História O doce veneno do amor (Harlivy) - Câmara de Tortura

- Chegamos! - ele afirmou, sua voz firme e indiferente, nada comparado ao meu estado.

Desci do enorme carro negro, cujo design era completamente comparável a um carro esportivo em forma de um morcego, me sentindo tonta e com o estômago revirado. Aquele automóvel possuía mudanças que nem eu imaginaria que fosse possível. Era rápido e ágil, feito um guepardo em caça. Não era como um carro comum e os sintomas que sentia eram consequências das suas características peculiares.

- Desde quando você tem esta máquina? - perguntei, engolindo várias vezes seguidas, de forma a evitar o vômito.

- Desde que a construi. - respondeu ele, seus olhos fixos a um computador instalado na parte do antebraço no traje de Bruce. - Precisa de muitas melhorias ainda, mas já dá para o gasto.

- Um traje, um carro, uma caverna e equipamentos… por que fez tudo isso? - indaguei, me aproximando dele.

- Eu precisava de um hobby…

Sem dizer mais uma palavra sequer, Batman digitou um código no computador e uma imagem térmica surgiu, dando para ver claramente alguns capangas dentro do galpão a nossa frente.

- Sete capangas, dois com fuzis de assalto, três com facas e o restante desarmado. Acho que devíamos nos preocupar com as armas de fogo. - analisou cautelosamente.

Assenti com a cabeça e olhei ao meu redor. A noite em Gotham parecia fria, entretanto eu não a sentia, graças ao meu traje. Este, fora feito por mim mesma, através de minhas habilidades com a natureza. Meu colete, assim como minha luvas e minha máscara era de puras folhas e minhas pernas eram cobertas por uma legging verde, para combinar. Graças a uma nova versão da pílula de Harley, feita pelo Wayne, agora eu podia ter mais controle dos poderes que antes eu fugia. Estávamos em nossa primeira missão, sem sequer ajuda da polícia. Meus poderes eram muito bem-vindos.

Correndo silenciosamente, Batman contornou a construção, em busca de uma entrada menos óbvia do que a entrada principal. Fiz o mesmo, porém no lado oposto, encontrando um duto de ventilação na parede direita externa do galpão, que poderia facilitar e muito.

- Bats, achei uma entrada! - afirmei baixo, levando meu dedo indicador a um intercomunicador em meu ouvido, também desenvolvido por Bruce.

Atendendo ao meu chamado, ele apareceu e observou cuidadosamente o duto. Logo, me olhou num olhar de aprovação, assegurando-me que era seguro. Com isso, utilizei de meus poderes e fiz com que uma trepadeira se estendesse do chão até o duto, que estava bem no alto, nos impossibilitando de subir por conta própria. Assim que ela alcançou, Batman logo iniciou sua escalada, apoiando rapidamente em cada galho até por fim entrar na minúscula ventilação. Fiz o mesmo e ao entrar, pensei que estava gorda, afinal era realmente pequeno.

Além de pequeno, estava escuro. Se não fosse pelos movimentos do Batman na minha frente, poderia ter facilmente ter me perdido entre os vários “corredores” da ventilação. Para a sorte dele, o capuz do traje estava equipada com visão noturna. O que infelizmente eu não possuía.

Quanto mais andávamos, mais alto as vozes podiam ser ouvidas. Até que chegamos em uma grade, que nos separava do grande salão interno abaixo de nós. Batman utilizou de sua perna e exerceu pressão nela, soltando três dos quatro parafusos que seguravam-a. Ele apenas não soltou a última para que a grade apenas deslizasse e ficasse suspensa por esta, além de não chamar a atenção dos homens abaixo de nós.

- Faça seu show. - ordenou com um sorriso no rosto, colando um pouco na parede do duto para que eu pudesse ver os dois vasos de arbustos em cada canto do salão.

Num movimento rápido, ele pegou uma de suas cápsulas de fumaça de um dos bolsos do traje e jogou-o no chão abaixo, formando a típica nuvem. Com os capangas confusos, saltamos do duto e caímos no salão em meio a fumaça.

|| P.o.v autora ||

- Mas que porra…? - perguntou um dos capangas, tentando enxergar algo ao meio da nuvem esbranquiçada. Seus olhos ardiam levemente e o medo começou a se instalar em sua mente.

De repente, algo enrolou-se em sua perna esquerda e o puxou, fazendo seu queixo e o chão encontrarem-se rapidamente e puxado para nuvem adentro.

Ele berrou, alertando um outro capanga que estava ali perto, com sua arma de fogo em mãos. Este, não hesitou de atirar na direção dos gritos. Entretanto algo surgiu entre a névoa branca. Algo pequeno e veloz, que atingiu diretamente a mão que tremia perto do gatilho. A dor intensa fez com que ele soltasse a arma. Quando encarou a região ferida, percebeu um shuriken diferente, na forma de um morcego. E isto foi sua última lembrança, antes de ficar inconsciente após uma forte pressão na região de sua cabeça.

Um pouco mais distante, dois capangas estavam agrupado, um com a arma pronta para atirar a qualquer momento e o outro com a faca em mãos, também demonstrando disposto a atacar qualquer um que surgisse a sua frente. De repente, algo se esgueirou no chão e parou próximo aos pés de ambos. Quando estes perceberam, já era tarde, pois, em um movimento rápido, o galho se enrolou por todo o corpo dos dois, os arrastando para o arbusto, onde ficaram presos, juntinho feito amantes.

Então, o tempo da fumaça acabou e a nuvem começou a dispersar-se. Foi então que os olhares assustados dos capangas restantes percorreram todo o salão, percebendo seus companheiros derrotados. Os três agruparam-se, um cuidando das costas do outro. Nenhum deles estavam com armas de fogo e foi por isso que Hera Venenosa e Batman atacaram sincronizadamente, pulando diretamente na cabeça de dois do grupo e os deixando inconscientes instantaneamente. O último, assustado, levantou sua mão desarmada, num pedido despertado de trégua.

- Quem são vocês? - ele perguntou, a voz completamente trêmula.

- Somos aqueles que aparecem em seus sonhos todas as noites para atormentá-lo. - Hera respondeu, aproximando-se e, num movimento rápido, acertando em cheio sua cabeça com um chute.

- Aprendendo minhas frases, hein? - Batman comentou, sentindo um leve orgulho dentro de si.

|| P.o.v Poison Ivy ||

Estampei um largo sorriso em meu rosto como resposta. Analisei o ambiente ao nosso redor e percebi que Batman fez o mesmo. Mas nem sinal de Harley. De repente, ele começou a andar em uma direção qualquer. Não entendi de primeira, contudo não demorei muito para perceber um porta metálica mais à frente de uma larga escada. O segui.

Batman abriu a porta vagarosamente e cautelosamente, ouvindo os rangidos da porta serem ecoados pela sala menor pela qual a mesma dava. Ele entrou primeiro e eu fui logo em seguida. Estava um breu e eu não podia enxergar nada. Foi então que percebi um interruptor ao lado da porta, onde, sem hesitar, acendi a luz.

A sala era estreita, porém comprida. E, ao fim dela, enxerguei uma imagem que nunca queria ter visto na vida.

Harley estava presa a uma cadeira metálica, com fivelas a imobilizando sem a menor gentileza. Utilizava apenas suas roupas íntimas e um pano cobrindo fortemente sua boca. Ela estava coberta de sangue, antigo e novo, além de ferimentos que sangravam sem piedade. Em seu lado, uma mesa com facas, cintos, líquidos e animais mortos, prontos para serem utilizados como instrumentos de tortura.

Batman não hesitou por um segundo sequer de se aproximar, tirar um batarangue de um dos bolsos e utilizá-lo para cortar as fivelas. Me aproximei também, agarrei sua mão e examinei. Podia sentir ainda seu pulso. Ela estava viva, entretanto, inconsciente.

Repentinamente, ouvi um gemido grave e alto por parte de Batman. Ao olhá-lo, percebi uma faca fincada em seu ombro direito. Não demorou muito para que eu sentisse uma dor aguda também. Contudo, na região de minha cintura. Não havia nenhuma faca ali. Mas sangrava muito.

Tiro de raspão.

Continua...