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História O Enigma do Príncipe - Conflitos


Escrita por: stormary

Notas do Autor


Aloha!
Vou começar pedindo desculpas por dois motivos, primeiro por essa demora absurda que tivemos essas semanas e depois por ter prometido postar o capítulo terça e não ter aparecido, mas agora com a formatura vem uma certa onda de calmaria.
Espero agora poder voltar ao nosso fluxo antigo de postagens, se tudo der certo, mandem a energia positiva de vocês aí e não percam a paciência comigo.

Boa leitura!

Capítulo 74 - Conflitos


- Vou contar mais algumas coisas que precisa saber. - Cissa sentou. - Por onde devo começar?

Severo não respondeu por alguns segundos. Se ele precisava saber de mais algumas coisas, provavelmente tudo ia além do por que sua magia não estar respondendo e não teve certeza se queria realmente saber. Engoliu seco e deu de ombros, tornando a encorpar a pose de indiferença que lhe era característica.

- Comece pela minha magia e o porquê dela não estar me respondendo. – disse finalmente, o tom de voz saindo frio e cortante.

- Bom... – respirou fundo. Não havia uma forma de dar uma noticia assim sem que ele fosse explosivo, havia? – Você não consegue porque não tem magia alguma que possa usar.

- O que quer dizer com isso? – ergueu a sobrancelha.

- Na noite da batalha, quando Dumbledore resgatou você da casa dos barcos, seu ferimento era muito sério e havia veneno em quase todo o seu organismo. Ele tentou alguns procedimentos para ajudar você a se recuperar antes que fosse tarde de mais, porém a sua magia passou a interferir no processo, como se estivesse bloqueando todos os estímulos que o mundo exterior ao seu corpo estivesse mandando...

- Vá direto ao ponto. – a interrompeu. – Economize o meu tempo ao invés de tentar apaziguar seja lá o que Dumbledore tenha feito.

- Sua magia foi anulada. – ela disse. Severo arregalou os olhos de leve. – Seu núcleo mágico foi totalmente zerado, porque só assim foi e ainda está sendo possível realizar o seu tratamento.

- Está dizendo que não sou mais um bruxo? – não quis deixar transparecer sua incredulidade.

- Era a única forma que tínhamos de ajudar, Severo, espero que entenda que...

- Entender? – disse. – Só pode estar brincando, Narcisa. Está me dizendo que a última certeza que eu tinha acabou de ser tirada de mim, de novo e pelas mesmas pessoas. Eu estava certo. Teria sido melhor se Dumbledore não tivesse tentando bancar o herói e ido até lá, nem que você tivesse se metido nisso. Pelo menos assim não estaria passando por essa palhaçada toda, enquanto todo mundo tenta me convencer que foi melhor assim.

- Está exagerando, Severo. – respondeu. – É uma condição temporária, talvez quando terminarmos o tratamento sua magia volte como antes.

- E quer que eu me contente com o seu talvez? E quer o que mais? Que eu vá até Dumbledore e agradeça por ele ter sido o grande herói e ter me colocado nessa situação toda? Ou que eu agradeça a você por ter se metido em algo que não era mais da sua conta? – disse sarcástico. – Vocês são inacreditáveis.  – riu-se debochado.

- Você é inacreditável. Ou acha que a Guerra tirou coisas só do senhor, Snape? Pensa que só você fez sacrifícios? – cruzou os braços. – Está errado. Muito errado, se quer saber. Ficamos preocupados com a sua situação, por isso todos concordaram com a anulação de magia. E quanto a sua situação, eu sei que é difícil, mas não foi só você que saiu perdendo.

- Me conte então, quais as outras coisas que devo saber? Talvez assim eu entenda o que está dizendo, já que agora fala em meias palavras.  Mostre as situações piores que a minha.

- Muitas pessoas morreram, Severo. Pessoas que tinham futuro. Tonks e Lupin deixaram um bebê, crianças deram a vida. – respirou fundo. – Os... Os Weasley perderam um filho, imaginei que pudesse no mínimo entender o que essas pessoas estão passando.

- Não posso. E não por questão de egoísmo, mas não. Filhos nunca fizeram parte do meu plano de vida e sabe disso, então eu não posso imaginar e nem poderia.  – deu de ombros. – Sou indiferente a isso.

- Tem razão. – forçou a voz a sair pelo nó da garganta. – Eu sei disso. Não deveria me surpreender. – levantou. – Beba a poção revigorante que eu trouxe.

- Algo me diz que não terminou de me falar as coisas. – ele disse enquanto ela ia em direção à saída.

- Não vou lhe perturbar com problemas meus, Snape. – saiu sem olhar para trás.

Narcisa parou apenas quando chegou a um dos banheiros, firmando-se na pia enquanto respirava fundo. Não sabia exatamente o porquê de estar se sentindo assim, como se o castelo fosse cair sobre ela a qualquer momento, afinal nada que viesse de Snape deveria lhe deixar surpresa pelo menos depois de todo o tempo de convivência que haviam tido, de uma forma ou de outra.

Talvez o não poder ter contado a ele, ou sua súbita falta de coragem vinda da responda que recebeu dele sobre a situação de Arthur tenham a feito cair na real. Era direito de ele saber o que de fato ela estava esperando um filho dele e o que havia acontecido com o bebê durante a batalha, mas nem por isso poderia exigir que ele sentisse toda a dor que ela vinha sentindo desde que sofreu o aborto. Afinal, ele sempre havia sido muito claro quanto ter filho e o quanto essa ideia sempre o havia desagradado.

Precisava juntar mais coragem do que achou que precisaria para isso, mas enquanto a maré está contra si, tinha que manter o pensamento em Draco e em uma maneira de tirar o filho de Azkaban enquanto ainda podia. Não era capaz nem de imaginar como seria se o filho acabasse de fato indo para aquele lugar por sua culpa, porque havia lhe faltado coragem de enfrentar Lúcio e protegê-lo enquanto tinha tido a chance.

Olhou-se no espelho por mais alguns instantes antes de soltar o cabelo sobre os ombros e ajeitar o vestido no corpo. Iria ao Ministério e lutaria com unhas e dentes pela liberdade de Draco. Havia cansado de deixar as coisas para depois e sua vida nas mãos dos outros. Aquele era o momento de resgatar qualquer resquício dos Black que ainda haviam dentro dela e ir à luta pelo o que queria.

~*~

O dia havia amanhecido há pouco tempo quando Narcisa terminou a xícara de chá e aparatou em Londres, meio caminho até o Ministério da Magia. Carregava consigo uma pasta contendo tudo que pode encontrar de documento ou qualquer outro tipo de coisa que vinculasse diretamente a pessoa de Lúcio a Voldemort e aos Comensais e que pudessem ser negociadas a favor de Draco. Sabia que era algo delicado a fazer e que precisava ainda mais cuidado para acabar não envolvendo ainda mais o filho nisso.

Assim que chegou ao prédio do Ministério, seguiu diretamente para o departamento de detenções, aonde provavelmente Draco deveria estar se ainda não tivesse sido transferido para a prisão. Era claro que Comensais da Morte não receberiam bom tratamento e seu filho havia sido pego junto a eles, e o fato de ter a marca agravava ainda mais as coisas.

- Senhora Malfoy. – foi recebida por uma mulher negra e alta, extremamente elegante, que se levantou de trás da mesa assim que a viu.

- Eu... Meu filho? – manteve a voz firme e tentou se proteger atrás da figura imponente de uma Malfoy, que carregaria por pouco tempo.

- Sinto muito, mas as informações a respeito do senhor Malfoy são restritas.

- Tenho documentos da cúpula dos Comensais, a maioria ligada diretamente ao meu marido e de interesse do Ministério. – aproximou-se. – Quero negociá-los.

A mulher pareceu hesitar por alguns instantes, antes de erguer de leve a sobrancelha.

- Segunda porta a sua esquerda. – disse por fim.

Narcisa agradeceu com um leve aceno de cabeça, antes de seguir pelo caminho indicado pela outra. Chegou ao local e parou em frente a uma porta de madeira com as iniciais “H.B.” logo acima da indicação de Chefe dos Aurores. Bateu algumas vezes e esperou um “entre” em resposta, que veio logo em seguida, para entrar na sala e fechar a porta atrás de si.

Henry Bennett era um homem no auge dos seus trinta e seis anos, que havia alcançado a posição de maior desejo entre aos aurores e por muito tempo cumpriu da melhor forma possível o papel que lhe era responsabilidade. Era um homem alto, com cabelos castanhos e curtos, o olhar duro e os ombros largos. Poderia meter medo em muita gente.

- Narcisa Black Malfoy. – ele levantou, estendendo a mão para a mulher em sua frente. – A que devo a honra de sua visita?

Narcisa lhe deu um leve aperto de mão.

- Vim saber sobre meu filho. – respondeu.

- Draco está no lugar que deveria estar, a caminho da prisão. – sorriu para ela.

- Ele é só um garoto que foi obrigado a fazer isso tudo...

- A senhora é mãe... – a interrompeu. – O mais natural é que queira defender seu filho, mas sinto muito. Ele ficará detido até, no mínimo, o julgamento. Agora é tarde de mais para tentar defendê-lo de algo, devia ter feito isso antes dele se tornar um Comensal.

- Não entende, não é? Acha mesmo, Sr. Bennett, que eu gostava de ver meu filho sendo obrigado a fazer todas aquelas coisas? Eu nunca deixaria isso acontecer se houvesse uma forma de fazê-lo. Então não me venha de discursos moralistas.

- Trabalhamos com fatos, Senhora Malfoy e não com “achismos”. E o fato que temos é que seu filho é um Comensal da Morte. E mais, posso dizer que só o seu sobrenome já é o suficiente para pedirmos a sua prisão também. – inclinou-se sobre a mesa. – Eu me preocuparia com isso, se fosse você. E quanto a isso... – pegou a pasta que Narcisa segurava. – Terei o prazer de encaminhar para o Ministro.

Narcisa encarou o homem por alguns segundos.

- Obrigada pelo seu tempo. – virou-se e deixou a sala da maneira imponente que havia chegado.

Saiu da sala fechando a porta atrás de si e respirou fundo no corredor. Se não estava no último de sua aflição, definitivamente agora tinha chegado lá. Tinha que fazer o possível para não dar motivos para que sua prisão fosse possível, porque isso seria a mesma coisa que dar a sua sentença de morte e a de Draco ao mesmo tempo.

Agora tinha a plena certeza que apenas Dumbledore poderia ajudá-la e ajudar seu filho a se livrar de tudo isso. Entrou no salão principal do Ministério e nem se deu conta em que momento o deixo até o centro de Londres, para enfim aparatar em Hogwarts.

~*~

Já eram quase nove horas da manhã e Severo estava sentando na maca com a cara mais amarrada possível, enquanto Madame Pomfrey terminava de fazer o curativo no ferimento em seu pescoço. Achava ridículo ter que se submeter aos cuidados de alguém, logo ele que sempre se virara muito bem sozinho.

A medibruxa terminou de fechar as bandagens e foi até a mesa ao lado para pegar um frasco de poção que ali estava, enquanto Snape terminava de fechar os botões da camisa. Bebeu em seguida o líquido que lhe foi alcançado, sentido uma onda de disposição apossar-se de seu corpo. Já estava bem melhor desde que acordara logo após a Batalha, mesmo que estivesse longe de estar bem por completo, sem falar no como sentia seu corpo estranho por conta da falta de magia.

Havia ficado longos minutos com a varinha nas mãos, na noite anterior, enquanto sua mente reproduzia muitas coisas pelas quais havia passado nos últimos anos e em como elas havia refletido no rumo que sua vida tomara para chegar aonde estava. Queria limitar a culpa de tudo aquilo à Dumbledore, mesmo que seu resquício mais íntimo de bom senso dissesse que nem tudo era realmente culpa do velho diretor.

- Como está se sentindo? – Papoula perguntou, enquanto recolhia o material.

- Minhas mãos estão formigando, mas fora isso me sinto... bem, dentro do imaginável. – respondeu, dando de ombros.

- O formigamento é resultado da falta de magia, principalmente agora que sabe sobre ela. Seu corpo vai buscar estabilidade até conseguir, vai precisar lidar com essa sensação por hora. – explicou. – Mas não estou me referindo a isso. Quero saber como se sente depois das coisas que Narcisa lhe contou.

Severo franziu a testa. Não era óbvio como ele deveria estar se sentindo?

- Na verdade... – começou a falar.

- Não deve ter sido fácil. Certamente. – o interrompeu. – Porém, ao mesmo tempo foi um gesto incrível e inegável de amor, mesmo que inconsciente. Como se a situação de Harry e Lílian se invertesse. – a expressão do mestre em poções se intensificou. Do que diabos ela está falando? ­– Por isso mesmo eu imagino o quanto deve ser difícil saber que Lúcio fez Narcisa perde-lo e como devem estar se sentindo por isso. Mas saiba que seu filho foi um herói mesmo sem nascer.

Snape sentiu como se por alguns instantes sua mente se desligasse do corpo e voltasse em seguida, ainda assim sem processar a última parte da fala da Medibruxa.

- Do que está falando, Papoula? – a voz saiu grave.

Os olhos dela se arregalaram alguns instantes.

- Narcisa lhe contou sobre o bebê, não contou? – perguntou, hesitante.

- Não. – a resposta veio da mulher que agora estava parada na entrada do leito. – Eu não contei.

- Oh, Merlin, eu pensei que... – Papoula levou uma das mãos ao peito. – Vou deixar que conversem.

Recolheu as coisas mais que rapidamente e deixou o lugar, sussurrando ainda um “Sinto Muito” ao passar pela professora parada na porta.

- Do que ela estava falando Narcisa? – Severo colocou-se em pé. – O que mais me escondeu?

- Durante a Batalha, pouco antes da queda de Voldemort, Lúcio me atingiu com uma maldição da morte. – ela respondeu. Não queria contar as coisas assim, mas jogar um pano quente na situação não era a melhor coisa a se fazer naquele momento. – Mas não era a mim quem ele queria matar.

O silêncio se instalou naquele momento e perdurou por mais alguns instantes. Snape a olhava com severidade, enquanto ela não conseguia erguer os olhos para encará-lo. Respirou fundo mais de uma vez, preparando-se para ouvir pela terceira vez o quanto filhos não fazia em nunca fizeram parte do plano de vida dele.

- Eu estava grávida. – disse por fim, finalmente encarando-o.

- Grávida? Como... Grávida? Você mesmo me deixou muito bem claro que não pode ter filho e agora me diz que estava grávida? – não pode conter o sarcasmo na voz.

- Eu também pensava que não poderia, mas estava. E acredite quando eu lhe digo que foi uma grande surpresa para mim também, só saber disso quando... Quando perdi. – engoliu seco. – Mas a verdade é que eu estava, sim, esperando um filho...

As palavras morreram em sua boca antes mesmo que concluir a frase. Respirou fundo mais uma vez, soltando ar com força.

- Um filho? – Severo exigiu.

- Seu.

Por um instante os olhos do professor quase se arregalaram, mas conseguiu manter sua expressão imparcial como deveria ficar. Sua mente estava fazendo ligações rápidas de mais.

- Como pode ter certeza que era meu? – perguntou por fim, erguendo a sobrancelha.

- Ora, Snape, não me ofenda dessa forma. – ela deu uma passo à frente. – Sabe muito bem que ele não poderia ser de mais ninguém. E se quer saber ainda mais... Foi na noite do seu aniversário. E mesmo que tenha seus motivos para desconfiar de mim eu nunca seria tão baixa a ponto de mentir sobre algo assim.  Sei que sua intensão nunca foi ter um filho e eu não estou exigindo que lamente ou...

- Ou? – a voz acabou subindo levemente de tom. – Não use o que eu lhe disse como uma desculpa para a sua mentira, ou se quiser apaziguar, podemos chamar de omissão.

- Eu teria lhe contada a verdade se fizesse o mínimo esforço para me ouvir.

- Eu teria ouvido se fizesse o mesmo para me contar! – devolveu. – Nem queira jogar em mim a culpa por sua falta de coragem. – sentia o formigamento na mão aumentar mais e agora começar a subir-lhe por um dos braços.

- Certo, já que é tão frio assim, vou lhe dar a verdade como você quer ouvi-la: eu estava esperando um filho seu e Lúcio o matou. Nosso filho morreu sem mesmo ter a mínima chance de tentar viver. – ela ergueu a voz como ele. – Simplesmente, o tiraram de nós.

Os olhos do ex-diretor se prenderam por alguns segundos em Narcisa, enquanto sua sente reproduzia perfeitamente a cena de Eileen carregando o menino para longe deles. “Nós precisamos ir, pequeno. Dê adeus para a mamãe e o papai.” Sentiu um vazio estranho apertar-lhe o peito e ficou tonto, firmando-se na cama para não cair. O formigamento havia tomado conta de todo o lado esquerdo do corpo e sua marca negra começou a queimar.

- Severo? – Narcisa aproximou-se um passo.

- Não. – ele ergueu a mão. – Não chega perto. Eu... Preciso de ajuda.


Notas Finais


Pois e agora: temos uma ameaça vindo do ministério, não temos noticias de menino Draco. E lembram que eu disse que a recuperação do Severo vai ser complicada? Pois é.
A verdade sobre o bebê chegou finalmente, porém com interferência de terceiros. Como fica o nosso casal?

Digam o que estão esperando.
Vejo vocês nos comentários. Um beijo na nuca esquerda.

Até!


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