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História O estranho da cafeteria - Queremos ouvi-lo cantar


Escrita por: Razu

Notas do Autor


to nervouser

Capítulo 5 - Queremos ouvi-lo cantar


Fanfic / Fanfiction O estranho da cafeteria - Queremos ouvi-lo cantar

O lápis batia na mesa no ritmo das batidas nervosas do seu pé.

No quadro havia qualquer coisa, que todos se ocupavam em copiar, mas sua cabeça não estava naquela sala. Mantinha seus olhos voltados à porta, como um condenado olha para a forca. Sabia que quem quer que tivesse pegado sua folha, havia tido acesso ao seu coração e às bobagens que escrevera sem compromisso com o bom senso. Teria que se expor para reavê-la, isso se tivesse a sorte de encontrá-la. Deveria? Eram apenas rabiscos, afinal; então por que passar por tudo isso? Seria mais lógico simplesmente esquecer isso tudo e seguir em frente.

O lápis batia na mesa no ritmo das batidas aflitas do seu coração.

A quem estava querendo enganar? Ele não conseguiria esquecer a folha assim como não conseguia esquecer o estranho. Não abriria mão dela. Não abriria mão dele.

-Jung.

Ele olhou para frente. Era Sehun, com um sorriso torto e falso como sua paciência.

-Poderia parar com o batuque? Eu agradeceria, sabe. Ou, pelo menos, aproveita e toca alguma coisa. Já tá fazendo isso a aula toda… Não sei como seus dedos ainda não caíram.

Jungkook tentou sorrir, mas o que conseguiu estava mais para uma careta.

Sehun ficou sério.

-Você está bem?

-Eu… sim, estou.- e parou. Não queria olhar Sehun nos olhos. Este, sempre teve o dom de saber quando ele estava mentindo, e a última coisa que queria naquele momento era dar explicações - sobre algo que nem sequer ele compreendia. Preferiu encarar a janela e torcer para suas habilidades de dissimulação terem evoluído ao menos um pouco.

Sehun suspirou e deu um sorriso compreensivo.

-Você sabe que pode contar comigo, não sabe?-Jungkook sempre mentiu muito mal. Isso, aliado ao fato de ele simplesmente não conseguir esconder o que sente o faziam tão previsível quanto uma criança. Fazia Sehun querer protegê-lo.

Ele ficou em silêncio. Sehun sabia que ele não falaria nada tão cedo e voltou a copiar os exercícios.

“Talvez um anúncio na rádio da escola”, pensou. “Não. Chamativo demais.” “Talvez esteja nos achados e perdidos”, pensou. Cada opção parecia mais impossível…

Seus olhos acenderam. De repente sua postura ficou séria. O lápis que segurava deslizou por entre seus dedos paralisados. Ao longe, pela janela, via-se, andando graciosamente entre os alunos do primeiro piso, um aluno. Um aluno que outrora estivera distribuindo cafés. Um aluno que fez seu coração bater mais forte.

Lembrava vagamente de ter ouvido o sinal tocar. Lembrava de ter corrido sem sentir suas pernas ou qualquer coisa a sua volta. Seu corpo não precisou de comandos. Parecia saber o caminho. Pensou ter esbarrado em algumas pessoas, mas não conseguiu pensar em nada. Nada além do fato de o que o afligia há o que parecia eternidades inteiras, estar logo ali, ao alcance da mão. Chegou ao pátio, onde o vira pela janela. “não vai desaparecer dessa vez”, pensou, olhando insistentemente ao redor. “Não dessa vez”. Reconheceu seu cabelo ao longe, entrando em um corredor. Em meio ao mar de alunos, tentou segui-lo o mais rápido que pode. Entrou no corredor a tempo de ver o estranho entrando em uma sala. Respirou fundo. Estava sem ar. Não sabia ao certo se era pelo ritmo de ação silvestre em que descera os três lances de escada, ou por outra coisa. Não conseguia raciocinar coerentemente para descobrir.

Ainda movido por algo alheio a sua consciência, entrou na sala. Depois de entrar, sua mente clareou e percebeu que esquecera de bater. Esquecera de verificar que sala era aquela. Um erro imperdoável.

Aquela era a porta da qual ele vinha fugindo já há alguns anos.

Assim que ela fechara, com um ruído de mil almas morrendo, devido a ferrugem e ao peso do ferro maciço, o garoto no palco subitamente parou de cantar. As poucas pessoas no salão pararam o que estavam fazendo para encará-lo. Uma mulher de meia idade, que estava sentada na mesa em frente ao palco, levantou-se e foi em sua direção. Ela tinha um sorriso enorme no rosto.

-Então você finalmente aceitou meu convite! É um prazer imenso ver você aqui… -ela o abraçou como um urso, exaurindo o pouco oxigênio que ele possuía em seu corpo.- Eu sabia que viria!

-Pare com isso, Rose! Vai sufocar o garoto!- Era uma menina, bem jovem, que segurava uma prancheta e ria baixinho.

Jungkook já sentia um apreço profundo por ela, por ter salvo sua vida.

Assim que ela o soltou, ele respirou como alguém que havia acordado depois de um cochilo com a cabeça dentro de um aquário. A essa altura, as poucas pessoas que ainda o olhavam riram, e o som ecoou pela sala.

-Sabe Jungie querido, você não sabe como fico feliz em vê-lo - disse Rose. - Finalmente conseguiu que seu gato não escondesse as chaves de casa, hein? Chegou bem na hora das audições! Você esqueceu de mandar sua ficha para o departamento de artes, mas acho que posso abrir uma exceção e deixar você entregar amanhã!

Ela claramente sabia que ele não tinha intenção alguma de participar. Mas ele sabia da determinação de Rose e que, agora que havia colocado os pés em seu território, e estava sob seus domínios, não sairia dali sem dar a ela o que ela queria.

Sua voz.

Subiu no palco. Não tinha medo, já passara dessa fase. Iria fazer qualquer coisa, não tinha intenção de entrar no coral.

-Quando quiser, meu bem. - disse Rose.

Ele pensou no que cantaria. Ele se concentrou, mas a única letra que vinha a sua mente era a da folha que perdera.

Separou os lábios e começou a cantar. Era só uma música, afinal.

Uma música que teve seu assunto materializado no meio do salão na segunda estrofe.


Notas Finais


É AGORA MDS


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