História O Diário de uma Princesa - Bem feito. Quem mandou acreditar nas pessoas?

Essa foi à pior noite de todas, e olha que o dia ainda nem começou. Não consegui nem dormir, atrapalhada por todos meus pensamentos, que só comprovavam aquela farsa.

Lissa teve que caprichar na minha maquiagem, para esconder meus olhos vermelhos, por conta do choro. E ainda por cima uma olheira enorme, por nem ter dormido. Liss me questionou sobre o que havia ocorrido, mas quando viu que novamente eu iria cair no choro ela desistiu. Alem do mais, não iria querer ter que começar de novo minha maquiagem.

[...]

Mandei Lissa avisar meu pai que não iria para o café hoje, pois, tinha marcado de estudar para uma prova com Amber. Menti. Sim eu tinha que mentir, não conseguiria olhar meu pai sem lembrar-me do que ele me escondeu, e começar a chorar tudo de novo. Então eu iria esperar ate mais tarde para conversamos, alem de que teríamos mais tempo para a conversa.

[...]

Iria direto para a sala. Não queria olhar para ninguém, pois me parecia que todos a minha volta já sabiam a verdade bem antes de mim. Mas no caminho ele estava lá, Carter, se não tiver mentido ate o nome. Ele veio ate mim com um sorriso no rosto, onde logo tratou de tirar quando viu que eu não estava feliz.

-Bella- fez uma reverencia- Esta bem?

-Não sei Soldado Turner- tratei de ser direta- Me diz se você ficaria bem ao saber que seu amigo não passa de um soldado disfarçado, que foi mandado para me vigiar

Aquele momento pareceu-me passar devagar. Ele me olhava incrédulo, desacreditando que eu teria descoberto tudo que ele e meu pai lutaram tanto para esconder-me.

-B..Bella m..me desculpa- ele me olhava com arrependimento, mas o que poderia fazer, eu já havia descoberto não é mesmo.

-Ah Carter, sabe eu pensei que vindo para a escola tudo seria diferente. Meu pai confiaria em mim, faria meu desejo de fazer amigos sem quem um guarda estivesse por perto, vigiando a todo o momento- então uma lagrima teimosa que eu tanto tentei segurar, rolou ali sozinha pela minha face- Sinto tanto que esteja no meio de tudo isso. Como queria que não fosse real

-Bella entenda-me, não tive escolha sobre isso- ele quase implorava- Venha deixe-me contar a verdade

-Não Carter, já teve tempo demais para isso

-Você não entende, não podia lhe contar assim do nada que fui mandado pelo rei a cuidar de sua filha- então ele segurou meu rosto, limpando com o polegar a lagrima que havia caído- Teria sido pior

-Não seria pior que ter descoberto por conta própria

Então sai dali. Não agüentaria mais olhar para ele e segurar minhas lagrimas. Corri para o banheiro na esperança de esclareceu tudo o que tinha acabo de ocorrer.

Carter não era o culpado de tudo isso, não meu pai era. Ele podia ter me enfrentado, dito que eu não tinha escolha, ou podia ter concordado e confiado de que poderia me cuidar. Mas ele escolheu mentir e colocar um guarda disfarçado de aluno.

[...]

Eu tinha voltado à sala, porém o tempo parecia também estar contra mim. O Soldado Turner pareceu agora assumir realmente seu trabalho, onde não tirava os olhos de mim.

-Tudo bem Bella?- levei um susto com Amber a minha frente me tirando do meu devaneio.

-Ah sim tudo certo

-Parece distante. Aconteceu alguma coisa?- eu não sabia se contava a ela, Carter estava próximo a nós poderia nos ouvir.

-Não, só estava pensando em uma proposta que recebi alguns dias atrás

-Ta bom- pareceu que ela sabia que eu estava mentindo, mas resolveu deixar quieto- Ah eu tenho uma novidade para você, não vai acreditar...

[...]

Então estava em casa novamente. Meu coração estava acelerado, parecia que tinha corrido uma maratona. Eu não sabia muito bem como seria a reação do meu pai ao contar-lhe que eu tinha descoberto. Mas eu tinha que falar, tinha que tirar satisfações sobre o ocorrido.

Entrei na sala de jantar e meu pai já se encontrava a mesa. Sentei-me e logo fui servida com o almoço do dia. Aquela comida parecia-me deliciosa, mas não tinha fome.

-O que foi não gosta de macarrão?- perguntou meu pai ao perceber que eu só olhava para o prato.

-Oh não- fui novamente tirada dos meus pensamentos- Só não estou com fome

-Aconteceu alguma coisa minha filha? Porque você nem apareceu para o café

-Sobre isso que eu queria falar com o senhor- mudei meu olhar para o prato. Não conseguia olhar-lhe- Mas não acho que agora seja uma hora apropriada

-Esta bem- ele percebeu que não poderia discutir sobre- No meu escritório depois do almoço- falou autoritário parecendo saber do que se tratava o assunto- Agora coma algo

[...]

Estava sentada a sua frente, somente esperando um conselheiro se retirar. Como eu queria que aquele conselheiro ficasse ali ate anoitecer, mas não ocorreu ele logo se retirou. Meu pai se virou a mim e deu um pigarro, me fazendo olhar-lhe.

-Então- começou- O que era?

-E..eu- péssimo momento para gaguejar. Então respirei fundo, me ajeitei na cadeira e comecei novamente- Pai eu descobri sobre o soldado Turner- eu falei rápido antes que perdesse toda minha coragem.

-Bella. Como. Oh Bella

-Eu pensei que o senhor confiasse em mim sabe- não o deixei terminar de falar, eu precisava colocar tudo pra fora- Eu pensei mesmo que o senhor tinha concordado comigo, que não colocaria guarda nenhum. Sabe, o senhor podia ter me contrariado, falado que eu não tinha outra opção a não ser aceitar. Mas não o senhor fingiu ter concordado comigo e colocou um guarda disfarçado.

“Por quê? Por que pai? Porque assim seria mais fácil e menos perda de tempo que discutir com sua filha que ela esta errada?”

-Filha me entenda- ele se apoiou na mesa e começo a se explicar- O soldado Turner precisava desse emprego, e também precisava terminar a escola. Ele tem uma mãe doente e dois irmãos menores, precisava de dinheiro, e essa era uma grande oportunidade para ele trabalhar sem parar de estudar

-Não pai me entenda o senhor- falei- O senhor tem toda ração e essa foi uma ótima ação sua, mas eu teria aceitado Turner seu meu guarda se tivesse me falado. Eu não iria discutir sobre isso se soubesse que ele precisava também estudar. Mas o que eu não aceito é que o senhor meu pai, tenha mentido para mim que não colocaria ninguém e colocou. Tudo isso porque não queria perder tempo explicando a situação dele e porque não queria perder mais seu tempo comigo

-Bella, minha filha- falou ele num tom de desculpas- Não é isso, eu queria lhe contar

-Mas não contou não é mesmo?-o interrompi

-Filha me escuta- agora falava num tom serio de quem não gosta de ser interrompido- Meu pai também fez isso comigo, e eu tive que aceitar quando descobri. Não é só por o soldado Turner estar com dificuldades que eu o coloquei lá. É por isso ser como uma tradição colocada a nós, meu pai vez isso comigo onde o pai dele também vez, e assim por diante.

“Nós selecionamos soldados que precisam mesmo do serviço, e o soldado Turner foi ele, nós o colocamos como seu guarda disfarçado e além dele estudar e trabalhar, ele se aproxima de você”

-Espera- minha cabeça estava totalmente confusa- Esta querendo dizer que Carter foi contratado não só para me vigiar e estudar, mas também se aproximar e ter algo a mais comigo?

-É, foi assim que conheci sua mãe- falou ele como se fosse á coisa mais normal colocar um soldado de vigia já com segundas intenções para o feitio- Assim, nos selecionamos bem quem precisa e se tem um histórico ótimo

-Ah meu Deus- falei indiginada- Esta me falando que é como se fosse um casamento arranjado?

-Não minha filha- falou paciente- Se você não gostar da pessoa que escolhemos você tem a opção de recusar. Nós só escolhemos alguém para isso porque queremos ter controle sobre quem esta se relacionando, entende?

-Me desculpa, mas eu acho isso uma loucura- não só achava como aquilo era uma loucura.

-Eu também achava isso. Como assim querem controlar as pessoas que me rodam?- falou com uma voz de ironia- Mas entenda ás vezes dão certo. Seu avô casou-se com minha mãe por causa disso eu me casei por causa disso, como se isso fosse posto a nos como uma tradição. Você não precisa aceitar isso minha filha se não quiser, ta bom?

Somente balancei minha cabeça em concordância. Eu tinha que sair dali, tinha que raciocinar tudo que meu pai havia dito. Era muita coisa para mim, era como se meu pai estivesse me explicando uma formula de matemática bem complexa. Meu pai pareceu percebeu, e ao mesmo tempo entender o que eu estava passando naquele momento, então me dispensou para que eu tirasse á tarde de folga.

Fui direto ao quarto onde encontrei Lissa terminando de aspirar meu tapete. Ela viu meu estado e veio ate mim, mas pedi para deixar-me um tempo sozinha. Naquele momento a única coisa que eu queria fazer era pensar.

[...]

Eu tinha pensado á tarde toda. E finalmente quando o sol já havia se posto, eu cheguei a uma conclusão. Já tinha pensado e repensado em todas as possibilidades do que poderia fazer. E sei que essa decisão não iria agradar a muitos, mas já tinham feito muito por mim, agora era minha vez.

Fui ao escritório do rei onde ficava o único telefone do palácio. Meu pai já havia ido dormir quando cheguei. Então peguei o telefone e comecei a discar um numero que era muito conhecido por mim antigamente, ao qual nunca me esqueci mesmo com o tempo. O telefone começou a fazer a ligação e perto do oitavo toque o mesmo foi atendido.

-Ola Benjamim?- perguntei.

-Sim. Bella?- perguntou entusiasmado.

-É. Ben te liguei para lhe falar que pensei eu sua proposta

-A sim, que bom. E qual seria a resposta?- perguntava cada vez com mais interesse pela resposta. E a resposta era simples.

-Eu aceito. Aceito me casar com você.