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História O Dragão Branco - Acordado


Escrita por: Memesfar

Notas do Autor


Bem, primeiramente, como é um capitulo maior direi que erros ortográficos são bem provaveis.

Capítulo 11 - Acordado


O sol acompanhava a chuva fina e o sal no ar, criando um arco-íris, fazendo-o lembrar do Alto Septão e de quando foi abençoado. Não sabia nem andar na época, e as cores da coroa do Avatar dos Deuses lhe impressionou tanto que quase desejou ser um Alto Septão, porém a idéia de abandonar o nome não agradava a Jon Targaryen; gostava de Jon e principalmente de Targaryen, fazia-o pensar que era um dragão, voando bem alto onde os homens não poderiam tocá-lo. Eu era uma criança estúpida. Tantos dragões foram abatidos. Rhaegar, Aegon, Visenya, Matarys e agora Daemon.

Ver o mar sereno e pacifico se mexendo o acalmou. Um deserto de água, peixes e sereias. Desejou estar no fundo do oceano, onde nenhum homem iria vê-lo ou tocá-lo. O dragão de três cabeças nevado flutuava acima de sua cabeça, ao lado o Veado negro empinava-se orgulhosamente, o Lobo Gigante rugia ferozmente, a Truta saltitava febrilmente e a Lula Gigante mergulhava sombriamente. Marinheiros lançavam olhares mortos uns aos outros e alguns jogavam água de volta para o mar com baldes de carvalho. Quando subiu no convés pôde ver as dezenas de navios que deslizavam atrás do navio em que estavam, tantos que no horizonte podia ver pontinhos negros distantes. Stannis estalou quando o viu.

— Vossa graça — disse tentando manter a compostura — vejo que levantou.

— Sim — Jon concordou apoiando-se no parapeito de madeira avermelhada. Pensou que ia vomitar lá mesmo — ouvi que o Greyjoy “demanda” falar comigo.

Stannis rangeu os dentes.

— Sim, ele está no porão. Recomendo que descanse primeiro, aquela bruxa ainda pode ter te envenenado.

Jon suspirou. Não poderia descansar, não até completar os objetivos sombrios que tinha.

— Por quanto tempo dormi?

— Dois dias.

— Já descansei o bastante — insistiu — vamos, não quero deixá-lo esperando — completou descendo do convés.

Do outro lado, através de ondas e sal, outro navio os acompanhava, tão grande quanto o navio que estavam, com os mastros ostentando o Lobo Gigante num campo branco. Lá uma visão desconfortante o cegou. O Bastardo Bolton o observava com olhos pálidos e lábios sorridentes. Um ponto vermelho pintava suas mãos, mas Jon decidiu não pensar sobre aquilo.

— Aonde esta Agron? — perguntou fitando a figura branca na outra embarcação.

— Nos céus — respondeu uma voz jovem e familiar.

Deparou-se com Robb a suas costas. Trajava um manto azul escuro; o mesmo que usou no dia que encontraram-se com Balon Greyjoy, suspeitava Jon; preso com broches do Lobo Gigante, estava de negro e as botas eram feitas de couro fervido.

Jon Sorriu e fitou o céu, alvo de nuvens, mas amarelo e azul do Sol, que estava desprotegido. Mesmo com o branco, conseguiu ver uma flecha nevada zumbindo sobre si. Quando voltou a olhar para o Bastardo ele não estava mais lá. Calafrios invadiram a sua pele, fazendo-o estremecer levemente.

Desta vez vomitou.

 

 

O porão não era um lugar para um lorde. Umidade e cheiro de peixe e merda pairavam no ar, o chão era molhado, não de água, julgava. Talvez cerveja, mijo ou sangue. Haviam dois andares acima de onde estavam, ambos mais convidativos e iluminados, carregados de barris e caixas de comida e cerveja. A única semelhança era o Silêncio. Quando Jon pensou sobre aquilo sabia que estava no Silêncio, o temível navio pertencente à Euron Greyjoy. A madeira era avermelhada do sangue que frequentemente era derramado lá, muitos diziam, e a tripulação era muda, todas línguas cortadas pelo próprio Olho de Corvo. Agora percebeu que a morte comparecia ali.

— Aqui — soou baixinho Stannis, iluminando uma porta de madeira com a vela que pouco combatia a escuridão.

As roupas de Jon eram brancas e pretas, mas agora parecia apenas mais uma sombra, tal como Robb, que estava atrás dele. Quando abriu a porta Stannis fez um movimento para segui-lo, mas Jon o impediu com a mão.

— Vou pedir ajuda se precisar — disse pegando a vela da mão de Stannis.

Uma vez lá dentro, o cheiro de bosta aguçou-se. Parecia que Theon havia defecado, não há muito, no balde que lhe foi disposto. O chão estava mais molhado ali.

A escuridão se mexeu.

Você — a escuridão rosnou com escárnio a Jon, ajoelhando-se e ficando um pouco mais alto — me solte já! — Jon pensou que ele iria falar mais alguma coisa, mas ele desatou a olhá-lo — Meu pai vai te matar — ele completou baixinho.

Ele não sabe. Não soube dizer como nenhum de seus soldados ou vassalos caçoaram dele e do pai. Agachou-se, olhando nos olhos negros de Theon. Apenas julgava que eram negros, tudo ali parecia escuro. O prisioneiro usava braceletes de ferro, presos na madeira rubra. Havia despido-lhe da roupa senhorial, deixando-o com uma camisa e calça rasgadas, sujas e marrons.

— Não seu inimigo ­— Theon o observou com olhos julgadores, provavelmente sentindo a rigidez na voz baixa de Jon — não pretendia atacar ninguém, a não ser os traidores do reino, é claro — sentou-se, sem pensar se sentava em madeira ou dejetos — agora, me diga, o que seu pai esperava em atacar a Lorde Stark?

Theon mexeu-se, fazendo as correntes tintilar.

— Ele só estava recuperando o que é seu por direito...

Ah, orgulho novamente — Jon retrucou em certo tom de ironia — orgulho mata sabia? Rodrik não quis dobrar o joelho e proferir algumas palavras sem sentido, tal como seu pai, que poderia ter dobrado o joelho. Ele estaria vivo agora — a face de Theon escureceu.

— Ele não dobraria o joelho para a porra de uma criança — Theon jogou-se contra Jon, mas foi impedido pelas algemas.

Jon fechou os olhos. Não queria matar outro Greyjoy.

— O que estou tentando dizer é: ou eu quebro seu joelho e chuto você ao mar ou você dobra o joelho para ver o amanhecer — ameaçou. Descobriu que ser dócil com os malditos não era uma opção.

Theon ficou lá, duro e vigilante como uma estatua. Talvez pensando como era bom viver, e que dobrar o joelho não era tão ruim, esperava o rei.

— Nunca vou dobrar o joelho a você — O Nascido de Ferro disse por final.

Jon suspirou. Levantou-se pesadamente e fitou a porta, perguntando-se se aquilo seria necessário. Estava determinado a não matar a Lula, porém. Bateu duas vezes na porta.

— Pode trazê-lo — disse a Stannis e Robb, que estavam do lado de fora.

Os cinco minutos que ficou na cela de Theon foram silenciosos e perturbadores. Jurava que ele tentaria atacá-lo, mas o jovem ficou imóvel. Jon podia ver o medo em seus olhos. A porta abriu-se e da escuridão sairam três homens; Robb e Stannis nos flancos de um homem maior que os dois, com uma barba grisalha e espessa. O ferro voltou a tintilar quando Theon se mexeu. Robb trazia uma cadeira, e o homem sentou-se nela quando Stannis o empurrou. Uma cicatriz atravessava seus lábios e barba hirsuta, fazendo parecer que tinha duas bocas.

Robb pegou Jon pelo braço.

— Não precisamos fazer isso.

Balançou o braço para tirar o aperto de Robb. Rhaegar havia matado o próprio pai para o bem do reino, o que quebrar um homem era perto disso?

— Dagmer, vai querer se ajoelhar? — perguntou pondo a mão no ombro do grande homem.

— Não — Dagmer Boca-Rachada soou baixinho.

Vamos Jon, você consegue.

— Tem certeza? — voltou a perguntar.

O silêncio assegurou que estava na hora. Olhou uma último vez para Theon. As Lulas estavam no fundo do mar, mais baixo que os Lobos e Leões, distantes, estrangeiros e orgulhosos. Os dragões voavam acima de todos, de água e terra, e respiravam fogo. Só as Lulas eram estúpidas de desafiar os dragões. A perna de Dagmer estava estendida na frente de Jon, já que a cadeira era bem pequena. Levantou o pé bem alto, e num estrondo desceu no Joelho de Dagmer. Um os sons retumbaram através do Silêncio, de osso se quebrando e de gritos de dor de Boca-Rachada. Pode ouvir um “não”, vindo do prisioneiro, mas a dor espontânea abafou a voz vinda da escuridão.

— Jogue-o no mar — Falo Jon, autoritário e solene.

Dagmer respirava como um cachorro que correu por vinte léguas, e estava vermelho como um tomate. Pôde ouvir Stannis ranger os dentes e Robb lamentar-se quando voltou o olhar para Theon. Por alguma razão, a própria respiração estava fatigada.

— Pensou melhor?

O jovem olhou o “Dragão Branco”, e quando o fez culpa e remorso envolveu a mente de Jon. Pobre homem, paga pelos erros do senhor. Mas o encontrou com olhos severos e ameaçadores. Esperava que o joelho de Dagmer não se fosse em vão, Theon era o precioso coração de seu plano. O rival levantou a cabeça. Parecia que ela era pesada como uma pedra. Ele não iria chorar, Jon sabia, mas provavelmente lutava com força contra as lágrimas. Theon estava quebrado.

 

 

A luz dourada e alegre do sol banhou os olhos de Jon até cegá-los, fazendo-o por a mão em frente da face, protegendo a visão. O dia raiava ao meio-dia, os céus estavam azuis e tudo em resplandecia num tom vivo, tudo menos a madeira do Silêncio, que brilhava rubramente. A calada enchia o ar, junto de olhares silenciosos o expressões sem expressão dos tripulantes do navio sombrio. O som das ondas penetravam os ouvidos de Jon, junto de o grunhido de um homem na própria cabine. Quando entrou lá as janelas estavam abertas, iluminando Robb, Stannis e Corliss, que tratava de um homem grande, com uma barba espessa e ombros largos.

— Ele se dobrou? — perguntou Robb.

Jon assentiu. Theon subia um andar naquele dia, e em vez de jantar peixe cru iria deleitar-se com pavão e vinho, e cagaria numa latrina, não num balde sujo.

— Tudo pelo Theon — soou o homem que era tratado por Corliss, na perna, para ser preciso.

Estudou a cicatriz que separava a sua face. Apesar de parecer um ameaçador monstro com quatro lábios, Dagmer era um homem de certa forma amigável e, principalmente, cooperativo, uma coisa que parecia faltar em todos homens de ferro.

— Você é um homem leal não é? — disse sentando-se numa cadeira elegante, decorada de vermelho, preto e branco, que descansava perto de uma mesinha com iguais de decorações — precisamos de homens leais neste reino.

Boca-Rachada o olhou por cima do ombro encapuzado de Corliss.

— Sou mais pai dele do que o próprio Balon — ele justificou — e o pai deve fazer qualquer coisa para o filho.

O comentário fez Jon lembrar-se do próprio pai e o amor intenso que desviava a Aegon, “o Príncipe que foi prometido”. Mas ele nunca foi tal príncipe, morreu junto de Rhaegar na festa de vermelho e preto. Jon era o escolhido, segundo a bruxa vermelha. Não, era apenas mais uma piada cruel dos deuses, mais uma mentira estúpida. Qualquer um poderia colocar uma faca em seu peito, tal como o fizeram com o pai e com os irmãos.

— O Nascido de Ferro não é tão durão assim agora, né? — gracejou Robb, sentando-se na cadeira ao lado da de Jon.

Dagmer apenas grunhiu com dor a Robb. Stannis sentou-se na frente de Jon, através da mesinha circular e na última cadeira disponível.

— O que pretende fazer com a bruxa? — indagou Stannis.

Jon fitou o chão por um momento.

— O que aconselha?

— Mate-a — retrucou-lhe sem rodeios.

Suspirou.

— Por quê?

O Veado Dourado se mexeu na cadeira.

— Ela tentou te assassinar, ora.

Stannis, “O Justiceiro”, “O Punho de Ferro”, e até “O Cruel”. Era o que o chamavam, pelas costas, é claro. Era um pouco difícil admitir que tinha um pouco de medo dele, mas era um homem leal e que cumpridor de palavra, e da lei. Não iria julgá-lo por querer matar a “assassina” do rei.

— Não posso matá-la — disse Jon em um suspiro, para a surpresa da ambos os amigos — sabe o que ela me disse? — não disseram nada. Só esperaram a resposta — disse que era o escolhido do suposto Senhor da Luz, e que devia ganhar uma suposta Guerra para o Amanhecer, uma guerra contra as criatura de gelo.

Era raro ver Stannis sorrir, mas falar aquilo realmente fazia-o parecer um tolo. Eles só não sabiam.

— Pensei que meu rei fosse menos tolo.

Robb também sorria.

— Não está falando serio, está Jon?

Diferente dos dois, O Dragão Branco dispunha de uma cara rígida e solene. Ele carregava da prova no bolso, e num movimento rápido a carta vinda de Castelo Negro quicava em cima da mesa. Sem uma palavra Stannis esticou-se para assegurar-se da carta, ainda com um sorriso gozador na cara. O sorriso desapareceu mais rápido do que quando apareceu, fazendo cair desgraça na face de Robb também.

— O que há na carta? — perguntou Robb, tomando delicadamente a carta das mão imóveis de Stannis.

Eles estão vindo.

Rapidamente um silêncio perturbador enchia a sala como a água enchia o mar. O que fazemos agora? Os mortos andam aos milhares e jogamos nossos jogos dos tronos, mas quando o frio chegar, os jogadores congelaram e as peças seguiram com o mesmo destino.

— Se isso for verdade... — Stannis quebrou o silêncio.

— Sim — Jon respondeu a uma pergunta imaginária — temos uma escolha a fazer.

Robb colocou as costas na cadeira, tentando ficar confortável na situação mais inconfortável do mundo.

— Se marchamos para o Norte nossos homens nos chamarão de tolos, e , o pior de tudo, os nossos inimigos vão fazer proveito da situação.

— Prefiro salvar o mundo a uma cadeira de ferro sem significado — Jon retrucou olhando ao chão, sentindo frio num dia com um sol amarelo e quente — e além do mais, vamos agarrar os leões pela garganta; isso é um quarto da força de Viserys. Vai deixa-lo com o rabo no meio das pernas.

Stannis rangeu os dentes. Jon jurava que iria arrancar esses dentes um dia desses, mas Stannis provavelmente não gostaria da idéia.

— E depois de destruirmos eles faremos uma linha de defesa no Gargalo — o Lorde de Ponta Tempestade completou, passando o dedos na barba negra — temos minha frota em um lado de Westeros e a dos Nascidos de Ferro do outro, e eles não são tolos de tentar passar nos pântanos dos Reed.

— Exatamente.

— Tem certeza que devemos ir ao Norte? — Robb questionou, franzindo o cenho — o inverno esta chegando.

Sempre estão certos, os Starks. Uma hora ou outra o inverno chega e um Stark ira dizer “eu avisei”. Mas esse inverno seria o inverno dos invernos, um que nenhum homem no Mundo Conhecido poderia prever. Odiaria morrer no frio, sob um monte de neve ensanguentado, talvez com o próprio sangue ou com o sangue dos companheiros; pouco importava, iria levantar novamente como um servo dos Caminhantes Brancos. Pegou-se perguntando quantos rei sucumbiram aos Outros.

— Isso descobriremos com a Bruxa — Jon disse solenemente, levantando-se da cadeira.

Os dois outros fizeram o mesmo, com olhos observadores em Jon. Um par deles era cheio de fúria, justiça e rigidez, outro era frio, solene, compreensível e amigável. Desejou morrer ao lado de homens como esses.

Dagmer grunhiu quando Corliss começou a examinar o joelho quebrado com mais uma de suas ferramentas.

— Tem certeza que não quer leite de papoula? — perguntou em um tom de preocupação.

— Não sou das Terras Verdes — Boca-Rachada disse come se tivesse acabado de ser ofendido.

Jon observou enquanto o Meistre fuçava na perna que ele mesmo tinha quebrado. Fazer a coisa certa. Dagmer certamente havia feito a coisa certa para salvar Theon. Quando dissera que precisava de homens leais não mentira; Roose Bolton o dava calafrios, Euron era um corvo traiçoeiro, Eddard colocava honra acima da própria vida, Edmure era inseguro e inexperiente, Barristan mentiu para ele, Bryce era orgulhoso como um homem de ferro, Arthur era tão cavalheiresco que poderia parar uma batalha para deixar o inimigo mijar. Os únicos que parecia poder confiar com uma faca a suas costas eram Robb, Stannis, Fantasma e Agron.  Que quer Jon? Um mundo perfeito para um rei perfeito? Teria que viver com as próprias falhas de sede de vingança e as falhas dos subordinados.

— Corliss — chamou, desviando do caminho que fazia em direção da porta para fora, fazendo os dois que iam atrás parar abruptamente — tem alguns livros?

O Meistre o olhou com um tom de dúvida.

— Sim, ler fará bem para sua cabeça — ele concordou desviando a atenção para um dos sacos que jaziam ao pé de sua mesa — do que precisa?

— Algum livro sobre os homens de ferro, dos Outros ou de dragões, tanto faz.

Corliss o encontrou com o canto do olho, mas rapidamente voltou a atenção ao saco, agarrando-o.

— Leve esses — instruiu, entregando o saco a Jon.

Pegou-o e pôs-se a caminho da saída, tão luminosa que se alguém dissesse que eram as escadas para o céu não duvidaria. O sol brilhava fortemente iluminando Westeros inteiro, o céu resplandecia em uma floresta de azul espelhando as ondas do mar embaixo de si. Provavelmente seria o último dia quente antes de inverno. Stannis e Robb esperavam abaixo do calor.

— O que é isso? — Stannis perguntou, referindo-se ao saco de seda marrom que carregava.

— Livros.

Mais perguntas não foram feitas.

— Vamos, temos que interrogar a bruxa — Robb disse, virando-se para entrar nas entranhas do Silêncio.

— Agora não — disse com a mão em frente da cara, protegendo-se do sol — descansem primeiro, ela pode fazer algum feitiço — foi a melhor desculpa que pôde pensar.

Stannis rangeu os dentes e Robb cruzou os braços, mas nenhuma palavra foi dita. Eles andaram lado a lado, subindo os degraus castanho-avermelhados até chegarem ao convés, onde desenrolaram uma conversa desinteressante. Em sua cabine um bárbaro era tratado e na cabine dos irmão o ar carregava morte e depressão. Não havia lugar aonde poderia ficar a só. A chuva tinha parado e sem os arco-íris que ela criava em combinação com o sol o dia pareceu desolador e descolorido, como se os deuses tivessem abandonado Westeros em terror dos Outros. O pensamento assombroso despertou um frio dolorido nas entranhas de Jon. Por que há de um deus colocar o destino do mundo nas mãos de um garoto? Fitou o sol, jogando raios de uma luz que não iluminava um caminho, mas que cegava. Não, fogo e calor nunca seria capaz de fazer mal a um Targaryen. Aquilo lembrou-o de Dorne, dos desertos com areia dourada e brilhante, dos seus nativos, com pele cor de oliva e cabelos e olhos negros, um povo guerreiro.

Insubmissos, não curvados, não quebrados. As palavras dos Martell, a família do irmão e irmã, Aegon e Rhaenyra. Após a guerra, Rhaegar deixou Elia em favor de Lyanna, criando um desgosto entre as famílias que permanecia até hoje. Rhaenyra foi levada de Porto Real par servir na corte em Dorne, já que não era herdeira e não tinha cabelos loiros. Viveu com os filhos e filhas de Oberyn e Doran. Não importa, estão todos... Como pude esquecer?! O que havia acontecido com a irmã? A carta que recebeu nunca mencionou nada da irmã. Esperou que Petyr Baelish não fosse burro para matar Rhaenyra.

Olhou para trás, havia coisas mais urgentes a se preocupar. Os olhos silenciosos de um tripulantes encontraram os seus, guardando medo e cansaço em pupilas grandes e negras. Jon nunca pensou que odiaria silencio após a batalha em Fosso Cailin, ou do Olho do Dragão, como seus homens estavam chamando-a. O saco de livros estava pesado, não tão pesado como a coroa que nem usava ainda, mas pesado o bastante para fazer o braço esquerdo de Jon doer enquanto descia para entrar no navio. Desceu duas escadarias e andou em um corredor até estar encarando a porta da cela de Rodrik Harlaw. Cada um dos prisioneiros estaria em um dos Navios Almirantes, em exceção de Theon, que ficaria no navio onde Jon estaria. Jogou a mão a cintura, aonde uma chave gélida de metal negro estava pendurada, pegando-a e encaixando-a na fechadura da porta.

Na escuridão uma lamparina soltava uma luz laranja, iluminando um homem debruçado ao seu lado; um homem duro, com uma face cheia de cicatrizes do tempo e com cabelos longos e finos, dando-o um olhar sombrio. Os olhos negros encontraram os de Jon. Chegando mais perto e agachando-se, podia ver um pratinho de madeira com alguma comida nojenta não tocada. Descansou o saco de livros no chão, chamando atenção do prisioneiro.

— Ouvi que gosta de livros — disse, tentando ser amigável. Ele não era seu inimigo — uma virtude rara em homens de ferro, diria. Todos parecem duros, febris, rígidos, orgulhosos, mas sábios... — balançou a cabeça — não são muitos que tem sabedoria. “O leitor vive mil vidas, enquanto a não leitor vive apenas uma”. Ouvi isso em algum lugar...

— Que quer de mim? — Rodrik rosnou com uma voz rouca.

Olhou-o nos olhos.

— Vou repetir o que disse a Theon; não sou seu inimigo.

— Claramente matou meus homens e meu lorde.

Jon mordeu o lábio.

— Balon não lia, aposto, foi por isso que pôs o orgulho em frente da própria vida, e da vida de seus filhos. Se não fosse eu, estariam todos mortes, asseguro-o. Preciso de homens sábios, não de bárbaros como Dagmer ou manipuladores como Euron — disse, empurrando o saco com livros para o lado de Harlaw.

Ele abriu e olhou o conteúdo que se mostrava presente lá dentro, após ler alguns títulos levantou a cara, fitando Jon.

— Por que precisa de sabedoria?

Jon apertou os lábios.

— Para guiar nosso pobre Theon, ora.


Notas Finais


Wow, que capítulo difícil hein? Cheio de dialogos, planos não revelados e uma pitadinha de violência para salvar alguém. No proximo capitulo teremos a conversinha de Jon com Melisandre, que planejo que seja bem longa e misteriosa, do jeito do Senhor da Luz.


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