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História O Doador de Sementes - Sou filho de vocês mesmo


Escrita por: LanaFan

Notas do Autor


Ois gente!

Mais um dia para terminar essa mudança <3

Capítulo 38 - Sou filho de vocês mesmo


 

Lana

 

 

Acordar sorrindo já virou um hábito, um dos melhores. É tão bom acordar para viver esse sonho de uma vida toda.

Sorrio ao notar que não estou deitada no meu travesseiro, mas sim nas costas do Sean, que está dormindo de bruços; abro os olhos e beijo sua pele clara, no mesmo instante, sinto-o respirar fundo em um sono pesado, então me afasto, com cuidado, recostando-me na cabeceira da cama, puxando o edredom até a altura dos seios e sorrio largamente quando ele sente a minha falta e enrosca a sua perna na minha, virando o rosto na minha direção mesmo dormindo.

─ Obrigada. ─ Agradeço, olhando para o teto. Faço uma silenciosa oração com uma das mãos sobre o coração.

Volto a admirar o amor da minha vida. Observá-lo dormir tem se tornado um dos meus momentos preferidos. Meus olhos percorrem as suas costas, braços e o contorno do seu rosto; cruzo os braços para amenizar a vontade de lhe fazer carinho. Perco-me em pensamentos, lembrando-me de todas as formas que ele já me surpreendeu e não consigo dizer a qual amei mais, e o mais incrível, é que ele consegue fazer as borboletas voarem dentro de mim com um simples recadinho na minha agenda, um lanchinho escondido na minha bolsa, ou quando manda mensagem dizendo que viu uma criança brincando em uma poça d’água e lembrou-se de mim e do nosso filho, e, claro, aquele beijo carinhoso na minha testa; são tantas demonstrações de amor que me deixam sem palavras, porém cheia de certezas, certezas essas que me fazem querer ser alguém melhor a cada amanhecer.

─ Meu potinho de felicidade no fim do arco-íris. ─ Enrolo meus dedos em seus cabelos e beijo, demoradamente, seu ombro. Levanto-me, antes que ele acabasse acordando.

A caminho do banheiro, a claridade que atravessa as cortinas chama minha atenção, então pego o lençol da noite passada e me enrolo, caminho com a pontinha dos pés e, sem fazer barulho, vou para a sacada. O Sol estava surgindo no horizonte incrivelmente belo. Ando até a grade e me apoio, sentindo o ar fresco da manhã; respiro fundo de olhos fechados e sinto o vento agitar os meus cabelos; ao olhar para cima não vejo nenhuma nuvem, o céu está ainda mais azul-celeste do que o normal, ou são meus olhos que estão vendo tudo em cores mais vibrantes, alegres. Aperto o tecido ao meu redor e contemplo aquele espetáculo majestoso diante dos meus olhos.

─ Você fica ainda mais linda ao raiar do dia. ─ Ouço a voz rouca do meu amor. Ele me envolve com seus braços, em um abraço carinhoso, encostando seu rosto no meu. ─ Bom dia. ─ Beija minha bochecha.

─ Bom dia. ─ Beijo o canto de sua boca e acaricio seu rosto com uma das mãos. Fecho os olhos aproveitando aquele momento, sentindo-o nos balançar, lentamente, de um lado para o outro em uma dança silenciosa. ─ Dormiu bem? ─ Pergunto ao girar em seus braços e vê-lo com o rosto amassado e cabelo bagunçado; passo a mão em alguns fios rebeldes e sorrio.

─ Muitíssimo bem. ─ Sorri e me dá um selinho. ─ E você? ─ Também passa a mão nos meus cabelos e fica fazendo um cafuné na nuca.

─ Mais do que bem. ─ Encosto nossos lábios.

Permanecemos mais um tempo ali, abraçados e fazendo um carinho leve nas costas um do outro.

─ Banho? ─ Aproxima seus lábios da minha testa e deixa ali um beijo terno, me fazendo suspirar com a delicadeza do seu toque.

─ Banho. ─ Concordo, beijando seu queixo.

 

 

Um momento carinhoso, manhoso e muito apaixonante resume o nosso banho. Sean fez questão de me dar banho com total dedicação e, claro que fiz o mesmo com ele; não poderíamos estar mais felizes.

─ Amor, você quer ir... Nossa! ─ Interrompe sua fala ao entrar no meu closet e me ver terminando de me vestir; escolhi um vestido longo, florido e bem leve que deixa minhas costas nuas e que combina perfeitamente com esse dia ensolarado.

─ Ficou bom? ─ Pergunto, dando uma voltinha.

─ Ficou maravilhoso. ─ Dá alguns passos na minha direção e segura minha mão. ─ E você está ainda mais linda. ─ Sorri, beijando meus dedos.

─ Obrigada. ─ Junto nossos lábios. ─ Você também não está nada mal. ─ Deslizo minhas mãos pela sua camiseta branca gola V, que deixa seus músculos bem visíveis, e olho para as suas pernas, admirando-o naquela bermuda jeans.

─ Já é alguma coisa. ─ Abraça-me pela cintura. ─ Obrigado. ─ Seus lábios se curvam em um sorriso brincalhão.

─ O que estava dizendo quando entrou? ─ Lembro-me que ele falava algo. Enquanto ele brinca com a ponta dos dedos na pele exposta das minhas costas, corro os dedos por dentro das mangas de sua camiseta.

─ Ah... Sim! ─ Estica um dos braços até alcançar o par de brincos que eu havia separado. ─ Quer ir ao supermercado de manhã ou à tarde? ─ Concentra-se em pôr os brincos nas minhas orelhas.

─ Tanto faz... ─ Agradeço-o com um selinho. ─ Mas acho que seria bom irmos de manhã, que aí podemos aproveitar o restante do dia... Podemos marcar algo com o pessoal...

─ É verdade. Com certeza vão querer fazer algo. ─ Sorri. ─ Vamos descer?

─ Vamos. Quero preparar o café hoje, posso? ─ Saio do closet sendo seguida por ele, que logo segura minha mão.

─ É lógico que pode. Desde que eu possa ficar te observando cozinhar. ─ Fala ao sairmos do quarto. ─ Deixamos provas comprometedoras no meio do caminho. ─ Pega uma pétala de rosa do chão e passa-a no meu nariz.

─ Mais uma noite memorável. ─ Solto sua mão e abraço-o de lado. ─ Vamos acordar o nosso terremotinho agora? ─ Olho para a porta do quarto do Flynn.

─ Que tal você acordá-lo enquanto arrumo a nossa bagunça? ─ Paramos de andar. ─ Será que ele vai ficar chateado se eu não estiver junto? ─ Me olha sem jeito, com aquela carinha fofa de menino.

─ Ah, amor... Claro que não. ─ Acaricio a sua cintura. ─ Posso segurá-lo no quarto e você sobe nos encontrar, que tal?

─ Isso. Quero vê-lo com aquela preguiça toda. ─ Beija o topo da minha cabeça.

─ Então arruma tudo e volta correndo. ─ Sorrio, roubando-lhe mais um selinho. Ainda segurando sua mão, abro a porta do quarto do nosso filho. ─ Vem dar uma espiadinha nele. ─ Trago-o para perto.

Sean conseguia vê-lo bem, já eu, tive que ficar nas pontas dos pés, pois a cama dele é alta, mas dava para notar que está deitado de barriga para cima, um braço apoiado no travesseiro e outro ao longo do seu corpo sobre a coberta; tão engraçadinho com uma das pernas sobre a proteção, quase para fora da cama.

─ Obrigado por me dar esse tesouro. ─ Me abraça e ambos suspiramos.

─ Eu é que tenho que agradecer. ─ Afago seus braços.

─ Vou sair daqui logo, antes que não resista e fique. ─ Cochicha, beijando rapidamente a minha bochecha e desce correndo escada abaixo. Sorrio ainda mais com essa cena.

Entro no quarto e subo a pequena escada, sento-me perto dele.

─ Querido, está na hora de acordar. ─ Aliso a barriga dele. ─ Vamos tomar um café bem gostoso. ─ Beijo seu rosto e passo a mão pelos seus cabelos.

─ Hum... ─ Resmunga de olhos fechados e vira de bruços, afundando o rosto no travesseiro.

─ Que preguicinha. ─ Tiro o cobertor de suas costas e começo a mordiscá-lo. Sorri se encolhendo e vira-se novamente. ─ Bom dia, amor da mãe. ─ Abraço-o, deitando com ele.

─ Bom dia, mamãe. ─ Sorri, agarrando-me pelo pescoço.

─ Dormiu bem? ─ Pergunto, fazendo-lhe carinho nas costas.

─ Sim. ─ Aperta-me mais um pouco antes de me soltar para ficar deitado também. ─ E você e o papai, dormiram bem? ─ Brinca com uma mecha do meu cabelo.

─ Sim. ─ Beijo sua testa.

─ O papai ainda está dormindo?

─ Não. Daqui a pouco ele vem aqui. ─ Sento-me. ─ Vamos esperá-lo ali no sofá? Senão ele não vai poder subir aqui.

─ Vamos. ─ Arrasta-se até a escada e desce com todo o cuidado, exatamente como o pai. ─ Posso ficar de pijama mais um pouco?

─ Pode, sim. ─ Desço e vou até o sofá, assim que me sento, Flynn pula para o meu colo.

─ Você ficou muito bonita com esse vestido. ─ Sorri.

─ Obrigada. Seu pai também gostou. ─ Ajeito seu cabelo desgrenhado.

─ Falando nele... ─ Sussurra, olhando para a porta. ─ Precisamos pensar em algo para ele... ─ Sorri. ─ É o nosso primeiro dia dos pais. ─ Se encolhe, todo sapeca.

─ Vamos pensar em algo muito especial. ─ Abraço-o. ─ Podemos ir dar uma olhada em algo amanhã, já que o senhor está de férias. ─ Aperto seu nariz.

─ Oba! Quero ir trabalhar com você. ─ Deita a cabeça no meu ombro e fica passando os dedinhos na minha orelha. ─ Só não podemos nos esquecer do compromisso de sexta-feira à noite.

─ Não vamos esquecer, porque acho que estou mais ansiosa do que você. ─ Coloco as pernas sobre o sofá e ele se espicha no meu colo.

Distraímo-nos conversando sobre assuntos aleatórios e não notamos que o Sean estava na porta.

─ Posso fazer parte dessa conversa? ─ Diz ele, apoiado no batente da porta.

─ Vem, papai. ─ Flynn o chama, esticando um dos braços. ─ Estávamos te esperando. ─ Sorri em meio a um bocejo.

─ Ainda com sono? ─ Ele senta-se perto dos meus pés e coloca minhas pernas sobre as dele.

─ Um pouquinho. ─ Coça os olhos. ─ Papai, eu estava falando para a mamãe que temos que ir caminhar com o Coragem no fim da tarde, só que a mamãe disse que está com preguiça. ─ Me dedura.

─ Ih, filho... A sua mãe está sempre com preguiça. ─ Pisca e eu o chuto; acabamos todos rindo. ─ Acho que uma caminhada não fará mal. ─ Massageia meus pés e minhas panturrilhas.

─ Talvez. ─ Sorrio. ─ Primeiro precisamos de um café da manhã no capricho. Que tal descermos agora?

─ Tô morrendo de fome. ─ Flynn levanta-se e logo calça os chinelos. Sean e eu ficamos olhando para ele que, milagrosamente, ficou sem sono. ─ Vou ter que fazer o café? ─ Coloca as mãos na cintura e nos encara.

─ Não seria má ideia, porém hoje é a minha vez. ─ Levanto-me e faço cócegas nele.

─ Acho que vou esperar por aqui. ─ Meu noivo faz de conta que vai se deitar.

─ Vai nada. ─ Nosso filho o puxa pelo braço. ─ Levanta logo, seu preguiçoso. ─ Faz força para tirar o pai do lugar.

─ É só falar em comida que vocês dois ficam bem dispostos, né? ─ Ele puxa o Flynn para o colo e se levanta, jogando-o sobre o ombro. ─ Vou te dar uns tapas. ─ Bate na bunda do Flynn, que está gargalhando sem parar e se debatendo.

─ Não quero nem ver isso aí. ─ Abro a porta para podermos sair. ─ Vou indo na frente. ─ Gesticulo, parando no topo da escada.

Chego à cozinha e logo o ambiente é invadido pelas gargalhadas dos dois que estavam trocando tapas e mordidas. Mais um dos momentos que nunca esquecerei.

─ Cansei. ─ Sean solta o Flynn sentado sobre a bancada. ─ Vamos ver o que a mamãe vai fazer para comermos. ─ Senta-se em uma banqueta.

─ Preciso descer para pegar água, papai.

─ Eu pego. ─ Digo, segurando um copo. ─ Aqui. ─ Entrego a ele.

─ Obrigado. O que vai fazer para o café da manhã? ─ Pergunta, antes de tomar toda a água em um gole só.

─ Pensei em fazer “aquela” nossa torrada... ─ Arqueio as sobrancelhas para que ele entenda.

─ Quero ajudar! Quero ajudar! ─ Bate palmas, eufórico. ─ Posso ajudar, né? ─ Me olha sorrindo até com os olhos.

─ Que torrada é esse? ─ O pai pergunta, sorrindo mais que o filho.

─ Já vai descobrir, amor. ─ Dou a volta na bancada e coloco o nosso garoto no chão. ─ Você pode me ajudar, sim. ─ Bagunço seus cabelos.

─ Mamãe, vamos comer lá fora perto da piscina?

─ Ótima ideia, filho. ─ Separo algumas coisas sobre a pia. ─ Amor, sei que disse que você poderia ficar aqui enquanto preparo tudo, mas acho melhor esperar lá fora. ─ Abraço-o pelos ombros e beijo sua têmpora.

─ É, papai. Vamos fazer uma surpresa para você. ─ Flynn pega um dos ingredientes, porém esconde nas costas para que o Sean não veja.

─ Tá bom. Fico lá fora, mas não demorem. ─ Aperta minha cintura e me dá um selinho.

─ Nós não vamos, papai. ─ Diz nosso filho, agitando-se nas pontas dos pés para frente e para trás.

─ Se demorarem... ─ Nos fuzila, semicerrando os olhos. ─ Volto aqui. ─ Pega a toalha do meu ombro e joga no Flynn. Mais uma das manias dele.

 

 

***

 

 

Sean

 

 

Uma das melhores manhãs das nossas vidas. Estamos todos sorridentes, felizes e realizados.

─ Vou só pegar uma revista e vou lá para fora. ─ Digo, levantando-me.

─ Passa protetor solar. ─ Lana me dá um selinho e volta para a pia. Fico ainda mais bobo com esse pequeno gesto.

Escolho uma das mesas que ainda está na sombra, puxo duas cadeiras e sento-me, erguendo as pernas. Não consigo ler muito, já que o Coragem começou a latir e chamar a minha atenção.

─ O que foi, companheiro? ─ Ando até ele. ─ Todo esse escândalo porque tem uma borboleta na sua água? ─ E, como se entendesse o que eu estava falando, ele começa a passar uma das patas no chão, próximo ao potinho de água. ─ Fresco. ─ Brinco, fazendo carinho na cabeça dele. Limpo os potinhos, tanto da água quanto da ração. Feito isso, ele me segue até a mesa e fica deitado embaixo das minhas pernas.

─ Já estamos quase terminando. ─ Meu garoto sorri andando apressado até onde estou e estende uma toalha branca na mesa.

─ Querem ajuda? ─ Solto a revista.

─ Não precisa. ─ Minha noiva aparece com uma bandeja, me estico para poder ver o que é. ─ São só as frutas. ─ Sorri.

─ Vamos, mamãe. ─ Segura a mão da Lana e os dois entram em casa novamente.

Eles fazem mais algumas viagens até a cozinha e logo a mesa está, maravilhosamente, farta; algumas frutas, fatias de bolo, queijos, uma jarra de suco, uma xícara de chá para a Lana e um chocolate quente para o Flynn, e eu ainda estava sem xícara, também não havia nem um prato na mesa.

─ Para você. ─ Minha pequena entrega-me uma generosa caneca. ─ Hoje você merece um café bem gostoso. ─ Me rouba um selinho.

─ Obrigado. ─ Seguro sua mão fazendo um leve carinho. ─ Mas isso não é justo contigo...

─ Tudo bem. Se eu ficar com muita vontade roubo um golinho do seu. ─ Aperta meus dedos, toda sorridente. ─ Já volto com as famosas torradas. ─ Sorri ainda mais. Beijo sua mão antes de soltá-la.

Em poucos minutos eles surgem na grande porta de vidro, Lana segura dois pratos e o Flynn um; notei que trocaram um olhar cúmplice e então passaram a andar na minha direção.

─ Essas são as melhores torradas, papai. ─ Diz ele, arrumando o prato na minha frente.

─ Na verdade, não tem nada demais nelas... ─ Lana sorri feito uma criança.

─ Ah, meus amores... Pelo que vejo, devem estar uma delícia. ─ Olho das torradas para eles. ─ Vocês são muito criativos. ─ Sorrio. E, realmente, acho que nunca pensaria nisso: cada uma das fatias de pão estava sem o miolo que foi cortado com um cortador em formato de coração, e esse espaço foi preenchido por um mini ovo frito, dava para notar que as torradas foram tostadas com manteiga. Aproximo o rosto do prato e respiro fundo, sentindo o cheirinho de orégano.

─ Viu que os ovos são bem pequeninhos? ─ Nosso garoto mostra o tamanho quase juntando o indicador ao polegar. ─ Papai, você sabe que ovos são esses? ─ Questiona-me mais animado que a mãe.

─ Não sei... ─ Minto, apenas para ouvir o que ele tem a dizer.

─ Você gosta de comê-los cozidos. ─ Dá uma dica.

─ Acho que acordei meio esquecido hoje, filho. ─ Faço-me de desentendido.

Lana dá uma piscadinha, com um lindo sorriso estampado no rosto.

─ São ovos de codorna, papai. ─ Puxa a sua cadeira para perto da minha. ─ São bem difíceis de quebrar.

─ Nossa! Não sabia que dava para fritar ovo de codorna. Outro dia vocês terão que me ensinar. ─ Bagunço o cabelo dele que se encolhe sorrindo.

─ Podemos pensar né, filho? ─ Lana beberica o seu chá.

─ Nós vamos te ensinar sim, papai... Bom, eu posso ensinar a quebrar, mas fritar é com a mamãe. ─ Aponta o garfo para a mãe. ─ E não preciso te ensinar a passar a manteiga no pão, porque isso você já sabe. ─ Dá de ombros, começando a comer.

─ Sabia que eu te amo? ─ Abraço-o pelos ombros.

─ Sabia. ─ Engole o que tinha na boca. ─ E eu também te amo.

─ Já que vocês se amam tanto, podem me dar atenção agora? ─ Minha pequena faz graça do jeito mais manhoso possível.

─ Ah, ela tá carente. ─ Faço uma voz engraçada. ─ Filho, se importa se eu der colo para a mamãe? ─ Pergunto.

─ Claro que não... E acho que ela merece um colo. ─ Mostra suas covinhas.

─ Então vem aqui, pequena. ─ Afasto minha cadeira dando batidinhas nas minhas pernas.

─ Eu amo vocês. ─ Beija minha bochecha ao se ajeitar nas minhas pernas e faz um carinho no rosto do Flynn. ─ Agora podemos comer.

 

 

Após o nosso primeiro café da manhã, de verdade, na nossa casa, guardamos todas as coisas e ficamos mais um pouco andando pelo jardim.

─ Vamos para o supermercado agora? ─ Acaricio as cotas da Lana enquanto assistimos o Flynn brincar com o Coragem.

─ Acho que sim. ─ Dedilha minhas costelas ao pararmos perto da varanda. ─ Nem precisamos fazer uma listinha, já que a casa é nova e falta quase tudo.

─ É verdade. ─ Sorrio. ─ Dê um jeito no sujeirinha enquanto fecho a casa. ─ Dou-lhe um selinho e ela balança a cabeça sorrindo.

─ Filhote, vamos tirar esse pijama aí para irmos ao supermercado. ─ Chama-o.

─ Tô indo. ─ Despede-se do cachorro fazendo graça e corre até nós. ─ Podemos comprar aquele cereal colorido? Gosto de comer com leite... ─ Entra em casa na nossa frente.

─ Eu também gosto, e faz tempo que não como. ─ Falo.

─ Nós comíamos quando erámos criança, lembra-se? ─ Lana me olha com os lábios curvados em um riso nostálgico.

─ Lembro. Nós ficávamos construindo desenhos antes de comermos. ─ Sorrio com a lembrança.

─ Vocês também separavam as cores e depois misturavam tudo? ─ Nosso filho para no meio da escada.

─ Eu separava tudo... ─ Levanto uma das mãos.

─ E a parte de bagunçar era comigo. ─ Lana repete o meu gesto.

─ É. Sou filho de vocês mesmo. ─ Diz ele, seguindo para o seu quarto.

─ Nem preciso falar nada. ─ Abraço a noiva mais linda e beijo-a calorosamente.

─ Deixe-me ir ver que roupa ele vai escolher. ─ Sorri contra os meus lábios, dá-me mais um beijo e se afasta. ─ Feche bem essa casa. Que eu não tenha que ir conferir. ─ Gargalha da porta do quarto do nosso filho.

─ Engraçadinha. ─ Sorrio e vou trancar todas as janelas e portas.

Pego a minha carteira, os nossos celulares e a bolsa que a Lana gosta de usar para fazer compras; no carro, fico ouvindo música esperando por eles.

─ Prontinho. ─ Mãe e filho entram no carro. ─ Quando não vi meu celular soube que você já havia pegado tudo. ─ Dá um beijo no meu rosto e afivela o cinto. ─ Tudo certo aí atrás, filho?

─ Tudo certo. ─ Nos mostra o polegar.

─ Então já podemos ir. ─ Ela recosta-se no assento e pousa sua mão na minha coxa.  ─ Vamos naquele supermercado que tem feirinha orgânica, né?

─ Claro. ─ Dou a partida e, com o carro já em movimento, entrelaço nossas mãos.

Cantamos, demos risada e conversamos até sobre futebol. É incrível como conseguimos conversar sobre tudo, e a cada dia fico mais bestificado com as coisas que o nosso filho fala.

Sem demora já estávamos no estacionamento; encontrei uma vaga não muito distante da porta.

─ Papai, nós não vamos mais usar o carro da mamãe? ─ Pergunta ao se livrar do cinto.

─ Ih, filho, já nem falo mais nada. ─ Diz Lana, do lado de fora do carro.

─ Ah, é força do hábito. ─ Encolho os ombros. ─ Mas podemos ir trabalhar com o seu amanhã. ─ Paro ao lado da minha pequena e procuro a mão dela, logo entrelaçando nossos dedos.

─ Nós podemos ir com o meu, porém eu te levo e te busco na empresa... Ou melhor, nós te levamos e te buscamos. ─ Sorri para o nosso garoto que também está de mão dada com ela.

─ Vou adorar. ─ Digo, animado com a ideia.

─ Eu pego o carrinho. ─ Flynn dispara na nossa frente assim que entramos.

─ Cuidado. ─ Alerta-o com um belo sorriso nos lábios. ─ Amor, lembra-se de como ele era quando o viu pela primeira vez?

─ Lembro. ─ Sorrio.

─ Ele está bem diferente. Animado com tudo, perdeu algumas manias... Graças a você. ─ Aperta minha mão. ─ E sabia, papai, que ele só me chamava de mãe e não de mamãe? ─ Inclina a cabeça ao arrumar o cabelo atrás da orelha. Chega mais perto e acarinha meu braço.

─ Sério? Tenho vontade de esmagá-lo quando ouço-o te chamando de mamãe, é a coisa mais linda. ─ Beijo o topo de sua cabeça. ─ Ele também me mudou. ─ Paro de andar. ─ Vocês me mudaram. ─ Sorrio, levando a mão até o rosto sorridente diante dos meus olhos. ─ Vocês são o que há de melhor na minha vida. ─ Roço nossos lábios suavemente.

─ Eu te amo. ─ Junta nossos lábios de forma breve.

─ Eu te amo. ─ Abraço-a pelos ombros e então andamos até o nosso terremoto que está concentrado lendo as embalagens de arroz. ─ E aí, campeão, já comprou tudo o que precisamos?

─ Quem dera. ─ Responde sem olhar para nós. ─ Vamos levar arroz integral, né? ─ Aponta para um pacote.

─ Vamos. ─ Respondo-o. ─ Mas também temos que levar do outro, porque tem gente que não gosta, ainda mais quando aquele bando todo for comer lá em casa. ─ Faço uma careta, arrancando gostosas risadas deles.

─ Bem pensado. ─ Lana bate o indicador na ponta do nariz dele e pega um pacote enquanto pego o outro. ─ Pega o grão-de-bico, filho. ─ Indica a prateleira a nossa frente.

─ E feijão também? ─ Volta para o carrinho com uma embalagem de cada nas mãos.

Compramos tudo o que precisávamos dessa seção e seguimos para a outra.

─ Ih! A seção das guloseimas. ─ Baixo o olhar e vejo que o Flynn está olhando ao redor, mas não está escolhendo nada. Olho para a Lana e faço sinal, sem entender porque ele não estava escolhendo nada.

─ Calma. ─ Segura-me para que ficássemos observando-o. ─ Primeiro ele olha tudo e depois escolhe.

─ Ah! ─ Meneio a cabeça. ─ E você, não vai escolher nada, formiguinha? ─ Escoro-me no carrinho, encarando-a.

─ Vou dar uma paradinha na seção onde fica o leite condensado. ─ Pisca, apoia-se no meu ombro. ─ Quero que faça brigadeiro. ─ Beija o meu rosto.

─ Entendido. ─ Passo o braço pelas suas costas, abraçando-a pela cintura. ─ Ele está voltando.

─ É... ─ Olha de mim para a mãe. ─ Posso levar um Doritos?

─ Pode. ─ Lana responde e ele anda até a prateleira, pega um pacote e deixa-o no carrinho.

─ Agora ele vai escolher um doce. ─ Diz ela, assim que ele se afasta.

Flynn volta com um pacote de marshmallows e um de bolacha recheada, mas não os coloca no carrinho, fica olhando para as duas embalagens como se tivesse decidindo.

─ Pode levar os dois, filho. ─ Digo.

─ Não, papai. Não posso ter tudo que quero... Não sempre. ─ Sorri e volta para o início do corredor.

─ Mas ele pode levar tudo que ele quer. ─ Falo baixo, olhando para a minha noiva.

─ Sim, amor. Ele pode. ─ Sorri, olhando no fundo dos meus olhos. ─ Só que não precisa. ─ Encosta as pontas dos dedos no meu rosto, fica brincando com a minha barba. ─ Ele já entende que nem sempre pode ter tudo que quer, mesmo que tenhamos condições para comprar, e agora está apenas decidindo qual doce levar, mas essa é uma lição que ele vai levar para a vida toda... ─ Estou ainda mais encantado com todo esse toque materno que ela está me mostrando. ─ Assim sempre saberá identificar quais são as suas prioridades.

─ Você o educando e eu querendo estragá-lo. ─ Balanço a cabeça, reprovando-me. ─ É difícil educar... Preciso aprender mais contigo. ─ Dou um beijo em sua testa.

─ Você está se saindo bem. ─ Pisca. ─ Mas concordo, é difícil educar. No entanto, amar e educar não se dissociam, nós é que precisamos saber dosar tudo.

─ Pequena... Se não estivéssemos em público, te agarraria agora mesmo. ─ Aperto-a em um abraço de urso. ─ Tão sábia. ─ Beijo seu pescoço.

─ Ainda estou aprendendo isso tudo. Mas já estou dando conta, acho... ─ Sorri, beijando o meu rosto e se afastando.

─ Vou levar os marshmallows. ─ Agita o pacote no ar e solta-o no carrinho, todo sorridente.

─ Boa escolha. ─ Faço positivo.

─ Escolheram algum doce também? ─ Nos pergunta.

─ Nada de doce, filho. Sua mãe vai ficar só na salada de frutas mesmo. ─ Faço cócegas na Lana que se debate, encolhendo-se sobre os meus braços.

─ Para, Sean. Que fiasco. ─ Olha para os lados.

─ Fiasco nada. Só amor. ─ Puxo-a para um beijo estalado. ─ Vem, filho, vamos comprar umas frutas. ─ Me afasto da Lana e empurro o carrinho junto com o Flynn.

─ Vocês ainda me matam qualquer dia desses. ─ Sorri, corada.

 

 

***

 

 

Lana

 

 

Chegamos à seção de hortifrúti que, para nós, é a melhor. Estávamos pegando de tudo um pouco, as pessoas passavam por nós e ficavam boquiabertas com o nosso carrinho e com as nossas risadas. Nem estava mais dando bola, é tanta felicidade que o mundo ao redor desaparece.

─ Cenoura, para fazermos um refogado. ─ Diz meu noivo, fazendo um nó no pacote.

─ E para um bolinho também. ─ Lambo os lábios. ─ Batata doce, porque quero comer algumas assadas, cozidas, caramelizadas... ─ Encaro o Sean, que faz cara feia. ─ Tá, caramelizadas não. ─ Bato meu ombro no braço dele e ele me dá um selinho.

─ Vamos fazer abobrinhas recheadas para o almoço? ─ Pergunta-me, separando algumas.

─ Ótima ideia. ─ Pego um pimentão verde, um vermelho e um amarelo. ─ Alguém pegou requeijão? ─ Olho para os dois.

─ Eu pego, já que sou eu que gosto de abobrinha com requeijão. ─ Desvia de algumas pessoas e fica na ponta dos pés para alcançar o de sua preferência. Sean e eu apenas damos risada, admirando nossa cria.

─ Amor, peguei abacaxi, melão, mamão, algumas laranjas, mangas, maçãs e também um pacote de limões... ─ Confere cada item enquanto fala. ─ Quer mais alguma fruta? ─ Me olha, esperando minha resposta. Sorrio com aquela perfeição em forma de homem.

─ Não, amor. Já está ótimo. E frutas nós viemos comprar mais conforme formos comendo. ─ Deixo mais algumas coisas no carrinho. ─ Vamos precisar de outro carrinho para os produtos de limpeza. ─ Digo, tentando empurrar o nosso, lotado, carrinho.

─ Parece exagero, mas a gente não tinha quase nada em casa, então... ─ Meu noivo dá de ombros. ─ As próximas compras se reduzirão a um único carrinho. ─ Brinca.

─ Vou pegar outro carrinho. ─ Flynn começa a se afastar.

─ Amor, vou espiá-lo de longe. ─ Cochicho. ─ Mesmo ele sabendo se cuidar... O supermercado é muito grande. ─ Fico sem jeito com essa minha preocupação.

─ Se você não fosse fazer isso, eu iria. ─ Diz ele, beijando minha mão.

Dou um largo sorriso e ando pelos corredores até avistar o piloto de carrinho de supermercado se divertindo.

─ Quer fazer uma coisa que não fizemos há muito tempo? ─ Arqueio as sobrancelhas e ele concorda, balançando a cabeça todo sorridente. ─ Então pula para dentro. ─ Pego-o pela cintura e ele impulsiona-se.

─ Agora corre, mamãe. ─ Senta-se dentro do carrinho e fica segurando firme.

─ Vamos encontrar o seu pai. ─ Seguro firme, com as duas mãos na barra de ferro e começo a andar um pouco mais rápido. Flynn gargalhava a cada curva que fazíamos.

─ Papai! Papai! ─ Agita os braços, chamando atenção do Sean e de todos ao redor.

─ Vocês são impossíveis, mesmo. ─ Esconde o rosto com as duas mãos antes de tirar o nosso filho do carrinho.

─ Isso é tão divertido. ─ Diz nosso garoto já no chão.

─ É. Sei que é. ─ Sean olha para mim. Essa é mais uma coisa que fazíamos quando éramos criança e até na adolescência fizemos isso algumas vezes.

 ─ Vamos comprar o que falta. ─ Abraço-o de lado, deixando minha mão em sua cintura. ─ Não ficou preocupado?

─ O que acha? ─ Franze os lábios e beija minha testa.

─ Na próxima vez terá que brincar com ele disso também. ─ Dou uma risada curta guiando o carrinho com apenas uma mão enquanto o Sean faz o mesmo com o outro carrinho.

─ Vou pensar no caso, mesmo sabendo que ele vai adorar isso. ─ Sorri, olhando para o serelepe que está saltitando na nossa frente. ─ Mudando de assunto, vamos levar todos os produtos de limpeza ou vamos esperar para falar com a Sra. Miller?

─ Ana Elisa? ─ Sorrio. ─ Quer que ela continue sendo nossa empregada?

─ Achei que você não iria querer dispensá-la. ─ Deixa o outro carrinho em um canto para podermos terminar as compras. ─ Porque antes eu só contratava uma diarista algumas vezes por semana.

─ Bom, se não tiver problema para você. ─ Pouso minha mão sobre a dele. ─ A Lisa sempre ia lá em casa nos horários que nós não estávamos, e quando nós chegávamos estava tudo, magicamente, organizado. Como agora a casa é maior, posso pedir para ir mais vezes...

─ Ou podemos contratá-la, com carteira assinada e tudo. O que acha? ─ Sugere.

─ Nossa, amor! Seria ótimo. E acho que ela só está trabalhando por dia mesmo. Vamos falar com ela amanhã? ─ Fico feliz com a ideia.

─ Vamos. ─ Concorda.

─ Ah, então nem vamos mais comprar nada. Porque ela adora fazer isso. ─ Digo, fazendo-o sorrir.

─ Então podemos ir para o caixa. ─ Volta para pegar o outro carrinho. ─ Filho, ajuda aqui que esse está pesado. ─ Finge fazer força.

─ Tô indo. ─ Corre até nós e fica na frente do pai e os dois empurram nossas compras. Mesmo uma cena besta como essa me faz sorrir até com os olhos. Agradeço mentalmente por tê-los em minha vida.

 

 

Já em casa, estamos terminando de guardar as coisas nos armários enquanto nosso garoto dedica-se a geladeira.

─ Não cabe mais nada. Olhem. ─ Deixa a porta escancarada, sobe e desce o braço mostrando tudo.

─ Talvez tenhamos exagerado nessa primeira compra. ─ Digo, cutucando o meu noivo com o ombro.

─ Exagero nenhum. Aí tem tudo o que precisamos. ─ Belisca a minha cintura.

Ouvimos o Coragem latir e começar a correr no jardim.

─ Vou ver o que ele está fazendo. ─ Nosso filho fecha a geladeira e corre até a porta. ─ É a dinda! É a dinda! ─ Grita da varanda.

─ Sério? ─ Vou até ele e vejo a Bex fazendo palhaçada no portão. Libero a entrada dela, apertando o botão perto da porta.

─ Agora que estão na casa nova nem se dão mais o trabalho de me ligar ou olhar para o celular. ─ Resmunga. ─ E eu trouxe companhia. ─ Puxa a Emilie que estava escondida.

─ Lana, desculpa incomodar, mas a Rebecca me arrastou a força. ─ Diz a loirinha, toda envergonha.

─ É a cara dela fazer isso. ─ Vou encontra-las. ─ Você é muito bem vinda, Emi. ─ Enfatizo, abraçando-a.

─ Ah! É assim? Vai me pedir ajuda ainda. ─ Bex faz bico.

─ Vem aqui, louca. ─ Puxo-a para um abraço apertado. ─ Nós nos vimos ontem e já está com essa saudade toda? ─ Bato o quadril no dela.

─ Na verdade não é bem saudade. Marc está de plantão hoje e eu iria almoçar sozinha, então arrastei a Emi pra cá... ─ Se abaixa para fazer carinho no Coragem. ─ Porque aí você não vai brigar comigo na frente dela. ─ Joga os cabelos para o lado e pisca para nós.

─ Dinda, você acertou em vir almoçar hoje. Vamos fazer abobrinha recheada. ─ Flynn anda até a madrinha e a abraça.

─ Meu sexto sentido nunca falha. ─ Bagunça os cabelos dele. ─ Você já conhecia a Emi, né? ─ Pergunta a ele.

─ Já. ─ Vejo-o ficar envergonhado. ─ Oi! ─ Fala sem jeito.

─ Oi, Flynn. Você cresceu desde a última vez que te vi. ─ Emilie brinca, medindo a altura dele.

─ Cresci? ─ Olha para cima, engatando um papo com a loira enquanto a ruiva e eu andamos atrás deles. ─ Mamãe, você precisa me medir lá na porta do meu quarto... Ih, agora as minhas medidas ficaram na outra casa.

─ Não tem problema, querido. Tenho todas anotadas, aí é só marcarmos na porta de novo. ─ Entramos em casa conversando.

─ Sério que você veio me incomodar hoje? ─ Sean cumprimenta a Bex. ─ Nem no domingo tenho sossego. ─ Revira os olhos.

─ Sei que você me ama. E vim ver meu afilhado e a minha amiga, você é consequência. ─ Bate na nuca dele e todos sorrimos.

─ Acho que ela não é uma boa influência para você, Emilie. ─ Estende a mão para cumprimenta-la. ─ Tudo bem?

─ Tudo, Sean. E você? ─ Diz ela, sorrindo.

─ Tudo bem. ─ Ele responde. ─ Espero que goste de abobrinha. ─ Anda em direção à cozinha e todos o seguimos.

─ Gosto. ─ Emi olha ao redor e sorri para mim. ─ Gostei de como ficou. ─ Gira o indicador referindo-se a casa toda. ─ Muito bonita.

─ Obrigada. ─ Acompanho-as até a área externa. ─ Amor, quer ajuda? ─ Paro na porta.

─ Não. Pode ir conversar com as suas amigas, que o meu ajudante aqui dá conta de tudo. ─ Atira uma toalha no Flynn que desvia e mostra a língua para o pai.

─ Ok. Qualquer coisa me chamem. ─ Jogo um beijo para os dois e vou até as meninas.

─ Aqui atrás é muito lindo. ─ Bex se esparrama em uma espreguiçadeira que estava na sombra.

─ É mesmo. ─ Emi senta-se em uma cadeira.

─ Ei, pode dar uma de folgada também e ficar em uma espreguiçadeira. ─ Digo a ela.

─ Estou bem aqui. ─ Cruza as pernas e sorri.

─ Pare com essa timidez toda. É de casa. ─ Arrasto-a pelo braço para sentar comigo. ─ Se quiser pode deitar que aí eu vou para outra. ─ Falo, assim que ela senta-se ao meu lado.

─ Tá bom. ─ A risadinha dela me faz sorrir também.

─ Ai, você é muito fofa. ─ Abraço-a com força.

─ Você é incrível. ─ Fala baixo, retribuindo o abraço.

─ Epa! Podem parar, que não estou gostando nada disso. ─ Bex consegue chutar o meu joelho.

─ Ciumenta. ─ Mostro a língua ainda abraçada com a Emilie.

─ Foi para a minha lista, loirinha. ─ A ruiva fala séria e cobre o rosto um dos braços.

─ Chega de palhaçada. Vamos conversar como as adultas que deveríamos ser. ─ Ajeito-me melhor, puxo o vestido para cima e cruzo as pernas sobre o assento. Emilie apenas senta-se sobre uma das pernas.

─ Certo. Mas não vamos falar de trabalho. Não hoje. ─ Bex fica de lado. ─ Me conte o que já fizeram na casa nova?

─ Arrumamos tudo. Ah! Me lembrem de mostrar o escritório para vocês, arrumamos um cantinho para o Flynn lá. ─ Falo toda boba.

─ Ele deve ter ficado feliz com isso. Porque nunca vi uma criança gostar de passar todo o tempo com os pais. ─ Bex comenta.

─ Meu filho é mesmo incrível. ─ Digo.

─ O Flynn é uma graça. É tão fofo quando vocês estão juntos. ─ Diz Emi.

─ Tenho que concordar. ─ A ruiva sorri de canto. ─ Mas e aí, devo me cuidar onde sentar e me encostar nessa casa? ─ Ergue uma sobrancelha.

─ Idiota. ─ Tento ficar séria, mas meu rosto enrubesce.

─ Ih! Por Lord, inauguraram até as paredes pelo jeito. ─ Senta-se, esperando pela minha resposta.

─ Ainda não. ─ Olho para as duas. ─ Só a biblioteca... ─ Sorrio ainda mais com as lembranças da noite passada.

─ Fora o banheiro, né? Acho que vou usar o banheiro aqui de fora. ─ Bex faz graça.

─ Vocês têm uma biblioteca? Que legal. Posso ver... Quer dizer... ─ Emilie fica sem jeito com a euforia.

─ Claro que pode. Depois vamos olhar tudo. ─ Apoio-me no ombro dela.

─ Tá, então já começaram os treinos para o meu novo gnomo? ─ Rebecca não perde a oportunidade.

─ Digamos que foi só um aquecimento. ─ Gargalho, e elas se juntam a mim. ─ Os treinos de verdade começam quarta.

─ Só vocês mesmo para marcarem dia para isso. ─ Bex faz careta.

─ Estou na torcida para que dê tudo certo. ─ A loirinha comenta.

─ Obrigada. ─ Encosto minha testa no rosto dela.

─ Ih! Vou lá ver se a Ginny está em casa, porque não estou gostando dessa amizade aí. ─ Levanta-se apontando para nós.

─ A Ginny não tá em casa, sis. Vai ter que nos aturar. ─ Provoco-a.

─ Então vou lá brincar com o Coragem. ─ Anda a passos largos.

─ Acho que nunca vou me acostumar com essas brincadeiras de vocês. Sempre acho que é sério. ─ Emi fala, olhando Bex se afastar.

─ Logo você se acostuma. ─ Fico em pé. ─ Vamos lá ver como está o nosso almoço.

─ Papai, está bom assim? ─ Ouvimos Flynn perguntar e ao entrarmos pudemos vê-los concentrados em rechear as abobrinhas.

─ Deixa eu ver. ─ Sean estica o pescoço. ─ Está ótimo. Pode começar outra. ─ Pega a que o nosso garoto recheou e coloca na assadeira. Os dois estão com uma toalha sobre o ombro esquerdo e acabam limpando as mãos na mesma hora, trocam um sorriso cumplice e continuam suas atividades.

─ Eles são muito parecidos. ─ Emi para ao meu lado no meio do caminho.

─ São mesmo. ─ Falo sem desviar os olhos dos meus tesouros. ─ Quase pronto aí? ─ Digo, saindo do transe e andando até a bancada. ─ Vem, Emi, senta aqui. ─ Bato na banqueta ao meu lado.

─ Quase. ─ Meu pequeno cozinheiro.

─ Já vamos colocar assar e depois só falta o arroz. O meu companheiro aqui já fez o suco. ─ Sean se vira para nós. ─ Uma abobrinha para cada um é o suficiente?

─ Acho que sim. E essas são bem grandes. ─ Espio na assadeira.

─ Lembrei-me dos meus pais agora, eles também faziam abobrinhas recheadas. ─ Diz Emi.

─ É? Que bom que veio almoçar conosco então. ─ Cruzo os braços sobre a bancada e acho graça da carinha dela. Tão meiga. ─ Faz tempo que não os vê?

─ Quase dois meses. Ando meio sem tempo. ─ Responde e leva a mão até o meu cabelo. ─ Tinha uma folha. ─ Mostra-me.

─ Obrigada. Pode ir vê-los quando quiser, te libero alguns dias.

─ Obrigada. Vou ver quando fica melhor.

─ Venham ver isso. ─ Sean nos chama até a janela da cozinha.

─ A dinda está conversando com o Coragem. ─ Diz Flynn, se encolhendo para não rir alto.

Ficamos os quatro na janela observando aquele dialogo. Bex está sentada sobre os calcanhares e fala algo, que não conseguíamos ouvir, o engraçado é que quando ela para de falar o Coragem começa a latir, realmente parecia que estavam tendo uma conversa.

─ Ela é muito doida. ─ Sean me abraça pelos ombros. ─ Vamos sentar lá fora para vermos isso de perto. ─ Vira-se, me levando junto. ─ Venham. ─ Chamo o Flynn e a Emilie.

Nada melhor que um dia ensolarado junto com a família e os amigos. Parece até que estou vivendo em um livro, aqueles momentos de fim do capítulo onde os personagens estão sorrindo e se divertindo como se não houvesse amanhã. O bom é que tudo isso é real.

─ Dinda, vamos brincar de bobinho? ─ Flynn corre até ela e abraça pelo pescoço.

─ Vamos! Mas todo mundo tem que brincar. ─ Olha para nós.

─ Nós brincamos, desde que você e o Coragem comecem como bobinhos. ─ Diz meu noivo, livrando-se do chinelo.

─ Tudo bem. Vou fazer de tudo para que você seja o próximo bobinho. ─ Desafia-o.

─ Emi, a gente brinca e se diverte mais só olhando as provocações desses dois. ─ Falo para ela que também já está tirando o calçado.

─ Já peguei a bola. ─ Flynn chuta a bola na nossa direção.

─ Tá legal. Bex no meio. ─ Pego a bola e fico balançando na frente dela.

─ Ah, Laninha... Você me paga por isso. ─ Bate na minha bunda quando jogo a bola para o Sean.

─ Vem pegar. ─ Ele segurar a bola acima da cabeça.

─ Não pense que eu sou a sua noiva que não alcança, porque somos quase do mesmo tamanho. ─ Ela segura o pulso dele e tenta pegar a bola. O restante de nós só sabia rir.

─ Já era. ─ Ele joga a bola para o Flynn que começa a correr para se desviar do ataque da dinda.

─ Eu vou te pegar, moleque. ─ Os dois ficam correndo; nosso garoto já estava sem fôlego, mas não por estar correndo e sim por estar gargalhando.

─ Pega, Emi. ─ Joga a bola para a loirinha que dá um gritinho em resposta. ─ Vai com calma, Bex. ─ Desvia-se da ruiva; não segura a bola por muito tempo, logo joga pra mim.

─ Droga. ─ Esmurro o ar quando a Bex consegue tomar a bola das minhas mãos. ─ Agora vocês vão ver. ─ Puxo a saia do meu vestido e faço um nó na altura das coxas. ─ Vai, joga essa bola. ─ Esfrego as mãos. Bex ameaça jogar para o Flynn, mas joga para o meu noivo.

─ Ih, amor. Desculpa. ─ Segura a bola no alto.

─ EU... ─ Seguro-me nos ombros dele. ─ PEGO! ─ Pulo, enroscando minhas pernas em sua cintura. ─ Me dá! ─ Apoio-me com uma mão só em seu ombro e estico o outro braço.

─ Horário impróprio. ─ Diz Bex, parando do no lado. ─ Amiga, desce porque o Sean está com a cara nas suas tetas. ─ Bate na minha bunda e sai.

─ Pode ficar. ─ Sean passa um dos braços pelas minhas costas me segurando firme.

─ Joga logo, papai. ─ Assim que Flynn se manifesta o Sean joga a bola sem nem olhar.

─ Desce, antes que eu tenha que te arrastar lá para dentro. ─ Me abraça com os dois braços dando um cheiro no meu pescoço. ─ Desisto. Vou cozinhar o arroz. ─ Dá-me um selinho e deixa-me no chão.

─ Vou junto para arrumar a mesa. ─ Grito, correndo atrás dele.

─ Olha lá o que vocês vão aprontar, hein?! ─ Diz Bex.

─ Só vou arrumar a mesa. ─ Ergo os braços em minha defesa e entro em casa.

─ Sei o que veio fazer. ─ Ele me puxa pelo braço e me encurrala contra a parede.

─ Arrumar a mesa. ─ Sorrio, prendendo o lábio entre os dentes.

─ Tem certeza? ─ Pressiona os dedos na minha cintura.

─ Uhum... ─ Passo meus braços pelos ombros dele puxando-o para mais perto. ─ Mas primeiro quero um beijo. ─ Roço meu rosto no dele.

─ Só um beijo mesmo, porque hoje não posso te arrastar para o banheiro. ─ Ele brinca, mordiscando minha orelha. Minha respiração fica pesada quando sinto seus lábios passeando pelo meu pescoço.

─ Não me provoca, amor... ─ Seguro seu rosto e ataco a sua boca de forma nada delicada. Queria devorá-lo se pudesse. Ele suga a minha língua assim que invado sua boca; mordisca meu lábio superior e cola-se ao meu corpo antes de buscar ar.

─ É difícil, apenas, te beijar. ─ Escorrega suas mãos para as minhas coxas.

─ Eu que o diga. ─ Mordisco a curva de seu pescoço. ─ Vamos terminar esse almoço logo. ─ Afasto-o quando sinto uma de suas mãos invadindo meu vestido e ele bufa.

─ Melhor mesmo, senão ficaremos sem almoço. ─ Me rouba mais um beijo e me deixa passar.

─ Bobo. ─ Corro meus dedos pela barba dele.

 

 

Óbvio que o almoço foi uma comédia, como sempre. A Bex até quis levar o que sobrou, se não conhecesse o Colin, diria que ela é a pessoa mais folgada. Emi sempre envergonhada e achando graça de tudo; acho que vou convidá-la para vir aqui em casa mais vezes, assim ela se acostuma com essa agitação toda.

Depois que elas foram embora, jogamo-nos no sofá da sala principal e começamos a assistir filmes; dessa veze assistimos animação, comédia e terminamos com um de terror, claro que uma hora ou outra sempre tinha alguém dormindo ou um fazendo cócegas no outro.

Não demorou muito para que o calor do dia desse lugar a uma brisa fresquinha. Sean foi à farmácia comprar o ácido fólico, já que esquecemos quando saímos do supermercado. Nesse meio tempo, Flynn e eu tomamos banho e vestimos nossos pijamas.

─ Mamãe, posso dormir com vocês hoje? ─ Pergunta-me, deitado na cama junto comigo.

─ Mas é claro que sim. ─ Trago-o para perto e começo a brincar com o seus cabelos. ─ Tive uma ideia para o presente do papai.

─ É? Me conta. ─ Gira o rostinho na minha direção.

─ Já estão dormindo? ─ Sean entra no quarto. ─ Já fechei tudo. Podemos ficar por aqui. ─ Sorri, livrando-se do suéter e da camisa.

─ Então vai logo para o banho para depois nos fazer companhia. ─ Digo, abraçada ao nosso filho e admirando aquele corpo lindo.

─ Já volto. ─ Entra no banheiro.

─ Filho, amanhã eu te conto a ideia que tive. Não vamos arriscar falar agora e ele nos ouvir. ─ Cochicho.

─ Tá. ─ Beija o meu rosto e volta a ficar de lado, agora juntando as mãos sob a cabeça.

Fico observando-o até que ele adormeça. Agradeço pelo filho maravilhoso que tenho e peço, com todo o meu coração e fé, que consigamos ter outro filho tão perfeito quanto esse anjinho nos meus braços.

─ Ele já dormiu? ─ Sean sai do banheiro passando as mãos no rosto.

─ Já. Estava esgotado depois da folia de hoje. ─ Sorrio para ele. ─ Vem deitar. ─ Chamo-o.

─ Estou indo. ─ Pega a caixinha do ácido fólico e deixa do meu lado da cama, depois dá a volta e deita atrás de mim, já que Flynn e eu estamos deitados no meu travesseiro. ─ Essa cama é enorme. ─ Arrasta-se até poder me abraçar. Tiro meu braço de cima do nosso garoto e me viro para ele.

─ Por isso você demorou então. ─ Cheiro o seu pescoço, sentindo o frescor da sua loção pós barba. Ele aparou os fios e tirou alguns perdidos que tinham crescido nos últimos dias. ─ Posso fazer a sua barba na próxima vez? ─ Abraço-o.

─ Pode. ─ Brinca com os meus cabelos. ─ Já estão maiores. ─ Segura alguns fios.

─ É. Vocês pediram para eu não cortar mais. Só estou cuidando das pontas. ─ Fecho olhos sentindo aquele cafuné gostoso e acabo bocejando, fazendo-o rir.

─ Vamos dormir. ─ Beija minha testa.

─ Vamos. ─ Junto nossos lábios em um beijo delicado. ─ Quero ficar abraçadinha a vocês dois.

─ Eu também. ─ Beija o meu nariz antes de eu me virar. Passa um braço pela minha cintura até alcançar minha mão que está ao redor do nosso filho e entrelaça nossos dedos. ─ Boa noite. ─ Beija minha nuca.

─ Boa noite, amor. ─ Acaricio seus dedos.

E assim dormimos, na nossa conchinha. 


Notas Finais


Eu amo essa família! <3


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