História O Diário de Mangle - A despedida

Querido Diário,
Hoje, finalmente decidi comprar um diário. Este é o dia em que me mudo para a casa da minha tia, e achei que seria uma ótima oportunidade para começar a escrever, bom, o que acontecer no dia né, LOL. Não que eu seja a melhor escritora, mas pelo menos acho que pode ser divertido. O dia começou da mesma forma que qualquer outro. Eu estava dormindo tranquilamente por volta das 8:00 da manhã em um domingo, quando de repente a porta se abriu com força. Meu pai entrou no quarto com aquela seriedade matinal. 

- "Filha hora de acordar, daqui a pouco a gente já vai sair"

Com um bocejo sonolento, resmunguei: - "Só mais cinco minutinhos."

-"Não, você tem que levantar agora" ele dizia em um tom sério

- "(suspiro) Ok, levantando..." concordei, enquanto me espreguiçava.

- "Arrumou suas coisas ontem, como eu e a sua mãe pedimos?" disse enquanto anda em direção a minha mala

- "Ah sim, pai, eu só tenho que pegar umas er... Coisinhas" me apresso a levantar, antes que ele chegue na mala 

- "Te dou dez minutos" ele sai do quarto fechando a porta atrás de si

- "Claro, claro, já pode ir..." disse rapidamente, com um longo suspiro eu olho pra mala. Obviamente eu não tinha arrumado nada - "ai merda, por que eu sempre deixo pra última hora?" - nunca corri tanto para fazer alguma coisa como naquele dia, mas de algum jeito consegui terminar a tempo - "Ufa, consegui", disse para mim mesma, jogando-me na cama depois de terminar. - "Vou sentir falta do meu quarto", murmurei, observando o ambiente. Meu quarto não era grande, mas tinha um charme aconchegante. As paredes eram pintadas em um tom pérola suave, e os móveis vintage originalmente preservados traziam um toque especial à decoração. Minha cama de ferro com adornos dava um toque clássico, e havia uma pequena mesinha vazada ao pé da cama, perfeita para meus livros. Um armário alto de madeira envernizada ocupava um canto, e luzes de LED (que eu insistira em colocar) iluminavam o ambiente. Um espelho adornado e uma poltrona confortável complementavam o espaço, junto com diversas flores e pinturas. O sentimento saudosista era intenso. - "Agora vou tomar café da manhã" Mas antes disso, havia algo importante a fazer - me despedir do meu melhor amigo. Quem era ele? Uma raposa negra que encontrei quando era filhote. Criei-o e cuidei dele, por que nunca achei sua mãe, e hoje percebo que talvez não tenha sido a melhor decisão, por fazer ele ser tão dependente, e é claro que meus pais não sabem disso, eu nem sei o que eles fariam se soubessem, provavelmente eles pensariam que ele "Apresenta um perigo para mim". Chamei-o de Farris. 

Mais uma vez tinha me perdido em meus pensamentos, depois de perceber desci rápidão pra que meu pai não reclame de novo

- "Não desce rápido para não cair" - disse minha mãe séria

- "Eu não sou mais criança mãe" murmurei, para que ela não ouvisse. Após um rápido café da manhã, expliquei que precisava me despedir de algumas pessoas e corri para uma pequena floresta atrás de casa, que na verdade era uma área de preservação.

- "Farris, garoto cadê você?" chamei. A pequena raposa surgiu de trás de uma árvore, um tanto desconfiada. Eu vinha alimentando-o diariamente nesse mesmo horário.- "Farris, sou eu, não precisa ter medo", sussurrei. Ele se aproximou, cheirando minha mão antes de lamber carinhosamente. "Tenho uma notícia triste para você... Vou ter que ir embora por um tempo. Espero que um dia possamos nos encontrar novamente", falei com um aperto no coração. Estava triste, pois tinha cuidado dele desde que era um filhote. Farris brincou um pouco ao meu redor e correu, como se quisesse aproveitar cada segundo. Eu também aproveitei um pouco mais de tempo com ele, ciente de que essa despedida era necessária. Finalmente, com um último aceno, voltei para casa. Logo quando cheguei minha mãe estava na porta com minhas malas, era hora de ir embora, me despedi de minha mãe e fui para o carro então começou a viagem, coloquei meus fones de ouvido  enquanto observava a paisagem mudar rapidamente pela janela, de uma simples e pacata cidadezinha para o caos da cidade grande. Meus pensamentos vagueavam enquanto eu me despedia da paisagem. quando, após algumas horas olhei para o portão do condomínio de apartamentos onde já tinha alguém me esperando 

- "OI PRIMA!" Ela correu em minha direção e me deu um abraço forte, minha prima é uma garota menor que eu, mas cheia de energia, ela tem cabelos curtos e loiros além de ter um ótimo gosto para roupas e tecidos, é o tipo de pessoa que quando chega em qualquer lugar é facilmente notada e consegue fazer vários amigos facilmente, mas não era alguém falsa ou bajuladora, pelo contrário, era sincera e justa com todos, provavelmente por isso sempre nos demos bem  

- "Eai Chika", digo enquanto passamos pelo portão com um sorriso no rosto "a quanto tempo haha"

- "E põe tempo nisso, garota! Não visita mais a família?" ela disse cruzando seus braços

- "Ah, você sabe, meus pais não estavam deixando"

- "Ai ai, meus tios são complicados demais" ela revira os olhos de uma maneira dramática

- "Pelo menos, eu estou aqui agora e vai demorar pra você se livrar de mim haha"

- "Oh não!" ela disse enquanto colocava as costas da mão na testa de uma forma "teatral" se jogando de leve em cima de mim - "que sofrimento que vai ser" ela deu um risinho e olho pra mim - "okay, mas vamos parar de enrolar e entrar logo"  

- "Quem tá enrolando é você" deu um risinho enquanto vamos até o elevador 
Entrei na casa que durante alguns meses seria meu lar, eu já conhecia o lugar, mas ele estava um pouco diferente do que eu lembrava, era um apartamento novo e moderno, os móveis tinham formas simples e minimalistas variando entre tons de branco, cinza, preto e azul...Exceto pelo quarto de Chika que era bem colorido, se fosse pra dizer um estilo parecido seria o dos anos 70, com variações de cores entre verde, amarelo e um rosa meio magenta, tinha uma grande mesa com uma maquina de costura novinha (minha prima já tinha um pouco de prática, mas ainda não era confiante o bastante para vender ou mostrar para um grande número de pessoas, bem, todos temos as nossas inseguranças né?)
eu iria ficar no quarto de hóspedes, e lá eu fui. Mas, antes de qualquer coisa, fui surpreendida por uma proposta irresistível.

- "Ah! o que você acha da gente fazer uma pizza agora?"

- "Algumas coisas nunca mudam né, Chika"

- "Não tenho ideia do que você tá falando" desde sempre pizza é sua comida favorita

- "Como é a escola?" disse enquanto pegávamos os ingredientes

- "É bem maior que a sua antiga escola, tem 2 quadras e um jardim bonito, normalmente eu tomo lanche lá com os meninos. Os professores são bem de boas, menos uma, mas acho que não vamos ter problema tão cedo com ela. Acabaram de formar uma banda na escola, você provavelmente vai ver eles na cerimônia de boas-vindas na sexta, mas nem se anima, eles são uns metidos" ela contava tudo isso enquanto agilmente misturava os ingredientes da massa "desde a criação da banda os membros viraram meio que os "popularzinhos" da escola, todo mundo baba o ovo deles agora, parece que a gente ta em algum tipo de história clichê"

Eu ri um pouco do que Chika dissera - "É verdade, esse negócio de popular é idiota mesmo, parece tão sei lá, um filme clichê de romance escolar da netlix"

- "Na real, ninguém ainda ouviu eles tocarem oficialmente, então eles só são populares por serem bonitos"

- "Bem, até agora essa escola parece boa, sinceramente"

- "Amanhã eu vou fazer um pequeno tour com você" ela diz isso enquanto eu entrego o saco de farinha de trigo para ela, que por um segundo se distrai e derruba o mesmo, fazendo a farinha subir como uma nuvem de fumaça derrubando no chão e um pouco em nossas roupas

- "AI CARAMBA DESCULPA EU--"

- "Não, não, ta tudo bem fui quem derrubou"

- "Nada a ver, fui eu"

- "Você sabe que isso não vai chegar a lugar nenhum né? Enfim deixa que eu limpo aqui"

- "Mas eu quero ajudar..." fiz biquinho de brincadeira pra ela

- "Você ta toda suja hahah, é melhor ir tomar banho e eu termino aqui, ou você prefere terminar a pizza sozinha?"

- "Err... você tem um ótimo ponto" eu sou um desastre na cozinha, espero que um dia isso mude, mas por enquanto eu devia ficar longe de fogões

- "Algumas coisas realmente nunca mudam né??" disse com um tom de deboche "Quando você voltar vai ta tudo pronto haha"
Eu fui tomar banho, depois fui jantar para dormir, minha prima me falou mais algumas coisas sobre a escola, como a hora das aulas, matérias e os clubes (que eu deveria escolher até o fim do mês), enfim foi um longo dia

Boa Noite diário