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História O Espadim e a Manopla - Uma História de Undertale - Encontro



Capítulo 15 - Encontro




- Tem certeza, filho?

- Sim, senhor.

Pela primeira vez em minha vida, havia acompanhado Asgore para bem além da Nova Casa, em uma visita à casa de Undyne.

Naturalmente, a fim de evitar chamar a atenção, estava devidamente equipado com meu elmo, que ocultava quase todo meu rosto. Nenhum observador próximo conseguiria identificar minha aparência, o que era conveniente.

Pelo menos para um monstro que ninguém imaginava que sequer existia.

Sabia que Alekey havia ficado a salvo em meus aposentos, então não hesitei em me oferecer para escoltar o rei até Waterfall.

Asgore colocou a mão sobre meu ombro, sorrindo. Estávamos a alguns metros da casa da capitã, perto do corredor da caverna que levava ao seu quintal.

- Então está bem – sorriu – fique de vigia aqui. Esterei em uma reunião sigilosa com Undyne, então realmente não posso arriscar que alguém a ouça – segurou-me, fitando-me seriamente – não deixe ninguém, em hipótese alguma, se aproximar daqui.

Assenti, franzindo a testa decididamente por baixo do elmo.

- Entendi, pai – falei, convicto – não deixarei ninguém passar.

- Excelente – meu pai meneou o queixo em aprovação, me dando um tapinha nas costas da armadura – se vir qualquer coisa estranha, ou caso haja qualquer emergência… não hesite em me ligar.

Concordei com a cabeça, enquanto Asgore se dirigia ao quintal de Undyne. A porta se abriu com um estrondo, dando passagem para o rei, que adentrou sem qualquer hesitação.

Assim que a passagem se fechou, dei as costas para o corredor, colocando-me de guarda no meio daquele trajeto.

O tempo passava devagar, mas isso não me afetava mais. Para quem sempre havia tido uma vida sem qualquer objetivo – além de, obviamente, servir ao rei e ao povo – havia sido fácil me acostumar com a solidão e o tédio.

Quando ouvi passos se aproximando, porém, ergui minha manopla em posição ofensiva, sibilando em alerta, já preparando um de meus ataques mágicos.

- Quem está aí? - exclamei ameaçadoramente.

Por alguns segundos, não houve nenhuma mudança no ambiente.

E então, antes que eu me desse conta, uma silhueta havia se aproximado, entrando dentro da passagem. Vi, brilhando contra a penumbra, o brilho de um afiado espadim.

O invasor deu um passo a frente, expondo-se diante da luz.

Minha primeira reação, por mais incrível que fosse, foi de absoluto espanto.

Era uma monstra jovem, não muito mais velha do que eu. Desacostumado ao convívio com outros monstros, estava ainda mais aturdido ao analisar a fisionomia daquela garota.

Tinha cabelos longos e ondulados, de forte tom louro. Os chifres espiralados, inconfundíveis, me fizeram concluir que se tratava de uma carneira.

Ela me encarou por um momento, aparentando radiografar minha armadura dos pés a cabeça com suas íris rubras.

- Um… guarda real? - riu, num tom nitidamente zombeteiro.

Assim que o espanto diminuiu, recordei-me do que devia fazer ali.

A manopla estalou em minhas mãos.

O rei havia sido taxativo. Ninguém deveria passar por ali.

E eu ia garantir que isso não acontecesse

- Por favor… vá embora – rosnei, erguendo a cabeça.

Tudo que a carneira fez foi gargalhar. Uma risada alta e pomposa.

- Saia da frente, bola de pelo – aproximou-se outro passo, erguendo seu espadim – não quero que machuque seus dedinhos peludos na minha lâmina.

O sangue ferveu em minhas veias. Irritado, brandi a manopla no ar, conjurando uma bola de fogo.

- Ultimo aviso!

O sorriso dela desapareceu.

- Não me faça perder a paciência, garotinho.

Ela fez menção de avançar, tentando me empurrar para o lado.

Enfurecido, num movimento bruto, impulsionei seu corpo para trás, fazendo-a voltar alguns centímetros. Girei a manopla em sua direção, na intenção de socar seu rosto, e atordoá-la suficientemente para que decidisse recuar.

No entanto, meu golpe não surtiu efeito, já que a monstra desviou com inesperada maestria. Era óbvio que não se tratava de uma civil qualquer.

Enquanto me surpreendia com seu movimento defensivo, não percebi que ela impeliu-se contra mim, chutando-me no peito, e descendo todo o peso de seu corpo sobre minha armadura.

Desequilibrado, pego de surpresa, caí de costas no chão, ofegando de perplexidade. Senti a monstra me imobilizar com o pé, muxoxando de modo humorado.

- Que decepção…

Me contorci, encolerizado, sem conseguir sair do lugar. Ela baixou um espadim mágico contra minha garganta, rutilando um olhar esnobe em minha direção.

- Ahhhh…! - ainda tentava me desvencilhar, arquejando irritadamente contra a lâmina do espadim mágico da monstra.

Ela abriu um largo sorriso sarcástico, prensando ainda mais a bota contra meu peito.

- Sua armadura é mais durona do que você, bola de pelo – afrontou-me, sacudindo a cauda de modo imperioso.

Como se minha situação já não fosse suficientemente humilhante, senti o celular vibrar no cinturão da armadura.

Desesperado, vi-a arrancá-lo do bolso de couto, sem que eu conseguisse fazer nada para impedi-la. Com uma risadinha de escárnio, a carneira atendeu a ligação, colocando o celular no viva voz, fazendo questão de aumentar o volume.

Senti minhas orelhas se eriçarem de agonia, quando reconheci a voz do meu pai.

- Nitch, meu filho… esqueci de te contar. Uma das guerreiras da Guarda Real vai chegar aqui em uma visita à Undyne. Então, se você ver uma garota vinda até aqui, deixe-a entrar. Tudo bem?

Ouvi outra voz familiar cortar Asgore.

Não seria melhor descrever ela não, grandão?

Undyne definitivamente sabia ser enxerida quando queria.

- Oh, sim! - continuou o rei - ela tem a aparência de carneira, com cabelos loiros. Ahn… e acho melhor não mexer com ela, filho. É apenas um conselho.

Encolerizado, observei-a abrir um sorriso ainda mais largo e arrogante.

Muito provavelmente maginando que todo aquele silêncio era minha concordância, Asgore concluiu.

Então tá. Bom trabalho, filho. Continue assim

Logo em seguida, a ligação foi encerrada.

Trêmulo de raiva, parei de me debater, enquanto a carneira devolvia o celular ao meu cinturão, ainda sorrindo cinicamente.

- Melhor mantermos isso apenas entre nós – riu maliciosamente – não concorda, bola de pelo? Afinal, o rei não vai ficar feliz de saber que não conseguiria dar conta do trabalho.

Rosnei, sibilante, contraindo as mãos em punho no chão.

- Sua…

Inclinando-se, a monstra aproximou o focinho do meu rosto, sussurrando de modo provocativo.

- Ouça o que o papai disse, felpudo – arredio e indignado, senti-a resvalar os dentes contra minhas orelhas – fique longe da carneira.

Por fim, recuou, retirando o espadim de minha garganta.

Tossi, massageando o pescoço, fuzilando-a com o olhar, refreando desesperadamente a vontade de revidar outra vez.

A garota adiantou-se, passando por mim, e aproximando-se da porta da casa de Undyne. Lançou-me uma última olhadela orgulhosa, erguendo uma das sobrancelhas.

- A propósito – disse – talvez seja melhor você saber o nome de quem te venceu – zombou – eu sou Aayrine. Aayrine Nacabi.

Ótimo.

Agora a coisa que eu mais odiava naquele mundo tinha um nome para eu amaldiçoar.

Rosnei, erguendo-me com dificuldade, ainda ouvindo a gargalhada dela atrás de mim, seguida pelo som da porta se fechando.





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