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História O Destruidor - Capítulo Único


Escrita por: CaioHSF

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction O Destruidor - Capítulo Único

 

As crianças dos homens eram poucas, mas já haviam se espalhado pela Terra.

Os humildes marinheiros e pescadores navegavam e pescavam pelos encíclicos canais da gloriosa e rotunda Kantu na perfeita manhã colorida de horizonte radiante sobre o mar, intensamente azul e calmo, como um majestoso lençol de gotas, lar de incontáveis vidas submarinas e mistérios jamais revelados. As magníficas elevações de pedras, construídas pelo orgulhoso povo de Kantu, com os quatro lados de medidas perfeitas, se erguendo para as alturas e afinando conforme se aproximava do topo. Grandes montanhas de calcário polido e brilhante. Cercadas por canais de águas mais azuis que os céus. Era lá dentro, que os mais antigos dos velhos poderiam contatar os ancestrais há muito partido, e receber da sabedoria dos mistérios arcanos de forças mais antigas, o conhecimento derramado pelos poderes que a pirâmide canalizava.

Seus homens eram altos e negros, esculpiam belíssimas obras de pedra, e as mulheres tinham olhos violeta, escreviam poesias na língua de Kantu, cujos sons harmoniosos e de timbres oníricos, como um louvor de pássaros puros cujo brilho jamais se perdeu, e a língua do jardim jamais esqueceu. Os reservados sábios detinham todos os conhecimentos a cerca das plantas e doenças, as estrelas, os homens, e o futuro. As histórias antigas que os ancestrais deixaram há mais tempo que os pássaros se lembrariam, e técnicas de arquitetura e metalurgia que só poderiam ter vindo de uma fonte além da natureza. Os sábios eram também, famosos por sua ganância e orgulho. Todo o povo de Kantu era muito orgulhoso da própria humildade, e se consideravam os mais puros de todos os povos. Mas, nem todo o conhecimento proibido de artes negras e profanas dos sábios de Kantu pode os salvar do que viria. Na primeira vez o dragão veio fogo, destruindo tudo que encontrava pelo caminho e matando os magníficos, mas Kantu conseguiu sobreviver.

Os gigantescos navios vinham todos os dias dos reinos de Ophiru, as terras vermelhas do sul e dos povos da distante Ramakui da Cabeça de Jade. Vinham também embarcações dos guerreiros de Zaguini, o mais distantes dos países nos mares lemurianos de Ramakui.

            Os gigantes ainda viviam em Kantu, e os protegiam dos gigantes brancos de barbas ruivas que vinham do oeste. Também havia majestosos elefantes com marfins mais longos que os maiores mastros das decoradas velas dos navios usados nas batalhas contra Atkenas.

            Nenhum povo pode ser mais orgulhoso que os de Kantu. Suas mulheres de fenomenal beleza, famosas entre todos os cantos da terra, eram adoradas em esculturas de cerâmica e argila, suas formas. A beleza natural humana era tão cultuada quanto a busca pela sabedoria pelos negros de Kantu, descendentes de Henoc. A mais alta das montanhas de Kantu foi esculpida na forma de uma gigantesca mulher com olhos de ametista. Um grande tributo às paixões de Kantu, assim como a acrópole de bibliotecas no topo desta montanha.

É sabido que a Terra foi destruída duas vezes. Na primeira vez, como nas outras, deu para se ver quando ia acontecer, pois havia um dragão no céu. Vinha de muito longe, além dos quatro gigantes de ventos, de profundezas ao infinito celestial mais negras e distantes que as próprias estrelas. O dragão era terrível de se ver. Chicoteou a cauda e soprou fogo e brasas quentes. O calor chegava aos mundos, como um mensageiro de presságios, anunciando horrores tão magníficos que atormentava as almas dos mais sábios. O corpo foi envolto por uma luz cegante,e abaixo de sua barriga era brilhos avermelhados enquanto arrastava atrás de si, a cauda de fumaça e os seus inomináveis acompanhantes. Com sua boca, vomitou cinzas ferventes e pedras ardentes. Sua própria respiração era um veneno para todas as coisas vivas.

O dragão cresceu e se tornou mais forte, com um brilho incrível de se ver. Como fera soberba da própria grandiosidade, estendeu seus chifres e cantou diferente de qualquer astro já visto. Brilhante e sozinho, contemplou toda a imensidão da criação, e entre tantos mundos e estrelas com suas canções, se cativou pela pequenina arca azul pálida, e foi em sua direção. Não como amante, mas com fúria e agressão. Os gelados campos de Tiamat foram os primeiros a sentirem o poder do monstro quando a estrela passou. Matou Tiamat com sua fúria e paixão hediondos. Tiamat se tornou apenas um círculo de pedras flutuando sobre o abismo.

Sua passagem criava intensos raios e trovões, rasgando o céu negro, como a espada contra a carne. Toda a Terra e o céu se aqueceram com o fogo do Destruidor. Os mares se soltaram de seus berços, assim como as montanhas de gelo do topo do mundo. Homens de todas as tribos e nações foram golpeados com um terror louco diante da visão terrível do dragão no céus.

Nesta época, os grandes magníficos ainda rugiam nas montanhas e as aranhas eram maiores que os braços humanos. Só o behemot alcançava com seu pescoço o topo das mais altas árvores. Os mares infindos eram reinos de horrendas bestas marinhas, tão antigas quanto o próprio o mar, e de aspecto tão horripilante, capaz de arrebatar até os corações mais fortes às mais intensas e primitivas formas de loucura.

Os homens correram enlouquecidos até terem o fôlego sugado de seus corpos, queimados por uma cinza estranha. As entranhas do mundo foram rasgadas e abertas em grandes convulsões se contorcendo em turbilhão uivante. A ira do monstro foi vista nos céus, precipitando chamas com a fúria de mil trovões, derramando a destruição de fogo no sangue grosso. As luas da estrela de chifres se quebraram e caíram no mundo, erguendo as cinzas da Terra até as alturas, a cobrindo com um manto escuro.

            A passagem do dragão pela Terra ficou gravada na memória inconsciente, adormecida do homem. Os pensamentos sufocados pela nuvem do esquecimento.

            Os magníficos se foram para sempre, alimento para as aves do céu. Kantu resistiu a primeira morte de fogo, e os outros poucos sobreviventes saíram das montanhas e cavernas, para começar o novo mundo.

            Mas estes homens eram cruéis e selvagens, guerreando entre si a todo momento e ignorando os caminhos corretos. Perdendo sua humanidade e vivendo entre os animais, menores a cada geração. Tolos e com uma linguagem incompreensível até por eles próprios. Decaindo de suas raças até atingir a inumanidade bestial. Mas Kantu resistiu, isolada do resto do mundo, crescendo cada vez mais em beleza e conhecimento. Orgulhosa, sempre gananciando o máximo, o absoluto, o divino.

            Raças inferiores que buscavam guerra foram expurgadas da face da Terra pelas raças superiores que pregavam a igualdade, paz, aceitação e busca pela felicidade e sabedoria. Os homens se vestiam com peles de animais e caçavam os voadores comedores de cérebro. Eram comidos pelos magníficos e viviam muitos séculos de vida.

            Já havia gigantes, descendentes dos nephilim, homens altos com os traços elegantes e grossos do povo das terras vermelhas ao sul, mas com a pele branca do povo de Zaguini, olhos vermelhos e um brilho estelar. Vinham do céu com carruagens de fogo voadoras e castelos que se movem pelo ar sobre pratos de pedra estranha.

            Assim diziam os registros de Kantu, escritos com sua língua cuneiforme em placas de argila e folhas de papiro.

            Os pescadores de Kantu se assustaram quando viram os peixes saltando do mar, fugindo para a terra. Os elefantes arrebentaram as portas de seus locais, e correram pelas ruas de Kantu. Um vento muito forte trazia uma poeira sangrenta e um cheiro de enxofre.

            Foram tolos os sábios de Kantu, tão orgulhosos de si. O sinal estava lá, a estrela vermelha, mas todos se esqueceram dos tempos do dragão.

            As montanhas se abriram e arrotaram fogo e cinzas. Os dois continentes se moveram e as bocas da terra soltaram água para cobrir o mundo. Depois os céus negros se precipitaram em uma chuva de crueis pingos do tamanho de árvores, com pedras de gelo do tamanho de montanhas.

            O dilúvio afundou a maravilhosa cidade de Kantu e o continente de Rakanui. Todas as terras mudaram e os homem morreram. Todos os animais se foram e o mundo nunca mais foi o mesmo. Os únicos que sobreviveram foram os que se abrigaram na arca de Noah.

            Batendo suas asas na negritude desolada, o dragão flameja e canta, como dantesca fera louca. Só o sábio conhece a hora determinada para a estrela voltar. Os homens voarão no ar como pássaros e nadarão como peixes. Mulheres serão como os homens e homens serão como as mulheres. A paixão será um brinquedo nas mãos humanas. Quando a nuvem de fumaça coberta pelo brilho avermelhado aparecer, o dragão estará voltando, e haverá dois sois.

            Eles adoravam no erro a círculo vermelho de chifres, o círculo vermelho alado, o planeta negro da estrela vermelha e seus acompanhantes. Em breve haverá dois sois.

Não uma estrela ou cometa, mas um verdadeiro mundo vermelho de fogo, um dragão com seu corpo e seus filhos, sua asa e seu chifre, sua cauda de fumaça e sua boca de fogo. Ele abrirá a boca em um abismo de fumaça e cinzas ardentes, e eles serão devorados pelas chamas da ira, consumidos pelo fogo do dragão destruidor. Buscarão refúgio nas cavernas embaixo da terra mais uma vez, mas desta vez ninguém sobreviverá.

As terras tremerão e os anos esquentaram conforme o dragão retorna. Terras antigas, outrora submersas serão reveladas. Voando na nuvem negra, o grande destruidor e a monstro com ele arrotando pedras de fogo. E mais vez, após o fim de um mundo, tudo ficará em silêncio e a roda gira de novo.

            Em breve haverá dois sois.



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