Está tudo escuro e nublado, o ar está pesado, e meus olhos estão irritados. Estou tonto pela pancada, fecho e abro os olhos trazendo-me de volta ao caos... Meu ouvido está zunindo, mas ainda assim consigo ouvir a garota que me empurra, dizendo para que eu me levante. Com sua ajuda consigo me levantar. Minha audição vai se recuperando aos poucos, olho em volta e o que vejo são vários corpos pelo campo do estádio.
— Consegue fica r em pé sozinho Andrew? – ela me pergunta, não sei como sabe meu nome, e nem como me conhece. Meu corpo age por conta própria, movendo a cabeça em concordância. — Pode me soltar Es... – sou interrompido por algo que voa por cima de nós e leva a garota.
— Ahhh! Socorro Andrew! Faça alguma coisa! – ela grita enquanto é levada para o alto por uma espécie de ave monstruosa.
Estou completamente assustado, mas meu corpo age sozinho novamente. Com minhas energias se recuperando, consigo correr em uma velocidade incrível, pegando impulso e pulando para cima da ave. O bicho se descontrola, seguro em seu pescoço e inclino seu corpo para o chão, ele faz um chiado que dói os ouvidos, ainda assim continuo. Ele desequilibra-se e lança a menina para cima, estamos a poucos metros do chão. Fico em pé na ave, com um equilíbrio espantoso, e me jogo pegando a garota no colo antes que ela caia. Viro-me e vejo a ave estranha rolando pela grama, o que me faz abrir um sorriso. Ao chegarmos ao chão, solto a garota.
— Obrigado Andrew – confirmo novamente com a cabeça. Ouço algo trotando como um cavalo. Sigo o som e noto outro monstro vindo para cima de nós, como um mamute em fúria.
Por extinto – eu acho, começamos a correr, olhando pra trás algumas vezes.
— O que faremos agora? – ela me pergunta espantada. — Temos que fugir e ir atrás dos outros, é o único jeito. Mas antes temos que despistá-los.
Meu olhar segue para trás e vejo que o monstro está cada vez mais perto, nem faço ideia do que eu mesmo estou falando. O monstro é enorme, deduzo que tenha 2,50 metros de altura. Seu andar estremece tudo, consequência de suas seis patas pesadas. Seu rosto é desfigurado, não tem olhos, da sua boca – além da baba que sai descontroladamente – saltam dentes afiados que parecem estar prontos pra destroçar qualquer um que esteja em seu caminho. Suas patas são enormes, ele tem quase a aparência de um elefante, talvez seja um elefante de laboratório.
Enquanto estava distraído, analisando o bicho, ouço um baque, volto minha atenção para a menina. Paro de correr no mesmo instante, quase que caindo e tropeçando nos próprios pés, ela está no chão com seu peito sangrando. Vou até lá, me sentando perto dela, olho para os lados e observo o bicho que joguei no chão, está babando e sorrindo, a menina tem uma espécie de espinho cravado em seu peito. De algum jeito ele a acertou, isso saiu dele.
— Droga, Droga, Droga! Calma, vai dar tudo certo, vou tirar a gente daqui... – digo tentando tirar o espinho, mas está muito fundo. Ela segura meu pulso com firmeza, está respirando com dificuldades. Sua boca se abre e puxa o ar e então começa falar:
— An... Andrew vá atrás dos outros, e vá para lá, você precisa ir.
— Não, eu não vou te deixar... – paro de falar quando ouço o barulho do bicho se aproximando. — Vá agora! Não temos tempo – ela respira fundo. - Você precisa ir... — Não, eu não vou te deixar.
Tenho que te levar. Lágrimas surgem de meus olhos, as limpos com as costas das mãos. E o barulho das patas do bicho ficando cada vez mais próximo. Olho em volta do estádio e não vejo nada. Levanto-a colocando seu braço em meu ombro, a dando apoio.
— Vamos sair daqui, por ali – digo apontando para debaixo da bancada.
— Andrew, os ache – sua voz falha inebriada de cansaço.
— Vamos achar junt... – ela me empurra e corre para cima do bicho, que está bem próximo.
Me levanto, mas é tarde para fazer algo, ela já está perto dele e ele está pronto para abocanhá-la. Então ela começa a brilhar.
— Ache-os, e juntos salvarão a todos, obrigado por tudo Andrew – ela grita.
Após escutar isso, vejo o monstro a abocanhar pela cintura, ela brilhando ainda mais. Viro-me chorando e começo a correr. Miro o monstro e assisto-o mastigar a garota, é a pior cena que já vi, o brilho dela ficando cada vez mais intenso. Paro de correr e opto por ver mais um pouco, o brilho ofusca meus olhos, coloco a mão sobre o rosto e em seguida acontece uma explosão. A explosão vem de dentro do bicho. Os seus órgãos voam para todos os lados. Um sorriso se forma no rosto junto com minhas lágrimas.
— Obrigado Es... – algo fura minha barriga, olho pra baixo e uma garra está atravessada.
Nessa hora me arrependo de ter ficado olhando. A dor aumenta, olho para trás e tem outro bicho com sua unha cravada em mim. Minha visão fica turva.
— Eu fa... Falhei Est.. – caio no chão com os olhos semicerrados. Observo as estrelas, o bicho entra na minha frente, neste instante avisto sua garra vindo em direção a minha cabeça.
Pii...pii...pii. Acordo assustado com o barulho de meu despertador. Estou suando e ofegante, olho pra minha barriga cheio de pavor. Está ilesa, só suada demais. Desligo o despertador de meu celular e me jogo na cama. Esses pesadelos vêm sendo frequentes, desde o início do mês. Não comentei nada com meus pais, afinal são apenas sonhos e eles iriam me mandar para algum psicólogo. Sei que não estou louco e não quero falar da minha vida pessoal pra um desconhecido. Levanto-me e vou tomar meu banho para ir pra escola, antes que eu me atrase.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.