4 dias antes da viajem.
Passou as mãos nos cabelos de maneira ansiosa e soltou um longo suspiro. Estava indo para a sala do trono, seu pai havia saído para caçar com seu tio e agora ele terá que substituí-lo. Iria sentar-se na grande cadeira, escutar fatos e julgá-los. Seria uma tarde longa.
Era a sua primeira vez como substituto do rei e aquilo, de alguma forma, o deixava ansioso. Seus cabelos cor de azeviche balançavam em seu pescoço, soltos, havia perdido a fita que os prendiam durante o encontro com Shisui no riacho e agora a única coisa que mantinha o cabelo longe do rosto era a coroa, feita de prata modelada em espirais com rubis e diamantes negros encrustados.
Enquanto andava pelos corredores suas botas faziam soar ecos das paredes. A espada em sua cintura batia em sua coxa se mostrando presente a cada passada e o vento que entrava pelas janelas fazia as mangas da camisa azul escura ondular, por cima desta usava um gibão negro sem mangas com o símbolo dos Uchiha costurado com fios de prata branca e vermelha. Tinha prendido um manto de peles, também pretas sobre os ombros. A corrente de pequenos aros circulava em seu pescoço reluzindo aos finos raios solares que entravam pelas janelas.
Shisui andava ao seu lado, usava o fardamento do comandante da floresta: botas negras de cano alto subindo por cima da calça esverdeada; uma placa de peito metalizada com o símbolo dos Uchihas esculpido cobria seu tórax; os braços estavam vestidos com as mangas negras da túnica que usava por baixo da cota de malha; no antebraço, braceletes com placas de metal refletiam; nas costas, uma espada dupla formava um X. Era a arma favorita do Shisui.
- Você fica melhor de cabelo solto. – Comentou sem olhar para Itachi, este não respondeu, estava ocupado demais perdido em outros pensamentos.
Algumas criadas passaram por eles fazendo uma reverência rica. – Vossa Alteza. – Cumprimentaram as moças.
Itachi acenou levemente com a cabeça: - Senhoritas.
Logo chegaram a entrada da sala do trono. Havia dois guardas na porta, posturas eretas, seguravam duas lanças postas no chão a frente do corpo. Fizeram uma reverência e abriram as grossas portas de carvalho e ferro.
Itachi entrou primeiro. Shisui, cinco passos atrás. A corte inteira estava ali reunida. De um lado os que seriam julgados, do outro a plateia faminta por declarações de morte e ansiosa para ver os desfechos do julgamento.
Logo foi anunciado: - Príncipe Itachi Uchiha, comandante da guarda da cidade e futuro rei do Fogo! – o homem fez uma pausa. – Shisui Uchiha, comandante da guarda da floresta!
Itachi caminhou em linha reta sem olhar para os lados como seu pai fazia. Subiu os degraus e sentou-se no grande trono. O homem que o anunciará se pôs ao seu lado esquerdo com a uma lista nas mãos, resfolegante pela subida nos degraus, a barriga redonda subia e descia. Então observou discretamente enquanto Shisui se postava do lado direito, logo abaixo encima do primeiro degrau; Kisame estava do lado esquerdo, a espada: Samehada, presa nas costas.
Apertou os lábios, o salão estava um barulho só. Levantou a mão direita com um movimento do cotovelo e todos se calaram. Inclinou-se para intendente ao seu lado e pediu para anunciar o primeiro caso.
Com certeza iria ser uma tarde longa.
Durante as trocas de casos, Itachi trocava olhares significativos com Shisui. Era uma comunicação recíproca que o deixava com um sentimento de leveza e contentamento no peito.
***
As ruas pareciam formar um labirinto circular, o castelo da cidade ficava no centro, e mesmo na estrada da cidade Naruto conseguia ver as torres brotando sobre as casas. Havia dois rios que cortavam a cidade, o que acabava resultando em uma série de pontes e bom comércio marinho.
- Menma? Sabe como chegaremos lá? Ouvi que é fácil se perder nessas ruas. – Kiba falou.
- Sim, vim aqui muitas vezes em tempos passados. – respondeu se recordando do tempo em que corria e se perdia nas ruas da cidade do redemoinho, tais caminhos foram feitos para confundir um inimigo durante um ataque.
Naruto foi na frente, sabia o caminho. As pessoas o olhavam com olhos estranhos e questionadores. Naruto se perguntava se elas o reconheceriam.
Passou em por um chafariz seco onde crianças brincavam, gritando e correndo. O pôr do sol fazia com que sombras se espalhassem pelo pátio criando uma paisagem dramática.
Chegaram ao fosso minutos antes do sol se pôr.
- Diga seu nome! – o guarda gritou de cima do muro.
- Príncipe Naruto Uzumaki!
Os muros eram baixos o suficiente para Naruto ver o guarda trocando palavras com o companheiro ao lado. Pareciam em dúvida. Até que um gritou de volta:
- O Príncipe Naruto morreu no incêndio!
- Não! Ele está aqui diante de vocês. – Naruto gritou de volta. – Desejo falar com meu tio Lorde Nagato Uzumaki!
Os guardas se entreolharam, trocaram algumas palavras e um deles saiu correndo, desaparecendo do muro, provavelmente deve ter sido alguma escada.
- E agora? – Kiba perguntou ao seu lado. Akamaru estava sentado no chão ao lado das patas dianteiras do cavalo.
- Vamos esperar, ele deve ido chamar alguém. – Naruto bufou impaciente. Odiava quando duvidavam dele.
Esperaram em torno de quinze a vinte minutos até que a ponte abaixou para que pudessem entrar. Do outro lado um homem ruivo usando cota de malha por cima da túnica e uma capa de ombro marrom o esperava. E Naruto o conhecia a muito tempo, era o melhor amigo de seu tio.
- Sir Yahiko. – Naruto falou abrindo um sorriso enorme.
- Não posso acreditar. – Yahiko soltou. – Como... Você...
Naruto desmontou. Kiba continuou onde estava. – Eu consegui sair e alguns garotos que trabalhavam na fortaleza me salvaram. – fez uma pausa. – Sir Yahiko, preciso falar com meu tio, preciso mostrar que estou vivo, o trono é meu por direito de sucessão.
Sir Yahiko continuava o encarando como se não acreditasse que estivesse vivo. Balançou os cabelos alaranjados saindo do devaneio e engoliu em seco. – Bem... Vou pedir que levem você e seu amigo para um quarto. Irei avisar ao rei Nagato... - Rei Nagato? - ...de sua chegada. – Em seguida Yahiko virou-se para o guarda que o havia chamado: - Levem esses dois até o quarto de hospedes, deixo-nos a vontade. – Então olhou para Naruto: - Se me der licença, Vossa Alteza. – fez uma reverência e saiu.
Kiba desmontou e se aproximou de Naruto, Akamaru em seus pés.
O sentinela gritou por um cavalariço que não demorou a chegar e levou os cavalos para as baías. – Por aqui, Vossa Alteza.
Caminharam pelo pátio onde cavalheiros e escudeiros treinavam. Entraram no castelo e seguiram o guia por corredores e escadarias. Kiba ao seu lado soltava exclamações de admiração a cada canto que passavam, encantado com as ornamentadas tapeçarias e os grandes quadros, assim como as armaduras que enfeitavam alguns corredores.
- É muito grande! – comentou de boca aberta. Akamaru latiu ao seu lado como se estivesse concordando.
Naruto não estava nem um pouco surpreso, viveu naquela atmosfera a vida toda, e se Kiba estava encantado com a grandeza do local era porque ele nunca tinha entrado no castelo da fortaleza da Terra.
Foram designados quartos diferentes. Eram vizinhos, o que deixou Naruto menos preocupado, qualquer coisa era só Kiba andar dois metros e meio para chamá-lo.
O quarto de Naruto era grande, não tão grande quanto o antigo, mas ainda assim era bem espaçoso. Possuía uma cama grande, um baú decorado de ouro e opalas, uma mesa pequena em um canto e uma janela alongada, aberta para a cidade.
Naruto respirou fundo e soltou o ar devagar ao fechar a porta atrás si. Sozinho. Desafivelou a bainha da espada e a colocou encima do baú, tirou as botas sujas de terra e as jogou a esmo no chão. Deitou-se na cama e fechou os olhos. Era bem mais confortável que a cama de palha que dormia em Noha. O corpo estava exausto da cavalgada, tinham parado apenas duas vezes para dar água aos cavalos e comer algumas frutas. A parte interna de suas coxas ardiam e naquele momento ele só queria descansar.
Ouviu o som de batidas na porta e acordou lentamente. Olhou ao redor e lembrou-se onde estava. Virou a cabeça para a janela e viu a lua brilhando pela metade no céu junto com as estrelas.
- Entre. – Falou enquanto se sentava.
- Com licença, Vossa Alteza. – pediu uma criada de cabelos pretos. – Rei Nagato pediu para lhe trazer essas mudas de roupas. Disse que iria lhe receber antes do jantar na sala do trono.
Naruto assentiu sem nada a dizer. A mulher deixou as roupas sobre um criado mudo, fez uma reverência polida e saiu.
- Antes do jantar? – falou para si mesmo. – Estou com tanta fomeeee!
Demorou um pouco deitado na cama escutando os resmungos de sua barriga e levantou. Caminhou até o criado mudo e admirou a túnica laranja, e a calça preta.
Estava com a mesma túnica preta que usou no dia que escapou do incêndio, está estava rasgada e suja em vários pontos. Tirou-a junto com a calça e o cinturão de couro negro, caminhou até uma pequena bacia que usou para lavar o rosto, o peitoral e umedecer os cabelos loiros rebeldes. Vestiu a túnica e calça, colocou o cinturão negro, as botas e afivelou sua espada no peito.
Eu sou o príncipe Naruto Uzumaki.
Não precisou esperar muito e logo foi chamado por um guarda que o acompanhou junto a Kiba até a sala do Lorde.
Não foram anunciados. Kiba se manteve passos longe de Naruto com Akamaru nos braços. Lorde Nagato estava sentado no cadeirão do senhor revestido com peles e o olhava com: desgosto? Raiva? Naruto não sabia dizer.
Olhou ao redor observando a plateia que os cercava, não ficou nervoso.
- Tio. – começou. – Como pode ver eu não morri como meus amados pais. Voltei e vim reclamar meu...
- O trono é dos Uzumaki. – Lorde Nagato o cortou.
Naruto o olhou sem entender.
- Os Namikaze ajudaram o reino, não podemos negar o fato, mas agora Minato morreu, o acordo foi desfeito. – o tio fez uma pausa para que todos ali presentes contemplassem as palavras ditas. – Agora o trono tem que voltar por direito a um Uzumaki.
Naruto foi tomado por um sentimento ruim. Algo não estava certo.
- Eu sou um Uzumaki! – falou – Sou o príncipe herdeiro Naruto Uzumaki filho da rainha Kushina e do rei Minato! O trono é meu, eu sou o próximo na linha de sucessão.
- Você? Um Uzumaki? – Nagato soltou uma risada seca e algumas pessoas o acompanharam. – Você é um Namikaze. Não tem nada dos Uzumaki! Esse cabelo amarelo e esses olhos, só provam o fato. – então ele abaixou a voz. – Os Uzumaki são ruivos! Você não um Uzumaki! Não passa de um bastardo bem nascido.
Naruto não soube o que falar. Sabia que em parte seu tio estava certo, mas... Mesmo assim ele era um Uzumaki, ele era Naruto Uzumaki, certo?
Assim que Naruto abriu a boca para protestar. O tio o cortou com um gesto de mão e falou:
- O reino da Terra não precisa mais dos Namikaze e de sua fortuna imbecil. O contrato está desfeito. – Ouve um surto de burburinhos na plateia. Nagato levantou a mão. – Silêncio. Eu terei misericórdia para com você, filho de Kushina, por amor a minha doce irmã não irei matá-lo, com a condição de que não se meta no meu caminho.
O queixo de Naruto caiu. Sua mente ficou em branco. Não era para isso estar acontecendo! Não, não, não, estava tudo errado. Por que seu tio estava fazendo aquilo?
- Nunca mais os Uzumaki vão precisar dos Namikaze! – Nagato falou e atirou algo nos pés de Naruto que tilintou ao bater no chão de pedra. – Fique, o dote é seu, pequeno Namikaze.
Naruto olhou para baixo. Era o anel dos Namikaze, o anel que o pai tinha encrustado na espada, o anel com o símbolo de raio esculpido. Abaixou-se e o apanhou.
- Menma! – ouviu Kiba gritar. – Príncipe Naruto!
Naruto virou. Dois guardas tinha segurado Kiba e o arrastavam para fora do castelo. Akamaru latia e tentava morde-los.
- Parem! – gritou enquanto levantava. Desembainhou a espada com uma mão, enquanto colocava o anel do pai no dedo com a outra.
Segurou a espada com as duas mãos em frente ao corpo e correu em direção a Kiba, sem pensar em mais nada, tinha que salvá-lo.
- Prenda-os! – Escutou Nagato rugir. – Prendam esse Namikaze impostor.
Uma espada colidiu com a de Naruto que pulou para trás se firmando com o pé esquerdo e avançou contra o inimigo. Este usava uma armadura aparentemente pesada sem o elmo, deixando à mostra a careca brilhante e cheia de calombos.
O homem bloqueou. As espadas colidiram com som agoniante enquanto raspavam uma contra a outra. O homem atacou encima e Naruto defendeu, mas o guarda era mais forte e Naruto sentiu uma leve dor no pulso pelo impacto. Atacou embaixo, encima, na lateral: direita e esquerda, na coxa; todos bloqueados. Escutou passos junto com o ressoar de metal de armaduras e sabia que mais guardas se aproximavam.
O guarda calvo avançou sobre ele com a espada em riste. Naruto soltou o ar e com um jogo rápido com os pés ficou de lado assim que o homem ia atravessá-lo, fazendo-o passar de raspão. Deu um chute frontal nas cotas do homem, jogando-o no chão. Subiu encima dele, pensou em cortar a garganta dele mas algo o impediu.
Notou que os gritos de Kiba tinha desaparecidos. Antes que pudesse agir se viu cercado de guardas, portando desde espadas à arcos e flechas.
Se rendeu.
Havia perdido.
***
- Ainda não está certo. – seu instrutor repetia e repetia.
Secou o suor que escorria pelo rosto e caia nos olhos fazendo-os arder. Seus cabelos escuros estavam bagunçados e grudavam na nuca e na roupa suada, seus pés doíam dentro das botas e seus braços pediam descanso. Muito descanso.
- De novo!
Não se mexeu, preferiu esperar pelo ataque, segurava o punhal de forma que a ponta ficasse virada para o cotovelo alinhado à parte externa do antebraço enquanto a interna estava voltada a altura um pouco abaixo do nariz. Era sua defesa.
Resfolegava pela boca a procura de mais ar, suas pernas estavam levemente afastadas para dar equilíbrio. Observou enquanto o instrutor dava pequenos passos, iria atacar em qualquer momento.
- Barriga! – ele gritou e avançou rapidamente. Em reflexo, abaixou o punhal bloqueando o ataque e pulou para trás quase perdendo o equilíbrio. Ele voltou a atacar. Moveu o punhal com destreza entre os dedos bloqueando os fortes e pesados ataques que machucavam de leve seu pulso. Sempre que se afastava colocava o punhal em forma defensiva, a ponta virada para o cotovelo.
- De novo! Ataque!
E atacou. Ele defendeu e a driblou com um jogo de passos, bloqueou o próximo ataque que veio de baixo, surpreso. – Bom. – falou elogiando e saltou para trás. – Pode descaçar, acabamos por hoje.
O que Hinata mais queria era sentar-se ali mesmo no pátio e descansar, mas não o fez. Caminhou de volta ao castelo e seguiu caminho para seu quarto.
Iria tomar um banho e depois iria dormir. Dormir tudo o que não dormiu a noite. Sempre que fechava os olhos automaticamente se imaginava casando com o herdeiro do Fogo, aquele no qual ela nunca havia visto, a única certeza eram os olhos - os Uchihas possuíam olhos negros com pontos ou listras escarlate na íris -, então via homens diferentes com os mesmo olhos. Mas nenhum deles a agradou, ela não queria casar com um desconhecido.
- Ainda tenho alguns dias até ele vir me visitar. – falou para ninguém em especial enquanto tirava as roupa. A criada já providenciara o banho. Depois que despiu-se caminhou até a banheira e afundou até o pescoço. Fechou os olhos e relaxou, sentido a água em seu corpo, a limpando e retirando tudo: sujeira, cansaço...
O vestido que Hinata escolheu para o baile possuía cinco camadas: três ficavam embaixo e eram mais espessas para dar um bom volume a saia do vestido; a quarta camada era de um tecido nobre azul marinho perolado; a quinta camada era de veludo azul escuro quase preto que formava as mangas – estas eram justas até metade do braço alargando de forma gradual, deixando apenas as pontas dos dedos a mostra -, tal camada estava costurada como um sobretudo deixando apenas a largura da linha dos seios aberta até os pés, afim de mostrar o tecido perolado. Havia uma faixa bordada com os símbolos da família Hyuuga que emolduravam o tecido perolado fazendo a divisa entre ele e o veludo, tal faixa decorava desde a linha dos ombros até o final do vestido. O busto possuía um cordão que o decorava em zigue-zague até acima da linha que marcava a cintura. Uma safira brilhava em seu pescoço reluzindo o calor das velas e archotes nos corredores; em seus pés uma sandália de couro deixava seus dedos livres, descansando do aperto das botas que usará durante a tarde. Seu cabelo comprido estava solto caindo liso até a cintura e sua franja, recém cortada, cobria a testa. Sua coroa era de ouro branco, delicada e rica em pequenos detalhes – como as pequenas pedras de diamante e ametista -, a parte de trás era composta por sete arcos trançados com fios de ouro branco que desciam pelos cabelos até a altura do pescoço.
Hinata andava ao lado de Neji, a mão apoiada na curvatura do cotovelo dele.
Ele vestia roupas nobres, mas não tão ricas em detalhes e excesso de tecidos, como seu protetor ele sempre tinha que estar preparado para entrar em ação e roupas muito pomposas poderiam acabar atrapalhando-o. A espada estava presa a cintura vestida com uma bainha branca que balançava a cada passada.
- Vossa Alteza, aconteceu alguma coisa?
Hinata balançou a cabeça em negativa.
Neji a encarou com os olhos lilases perolados dos Hyuuga e arqueu levemente uma sobrancelha.
- Vossa Alteza está quase perfurando a minha pele e diz que nada à está incomodando?
Hinata olhou para a mão que segurava no braço de Neji, o tecido da túnica marrom estava frisado e os nós de seus dedos estavam pálidos. Afrouxou automaticamente os dedos e sentiu um rubor subir seu rosto.
- Você... – Começou encabulada. – Neji, você já viu o... Príncipe...
Neji não a encarava mais, sabia que quanto mais olha-se para ela mais nervosa ficaria. Hinata agradecia mutuamente o gesto.
– Itachi Uchiha? Uma vez.
- Como ele é?
- Como todos os Uchihas são: altos, morenos, com olhos manchados. – respondeu como se fosse tudo muito óbvio.
- Bem... mas...
- Vai ficar tudo bem. – Falou. – Olhe, chegamos.
Neji era três anos mais velho que ela e apesar de ser um pouco egocêntrico, de vez em quando ele tinha seus momentos gentis.
Logo chegaram ao grande salão, onde se realizavam as festas.
Os guardas da porta fizeram a eles uma reverência elegante e abriram as altas portas decoradas com o símbolo da família esculpido no centro delas. Hinata soltou o braço de Neji, não era daquele jeito que entraria no salão. Seu companheiro levantou a mão a direita, fazendo um ângulo de noventa graus com o antebraço e o braço, então Hinata pousou a mão esquerda na linha do dedo polegar e indicador, deixando o próprio polegar escondido no dorso da mão de Neji, este apenas dobrou levemente os dedos sem encosta-los totalmente na mão da prima.
- Princesa Hinata Hyuuga, próxima na linha de sucessão. – o homem que ficava ao lado da porta anunciou alto para que todos ouvissem. Neji não foi anunciado.
O salão estava cheio e todos os olhos estavam voltados para eles. Hinata fez uma mesura curta como comprimento para todos no salão e deixou-se ser guiada até o trono, onde antes sua mãe sentava, ao lado do pai. Antes de subir os degraus fez uma reverência para o pai, seu rei.
Após deixa-la junto ao rei Neji caminhou por entre as pessoas sumindo rapidamente da vista da princesa.
- Papai, onde está a Hanabi?
- Está brincando pelo salão com os filhos do Lorde da cidade de Névoa.
- Ah, sim.
- Eu vi seu treino hoje pela tarde. – o rei Hiashi comentou. – Você está melhorando, mas precisa treinar mais.
Hinata assentiu, aquilo era a forma que seu pai tinha de elogiá-la.
- Terei mesmo que casar com o Uchiha?
- Já falamos sobre isso. – Hiashi a cortou.
Hinata suspirou e recostou-se no trono.
Uma nova suíte começou a tocar. Era mais alegre que a antiga. Observou enquanto um homem se aproximava. Usava um gibão verde escuro com o símbolo bordado com fios de ouro sobre o peito esquerdo. Uma capa de ombro cobria seu braço direito, os cabelos eram longos e estavam presos com um fitilho no alto da cabeça. Ele parou ao pé dos degraus e fez uma reverência ao rei e depois a princesa.
- Com licença, vim pedir a mão da princesa – as palavras deram um soco no estômago de Hinata assim que pronunciadas, porém o homem continuou. - ... para um dança. – Hinata soltou um suspiro disfarçadamente. Por que tinha ficado nervosa? Ela já estava prometida de toda forma. - Com a permissão de Vossa Majestade. – a voz do homem calma e não muito grave.
Hinata virou-se para o pai que fez um movimento com a mão dando permissão.
Inspirando Hinata levantou-se do trono, desgostosa com a situação e desceu os degraus, deu a mão ao homem que a beijou e apresentou-se como: “Lorde Hoheto Hyuuga protetor das terras de Névoa”. Hinata assentiu com a apresentação, um pouco tímida e deixou-se levar pelo salão.
Logo a próxima música começou e Lorde Hoheto conduziu Hinata de forma segura e determinada. Enquanto rodavam pelo salão com a música alegre Hinata procurava em sua mente algo sobre o Lorde Hoheto.
Ele só pode ser de algum ramo inferior da família... Hoheto... Ah! Ele ganhou o cargo de Lorde quando liderou um ataque a cidade de Névoa tomando-a para meu pai, que em troca o deixou-o como protetor e o beneficiou com o título de Senhor.
- Você está deslumbrante, Vossa Alteza. – Lorde Hoheto a elogiou.
- Estou agradecida com o elogio, Senhor. – Hinata respondeu e sorriu, mas não para ele e sim para ela: tinha conseguido responder sem travar ou gaguejar.
Então ele a girou, surpreendendo-a e a tomou de volta nos braços, a mão em sua cintura de veludo. Hinata teve a leve impressão de que ele a puxou mais para perto. Não gostou daquela aproximação.
Neji estava encostado em uma das paredes do salão entre duas janelas conversando com Sir Kou e a observando. Seus olhos se esbarraram e ela tentou pedir com o olhar para que ele a tirasse daquela dança. Neji não mostrou que havia entendido e Hinata voltou a olhar para os olhos pálidos e pequenos de seu parceiro.
- Que pena, a música está quase no fim. – Ele lamentou. – O que acha de dançarmos a próxima?
” Não, obrigada.”, era isso que queria responder. Mas as regras que lhe foram ensinadas desde pequena diziam que não poderia fazer este tipo de desfeita.
Assim que abriu a boca para responder Neji apareceu ao lado de Lorde Hoheto, fez uma curta reverência. – A quanto tempo Lorde Hyuuga. – Neji cumprimentou. – Gostaria que Vossa Alteza me desse a honra da próxima dança.
Lorde Hoheto tossiu levemente. – Claro... Bem, isso se a princesa aceitar.
Hinata fez uma pequena mesura ao Lorde Hoheto. – Obrigada... Pela dança, Senhor. – agradeceu e deu a mão a Neji que a levou aos lábios dando um beijo curto e suave. O Lorde fez uma vênia e saiu a passos rápidos.
- Trocaram de suíte novamente? – Neji exclamou franzindo as sobrancelhas. Aquela suíte era mais lenta. Uma valsa. – Vossa Majestade está com um humor diversificado está noite.
Hinata assentiu.
Neji colocou a mão esquerda na cintura de Hinata e segurou a outra com a direita.
Um. Dois. Três. Vira. Um. Dois. Três. Vira. Um. Dois. Três. Gira.
- Você me salvou. – Hinata falou enquanto dançavam.
- Ele estava muito próximo. – Neji comentou. – Aquele homem não tem uma fama muito boa com mulheres se é que me entende.
Não teve como não ficar surpresa com aquela declaração. Queria saber mais.
- Conte-me.
- Não é uma coisas que donzelas precisem ouvir.
Hinata preferiu não insistir, então algo lhe veio à mente:
- E quanto a Itachi Uchiha?
***
Itachi iria ser rei. Sasuke estava em segundo plano, para ele sobrariam terras onde quisesse e alguma coisinha a mais, mas apenas o pensamento deixava Sasuke perturbado. De alguma forma ele se sentia inútil, ignorado e logo seria esquecido. Grande coisa ser um principezinho enquanto seu irmão se tornava rei a cada dia.
Sasuke queria mais do que ficar ali, a mercê das vontades do irmão como um lorde qualquer. Sasuke queria mais.
Queria conhecer os reinos, cidades, qualquer coisa que não fosse o reino do Fogo. Estava cansado da comida, dos lugares e das paisagens.
Levou o copo de vinho condimentado aos lábios enquanto se perguntava qual seria seu novo objetivo.
Poder ser livre, se sentir livre era uma das coisas que ser o segundo na linha de sucessão o beneficiavam. E estava pronto para aproveitar isso.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.