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História O Garoto da Estação de Trem - Capítulo Único


Escrita por: lissaers

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction O Garoto da Estação de Trem - Capítulo Único

Desde que me entendo por gente sempre gostei de livrarias, quando completei 16 anos meus pais se separaram e eu, o filho que ninguém queria, me mudei para casa de minha avó em uma pequena cidade no norte.

A única livraria da cidade ficava na velha e muito movimentada estação de trem. Desde a primeira vez que a visitei sabia que era um lugar especial, apesar de pequena tinha grande variedade de livros. Certa manhã comprei um café e fui a estação, para o meu desprazer a livraria estava fechada, então decidi me sentar em um dos vários bancos que haviam ali.

De repente, em meio aos casacos e cachecóis cinzas surgiu um garoto pálido, com cabelos castanhos e olhos negros como a noite, seus lábios não tinham cor, e ele andava olhando para o chão, como se as pessoas não existissem para ele. Vi que ele deixara cair um livro, e antes que pudesse me levantar, ele entrou em dos vagões e sumiu em meio a multidão. 

Peguei o livro de capa marrom e suja, que tinha o título de "Carta de amor para os mortos" de longe um de meus livros preferidos, quando o abri me deparei com anotações, o livro na verdade era um diário o qual parecia contar a história do garoto.

Sei que não devia mexer nas coisas dos outros, porém as páginas me cativaram como o pequeno príncipe cativou a raposa, cada uma contava um dia de sua história, e o livro parecia ter muitas páginas. 

 Um dia se passou, e eu já havia descoberto seu nome, sua idade e outras coisas sobre sua vida, ele era Caleb Collins, tinha 17 anos e seu pais haviam morrido. Estava como sempre na livraria quando o vi passar.

- Hey, ah...- na hora lembrei que se eu devolvesse a agenda não saberia o final de sua história, então apenas usei a velha tática da nota de dois reais - Você deixou cair isto... - lhe entreguei a nota.

- Você consegue me ver? - ele disse assustado.

- O que? - eu disse mais assustado ainda.

- Estou brincando, obrigado por isso...- ele sorriu um pouco forçado e pegou a nota de dois reais de minhas mãos trêmulas. - Me chamo Caleb, qual é seu nome?

- Ah... Meu nome é Kieran, Kieran D'Angelo...

Passamos a tarde na estação conversando sobre livros, a muito tempo eu não tinha um amigo, e ele também não. Combinabos de passar a noite juntos , no tão pouco tempo que conversamos sentia como o conhecesse a anos.

Fui para casa e ele disse que iria também, combinamos de nos encontrarmos as oito atrás dos vagões desativados, levei um lençol velho e alguns doces. E então, eu estava lá no horário certo, sentado em cima de um dos vagões, já haviam se passado meia hora, não sei porque ainda estava esperando, estava na cara que ele não iria aparecer, quando me levantei me deparei com ele de pé atrás de mim.

- Oi...- ele disse passando a mão no cabelo.

- Você me assustou... pensei que não viria....

- Estou a aqui desde o horário combinado, você estava tão concentrado em seus pensamentos, então só o observei...

Descemos do vagão, jogamos o lençol sobre os trilhos e sentamos, conversamos a noite inteira, não sei de onde surgiram tantos assuntos, só sei que quase a meia noite nossos olhares se cruzaram e Caleb me beijou, eu nunca me assumi gay, na verdade ele era o primeiro garoto que, bem eu me apaixonei... Mais tarde naquela noite, nossos corpos entraram em sintonia, eu sentia seu corpo em mim, nunca me senti tão vivo como naquele instante.

Adormecemos um ao lado do outro, acordei sem camisa com o barulho de trem que passava ao meu lado, ele havia sumido e eu estava sozinho. Juntei as coisas e não achei minha camisa, quando estava quase na saída da estação, senti alguém atrás de mim.

- Hey...- era ele.

- Onde você esteve? - Eu disse, e vi que ele estava com minha camisa em uma das mãos.

- Ah eu fui só comprar algo para nós, mas a cafeteria estava fechada... isso se misturou em minhas coisas, mas acho que não fez falta...- ele disse sorrindo e olhando para meu abdômen.

- Vai se foder, fez falta sim...- disse segurando o riso.- Preciso ir agora, você vem?

- Não... eu tenho algumas coisas para resolver por aqui...- ele disse olhando para chão. - Você pode voltar mais tarde?

- Sim, claro... Eu vou voltar...- o beijei e fui para a aula.

O sinal bateu e eu fui direto para a estação, fiquei horas o procurando, quando o senti se aproximar. Suas mãos frias tocaram meus braços me virando para ele, nossos olhares se cruzaram novamente e ele me beijou, de certa forma nós nos completavamos. Depois de algum tempo na livraria e algumas voltas de mãos dadas tive que ir para casa.

- Bom.. Caleb eu preciso ir, podemos nos ver amanhã? - disse me despedindo.

- Sim... Você vem né? - ele perguntou e eu fiz que sim com a cabeça.- a propósito, você chegou a ver uma agenda... ah deixa pra lá, até amanhã - ele me beijou, eu me virei por um segundo e ele havia sumido.

No outro dia, já era quase noite, eu estava a caminho da estação quando cheguei a última página do livro, não pude acreditar no que li, mas tudo se encaixava, tudo era real. Com a garganta seca e o coração a mil entrei na estação, depois de alguns minutos fui até os vagões abandonados.

- Buh...- ele cochichou em meu ouvido surgindo do nada.

- Quando iria me contar, Caleb? - Quase não conguia segurar as lágrimas em meus olhos.

- Contar o que? - ele parecia não saber do eu estava falando.

- Página 364, segundo parágrafo, "Eu andava pela estação quando de repente senti a bala atravessar meu peito, e num milésimo de segundo eu era apenas uma alma vagando pela estação, esperando que alguém finalmente me visse, é engraçado como a vida pode acabar num segundo não é mesmo?" - Falei apoiando a o diário em seu peito, aquela altura as lágrimas já tinham tomado meu rosto.

- Kieran... eu não sabia como dizer... eu ia te contar... só não sabia como...- ele disse tocando e meu rosto.

- ...- eu não sabia oque dizer, então apenas fiquei em silêncio, ele me abraçou forte, se seu coração ainda batesse eu escutaria, naquele momento tudo passou pela minha mente,  ele não comia, era frio e eu não sentia sua respiração. Já devia ter percebido que tinha algo errado, foi quando percebi que eu podia lhe mostrar o caminho, será que podíamos ser felizes juntos do outro lado? 
De longe eu ouvi o barulho do trem, sussurrei em seu ouvido "espere por mim", o soltei e apenas dei um passo largo para trás. Senti o trem me atingir e meus ossos se quebrarem, nunca imaginei que morreria assim e por escolha própria.

Senti algo estranho, e me deparei com meu corpo desfigurado no chão, mas eu não me importava, pois senti a mão fria de Caleb se encaixar na minha, e finalmente podíamos ficar juntos, fosse no céu, no inferno, ou naquela simples estação de trem.



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