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História O Espadim e a Manopla - Uma História de Undertale - A Reunião



Capítulo 16 - A Reunião




AAYRINE




Quando eu finalmente entrei na casa de Undyne, ainda sentia minha cabeça latejar de raiva.

Quem era aquele serzinho patético que havia tentado me barrar? Desde quando Asgore estava recrutando caras fantasiados de guardas reais como guarda-costas?

Desde quando o rei precisava de um guarda-costas, afinal? Até onde eu sabia, nunca havia existido a necessidade de manter um panaca como vigia durante as reuniões da Guarda.

E aquela criaturinha patética ainda havia tentado me vencer numa luta. O que diabos aquele rapaz estava pensando?

Talvez tivesse achado que o fato de eu desconhecer sua fisionomia, ocultada pela armadura, iria me intimidar de alguma forma. Ou que ser um pouco mais alto e parrudo seria o bastante para que eu recuasse.

Se havia sido este o caso, havia se enganado. Já havia derrubado brutamontes muito maiores do que ele.

Apenas uma coisa ainda me incomodava… por que Asgore havia o chamado de “filho”? E quem realmente era aquele garoto?

Sacudi a cabeça, estressada.

Tiraria aquilo a limpo depois. Por hora, eu focaria na pauta de nossa reunião. Havia coisas mais importantes a serem debatidas.

- Ah… - assim que entrei na cozinha, Asgore me sorriu – bem-vinda, Aayrine.

- Majestade – saudei-o com uma vênia – capitã…

- Ah, pare com isso, Rine – Undyne me lançou um olhar de censura com o único olho descoberto – sabe que aqui dentro não somos guardas reais – estreitou o olhar, humorada - sente-se.

Abrindo um meio sorriso, me acomodei na mesa, recostando meu espadim na cadeira. Percebi que meus cabelos estavam levemente fora do lugar, e tentei ajeitá-los discretamente.

O movimento não passou despercebido por Undyne, que franziu o cenho.

- Lutou com alguém no caminho para cá, Aayrine?

Vinquei a testa.

Eu podia muito bem dar uma lição naquele cabritinho de meia-tigela, e contar tudo que havia acontecido lá fora.

Mas, por alguma razão, preferi guardar isso para mim mesma. Afinal, uma verdade como aquela só precisava ser dita se existisse conveniência – o que não era o caso.

- Não – menti calmamente, evitando olhar para Asgore – estava treinando… quando você me ligou. Vim correndo para Waterfall.

A pupila de Undyne se encolheu, e eu soube que ela não havia ficado nem um pouco convencida. Porém – para o meu alívio – não contestou nada na frente de Asgore.

- bem… já que finalmente chegou, podemos começar a debater algumas… mudanças… em relação à coleta de almas humanas – seu tom de voz tornou-se mais sério – há algumas semanas… recebi a notícia de que um quinto humano chegou aqui no subsolo.

Ergui uma sobrancelha.

Como não havia sido avisada daquilo?

Foi quando percebi o olhar tristonho de Undyne sobre mim, e compreendi. Ela devia ter julgado indelicado da parte dela me avisar sobre aquilo, em meio ao período de luto que eu estava enfrentando, e havia me poupado de quaisquer detalhes.

- Nós o rastreamos até Hotland – ela parecia envergonhada de admitir – mas perdemos o rastro dele perto de um dos geradores ao oeste do Núcleo. Ninguém… o localizou desde então.

- Espera aí… - ofeguei, erguendo os cascos - estão me dizendo que um humano está a solta aqui embaixo… e ninguém sabe o que houve com ele?

- Exato – vi o rei contrair os punhos por cima da mesa – e isso é algo que não podemos admitir. Não podemos arriscar os cidadãos do subsolo. Redobrarei os rastreamentos em todas as áreas do Underground. Esse humano deve ser encontrado… e sua alma coletada. Assim deverá ser com os demais que vierem a cair aqui… - enfatizou - sem exceções.

- Entendido, Majestade – assenti – quero me voluntariar pessoalmente para ir atrás do humano fugitivo.

- Eu realmente admiro sua sede por justiça, Aayrine – Asgore meneou a cabeça – sei que será um excelente reforço para o localizarmos;

- Asgore e eu também estávamos discutindo sobre a mudança nas vigilâncias de cada área – acrescentou Undyne – patrulhas em pontos variados de cada divisa. E estávamos pensando… em designar a você a supervisão das patrulhas de todo o território de Snowdin.

Ofeguei, entusiasmada.

- Céus… eu… seria uma honra, Undyne- arquejei – eu… nem sei o que dizer…

- Apenas diga sim – brincou, me dando um soco brincalhão no ombro, ao que ri baixinho – ficarei mais tranquila em saber que os monstros da neve estarão sobre seus cuidados.

- Pode contar comigo – assenti – vai ser… uma grande honra.

Nada me deixaria mais satisfeita do que fazer aquilo. Cumprir o último desejo de minha mãe. Proteger aqueles que me eram próximos.

E mostrar àqueles pérfidos humanos o que fazíamos com os que ousavam invadir nosso já desolado lar.





Após um longo debate sobre a nova reorganização da Guarda Real, Asgore finalmente encerrou nossa reunião, retirando-se, juntamente a mim, da pequena residência de Undyne.

- Fico feliz que esteja tão disposta a ajudar a Guarda Real, Aayrine – aprovou Asgore, pousando a mão sobre o seu ombro – precisamos de guerreiras como você para proteger nosso povo.

Assim que atravessamos o quintal, chegando ao fim do corredor que se bifurcava, voltei a me aproximar do jovem monstro que havia me enfrentado mais cedo.

Ele aparentou profunda surpresa e desgosto, ao me ver em companhia do rei.

- Majestade - bateu a mão no peito em continência, fuzilando-me de soslaio com o olhar.

Asgore cumprimentou-o com a cabeça, satisfeito.

- Muito bem, Nitch. Espero que não tenha tido quaisquer problemas em sua vigília.

Refreei um esgar zombeteiro ao ouvir a manopla em sua mão estalar violentamente, fechando-se em punho.

- Não…  - disse entredentes, contido - nenhum problema… senhor.

- Excelente – ajeitou a própria armadura, sorridente – vamos… já podemos ir embora– riu – e você pode voltar para casa, meu rapaz.

Sem qualquer hesitação, o rapaz deu-me as costas, ajeitando o elmo sobre a cabeça, e sumindo na penumbra do corredor adiante.

- Bem… a´te logo, Aayrine.

O rei despediu-se de mim com um movimento da cabeça, seguindo o garoto pelo corredor da caverna, igualmente desaparecendo de vista.

Nitch.

Então este era o nome daquele rapazinho.

Embora tivesse simplesmente odiado-o desde o primeiro momento, aquele estranho monstro havia me deixado com uma pulga atrás da orelha.

Eu não voltei a vê-lo durante um longo tempo. E, a partir daquele momento, passaria os dois anos seguintes de minha vida me indagando de onde raios aquele cara havia saído.

Obviamente, eu não fazia ideia do como ele ainda atrapalharia a minha vida.
Inclusive, de formas que eu jamais poderia imaginar.





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