Ao entrarmos, Valerie arremessou suas sacolas ao encontro do peito de Sebastian e o beijou na bochecha.
O velho senhor riu e inclinou a cabeça, pedindo a bolsa da mesma que se encontrava agora no meu ombro.
Entreguei a mesma a ele e segui a loira, que já havia começado a andar pela sala - a procura dele com os olhos - e segurei forte seu braço, assim que colocamos o pé na cozinha.
Podia ver o deslumbre estampado no rosto de Valerie encarando o ex-cacheado.
A arastei até a mesa, onde meu pai ajudava Anne e Lúcia - nossa governanta - a colocar a mesa
-- Olha, pensei que escapariam..
Ouvi meu pai zombar e dei de ombros.
-- Olá Rie, acho que você lembra desse gostosão moreno, aqui não é? - Anne indagou risonha indicando Harry com o dedo
Segurei a risada ao ver Harry tossir envergonhado o que eu achava ser vinho
-- Vagamente tia Ani.. Ele.. tá meio.. mudado. - Valerie retrucou indiferente, quase o matando com o olhar
-- Então, o que nós temos pro almoço?
Pedi mentalmente que a vergonha que Valerie estava me fazendo passar, acabasse depois do rumo que eu tentei, tomar.
(....)
Não que eu fosse implicante ou negativa, mas, para mim, o que nós estávamos chamando de "almoço" em família, para estabelecer algum nexo entre nós, aos meus olhos estava um fiasco
E quanto mais cedo eu saísse dali, melhor.
Harry se mantinha calado e nossos pais o faziam falar a cada dois minutos, com suas perguntas indiscretas.
Ao terminar meu fricassé de frango, peguei minha taça com Cantinho do Vale e a levei até a boca, bebericando devagar.
Que por coincidência, só eu e o ex-cacheado estávamos tomando, Notei, ao pegar a garrafa que ainda não havia chego nem a metade e seus dedos enormes a laçaram.
Recuei meus dedos ao ver seu quase sorriso e o deixei encher sua taça.
Assim que ele a empurrou para mim, fiz o mesmo e virei completamente o líquido gélido garganta a baixo num só gole.
A paciência pra beber aquilo havia sumido.
Ouvi Valerie soltar um risinho e logo se levantou da mesa agarrando seu copo imenso de suco de maracujá e estreitei os olhos vendo-a andar para a sala.
Notinha mental: Matar a loira da forma mais lenta e dolorosa possível.
Soltei o ar ao ver Anne e Robin saltarem da mesa, como se quisessem deixar nos dois a sós, fazendo o mesmo que Valerie.
Era quase palpável seus olhares indiscretos me avaliando. Como se, eu fosse bancar a louca ali. O que podia acontecer né, convenhamos.
Suspirei olhando para o teto e logo depois, enfiei meus dedos nos cachos ondulados que insistiram para cair em meio ao meu rosto
-- Quanto menos adiarmos essa conversa, melhor.
Sua voz rouca e arrastada se manifestou, me fazendo o olhar
-- Tem razão - Disse o encarando - Mas não a quero ter agora e nem tão cedo. Se você quiser bater nesse teclado, de novo, vamos ter problemas.
- Respondi curta e grossa, porém sincera
-- Não me subestime, Carolina. - Sua voz soou como uma ameaça, mas pude sentir o sarcasmo em torno
-- Subestimar? Não mesmo, Styles. Só não quero ter esse papo aqui, e agora. Não o acho necessário no momento.
Ao contrário do que eu achei que pudesse acontecer, ele só me encarou como se eu realmente fosse uma criança mimada, e se levantou levando consigo sua taça que por incrível que pareça, ainda estava intacta desde que ele a encheu novamente.
Encarei minha taça vazia, e contornei sua borda com os dedos. Sorri singela para a mesma e suspirei.
Realmente, nós só estávamos começando uma caminhada.
Harry Point Of View
A petulância daquela garota me surpreendia a cada minuto que eu passava ao lado dela.
A arrogância que exalava das palavras tão doces dela me fazia sorrir majestoso.
Só que, irrita-la estava nos meus futuros feitos.
E ver suas garras também estava nos meus planos futuros.
Uma hora, a doçura cai,
E a própria arrogância toma conta.
Tá aí uma das coisas que eu queria ver por fora de toda doçura ilusória que ela tanto exibe.
Como disse antes,
nós teríamos todo o tempo do mundo.
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