História O dia depois do seu suicídio. - (os retângulos da vida).

Naquela manhã sentei-me ao relento, e pedi um frappuccino de morango, que não enrolou muito a ser entregue.

Estranhamente, iniciei um diálogo com o garoto que me servira, e dissertei sobre como teu sorriso era belo ao receber um elogio honesto, Taehyung.

Ele surpreendeu-se sobre como lábios podiam reproduzir perfeitamente o formato de uma figura geométrica; e rimos quando desenhei-te o sorriso num guardanapo amassado.

Contei sobre como a mesa de centro que localizava-se em sua sala limitada, era referta de manchas. Desde canecas quentes, ao redondo das latas de cerveja (que lhe davam uma sensação capciosa de uma felicidade que não tinha).

Ilustrei com a ponta dos dedos no ar, o cílio torto que havia no canto agudo do teu olho, e sobre como sempre aparecia com o direito vermelho.

Quando dei-me conta, o jovem garoto, de cabelos levemente chocolate estava posto à minha frente, sentado, ouvindo atento cada pedaço de você que eu proferia.

Segredei o quão doce era o som grosso de sua risada, e o quão singular era tua coleção de clips quebrados.

Ele sorriu, verdadeiramente, desejando tê-lo conhecido.

Ao contrário de você, seu sorriso subia, formando um "U" perfeito. O consideraria bonito. Se já não tivesse provado do admirar de sua beldade soberana. Os outros já não tinham mais graça.

Havia optado humildemente, por citar apenas teu lado bom. Os fatos que te tornavam tão você, e tão único. Afinal, você era mais que um núcleo de tristeza, era mais do que um "fundo raso", como costumava descrever-se.

Pois existia beleza até no não-espaço entre seus dentes, e a forma como acolhia-se em sua redoma deprimida.

E eu lhe relatei sobre como dormia demais, tomando cuidado para que ele não percebesse que tu não obtinhas mais vitalidade. Queria mostrar seu lado venusto, bonito.

E ele concordou, que de todas as incontáveis pessoas ao redor da orbe gigante, você era uma das mais especiais, e completas. Um corpo repleto de um "ser além".

E então, com os olhos brilhando e o sorriso largo, perguntou-me curioso:

— E quando irá vê-lo novamente?

Eu cautelosamente dei um gole sedento na bebida, que fora findada por meus lábios tristonhos.

Encarei a extremidade fina da mesa ocre, amadeirada, e ri num sopro.

Pobre coitado; mal sabia ele, que agora o retângulo que lhe contornava delicadamente, era um caixão escuro, encontrado à 7 palmos da terra, onde o silêncio finalmente eternizava-te.