[Sophie]
É o primeiro dia de aula do ano. A escola era perto e eu achava que não precisava acordar cedo, mas errei feio.
Acordei e olhei no celular. Desesperada, corri para me arrumar, afinal faltava menos de meia hora para a aula começar.
Nada de extraordinário na rotina, apenas o fato de não ter passado maquiagem por falta de tempo. O uniforme me atrapalhava devido ao comprimento que eu ainda não me acostumei, me atrasando ainda mais. Eu ia ter uma conversa com o diretor sobre isso mais tarde.
Saí correndo sem nem encontrar meus pais e tive tempo apenas de jogar o estojo de maquiagem e dois pacotes de bolacha na mochila. Corri como nunca. Aqueles foram os cinco minutos mais curtos da minha vida até agora.
Não pude evitar de perceber os corredores já vazios e não me preocupei em esbarrar com alguém, mas deveria. Dito e feito, caí com tudo no piso de mármore.
- Me desculpe! Não te vi, estou procurando minha sala - o menino também caído à minha frente parecia um aluno novo - Você está bem? - ele se levanta e me ajuda a fazer o mesmo, o que não deixa passar a maciez de suas mãos.
- Sim, obrigada, mas estou muito atrasada - peguei o fichário caído.
- Eu também, mas não faço a mínima ideia de onde é minha sala.
- Não te entregaram o mapa da escola? - ele nega com a cabeça. - Que falta de organização. Qual sua aula?
- História.
O segundo sinal tocou.
- Sua sala é qual? - fiquei batendo o pé, ansiosa.
- 3° Sigma.
- Graças a Deus somos da mesma sala. Vem e me segue - sem nem pensar, pego em seu pulso e o puxo.
- Obrigado. Qual seu nome? - Me repreendo por não me apresentar a ele.
- Sophie e o seu? - viramos o corredor à esquerda.
- Pedro - não olhei para trás, mas imaginei que sorria. Chegamos na sala nesse mesmo instante.
- Okay Pedro, sorte nossa que o professor de História é o melhor dessa escola - bato na porta e o professor abre. - Oi Joãozinho, podemos entrar?
- Entra, entra, eu estava fazendo a chamada - suspirei aliviada e ia entrar quando me lembrei do menino. Soltei seu pulso e simplesmente me sentei numa das carteiras na parede.
Peguei meus fones e fiquei no celular por um bom tempo, até que adormeci.
[Pedro]
Estava tão distraída em seu celular que Sophie nem percebeu que sentei atrás dela. Não tentei me aproximar dos meninos da sala, me aparentavam trazer problemas, que são a última coisa que eu quero aqui.
O sinal tocou e acabamos por ficar sem fazer nada nessa aula. Todos se levantaram, inclusive eu, menos a garota em minha frente. Quando olhei bem, ela dormia. Sorri e me abaixei, a cutucando.
- Senhorita Bela Adormecida, não tem príncipe aqui, mas está na hora de acordar - sorri e ri quando ela levantou aqui cara.
- Deixa eu dormir...
- Mas o sinal tocou.
- O que? - ela quase gritou. - Vamos logo, o que está esperando?
- Você - Rio e ela me olha meio brava, mas me acompanha no riso.
Não demoramos para ir para a próxima aula e o intervalo também veio rápido. Quando me dei conta, ela havia sumido, mas antes que pudesse começar a procura-la, ela já estava na minha frente.
- Espera, você foi passar maquiagem? - pergunto olhando bem para ela.
- Claro! O único motivo de eu ter vindo sem foi por estar atrasada - deu de ombros.
- Acho que você fica melhor sem - digo também dando de ombros.
- Mas eu acho que é sempre uma boa ideia esconder as olheiras - rimos e ela pegou um pacote de bolacha recheada da mochila. - Quer?
- Não, obrigado.
- E não vai comer nada? - indagou.
- Eu esqueci o dinheiro, mas fica tranquila que eu como quando chegar em casa.
- Mas você só vai para casa daqui a praticamente três horas.
- Não tem... - fui interrompido por alho em minha boca. Quase engasguei, mas consegui mastigar e engolir a bolacha. - O que foi isso?
- Uma bolacha - disse indiferente.
- E você simplesmente enfia ela na minha boca? Eu poderia ter morrido - faço poses dramáticas e ela ri.
- Mas não morreu. Você precisa comer. Aqui, pega esse pacote, eu tenho outro - me entrega e eu pego sem jeito.
- Obrigado, estou te devendo essa.
- Essa, além da ajuda de manhã - ela riu.
- Me manda a lista depois - rimos juntos.
O intervalo acabou, infelizmente, e todas as aulas foram apenas introdutórias. Sophie dormiu na maioria.
Quando finalmente pudemos sair da escola, percebi Sophie sair andando sozinha. Fui até ela e segurei em seu ombro. Sua cara de susto foi engraçada.
- Quer me matar do coração? - Colocou a mão no peito e respirou fundo, me fazendo rir mais. - O que foi?
- Calma - paro de rir. -, eu a perguntar se vai para casa a pé.
- Sim, por quê?
- Deixa que eu te dou carona. É o mínimo que eu posso fazer - sorrio para ela.
- Não quero atrapalhar, mas obrigada - tentou ir embora, mas eu a puxei. - Ei!
- Vamos logo - ela tentava inutilmente se soltar, o que me fazia rir. Chegamos no meu carro e sentamos atrás, eu quase que a empurrando e depois cumprimentando o motorista.
- Você vem de BMW e motorista para a escola? - me olhou desacreditada.
- Sim, por quê? - imitei sua fala de alguns minutos antes e ela riu.
- É que o carro mais chique que eu já toquei na minha vida foi o da montanha russa - continuou rindo.
- Então gostou? - ela concorda com a cabeça. - Pode vir comigo quando quiser, e só pedir.
- Não quero abusar da gentileza, obrigada.
- Não vai abusar de nada, fique tranquila. Agora, passa o endereço para o Gorila que ele te leva para casa-Me refiro ao motorista e ela leva um tempo para perceber isso. Riu de si mesma e logo passou o endereço para ele, que seguiu caminho. Chegamos em cinco minutos na frente de uma padaria com apartamentos nos andares superiores.
- Tchau Pedro! Muito obrigada! - Sorriu saindo do carro.
- Eu que agradeço! Até amanhã! - aceno.
- Até! - Sorriu e saiu andando para a padaria. A última coisa que consegui ver foi uma criança pular em cima dela e ambas caírem rindo na calçada. Não pude evitar de sorrir.
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