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História O diferente envelhecer - 07h 15 min: conversa


Escrita por: ramosdeagua

Notas do Autor


Ooooi, demorei mas postei! Hahaahah.
Eaí fofuras, como estão?
Eu estou bem e queria agradecer a vocês pelos favoritos <3 Sério mesmo, gosto de saber que a história tem tocado vocês de alguma forma <3
Hoje o capítulo está saindo tarde porque o meu dia realmente foi MUITO cheio, mas agora está tudo as mil maravilhas cof cof tirando o cansaço cof cof hahahaha.

Sem mais delongas,
Boa leitura!

Capítulo 5 - 07h 15 min: conversa


Yuichiro acordou cedo no dia seguinte, sem saber como reagir por não ter coragem de deixar na bochecha de Mikaela o beijo de bom dia que sempre depositava na pele do outro quando acordava primeiro. Era estranho levantar tendo que pensar no que podia ou não fazer. Depois de um longo suspiro, ele pôs suas pantufas azuis, o roupão sobre o pijama e saiu do quarto. Andou pelos corredores da casa iluminados somente pela luz do sol que invadia as janelas da residência e entrou novamente no banheiro em que havia discutido com Mikaela na última noite. Não suportou as imagens que vieram em sua mente assim que pisou no chão gélido do banheiro: o loiro o olhando triste depois do grisalho praticamente obrigá-lo a beber de seu sangue, a raiva contida nos olhos rosáceos no instante em que Yuichiro seguiu insistindo na ideia de que Mikaela deveria seguir sem ele, antes mesmo do mais velho partir. Tratou de respirar fundo e entrou no local, apoiou-se no balcão da pia e deixou a cabeça pender para frente.

Yuichiro dizia para si que não havia outra alternativa, precisava contar o que pensava, a realidade que se passava em sua cabeça. Ele só não sabia que Mikaela também já tinha planos para o futuro. O coração doía apenas por imaginar Mikaela direcionando Ashuuramaru contra o próprio peito alvo que Yuichiro conhecia tão bem.

Olhou-se no espelho e as olheiras acusavam a noite mal dormida. Era sempre assim, ao brigarem, ambos dormiam mal e Yuu já podia esperar que o estado de Mika estaria tão ruim quanto o seu. Suspirou cansado, lavou o rosto e o secou. Ao sair do banheiro, deu uma última olhada no quarto que dividia com o parceiro e, pela frestinha da porta, pôde ver seu loiro sentado na lateral da cama com os pés tocando o chão, as costas um pouco curvadas — claramente cansado — e o olhar perdido na janela a frente. Olhou o namorado por mais alguns segundos e saiu.

Passou pela sala e viu, pelo canto dos olhos, o estojo contendo o violino de Mika sendo banhado pela luz da manhã e, embaixo da mesinha de centro, Sekai dormia dentro da caixinha que Mikaela provavelmente decidiu fazer uma cama. Balançou a cabeça para ambos os lados e seguiu para a cozinha, precisava tomar um chá, um suco, qualquer coisa, só queria por algo no estômago.

◘◘◘

No outro cômodo da casa, Mikaela seguia a olhar pela janela até seus olhos enjoarem.  Instintivamente, suas mãos estapearam os lados do rosto uma única vez e então levantou-se da cama, arrumou os lençóis e abriu o guarda-roupa, olhou as vestimentas, pegou várias delas nos braços e foi as jogando na cama. A gaveta de roupas íntimas foi praticamente esvaziada e pegou dois ou três casacos e pôs no topo da pilha de outras roupas que formou sobre os lençóis. Suspirou. Passou os olhos rapidamente para ver o que tinha. Prendeu os cabelos da frente, os quais caíam pelos olhos, com uma presilha e lembrou o que faltava.

As malas. Faltavam as malas.

◘◘◘

Yuichiro olhava a janela distraidamente, pensando em uma forma de chamar Mikaela para conversarem sobre o que ocorreu ontem, porém iniciar a realização do convite estava difícil em sua mente. Não que o loiro fosse recusar, mas fazer o outro olhar em seus olhos parecia uma lembrança tão distante que duvidava que aconteceria novamente.

— Bom dia… — ouviu uma voz baixa murmurar.

Yuichiro não precisou olhar para trás para fitar Mika, pois este estava bem ao seu lado, escorado na parede perto da janela, com Sekai sendo ninada em seus braços em torno de uma manta. Mika, curiosamente, vestia uma calça de moletom preta e uma camisa de manga curta azul com uma estampa qualquer. Yuu estranhou quando viu seu loiro, de certa forma, arrumado, como se fosse sair.

— B-bom dia.

Ambos suspiraram e Mikaela continuou.

— Yuichiro, acho que precisamos conversar.

Não foi “Yuu” ou “Yu-chan”.

Foi Yuichiro.

Ouvir aquilo pesou nas costas do grisalho.

— Eu também acho que precisamos. — E, pela primeira vez, naqueles minutos, Mikaela olhou nos olhos do idoso e indicou a mesa com um movimento de cabeça.

Cada passo, era praticamente arrastado, a mesa nunca pareceu tão distante, assim como Mikaela.

Antes de sentar-se à mesa com Yuichiro, o loiro percebeu que a pequena em seu colo havia acordado e mordia a borda da manta.

— Está com fome, filhote? — Questionou passando as pontas dos dedos, indicador e médio, no topo da cabeça de Sekai, a qual respondeu com um latido e abanar de rabo.

Mikaela pegou um potinho limpo, encontrou um resto de ração e despejou no recipiente, o qual foi depositado no chão para que o animalzinho pudesse realizar a refeição. Em seguida, o loiro se sentou à mesa, de frente para Yuichiro, o qual já havia se acomodado na cadeira com uma xícara de chá sobre a mesa e envolta por suas mãos.

Yuichiro tomou a palavra:

— Primeiramente, desculpe-me por ontem, Mikaela.

— Desculpar eu te desculpo, Yuichiro, eu só não quero que fique remoendo a hora em que… em que precisará… — o loiro engoliu em seco ao comprimir os lábios formando uma linha fina.

— Ir...? — Completou Yuichiro.

— Isso.

— Eu posso fazer isso se você aceitar que precisa seguir uma vida.

Silêncio.

— Você sabe que não vou fazer isso. Eu te disse ontem.

— Mikaela, por favor.

— Não, Yu-chan! — Exaltou-se e logo em seguida respirou fundo para se acalmar. — Desculpa... mas eu não posso fazer isso, na verdade, essa é a última coisa que posso fazer.

— Mika, eu quero te entender. Juro, mas não quero que se prenda a minha vida limitada. Eu quero que você possa seguir sua vida sem que eu, mesmo não estando aqui, te impeça.

O vampiro mentiria se dissesse que não entendia o ponto de vista do grisalho, porque ele entendia e, provavelmente, estaria dizendo as mesmas palavras se a situação fosse ao contrário. O problema mesmo, estava em fazer o outro ver o seu ponto de vista e o aceitar. Yuichiro era teimoso até nisso.

O grisalho fechou os olhos e bebericou o conteúdo suave da xícara a sua frente, sentindo o peito esquentar quando o chá desceu pela garganta, antes de continuar a conversa. Quando suas pálpebras deram visão aos olhos verdes, ele observou seu reflexo idoso no conteúdo da xícara.

—  Se eu fosse o vampiro eu estaria dizendo as mesmas coisas que você, não? — Em seguida, ele olhou Mikaela e o viu confirmar com um balançar leve de cabeça. — Mika, eu quero entender a sua visão, desde que entenda a minha.

— Yu-chan, a questão é que eu não vejo sentido em achar outra paixão. Para mim, seriam apenas amores vazios. Se eu dissesse que amo outro, eu estaria mentindo para essa pessoa e para mim, entende? Dói no peito quando você me fala que… — Um nó começava a se formar na garganta do loirinho — Quer que eu siga sem você, ou quando fala de forma a menosprezar sua vida.

— Eu não faço isso por mal. Só quero que você seja feliz. — Confessou o mais velho, mais para si mesmo.

— Eu sei você quer minha felicidade tanto quanto eu quero a sua, é só que, quando você me pede isso, é difícil… — Falou alisando os cabelos com ambas as mãos.

Yuichiro tamborilou os dedos na xícara e franziu as sobrancelhas ao perguntar:

— Eu te machuco tanto assim?

Mikaela recostou o corpo nas costas da cadeira, olhou para teto de cor azul claro e pensou enquanto cruzava os braços à frente do corpo.

— Na verdade não seria você. O problema é quando você diz que vai morrer e me pede para seguir como se eu não tivesse sido feliz contigo, entende?

Yuichiro coçou a nuca. Era tão depreciativo com a própria vida, assim? Até ele se surpreendeu, porém não fazia ideia de quando esses pensamentos começaram a rondar em sua mente. Ele, mais do que ninguém, deveria cuidar para não magoar, Mika. O loiro era forte, Yuichiro sabia, mas estava abusando do psicológico de seu amor por bobagem. O grisalho entreabriu os lábios e, antes  que as palavras saíssem da garganta, o loiro tomou a frente.

— Vamos cada um ceder de um lado, Yu-chan? — Mikaela observou Yuu tombar a cabeça para um dos lados ao franzir sobrancelha não entendo onde o vampiro queria chegar. — Se você prometer que vai parar de menosprezar a sua vida e de insistir para que eu siga sem você e eu prometo que, quando você ir, eu vou tentar fazer isso.

— “Isso” é amar outra pessoa, encontrar uma nova felicidade? — Perguntou Yuichiro e Mikaela assentiu positivamente — Ainda bem! — Animou-se e espalmou as mãos no tampo da mesa para se levantar.

— Ei! Não comemore tão rápido! — Alertou, Mikaela ao imitar o ato do namorado. — Se eu não encontrar alguém, eu não vou pensar duas vezes em me unir a você! Entendeu?

Yuichiro ficou estático em frente a mesa e passou as mãos pelos cabelos brancos com o sorriso se esvaindo vagarosamente.

Doeu, claro que doeu ver Yuichiro se encher de esperança para, segundos depois, tudo desaparecer apenas por dizer sobre o outro lado. Todavia, ele deveria aceitar, não? Mikaela estava cedendo de seu lado, afirmando que ao menos tentaria seguir a vida depois que Yuu não estivesse mais ao seu lado e o loiro não costuma quebrar promessas, tanto que não quebrou a que fez a Yuu de que um dia se encontrariam novamente. Custava tanto Yuu ceder do seu?

Yuichiro fechou os olhos e respirou fundo. Já era um avanço, não era? Mikaela ao menos pensar, cogitar a possibilidade de seguir em frente? Ah... parecia que o mais velho tentava se convencer de que o loiro estava certo a cada vez que a palavra ceder passava por seus neurônios e chegava ao cérebro. Então, ele abriu os olhos, caminhou calmamente até Mikaela sobre o olhar atento dele e ao ficarem frente a frente, Yuu puxou Mika para um abraço, circundando o pescoço do parceiro com seus braços e afagando as madeixas loiras com a ponta dos dedos.

— Eu só quero a sua felicidade e quero que ela dure o quanto puder.

Um sorriso ínfimo tomou os lábios de Mikaela.

Ele aceitou.

— Eu já sou imensamente feliz, só por te ter ao meu lado. — Disse baixinho no ouvido do grisalho no instante em que retribuiu o abraço. — Ei! Sekai. Não! Não, morda as pantufas do vovô Yuu.

Sem demora, Yuichiro olhou para seus pés sendo devorados pela pequena destruidora de quatro patas e se afastou atrapalhadamente daquele serzinho astuto, fazendo com que Mikaela risse alto da situação a ponto de jogar a cabeça para trás e o mais velho precisou parar tudo que estava fazendo apenas para ver aquele riso fácil, o pomo de adão se movendo para cima e para baixo conforme a voz deixava a garganta ao passo que as mãos ficavam sobre o abdomem como se tentassem parar a risada que seguia a preencher o ambiente. Até que o grisalho se lembrou de algo.

Vovô Yuu?

Mikaela sorriu amarelo para o parceiro assim que afastou Sekai das pantufas do outro.

— Sim, vovô, olha essas bochechas flácidas, tão boas de apertar! — Disse apertando os lados do rosto, para depois depositar todos os beijinhos que não pode dar logo que acordaram.

— Mikaela, para! — Pediu entre risos e mais risos — Mika! Mikaaaa!

— Tá bem, tá bem… — Falou antes de se afastar — Agora que estamos bem, eu preciso pegar as malas.

E saiu rumo ao quarto, deixando um Yuichiro completamente confuso para trás.


Notas Finais


AVISO!
Sinto informar a vocês, meus nenês, mas este foi o penúltimo capítulo dessa fic. Então, semana que vem já se preparem para nosso final, talvez ele passe as usuais mil palavras, porém não vou tentar não me estender muito.

De aviso era só isso mesmo, hahaha, se quiserem deixar nos comentários o que acharam do capítulo ou o que vocês tem achado da história em geral, sintam-se à vontade :3
Beijinhos e boa noite fofuras do meu coração <3


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