Andei puxando o Bey pelo braço. Parecia que alguns intrometidos ia nos seguir.
—Se alguém vir atrás de mim... Eu mato. -Olhei séria para todos.
Ninguém nos seguiu mais.
"Até parece que eu mataria alguém, que gente rica burra." Revirei os olhos.
—Para onde vamos? -Bey perguntou preocupado.
—Não vou lhe fazer nada, você acabou com a minha sede de machucar alguém. -Eu suspirei.- Estamos indo para a diretoria. Como eu disse vou me retirar.
—Também acho bom você tirar o dia de folga para se acalmar.
—Você não entendeu. Vou me retirar do colégio, vou sair dessa escola.
—Não precisa fazer isso por causa do Yan! Ele...
—Não é por causa do Yan, Bey. -Eu o cortei enquanto ele falava.- Bem, pode ser por culpa dele mas não é por causa dele. Eu não vou aquentar ficar aqui sem um lugar para fujir das pessoas desta escola. Não as odeio, mas não as suporto. Claro que não são todos, mas mesmo assim.
—Pense bem Sayuri, formar nessa escola vai te trazer benefícios.
—Já os utilizei... -Bey fez cara que não entendeu.- Já tirei vantagem dessa escola, consegui fazer faculdades adiantada graças ao diretor e estou satisfeita, agora vou embora. E preciso que você me ajude, é só falar que eu comecei a te torturar, um superior viu e decidiu te defender, afinal eu sou pobre, fui expulsa e ponto final.
—Não farei isso. -Ele disse firmemente.- Por favor fique.
Eu balancei a cabeça negativamente. Pela primeira fez Bey ficou sério e saiu da sua aparência fofa.
—Yan gosta de você, e falando sinceramente, "nós" também. -Ele destacou a palavra nós.- Já dissemos à ele que se ele não der um jeito na Ray e ficar com você logo, nós iremos tentar roubar você dele... -Ele olhou para mim com um olhar provocador e riu um pouco com minha reação tanto de surpresa como de vergonha. Nunca imaginei que veria o Bey assim.- E que é para ele andar rápido e resolver logo o problema dele com a louca varrida.
—Você está bem diferente de antes, não acho que você fingia ser daquele jeito fofo e não parece estar fingindo agora... Desculpe mas não vou ficar por causa dele. -Disse tentando voltar a andar.
—Sei ser sério quando quero, e também ficar em modo de ataque quando vejo algo que quero. -Ele olhou sedutoramente para mim mostrando um sorriso no canto da boca, até parecia ser outra pessoa.- Não se engane, não quero que você saia por causa dele. Não quero que você saia por que se não, não vou ter chance de te conquistar, então é mais por mim. -Bey se aproximou de mim e afagou meu rosto.- Não é?
—Desculpe Bey mas não rolaria nem com o Yan mais. -Disse desviando dele antes que ele se aproximasse mais.- Se realmente quiser, pode sair espalhando por ai que conseguiu me fazer de otária que nem o Yan conseguiu, mas não tente se aproximar de mim de novo. -Fiquei de costas para ele.- Aprendi duas coisas sobre mim este ano, odeio ser chamada de burra e ser feita de otária por outras pessoas. Já que não vai me ajudar, adeus. -Voltei a andar.
Bey segurou meu braço, mas não me puxou.
—Fica... Não queremos brincar com você, "te fazer de otária", como disse. Só queremos que você escolha com quem quer ficar. Não iremos te machucar. Bem, não garanto pelo galinha do Celt, mas falo mais por mim. -Ele riu e ficou um pouco vermelho.
Fiquei calada por um tempo, eu estava quase me soltando dele e voltando a andar.
—Bem, o que o Yan falou para você, que gostou de você por que você sabe surpreender e que não deixaria uma relação chata, não se encaixa só com ele, se encaixa com todos os homens. Mulheres simplistas que só querem statos e acha que um rostinho e um corpo bonito é o suficiente para prender um homem, acaba sendo só mais uma garota com que ficamos.
—Ele contou a vocês? -Bey balançou a cabeça positivamente.
—Ele simplificou e agente entendeu... Sayuri fica... -Ele disse dando um passo a frente e olhando em meus olhos.
—Já tomei minha decisão Bey. -Falei tentando colocar um ponto final.
Bey tentou agir rápido e me puxou para perto dele. Meu corpo estava tenso, já estava esperando algo do tipo, afinal era de um garoto "experiente" que estávamos falando. Sem tirar que é amigo do Yan, de certo é parecido com ele e acabaria tentando algo. Não teve erro, ele tentou mesmo me puxar para me beijar ou só para me abraçar, mas mesmo assim o fez.
—O que você quer Bey? -Perguntei com um tom desanimado.
—Uma chance. -Ele me olhou sério mas avia um pouco de rubor em suas bochechas, talvez pelo fato de que, o que ele queria fazer não deu certo.
Suspirei, o olhei séria também.
—Esses dias que passaram Bey, me mostraram o motivo pelo qual eu odeio pessoas, odeio a natureza humana. Pessoas que tem poder sobre as outras, ou só acham que tem, só acentua ainda mais essa odiosa natureza. Por isso não gosto de ficar perto de ninguém dessa escola.
—Mas Sayu...
—Sabe o que eu vejo Bey?
Não esperei ele responder.
—Vejo garotos atrás de algo diferente que eles não tem e nunca tiveram. E sabe por que eles estão atrás dessa coisa diferente Bey?
Mais uma vez não deixei ele responder.
—Exatamente porque eles nunca tiveram, pois se já tivessem tido algo parecido, não iam querer ter de novo. É como se fosse um jogo novo, assim que sai um jogo diferente todos querem comprar. Jogam, zeram e depois de um tempo quando aparece outro jogo totalmente diferente o compram esquecem do jogo antigo.
Eu suspirei.
—Mesmo que ser diferente da grande maioria das garotas seja um ótimo elogio e um motivo para conseguirem me tolerar, não quero virar garota de alguém só por isso.
Assim que terminei de falar e olhei para o Bey me surpreendi. Ele estava com uma cara extremamente zangada, me lembrou até meu pai quando esta com raiva. Eu tentei revisar o que eu disse mas não vi nada de errado no que eu falei.
—Você sabe algo a meu respeito? Pesquisou algo da minha vida? Não me venha dizer que eu trocaria uma garota por outra com o motivo tão pobre desse. Pela primeira vez me vejo decepcionado com você. Você disse que não gosta da natureza humana e logo em seguida acaba fazendo como quase todos fazem, julgou o livro pela capa, não é?
Ele me pegou totalmente de surpresa. Não achei que ele pudesse ficar zangado daquele jeito. E ele estava falando que eu estava seguindo a natureza podre que eu tanto odeio. Realmente isso foi uma grande surpresa, em grande parte desagradável . Ele percebeu minha surpresa.
—Desculpe. Odeio ser comparado com outras pessoas e principalmente ser julgado errado. -Ele não parece estar mentindo, mas é mais um motivo para não deixar ele se aproximar. Eu acabaria realmente gostando dele.- Se o problema é só um lugar que seja só seu, eu posso resolver isso. Só fica, por favor.
—Bey, olha eu n...
—Vem! Depois você me fala se ainda vai querer ir embora. -Ele me interrompeu.- Apesar que não vou deixar mesmo assim. -Eu revirei os olhos e ele riu.
Fomos em direção do elevador velho perto da área de serviço da escola e entramos.
—Aperta para parar no quarto antar e deixa o quinto pressionado até a porta abrir.
Eu fiz o que ele disse mesmo achando isso estranho. Então o elevador começou a subir. Assim que a porta abriu eu vi que não era o quinto andar da escola, parecia mais o terraço mas mais diferente ainda, era uma grande estufa cheia de plantas diferentes, uma mesa redonda e branca no centro com seis cadeiras brancas em volta dela.
—Esse lugar foi criado pela minha mãe quando estudava aqui. Na época ela entrou nessa escola por suas excelentes notas, ela não veio de uma família rica. Mesmo que agora sejamos, nós ainda moramos no primeiro lote que ela comprou. Ela estudou engenharia, botânica, arquitetura e decoração de interiores assim que saiu dessa escola. Tudo que ela fez, foi só para criar um lugar que ela achasse confortável e elegante, dentro de seus padrões, para ter uma família.
—Nossa, não sabia disso, me desculpe por...
—Não precisa pedir desculpas, você nunca saberia se eu não te contei. Parte é culpa minha também.
—Eu nem sabia que esse lugar existia. -Eu ainda estava dentro do elevador só olhando a bela estufa.
Bey riu da minha surpresa.
—A porta vai fechar, você não vem? -Ele disse pegando em minha mão e me puxando. -Também não sabia, minha mãe me contou a uns dois meses. Ela achou que talvez esse lugar não existisse mais. Se quiser ficar com ele fique à vontade.
—Bey não posso, foi o lugar da sua mãe e agora é seu. -Eu disse balançando as mãos e a cabeça.
—Então vamos dividir. Minha mãe não criou isso só para ela, se você não vê tem uma mesa com várias cadeiras. -Eu ri. Esse lugar realmente é lindo e tem até uma estante para livros.- Bem, já que você vai ficar na escola, se você aceitar, posso vir aqui para conversamos uma vez ou outra com você?
Ele olhou para mim com a carinha de cãozinho sem dono.
—Eu não disse que ficaria. -Ele revirou os olhos.
—Mas seu olhar falou por você. -Ele fez o mesmo olhar atraente de antes e confesso que o deixa lindo.- Pode confessar em voz alta... -Congelei. "Ele lê pensamentos?"- Você amou esse lugar e eu marquei um ponto não foi?
Suspirei de alívio. "Você marcou mil pontos só por não saber ler mentes."
—Esse lugar é lindo. -Assumi.- Mas nã...
—Esse lugar é lindo e é seu agora, você não vai sair, alias não vai poder sair após descobrir sobre esse lugar. Agora é ou fica, ou fica. -Ele disse me encarando.- Espera ai!
Ele gritou quando eu ia falar. Se aproximou de mim devagar e estendeu a mão em minha direção.
—Bey eu já...
—Ssh... -Ele tocou em meu cabelo e tirou algo.- Pronto, tirei.
—O que? -Perguntei.
—Uma lagarta. -Mostrou sua mão.- Juro que vou dar um jeito nelas, não precisa se preocupar... -Ele olhou para mim com uma expressão divertida.- Você pensou besteira né? Achou que eu ia tentar te beijar?
—Que linda. Essa lagarta é da mariposa-luna. -Eu ignorei a provocação dele mas fiquei envergonhada.
Ele percebeu e riu.
—Mesmo? Acha ela linda? Achei que você ia ficar com nojo. -Ele ficou me olhando com um sorriso no rosto até eu pegar a lagarta de sua mão.- Ah, é, esqueci, não posso esperar uma reação de garota normal vindo de você.
Eu ri.
—Não as mate, você tem um tesouro aqui. -Ele me olhou sem entender.- Desculpe é que eu já pesquisei muito sobre quase tudo e sei que essa lagarta é a mariposa-lunar e está ameaçada de extinção. Pode doa-la ou vende-la para um borboletário.
—Nossa, sério? Deixa eu ver como ela fica quando vira uma mariposa. -Ele pegou o celular e pesquisou por um tempinho curto.- Não vou da-las a ninguém.
—Ãh? E por que não?
—Vou deixa-las aqui, por que se você não ficar posso olha-las.
—Gostou tanto assim delas?
—Não é que eu tenha gostado, mas se elas estiverem aqui posso me lembrar de você e da cor de seus olhos.
Ele sorriu todo fofo e inocente para a imagem que vinha do celular sem se dar conta do que disse e de que eu ainda estava ali. Aquilo me deixou sem graça e envergonhada.
—Isso foi tão fofo, embaraçante e vergonhoso que estou sem graça, e olha que nem foi eu que disse isso. -Eu falei alto para ele perceber que eu estava presente.
Ele ficou tão envergonhado quando percebeu, que desligou o celular sem querer, depois o ligou de novo e não olhou mas para mim. Ficamos em silêncio por um tempo e o celular dele tocou.
Ele atendeu.
—Fala Celt... -Ele disse sem animo nenhum.
—Estou escondido com a Sayuri... -Ele olhou para mim e desviou o olhar rápido, ele ainda estava com vergonha.
—Não vou te contar... -Ele falou debochado e com voz fofa.
—Pelo visto, o Yan já levantou do nocaute né?... -Ele disse fazendo careta.
—Não vou contar Celt, já disse... -Ele revirou os olhos.
—Ah, oi Yan... -Falou sem ânimo de novo.
—Estou bem... -Revirou os olhos.
—Não...
—Você é a ultima pessoa para quem eu contaria... -Bey franziu o cenho.
—O que? Ela não pode Yan... -Agora ele quase gritava.
—Para essa maluca alucinada Yan... -Ele falava nervoso.
—Já disse que não vou te contar... -Ele gritou.
—É, ela está aqui do meu lado... -Ele olhou para mim e sorriu, eu retribui o sorriso.
—Sou capaz o suficiente para cuidar dela... -Agora ele franziu o cenho de raiva.
—Não vou passar para ela... -Ele falou com deboche e rindo.
—E se eu tiver feito algo? Você tem algum direito sobre ela depois do que fez?... -Ele estava nervoso de novo.
—Se ela esta bem? Pelo que eu vejo... Bey olhou para mim de cima a baixo.
—Ela está ótima... -Bey falou com um pouco de malícia e dei um soco no braço dele, ele riu longe o telefone mas ainda escutando o que lhe diziam.
—Ela não vai sair daqui... -Ele afirmou no telefone olhando para mim ameaçadoramente e eu ri.
—Tá, eu já vou...
Bey desligou o celular.
Eu olhei para ele com o olhar de "Agora me conta tudo".
—Ray chamou uns ex-amigos coloridos dela para dar uma surra em você na saída. -Ele olhou pra mim e viu a cara de tédio que eu estava fazendo.- Sei que é forte e tudo mais, mas me prometa que não ira sair daqui?
—Prometo não sair antes de ficar entediada...
Mas sei que logo que ele sair vou olhar todas as belas plantas que tem aqui, após isso sei que vou ficar entediada. Aqui não tem sofá ou uma espreguiçadeira para me deitar, então não vou poder dormir, então irei sair daqui com certeza. Por isso disse na minha promessa que não iria sair antes de ficar entediada. E Bey foi esperto e entendeu.
—Ok, só fique aqui por um tempo até resolvermos isso. -Ele disse suspirando e indo ao elevador.- Quando for sair é só apertar o botão que se não tiver ninguém nele ele sobe, se tiver alguém até a pessoa sair ele não vem.
—Ok, valeu... -Disse andando em direção das plantas.
Assim que ele foi, fiquei olhando as plantas, depois os insetos, depois sentei por um tempo na mesa e após isso fui ver se eu tinha sorte da estante ter um livro que eu nunca tivesse lido. Todos que tinha era os mesmos que a biblioteca proporcionava. Traduzindo já tinha lido todos.
Por fim consegui matar quarenta minutos até o tédio me dominar. Fui até o elevador e apertei o botão, por sorte não tinha ninguém no elevador, agora era ter a sorte de parar no andar que eu escolher e não encontrar ninguém no corredor também. Escolhi o terceiro andar.
Assim que o elevador parou e abriu a porta, ouvi vozes no corredor próximo, se eu corresse em direção oposta e me escondesse no outro corredor poderia conseguir fugir de olhares curiosos. Assim eu fiz, corri até outro corredor, parecia não ter ninguém vindo em minha direção. Minha tranquilidade não durou nem 3 minutos.
—Droga, onde aquela garota se meteu?
—A Ray quer dar o troco por antes né? O que ela falou que ia fazer mesmo? -Ouvi a voz de um garoto.
—O pai dela é dono de várias fabricas de carros e concessionárias de luxo. Ela prometeu um dos melhores carros de uma grande loja que o pai dela deu à ela. Ela só quer que achemos a garota e ela e os caras que vieram vão fazer o resto.
"Tem um pensador que diz 'Dê o poder ao homem, e descobrirá quem ele realmente é'... E ai está quem realmente é a Ray. Usando seu poder para controlar os outros para fazerem algo errado."
"Droga! O que eu faço? Tem gente vindo dos dois corredores."
Quando eu já estava tomando a decisão de sair correndo até o banheiro feminino mais próximo, senti um puxão forte na minha blusa, quando eu ia falar algo uma mão tampou minha boca e a pessoa me puxou. Essa pessoa fechou a porta e a trancou e continuou me segurando e tampando a minha boca.
Eu aprendi como me livrar dessa situação nos meus treinos, então fiz o que sabia, derrubei a pessoa no chão e subi encima para a imobiliza-lo segurando seus braços. Meu rosto estava bem perto do rosto dele. Os olhos azuis acinzentados que via mostravam surpresa, seu cheiro era refrescante, como uma brisa fresca que trazia vários bons aromas de vários lugares, se eu fechasse os olhos poderia até sentir essa deliciosa brisa. E o dono dos olhos e do cheiro de brisa era o Nathãn.
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