente ao guarda roupa, as roupas não pareciam minhas, me sentia diferente, parece que se passaram anos e não 24h, tirei tudo de dentro do armário, e achei uma caixa no fundo, tinha meu nome na frente, com a grafia que não tinha  o visto antes, quando abri a caixa, meus olhos brilharam, uma saia preta longa, aberta nos lados até as coxas, a blusa era azul marinho, o tecido era solto, então se eu precisar tirar rápido essa roupa era perfeita, não sei quem me mandou, mas tive um pressentimento que era um presente da Tatiana, bem da minha mãe biologia, aí que complicação!  Peguei e roupa e percebi que a banheira estava cheia, a água está gelada, mas depois de tudo, essa ia servir, preciso estar bem ciente dos meus próximo passos, tomei um banho rápido, vesti a roupa e depois de ajeitar os cabelos, só os penteie para trás e deixei solto, preferi ficar descalça, sai do quarto.
Estava tudo do mesmo jeito, eles continuavam a conversar, entrei na sala e sentei no sofá, um a um percebeu que eu estava ali, a conversa parou e todos me olhavam.
Meu pai foi o primeiro a falar.
- onde você estava!? Ficamos preocupados, você tem noção do que passamos, sem saber onde você estava!? Cadê a confiança!? - Falou gesticulando e andando na minha direção, esse homem na minha frente me lembrava meu pai, mas meu pai não mentia pra mim, não é!? Minha loba estava rosnando, agitada, na defensiva.
 -Não faça nada que você vai se arrepender depois. - As palavras de Tatiana estavam rolando na minha mente, tenho que me focar em conseguir minha meta.

- Não sei se como você pode pedir confiança, se você mas que todos nunca conseguiu manter sua palavra. - Falei o mas tranquila que consegui, mas eu não reconheci minha voz, estava fria.

- Que tom de voz é esse mocinha!? Respeite seu pai! - A mulher que me criou estava com o rosto vermelho me olhando como se eu fosse um ser de outro planeta, já meu pai se afastou com os olhos arregalados, parecia com dor, e eu queria isso, eu estava me sentindo confusa, uma parte minha estava feliz a outra queria abraçar e pedir desculpas... Adivinha qual ganhou quando Tobias falou.

- Olha ela colocando as garras de fora! - Exclamou Tobias, ele estava de braços cruzados encontrado na parede me olhando com os olhos serrados.

- Hahaha' me tira uma dúvida querido irmão - Fiz uma pausa depois de falar a palavra irmão com nojo - Você tem ciúmes de mim ou inveja mesmo!? - Falei levantando as sombrancelhas e colocando as mãos baixo do queixo apoiando a cabeça, o olhando com desdém. Não posso demostrar fraqueza, eles mentiram, todos eles! 

- Posso saber porque você esta agindo assim princesa!? - Perguntou meu avô.

- simples, vocês, todos vocês acredito eu, mentiram minha vida toda! Quando iam me contar a verdade!? Quando você Arthur, ia me contar que foi fraco e não ajudou a mulher que você dizia que amava!? - Falei me colocando de pé, olhei para cada um ali, e como o esperado Tobias, meus avós e meus pais sabiam, os outros não, mas todos estavam pálidos, sem saber como agir, principalmente meu pai, meu herói, ele não era nada do que eu sonhei, do que eu imaginava. 

- Quem te contou isso!? - Meu pai falou com a voz fraca se apoiando na cadeira. 
-Foi ela não foi!? Aquela mulher! Me prometeram que ela nunca voltaria! - Falou gritando, gesticulando.
- Não importa quem falou, eu só voltei porque você Arthur - Falei apontando pra ele - É o meu alfa, você tem que me ajudar na mudança não fugir de mim, agora que eu sei de tudo, podemos acabar logo com isso! 

Ninguém falou nada por algum tempo, os soluços da minha mãe e da minha avô eram os únicos sons na sala. A luz da lua já estava lá fora, minha loba estava em a todo  vapor, ela quer sair, e eu preciso pra ontem liberar ela, não é só por mim...
- Se você quer isso, vamos, Tobias reúna a matilha na frente da casa, vamos começar a cerimônia.- Que falava agora não era meu pai, era Arthur, o chefe da matilha Montenegro. 
Eu pedi por isso, eu sonhei com isso, e que no final dessa noite eu não me arrependa das minhas escolhas. Porque nada voltará a ser como antes. 
Esse foi meu último pensamento, antes de descer as escadas do casarão e iniciar o começo da minha nova jornada.