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História O gosto do mamilo. - O preço que se paga.


Escrita por: AliteiaVioleta

Notas do Autor


Por essa acho que ninguém esperava.....

Capítulo 52 - O preço que se paga.


Fanfic / Fanfiction O gosto do mamilo. - O preço que se paga.

MARIZA.

No mesmo dia à tarde.

- Por que demorou tanto para me tirar desse muquifo? – reclamei irritada com meu advogado e fazendo uma careta ao cheirar minha blusa de seda cara.

Ele bufou abrindo a porta do seu carro para mim em frente à delegacia onde eu estava detida.                                            

- Por que Mariza!? Por que você foi presa em flagrante por assassinato, tentativa de homicídio e porte ilegal de armar foi um milagre o juiz ter fixado uma fiança. E não precisa me agradecer por eu conhecer o juiz e ter ido à casa dele, incomodando o homem em pleno domingo. Sorte sua que ele me devia um favor e agora você também me deve, portanto dê-se por satisfeita.

Cravei os olhos nele. Não gostei do tom de voz que ele usou.

- Eu não te devo nada. Te pago muito bem.

Ele me ignorou revirando os olhos e arrancou com o carro. O meu estava preso no pátio da delegacia.

- Por que não mandou alguém buscar meu carro?

- Você não vai precisar de carro tão cedo.

- Como assim não vou precisar?

- Você vai ficar numa clínica de repouso, vai esperar o julgamento lá. Foi a condição do juiz para tirá-la daquele muquifo. – ele frisou a palavra me ironizando. – A polícia encontrou frascos de remédios que você está tomando por conta própria. Tive que ir atrás do seu psiquiatra também e adivinha só...? Ele disse que você não vai às consultas há semanas. Nem sei como consegui convencê-lo a me dar um laudo dizendo que está mentalmente perturbada e recomendava seu internamento numa clínica até o fim do inquérito.

Meu queixo caiu.

- Como é que é? Mas o que deu em você? Além de incompetente também ficou burro?

Ele deu uma freada brusca, parando no acostamento, quase bati a cabeça no para brisa. Me encarou com seus olhos negros que pareciam duas lagoas escuras e afrouxou o nó da gravata, parecia sufocado e furioso.

- Sabe por que eu demorei tanto para conseguir liberá-la? – gritou na minha cara e eu me encolhi. – Por que eu tive que esperar o depoimento da mulher e da filha do homem que você matou.

Eu fiquei calada e meu advogado continuou falando, ou melhor, gritando.

- Elas afirmaram que estavam ali esperando o pai da menina olhar um serviço para o professor e você chegou louca de ciúmes achando que o cara estava dando mole para a menina e começou a discutir. Sacou uma arma e matou o pai dela e como já não fosse o bastante, também atirou no professor.

- Isso é mentira. – neguei abismada. – Eu não tentei atirar em Leonardo foi um acidente, era para acerta nela.

Ele ergue as mãos para cima desesperado.

- Ótimo! Disse isso para o delegado também?

- Eu não sou burra. – gritei. – Beta é aluna do professor Leonardo e eles estão tendo um caso, ela passou a noite na casa dele. Eu contei para os pais dela, eu os levei lá. Eu contei isso para o delegado.

Ele me fitou como se eu fosse uma idiota.

- E você tem provas Mariza?

Eu não tinha. A única foto que havia tirado fora aquela que dei ao pai de Beta e com certeza já tinha sido destruída e a pirralha também tinha revidado minha bolça e achado o negativo. Ele tinha razão ao me olhar como uma idiota.

- Foi o que pensei. – disse ele e continuou agora com um tom gentil e educado. – Olha só, você foi presa em flagrante, com uma arma comprada no mercado ilegal, não tinha porte e matou um pai de família. Deixou uma adolescente órfã e a mãe dela viúva. Qualquer juiz vai te condenar, então esquece essa história de caso com o professor e assuma a culpa. Assim eu consigo montar sua defesa em cima do seu histórico psiquiátrico e com certeza consigo que você cumpra a pena numa clínica e depois peço o relaxamento da prisão por bom comportamento.

Era impressão minha ou ele estava falando comigo com se eu realmente fosse maluca e tivesse inventado aquela historia toda?

- Por que você não pedi a polícia para examinar os telefones deles? Dá para ver as mensagens.

Ele respirou fundo, entediado.

- O que acha que o advogado dele deve ter falado para a menina?

“Menina.” Parecia que ela era a vítima e não eu.

- Pare de chamá-la de menina, ela não é nenhuma garotinha inocente.

- Mas é isso que o juiz vai ver Mariza. Uma garotinha que perdeu o pai assassinado por uma maluca.

- De que lado você está? – gritei de novo.

- No momento estou tentando te livrar da cadeia. - - ele gritou em resposta.

Fiquei em silêncio.

- Ótimo. – disse ele e prosseguiu com um tom de aviso.- Você pode esperar tudo isso se resolver numa clínica de repouso ou passar uma temporada no presídio feminino. O que vai querer?

Engoli em seco, com raiva e olhei para frente permanecendo em silêncio.

- Ótimo. – ouvi a voz dele repetir a mesma palavra e ele arrancou com carro novamente.

Dirigimos por certo tempo. Continuei calada. Os pensamentos fervilhando em minha mente. Aquela vadiazinha era culpada por tudo. Ela tirou Leonardo de mim, ela me obrigou a matar seu pai e me fez atirar em Leonardo. Ela era culpada e estava sendo tratada como vítima. E eu a verdadeira vítima era considerada louca até pelo o meu próprio advogado e estava sendo levada para uma clínica de gente doida. Tive a impressão de que se entrasse nesse lugar nunca mais sairia dali e Beta ficaria livre para correr de volta para o meu Leonardo. A imagem do anel de noivado no dedo dela brilhou em minha mente.

- Não.  – gritei e num impulso agarrei o braço dele. O carro deu uma guinada brusca. – Eu não vou para clínica nenhuma.

- Você está louca!? Eu vou bater o carro.

Não vi que tínhamos atravessado um sinal vermelho.

Ouvi o som de uma buzina e vi a carreta enorme vindo em nossa direção do lado do motorista. Ouvi o barulho dos freios derrapando no asfalto e numa fração de segundos sentimos o impacto como se um trem de ferro tivesse nos atingindo. Uma chuva de vidro estilhaçado voou sobre mim, me ferindo o rosto, meu advogado ficou com a cabeça num ângulo estranho, pendendo mole sobre o ombro direito, com os olhos muito arregalados. Ouvi e senti os ossos se quebrando, gritei de dor e apaguei.

 

****

 

Havia uma névoa em meus olhos, pelo menos no que estava aberto...

 E por que eu estava presa na cama? Eu não conseguia mover um dedo sequer. Virei a cabeça lentamente e vi frascos de plásticos pendurados com mangueiras ligadas em mim através de um cateter introduzido no meu braço direito. Tinha mais aparelhos ligados a minha volta fazendo um bip que me deixou apreensiva. A névoa tinha se dissipado e percebi que meu olho esquerdo estava enfaixado assim como boa parte do rosto. Tentei levantar a mão para tocá-lo, mas não consegui. Malditas amarras. Assim que o médico chegasse ali falaria com ele. Que direito ele acha que tinha para me amarrar assim como uma louca ensandecida? Minha cabeça estava explodindo de dor. Tentei falar, mas parecia que eu tinha engolido uma lixa de parede e minha garganta doeu tanto que decidi ficar quieta.

Nesse momento a porta se abriu e um médico, ainda jovem, acompanhado por uma enfermeira entraram no quarto.

- Olá Mariza. – ele me cumprimentou com um sorriso carinhoso e um traço de pena. – Sou o doutor Bruno.

Fiz um gesto de cabeça indicando que entendi e tentei falar mesmo com a dor. Minha voz saiu sem som, como se eu estivesse rouca.

- O que... acon... teceu...?

O médico pareceu preocupado.

- Você sofreu um acidente de carro. Está na UTI do Hospital Sarah Kubitschek

Engoli a saliva com dificuldade e continuei.

- Por que... eu... estou... amarrada?

A enfermeira olhou para ele e me respondeu.

- A senhora não está amarrada.

Olhei para o médico.

- Não... consigo... me mexer.

O doutor Bruno e a enfermeira se entreolharam e ele se aproximou de mim se abaixando.

- Mariza está sentindo eu tocar em você?

- Onde?

- Estou segurando sua mão, não está sentindo?

Neguei com a cabeça.

Ele tocou meu pé, minha perna e outras partes do corpo sempre perguntando se eu estava sentindo. Me irritei com aquilo.

- Por que não consigo... me mexer? – tentei gritar, mas minha voz saiu na forma de um guinchado doloroso.

O doutor Bruno se aproximou de mim e explicou calmamente.

- Mariza você sofreu um acidente grave de carro, o motorista, seu advogado morreu na hora, você foi trazida para cá com uma lesão séria na medula espinhal com esmagamento de algumas vértebras do pescoço. No momento estamos esperando o inchaço do trauma melhorar para realizarmos uma cirurgia de correção.

Aquilo não me agradou. Tinha mais e não sei se gostaria de ouvir.

- E...? – perguntei.

Ele falou direto, sem rodeios.

- Você está tetraplégica, é por isso que não consegue se mexer. Com a cirurgia e fisioterapia, talvez consigamos recuperar os movimentos da sua cintura para cima. Tudo vai depender de você e sua recuperação. Mas até lá, vai precisar de ajuda para tudo.

“Ajuda para tudo.” Isso significava ser dependente de alguém. Entrei em pânico. Comecei a respirar rápido demais, tentei me levantar fazendo um esforço tremendo, mas não me mexi nem um centímetro, meu corpo inerte pesava uma tonelada ou talvez mais. As lágrimas inundaram meus olhos, tentei segurá-las, elas escorreram pelos cantos molhando meu cabelo e orelhas. Por fim, vencida, desesperada, eu desabei... e chorei.


Notas Finais


É...! Aqui se faz aqui se paga.... A coisa está ficando bizarra....


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