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História O Dragão Branco - Quantos Olhos o Corvo de Sangue Tem?


Escrita por: Memesfar

Notas do Autor


Huff! Esse foi díficil. Só pra avisar, eu tou tendo semana de prova então fiz esse capitulão gigante. Vai ter uns erros ortograficos mas eu gostei muito pra ter que esperar mais pra posta, então ai vai

Capítulo 5 - Quantos Olhos o Corvo de Sangue Tem?


Mesmo que estivesse farto do cheiro salino da costa, Jon gostou da estadia em Porto Branco. Sempre que ouvira dizer-se que Porto Branco era a única cidade do Norte, pensava em alguma coisa como a capital do reino, mas era uma cidade um tanto quieta, com pescadores humildes esfolando peixes, crianças brincando nas ruas de mármore branco e mulheres lavando as roupas de seus maridos. A única parte da cidade que realmente aglomerava pessoas era o mercado, que ficava bem no porto, onde comerciantes vendiam peixes, roupas e bijuterias baratas, navegadores negociam preços com passageiros e descarregavam tecidos e vinhos de Essos.

A cidade fazia jus ao nome, tudo era branco. Bem, tudo seria branco se não fosse pelo cometa vermelho a brilhar no céu. Quando Jon olhava a ferida no céu, sentia-se fervendo, por isso andava de cabeça baixa em direção ao castelo de Porto Branco, nomeado Castelo Novo. Pessoas realmente não têm criatividade, pensou cinicamente. O lobo gigante dos Stark, a truta saltitante dos Tully, o tritão dos Manderly, os três travesseiros dos Woolfield, as duas chaves cruzadas dos Locke e o os dois remos cruzados dos Waterman esvoaçavam na entrada do castelo. Os portões abriram-se para Jon e sua companhia; constituída de Stannis e Edward “Botas de Pato” em seu flanco direito, Barristan, Arthur e Malrik em seu flanco esquerdo e seus irmãos e lordes atrás de si, e ainda atrás deles viam 50 homens ostentando o amarelo dos Baratheon, todos a cavalo.

Castelo Novo tinha uma arquitetura parecida com a da Fortaleza Vermelha; com algumas torres redondas coroadas por ameias grandes e quadradas, muralhas se estendendo quinze metros acima do chão e uma camada de dois portões de carvalho reforçado por ferro. Deixaram os cavalos nos estábulos e a escolta no pátio e puseram-se a subir a uma ampla escada que levava à entrada do castelo. Uma vez lá dentro, Jon viu que as paredes eram de mármore branco, adornado com as mais diversas criaturas do mar, muitas que não reconhecia por causa da corrosão que o sal causou ou pelo simples fato de não ser um navegador experiente. Não precisarei de navios nunca mais, pensou, voarei em Agron. Não gostava da água tanto quanto Agron.

Deixou o dragão com as aias, sabia que estaria mais confortável com elas, já que estavam sempre presentes quando treinava e, quanto era pequeno o suficiente, dormia no quarto de Jon. Foram recebidos por lorde Wyman. Gordo e pequeno estava envolto por um túnica de branco e azul-verde. Seus cabelos eram grisalhos, e a gordura em conjunto com a velhice o faziam parecer cem anos mais velho do que realmente era.

— Vossa graça? — disse surpreso, num tom melado.

Ninguém realmente sabia que Jon estaria lá, então já esperava essa reação.

— Sim — Barristan respondeu pelo menino.

— Não o esperávamos — exclamou, virando-se e fazendo um sinal com as mãos, indicando para o seguirem — Mais é uma boa surpresa, com certeza. Agora venham, precisamos conversar.

O seguiram por uma series de corredores e uma escada, até chegarem à pequena sala de audiências, onde em volta de uma mesa de pedra sentavam Eddard Stark, Edmure Tully, Wayn Woolfield, Donnel Locke e Gawen Waterman. Achou estranho que somente vassalos pequenos encontravam-se ali.

— Quem é esse menino? — perguntou com insolência Edmure, até perceber a quem chamou de menino — vossa graça? — levantou-se da cadeira — mil desculpas...

Jon levanto a mão e disse:

— Não o culpo, não me esperavam aqui — andou e sentou-se numa cadeira na ponta da mesa, recebendo reverencias robustas de homens robustos do Norte. Stannis sentou-se a seu lado, Arthur e Barristan pararam em seu flanco, Beric Dondarrion sentou-se ao lado de Stannis e o resto dos lordes necessitavam de ficar em pé por causa de falta de assentos — bem, primeiramente... Aonde esta o resto de seus vassalos — se dirigiu a Eddard Stark.

— Os Homens de Ferro nos pegaram desprevenidos — Edmure respondeu pelo tio de Jon — estilhaçaram nossas forças e nos separaram, e o pior de tudo, Balon retém o Fosso Cailin.

Stannis rangeu os dentes, claramente incomodado com os modos de Edmure.

— Como vocês são pegos desprevenidos por uma frota de trezentos navios?

— Os Homens de Ferro são navegadores excepcionais — interviu Wyman Manderly.

— E nem estavam no mar... — Stannis olhou o gordo com desprezo — temos o meu exército junto com o seu...

— Fosso Cailin é impenetrável — Donnel Locke falou. Era um homem com altura mediana, cabelos e barba loiro-acastanhados, olhos cinza de um nortenho, e um corpo forte entretanto velho.

— Harren, o Negro disse o mesmo — Ronnet Connington estava levantado perto de Eddard — se quiser o levo até Harrenhal e mostro o que o dragão de Aegon fez.

— Acredito que os dragões estão extintos, senhor — Wayn Woolfield tinha uma barba grande e cabelos longos, todos lavados por um castanho-negro hipnotizante. Um homen grande e musculoso, ao auge de sua meia-vida.

— Estariam se o nosso rei não tivesse um — Gargalhou Lorde Ronnet Morrigen, um dos vassalos de Stannis, grisalho e parecia severo, mas era totalmente o contrario disso.

Os nortenhos pareciam desiludidos.

— Então roubaram o dragão de Viserys? — perguntou o regente do jovem Barth Woolfield, que não se encontrava presente na ocasião, Gawen Woolfield, o tio do pequeno lorde.

Jon inclinou-se em seu assento.

Dragão de Viserys? — Hannys Boo’ta tentou segurar o sorriso, mais falhou miseravelmente — O dragão de Viserys! Ah, sim.

— Do que esta falando pirata? — Edmure perguntou, sem nenhuma pista que Viserys contou a maior mentira que Jon já tinha ouvido para todos em Westeros.

— O que esta falando? Esta falando que Viserys mentiu para vocês todos — Jon soou autoritário. Essa era uma mentira leve de Viserys, entretanto funcionou notavelmente bem. Os nortenhos estavam com medo de Viserys.

— Onde está o dragão? — o sopro gelado da voz de Ned deixou a sala um pouco mais fria, e o sorriso de todos caiu tão rápido como tinha aparecido.

— No navio de Stannis, com minhas aias.

— Leve-nos até lá.

E assim Jon o fez. Deixou metade dos homens em Castelo Novo e partiram para os estábulos, onde montaram seus cavalos e trotaram até o navio de Stannis. Lá, desmontaram e subiram ao convés. Jon entrou em sua cabine para encontrar Agron em cima de Nema, a garota rindo e o dragão silvando. Ele viu que a garota usava saia e... Virou a cabeça rapidamente.

— Nema! — exclamou Jon.

— Oh! — ele sentou-se, acariciando a saia — Vossa graça, desculpe por tocar em...

— Não importa — o rei cortou a menina — só use calças da próxima vez — Jon não sabia dizer se ela tinha corado ou se estava vermelha por causa das brincadeiras com o dragão.

O garoto assobiou fraquinho e Agron voou para seu lado. Nema estava extremamente linda, com os cabelos negros cobrindo-o com mão protetoras, os olhos verdes flamejando à luz do sol que passava pelos buracos na parede. Reconfortou a garota com palavras amigas e pôs-se a caminho do convés, onde encontrou o “Lobo Silente”, como Rhaegar gostava de chamar Eddard.

Eram bons amigos, mesmo que tenham lutado uma guerra e Rhaegar tivesse matado Robert, Ned tinha sido compreensivo com o rei muitos anos depois da luta. “Não culpe a família pelo ato de um lorde louco”, Rhaegar disse a Eddard quando ele veio em sua frente, como prisioneiro e acorrentado, “meu pai matou seu pai e irmão, não eu. Não queria que nenhum mal fosse feito a eles, supliquei ao meu pai para que entregasse Lyanna, mas ele era louco. Sei que o que fiz foi errado, mas... havia alguma coisa nela que era... estranho. Eu amo ela, não duvide, e lutei mais por ela do que por meu pai. Suplico-lhe que mantenha a paz, e o pouparei”, a conversa havia se estendido por muito mais, porém Arthur lhe disse que foi quando Rhaegar disse isso que Eddard concordou em ser um fiel vassalo. Depois disso, a relação dos dois só melhorou.

Quando Ned viu Agron, todo de branco e azul, pareceu que alguém o acertou um golpe bem no rim. “Rhaegar...” ouviu o tio murmurar.

— é muito pequeno — Wyman Manderly realçou; Agron era menor que um cavalo só que maior que um pônei.

—Era do tamanho de um cachorro quando deportamos da Costa Ândala — Jon pegou um peixe de um cesto perto do mastro principal, jogou o para cima e Agron o seguiu com os olhos, mas só o observou cair. Edmure riu. — espere para ver — Jon pegou novamente o peixe e o tacou para cima — dracarys — disse, e as chamas amarelas brilhantes de branco, como o sol, engoliram o peixe, e o dragão fez o mesmo com os restos torrados do mesmo.

Todos pareciam fascinados.

— Meu senhor — Gawen Woolfield ressoou para Eddard, como todos os outros faziam — devemos ajudar ao rei.

Ned olhou o dragão e suspirou. Transformou-se em um homem cansado e triste de repente, diferente do homem duro e frio que Jon estava acostumado.

— Iremos — disse como se o dever o estivesse empurrando em um precipício — iremos ajudar ao rei.

 

 

Foram longos dias de viajem e cada parecia mais cinza e, principalmente, mais frio. No começo, tiveram o hábito de andar nas horas da noite, porém isso mostrara-se impossível com a frigidez que dava a cara assim que o Sol se punha. Fizeram uma tenda grande para Jon, muito grande, muitos soldados diziam, mas retiraram as palavras quando o dragão dormira com seu dono. Foi a melhor escolha que Jon fez, o dragão parecia não esfriar, e bastava você ficar a vinte metros dele que sentiria o calor. Agron tornara-se maior que um cavalo e todas as manhãs erguia-se mais alto que os pinheiros e abetos cobertos de neve junto de seu montador para reconhecer a área. Não era tão frio por que Jon abraçava-se a Agron.

Seus irmãos, Barristan, Arthur, Malrik e Nema dormiam na tenda, (Jon decidiu que precisava apenas de uma aia) enquanto Botas de Pato e Hannys Boo’ta embebedavam-se com os Coiotes do Deserto, que ironicamente estavam no meio do gelo.

Sonhava que o chão era de gelo, mas se desse um passo a mais cairia num abismo azul brilhante. Olhou ao horizonte; os pinheiros erguiam-se orgulhosos, pertos dos abetos e lariços. Pareciam negros perto do azul cinzento. Olhou ao seu lado e mil homens gelados estavam em pé, imóveis como mortos. Olhou no céu e viu o cometa vermelho, mas também duas sombras; uma preta e outra branca; a lutar e silvar a uma a outra. Ao seu lado, chegou uma mulher cheio de friúra em cima de um cavalo, ouviu o quebrar do gelo quando a figura morta o olhou, então sentiu mil mãos ao empurrá-lo para o abismo.

Acordou aos saltos, respirando frio, mesmo ao lado de Agron. A criatura alarmou-se e soltou um pequeno silvo. Nema estava acordada por alguma razão, remexendo em um livro, mas rapidamente virou-se

— Senhor? — falou baixinho e correu de encontrou a um Jon gelado e assustado — esta frio.

Agron chegou perto e Jon o abraçou, mas mesmo a ternura de seu amigo parecia não afastar o frio. Sentou-se ao lado da cama e se recompôs, ainda com um braço em volta de Agron.

— Os Outros... — alguma magia forço-o a dizer.

— Os Outros? — A voz de Nema deixava Jon feliz, mas ela mais parecia achar a idéia de “Os Outros” boba.

— Eu sonhei... Por que estou tão gelado? — respondeu estremecendo.

A aia veio com um pouco de água

— Sabe ler? — Perguntou para a menina

— Não eu só...

— É traição mentir para um rei — disse Jon, tentando esquecer-se do sonho.

— Sim — ela disse com um suspiro

— Não esperava isso de uma aia do leste.

A menina olhou para baixo e sentou-se ao lado de Jon.

— Servi uma mulher chamada Tregara Drenn, linda, com cabelos loiros e olhos azuis, um corpo que muitos homens cobiçavam. Era gentil e inteligente, tanto que conseguiu uma pequena cidade, chamada de Tionar, de um jovem bobo que tinha muito poder. Ela me resgatou das ruas de Tionar e me tornou sua aia. Com sua beleza, tinha muito luxúria, e teve uma bebezinha bastarda, mas a tomou como sua protegida e criou-a como sua filha. Me ensinou a ler por que a filhinha gostava que contassem histórias, mas a mãe era muito ocupada. Todas as noites eu lia uma história diferente para a pequena Lasha. — ela apertou as mãos em alguma coisa invisível — Só que... — uma lágrima inevitável caiu de seus lindos olhos verdes — os mirenses saquearam tudo. Vi um homem estrupando Tregara, e outro matou Lasha em minha frente e depois... — dessa vez desatou a chorar.

O que eu faço? Por um instinto primal a segurou em seus braços e ela deitou em seu colo.

— Ninguém fará mal algum a você — disse baixinho. Reconfortou-a com palavras pacificas e no próximo momento se beijaram. “Conheça seu povo”, Lyanna sempre falou, “Ame-os e eles amarão você”. Será que isso é amar de mais? Perguntou a si mesmo, mas estava perdido em um beijo mais quente que Agron.

Quando viu a menina da primeira vez achou-a bonita, só isso. Mal se conversavam na verdade, mas agora se abraçavam como um casal de longos anos faria. Talvez fosse por que sentiu compreensão pela garota, afinal, as suas histórias não eram lá tão diferentes. Contudo, havia algo mais, uma atração esquisita... Um calor anormal nela, uma coisa familiar. Jon não sentia mais frio, só sentia o calor dela. Não podemos fazer isso aqui. Todos dormem na tenda, Pensou Jon.

O fizeram do mesmo jeito.

Agron e Jon viram Fosso Cailin e o acampamento dos Homens de Ferro a mais o menos 10 quilômetros da força principal. Stannis iria comandar a vanguarda e a cavalaria, Ned o centro, Balon Swann, um bom comandante, segundo Stannis, o flanco esquerdo, Edmure o flanco direito. Hannys Boo’ta iria levar os Coiotes do Deserto e tentaria dar a volta e pegá-los por trás e Beric iria comandar os arqueiros, junto de um amigo seu, chamado Anguy, que muitos diziam que era o melhor arqueiro de Westeros. Tinham 13 mil homens; 3000 de infantaria pesada, 5000 de infantaria leve, 3000 de arqueiros e 2000 cavalheiros.

Aterrissou pensando no que fez na ultima noite. Foi errado, pensou, “Jon o rei que transou com uma aia”. Vou ouvir isso se alguém descobrir. Sentiu que tinha mais na aquilo. Tinha resistido muitas mulheres, mas algum impulso o levou a fazer o que fez. Tinha alguma coisa haver com o sonho que teve, lembrou que a figura gelada em cima do cavalo parecia-se com Nema.

Perto de sua tenda soldados e senhores andavam, preparando-se para a batalha que iria a vir, muitos nobres com armaduras de placas, ostentando seus sigilos. Selwyn Tarth com o sobretudo carregando sua bandeira; dividida em quadrantes, o primeiro e o quarto com um sol em amarelo sobre rosa, o segundo e o terceiro com uma lua crescente em branco sobre azul; Um lorde desconhecido, com rouxinóis sobre amarelo, Lorde Beric conversava com Balon Swann, Barristan Selmy se divertia com Dayne, um grupo de nobres; Sores Selmyr e Maekar Buckler, que tinham o pai sob custodia em Porto Real, Lorde Imry Wylde, Lorde Ronnet Morrigen, com os dois filhos mais velhos, Lester e Guyard, Ronnet Connington, Beric Wagstaff com o filho, Harlan, e Arstan Selmy. Barristan era tio-avô deste aqui; estavam conversando sobre quem iria matar mais homens.

A viajem do dia anterior tinha sido tranquila, Jon tivera que admitir. Os pinheiros se tornaram em carvalhos, e depois tudo se tornou em lama, quando estavam chegando a Fosso Cailin. Seria impossível não ser visto.

— O calor da batalha irá aquecê-lo — Edward “Botas de Pato” lhe dissera. Eram os batedores, então estavam a frente da força principal. O acampamento dos homens de ferro continha muitas tendas e estandartes, mas estavam muito longe para que Jon os reconhecesse. Homens fortes e rígidos andavam de lá pra cá, alguns com cachorros irados. Sentem o cheiro de sangue. Jon por sua vez cheirava o maldito sal que o acampamento exalava. Estimou seis mil inimigos.

— Tenho certeza que sim — lhe respondeu Jon, olhando em Fosso Cailin, que agora estava a três quilômetros deles — Como foi sua primeira batalha?

— Ha! — riu o pirata — tinha 15 anos e era escudeiro de um cavalheiro andante qualquer da campina. Alguns bandidos estavam pilhando suas terras e o lorde que servíamos no tempo decidiu que iria dar um jeito neles. Pena que não sabíamos que os bandidos tinham uma força de 500 homens, e nós tínhamos apenas 250.

— A Irmandade da Raposa?** — eram bandidos famosos em Westeros, e ainda existiam hoje em dia, em menos números entretanto.

— Deve ser. Fomos atacados e eu estava na linha de frente. Me derrubaram bem quando nos tocamos, e pisaram em mim umas dez vezes, por algum milagre consegui me arrastar para fora. Me sentei com as costas apoiada numa pedra e assisti aos homens se matarem, até que me vem um moleque, menor que você, correndo em minha direção com um punhal na mão. Podia estar com as costelas quebradas, mas não ia morrer pra um bandidinho sujo. Pulei em cima dele e o estrangulei; foi minha primeira morte também. Me fingi de morto e depois dos bandidos fugirem para sua toca roubei o que restava do lorde e do cavalheiro que me pegou como escudeiro e fugi.

Jon gostava de Ed e suas historias, e gostava ainda mais do jeito que o treinara no outro lado do Mar Estreito. Barristan e Arthur sempre foram gentis com Jon visto que são irmãos juramentados da Guarda Real, e isso os faz impotentes de sequer pensar em machucar o rei. Ed, por outro lado, nunca fez voto algum, pelo que Jon sabia, então suas sessões de treinamento era em muitas vezes doloridas e árduas, o que deixava o feliz, já que se sentia mais forte e resistente a cada hematoma que perdia.

— Vamos temos que falar que estamos prontos — rosnou Ed.

Voltaram para o acampamento e deram a ordem para mover. As tendas se manteriam como estavam, junto de 200 homens que ficariam e protegeriam a família real. Ou o que resta dela. Foi uma caminhada devagar. Um cavalo tropeçou num arbusto qualquer e quebrou a perna, o homem que o montava foi mandado de volta para o acampamento. Em dentro de trinta minutos todos estavam em posição; os cavalheiros de Stannis a frente, a infantaria pesada de Ned no centro, com armaduras que tinham metal, mas não se comparava a armadura de um lorde. Aos flancos, homens com armaduras leves de couro e cotas de malhas seguravam firmemente sãs lanças, alguns seguravam maças.

— Eles nos viram — Edmure disse o obvio quando ouviram o som grave das trombetas. Aaaauuuuuuuuuu. E de novo. Aaaaauuuuuuuuuuuu.

Ninguém respondeu.

Jon ouviu os soldados com armaduras a se mexer inconfortavelmente, um ou outro falando sobre mulheres ou cerveja, enquanto subia na sela de Agron. Feita de couro preto e duro, a sela continha cintos de segurança nas pernas e nas cinturas, mas não havia rédeas, não era necessário, Jon se sentia mais confortável quando segurava aos espinhos branco-azulados de Agron, era quase como se estivessem conectados. O inimigo estava entrando numa formação descoordenada, parando em frente à colina do Fosso Cailin. Stannis deu a ordem, os cavalos relincharam e galoparam, os homens gritaram e brandiram suas lanças e espadas. Alguns cavalos tropeçaram na lama profunda junto de seus montadores, mas a maioria passou sem problemas. Quando chegaram ao alcance, machados foram tacados. Jon viu um acertando um homem bem na cabeça.

Se colidiram numa explosão de lama e sangue, homens sendo atropelados violentamente. Alguns caíram de suas montarias e eram pisoteados, outros eram acertados com lanças e machados, e a maioria passava ainda com vida e com montaria. Está na hora.

Sovegon — Jon disse e Agron obedeceu.

Subiu no céu cinzento enquanto observava os cavalos rodeando os soldados dos Greyjoy. Até pareceu que viu Stannis, passando a espada em um e atropelando outro. Os sons do aço, gritos e berros eram abafados lá em cima, e tinha uma ampla visão do campo de batalha; Eddard avançava lentamente junto de Edmure e Balon, viu que o que os homens que Stannis atacava nada se comparavam aos homens no outro lado do acampamento; e tinha certeza que estariam prontos com a lamentável vanguarda deles em pouco tempo.

Jon liderou Agron até planar em cima da reserva do inimigo; era composta só de infantaria, mas a maioria com armadura boa de cota de malha e uma parte de metal ali e aqui, usavam machados, escudos, lanças e, uma menor parte, a espada; viu os homens olhando o que os esperava. Mergulhou o dragão na direção dos homens lá em baixo e sentiu o vento forte em sua face. Sentiu-se grato por ter os cintos de segurança.

DRACARYS! — Gritou o mais alto que pôde enquanto puxava o dragão para cima.

Agron soltou seu fogo amarelo brilhante como o Sol com um som assustador, bem, assustador para os homens que eram queimados enquanto davam um rasante, deixando uma trilha de fogo atrás da cauda de Agron. Jon virou-se para trás e viu os homens queimando, e o melhor, viu muitos homens largando as armas e correndo em direção ao mar.

Seu sorriso não durou muito, uma chuva de flechas chegou lá de baixo, a maioria das flechas rebatendo nas escamas fortes de Agron, mas uma sortuda...

Agron!— Jon disse enquanto o dragão silvava e se torcia de dor. A flecha tinha acertado bem em seu olho.

Jon fechou os olhos, rezando para a montaria se recompor. O dragão foi em direção a batalha que acontecia no acampamento, então rodopiou e Jon ficou preso, de cabeça pra baixo. Ouviu-se um som surdo de metal se quebrando, então sentiu-se solto. Abriu os olhos para perceber que foi um erro, as coisas estavam muito mais assustadoras do que quando fechou os olhos. A sela falhou, sentiu o vento e viu o chão vindo para mais perto. Encontrou o chão num som metálico dolorido, tinha perdido todos os sensos. Homens lutavam a sua volta, homens com a mão esquelética dos Drumm, e homens com o lobo gigante dos Stark. Estava no chão, ouvindo o som da luta, sentiu cheiro de fumaça e de carne queimada. Tentou se levantar apoiando-se numa caixa de madeira perto de uma tenda vermelha, mas falhou, tentou novamente, desta vez tropeçou e caiu no chão lamacento.

Uma cor se destacou das demais. Um cavalheiro com armadura de placa e sobretudo amarelo lutava com dois homens usando uma espada longa. Um deles brandiu o machado e o cavalheiro aparou o golpe, contra-atacou e cortou a coxa do soldado, rapidamente tirou o punhal do cinto e a garganta do homem estava aberta. A essa altura o outro já tinha corrido faz muito tempo.

O cavalheiro veio de encontro de Jon, o levantou e disse:

— Meu rei, vi você cair da besta, está bem? — perguntou gritando. Usava capacete, mas tinha uma voz jovem e agradável.

Os sensos voltaram para Jon, conseguia ver e ouvir claramente. O aço, os gritos, o sangue e o fogo. Sentia tudo isso e um pouco mais. Desembainhou a espada, se perguntando com ainda estaria lá, e pegou no ombro do jovem cavalheiro.

— Temos de achar Agron.

Foram em direção a destruição que Agron tinha feito, lutando com os inimigos no caminho. O Jon percebeu que o cavalheiro misterioso tinha rouxinóis no sobretudo. Os Homens de Ferro tinham um jeito bruto de lutar, isso até funcionaria se tivessem armadura boa para proteger, mas não tinham, e ambos o garoto e o cavalheiro entendiam isso, fazendo a luta fácil. Jon vislumbrou um homem em combustão correndo e berrando. Estamos no caminho certo, pensou. Estava prestes a correr quando o jovem gritou.

Rei!

Por alguma razão, olhou para o lado e viu o brasão dos Drumm novamente; a mão esquelética em branco sobre vermelho; desta vez um homem grande brandia uma espada em sua direção. Rolou para o lado e viu que usava armadura de placa, e só um nobre no meio dos Nascidos de Ferro usaria uma armadura dessas. Bonehand. Era assim que chamavam Dunstan Drumm. O jovem ouvira as histórias do homem, e a única coisa que poderia ser pior que perder Agron seria perder a própria vida, e Bonehand é o homem que poderia realizar isso.

— Vem cá dragãozinho! — disse por baixo do capacete.

Desviou de outro ataque e tentou correr, mas o pesado homem se tacou e agarrou a sua perna. Jon tentou chutá-lo desesperadamente, mas foi em vão, o grande homem estava se levantando. Era o mais forte e alto homem que Jon tinha visto, e estava prestes a descer a espada nele com toda a força. O cavalheiro rouxinol apareceu no ultimo segundo, agarrando-se a Dunstan e abrindo seu visor para revelar um homem grisalho, com um nariz largo, sobrancelhas grossas e um olhar irado. Grunhiu e se tacou para trás, amassando o rapaz que ajudou a Jon. Não pretendia ficar parado, levantou-se e pegou a espada que Lorde Drumm empunhava, e apesar de ser maior que a arma de Jon tinha usado, era extremamente leve.

Drumm não teve tempo de se levantar, e o rei não teve tempo de mirar, só desceu a espada na face de Bonehand. Ela bateu bem no nariz dele, cortando-o ao meio horizontalmente, porém o homem era um lutador e não morreu no primeiro golpe. Levou mais dois golpes para levar o filho da puta.

Ajudou o cavalheiro a tirar o grande corpo de cima.

— Está bem? — perguntou e agachou-se. Guiou a mão para segurar o braço dele e fez movimentos, testando a articulação do jovem.

— Estou — o cavalheiro disse enquanto levantava-se com dificuldade.

Os barulhos estavam mais calmos, porém não tinham parado. Agora ouvia o gemido dos moribundos, berros e aço dançando a distância. Andaram seguindo a trilha de homens carbonizados, eram meia dúzia no caminho, mas quando chegaram aonde Agron aterrissou Jon ficou surpreso. Estava tudo destruído, pedaços de madeira estavam enterrados na lama e uma tenda inteira havia desabado. Em volta do dragão ensanguentado pelo menos uma vintena de homens estavam negros. O cheiro de carne queimada era forte, mais nada se comparava ao cheiro de morte e sangue. Mancou para encontrar o dragão. A flecha ainda estava em seu olho, partes da asa estavam dilaceradas e havia muitas marcas de machados, lanças e espadas nas escamas da besta. Ele silvou fraquinho quando Jon segurou sua garganta e à puxou para cima.

— Temos que ir, vamos — disse pacificamente.

Agron hesitou, mas se levantou do mesmo jeito. O cavalheiro rouxinol estava estranhamente calado.

— Quem é você? — finalmente indagou Jon

— Bryce Caron, Vossa Graça — respondeu suspirando pesadamente, após tirar o capacete.

Jon o olhou e franziu o cenho:

— Conhece Malrik Caron?

— Meu irmão? Ele foi para-lá-do-mar-estreito com meu pai, em férias, mas foram atacados por bandidos.Os dois estão mortos — disse pesarosamente.

— Ou o meu escudeiro mentiu pra mim, ou encontrei seu irmão.

— Do que esta...

Ouviram os gritos, não gritos de guerra, gritos de vitória. Ao Dragão Branco! Ao Dragão Branco!

Quando chegou com Agron e Bryce os sorrisos se tornaram em lamentos quando viram o estado da besta. No meio deles estavam os prisioneiros. Largou de Agron e chegou mais perto.

Queria matar todos, mas seu ombro doía da queda.


Notas Finais


Espero que tenham gostado!


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