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História O gosto do mamilo. - Ela disse adeus.


Escrita por: AliteiaVioleta

Notas do Autor


Que triste gente. Mas eu tenho uma notícia alegre, batemos a marca dos 100 favoritos. OBRIGADAAAAAAAAAAAAAAA.

Capítulo 54 - Ela disse adeus.


Fanfic / Fanfiction O gosto do mamilo. - Ela disse adeus.

LÉO.

Voltar para a casa era estranho.

Por um segundo pensei ter entrando no lugar errado, mas não. Era a minha casa, a mesma sala onde tudo tinha acontecido. Onde me senti o homem mais feliz do mundo e depois me vi no meio de uma tragédia. A pontada no peito e meu braço esquerdo enfiado numa tipoia eram um lembrete que eu carregaria por um tempo e me lembraria de tudo também.

- Tudo bem?

A voz do meu advogado soou atrás de mim e ele colocou minha mala no chão. Ele tinha me buscado no hospital e me trazido para casa.

Olhei a minha volta.

A casa estava impecável de limpa. O tapete da sala, manchado de sangue tinha sido substituído por outro de um tom verde musgo parecendo um pedaço de grama no meio da sala, e era maior para encobrir ao outras manchas do assoalho de madeira encerada. O sofá também era novo, num tom de bege claro que em nada combinava ali.

Respirei fundo. Naquele antigo tapete, há algum tempo, eu tinha feito amor com Beta em meu colo e ela me disse cansada, suada e feliz que havia adorado aquela posição, o som de sua risada ecoou em minha mente e fechei os olhos por um segundo. Onde ela estava? Por que não retornava minhas ligações e mensagens? Será que ela me culpava pela morte de seu pai?

- Léo? – meu advogado chamou colocando a mão em meu ombro. – Tudo bem?

Pisquei voltando a realidade.

- Sim. – respondi cansado.

Minha diarista, dona Augusta, veio da cozinha enxugando as mãos num avental branco.

- Professor...? – ela abriu um sorriso. – Não ouvi vocês chegarem, o senhor está bem?

Por que tudo mundo me perguntava se eu estava bem? Eu não estava bem, eu queria que Mariza presa. Fiquei sabendo no hospital o que aconteceu com ela e mesmo assim eu ainda queria que ela pagasse por ter destruído a minha vida, por que sem a minha pequena flor, era assim que eu me sentia, destruído, sozinho e vazio.

- Estou bem. – menti e olhei para o meu advogado interrogativo.

- Tomei a liberdade de pedir a dona Augusta para ficar alguns dias. Mas durante a noite vai ter que se virar sozinho. – ele deu um riso sem graça, tentando me animar.

Dona Augusta, vinha uma vez por semana fazer a limpeza e agora estava ali pronta para me ajudar em tudo, me recebendo com um sorriso caloroso. Fiquei um pouco feliz em ver um rosto conhecido.

- Obrigado dona Augusta. – forcei um sorriso. – Eu quero ir para o meu quarto, estou um pouco cansado.

- Claro. Seu quarto está limpinho professor eu arrumei tudo. – ela corou. Provavelmente encontrou minhas roupas e o conjunto de lingerie rasgado e espalhados pelo chão. Ela baixou os olhos vendo que eu sabia. – Eu... guardei todas as coisas numa gaveta, o senhor pode dar uma olhada depois.

Assenti e fui para o quarto. Dona Augusta foi terminar o almoço.

- Você ajudou Beta e a mãe dela com as despesas Flávio, como eu pedi? – perguntei me recostando nos travesseiros.

- Mais ou menos. Eu só prestei os serviços de advogado, as despesas do funeral do marido a mãe dela fez questão de pagar tudo.

- E como ela está? – Flávio sabia de toda a verdade entre Beta e eu.

 Ele meneou a cabeça.

- Eu não sei. Acho que estão bem. Não as vi mais desde a última vez que as acompanhei até a delegacia. E por falar nisso, a polícia virá aqui para você depor, não se preocupe eu vou estar presente. O inquérito vai correr, mesmo com Mariza se tratando. Ela não vai conseguir escapar.

- Não tem problema. Eu só quero que ela pague por tudo que fez comigo e com a Beta. –disse com raiva.

- Não vai ter como ela se livrar. – disse Flávio. – As impressões digitais dela estão na arma e o teste de balística vai sair logo.

- Sobre a gravação no meu celular?

Ele meneou a cabeça.

- Não serve como prova para o júri. Vai ficar parecendo intimidação, pois ela tá bêbada no vídeo e terei que explicar quem gravou e como ela ameaça matar a menina ou a mãe dela a história que montamos pode cair em contradição.

Soltei uma respiração frustrada.

- Tudo aquilo que fiz não serviu para nada?

Flávio deu de ombros.

- Serviria para intimidar a Mariza, como você fez, mas nas proporções que tudo tomou é melhor deixar esse vídeo guardado Leonardo, o juiz pode suspeitar que existente mesmo algo entre você e Beta.

- De jeito nenhum. – disse meneando a cabeça. – Isso não pode atingi-la mais, ela já fez muito por mim.

Meu advogado apenas assentiu.

Eu já sabia da história de Beta e isso só me fez amá-la mais, vendo como tinha me protegido. No entanto, algo estava errado, eu podia sentir e o fato dela não me responder não deixava dúvidas.

Flávio foi embora e mesmo com dona Augusta na cozinha, nunca me senti tão sozinho.

 

 

BETA.

Eu tinha feito a bendita prova.

E me esforcei ao máximo para tirar uma boa nota. Eu dependia disso, Eu precisava desse diploma de conclusão para seguir com meu plano.

No dia em que minha mãe me comunicou que iríamos embora, passei a noite toda acordada. Chorei, amaldiçoei meu destino, desejei que Mariza morresse... Até que vi a luz no fim do túnel. Enquanto eu fosse menor de idade, estaria nas mãos dela, mas depois que completasse os dezoitos anos, mamãe não poderia me impedir de fazer nada. Eu tinha feito um plano e comecei a por em prática sem perda de tempo.

Fiz a prova, ajudei mamãe empacotar tudo, resignada e sem reclamar. Nossa casa ficou parecendo um depósito, cheio de caixas de papelão de todos os tamanhos E agora faltava a última coisa, eu tinha que ver Leonardo. Tinha que contar a ele o que eu estava fazendo e acima de tudo, tinha que dizer que o amava, beijá-lo, senti-lo, ouvir sua voz maravilhosa dizendo que eu era sua pequena flor. E a oportunidade surgiu quando na sexta feira a tarde, o diretor ligou avisando que eu tinha passado na prova e minha mãe foi buscar o certificado. Eu estava oficialmente livre da escola e, portanto não era mais aluna de Leonardo. Eu não teria formatura, nem baile, nem dançaria com Léo como ele havia me prometido, fiquei triste com isso, mas eu ganharia mais depois.

Assim que ela saiu peguei meus últimos centavos e saí correndo. Cheguei com o ônibus quase saindo, subi apressada e sentei ofegante.

Fiquei em silêncio durante o trajeto, ouvindo meu coração ressoando em meus ouvidos e ele acelerou a mil, assim que o ônibus rangeu os freios, parando no ponto em frente à biblioteca. Engoli em seco e desci, fiz uma careta sentindo uma pontada na barriga. Respirei fundo e atravessei o quarteirão.

Ficar na frente da casa dele novamente trazia todas as lembranças de volta, bem vívidas: a felicidade, as discussões, os gritos, o tiro... e o choro. Fechei os olhos com força balançando a cabeça espantando aquelas lembranças ruins guardando só as boas, respirei fundo e toquei a campainha.

Leonardo abriu a porta e por um instante fiquei olhando-o. Seu cheiro delicioso e inconfundível me invadiu, poderia se passar mil anos e ainda assim eu o reconheceria. O cabelo meio úmido mostrava que ele tinha tomado um banho a pouco tempo. O braço esquerdo estava numa tipoia, seus olhos azuis estavam arregalados numa mistura de surpresa e felicidade. Mesmo com o cansaço que eu via em seu rosto ele estava lindo.

- Beta...?

Ao ouvir sua voz me atirei nos braços dele. Mesmo só com um braço ele me puxou para seu peito me abraçando forte e enterrando o rosto em meu pescoço sentindo o meu cheiro.

- Minha pequena flor. – sua voz quente se derramou sobre mim e me derreti. –Eu senti tanto a sua falta... tanto... eu queria falar com você, mas não tinha como, fiquei lá naquele hospital e depois soube que você não poderia ir lá...

O puxei para dentro fechando a porta e o silenciei com um beijo. Aqueles lábios macios e quentes se moldaram aos meus rapidamente com intimidade. Suaves e gentis no início, ávidos e famintos em seguida, Leonardo não parou para respirar e não me importei, sua língua quentinha contornou meu lábio inferior, exigiu o toque da minha e eu me entreguei aquele beijo recebendo muito mais dele. Meus joelhos cederam e tive a sensação de que iria desmaiar, ele se afastou me segurando com o braço bom.

- Você está bem, está pálida?

Fiz que sim com a cabeça respirando ofegante. Léo me fez sentar no sofá, reparei que era novo e olhei o tapete também, senti mais uma pontada dessa vez no peito, mas não disse nada. Ele me olhava, com uma mistura de incredulidade e quase reverência.  Deslizou a mão pelo meu cabelo colocando uma mecha atrás da minha orelha.

- Eu sinto muito pelo seu pai, queria ter estado ao seu lado. – sua voz tinha um pesar sofrido.

Eu não disse nada. Não havia nada para ser dito. Léo continuou me olhando vendo através dos meus olhos.

 

LÉO.

Ela parecia tão destruída quanto eu e ainda sim era a visão de um lindo anjo de cabelos negros sorrindo para mim docemente. Seus olhos verdes de primavera estavam apagados e com um sofrimento profundo. Eu queria acabar com aquilo, queria pegá-la em meus braços e fazê-la esquecer de toda a dor, queria fazer seu corpo pequeno descansar o quanto quisesse sobre o meu. Mas havia algo mais que ela tentava esconder. E assim como eu não conseguia mentir para ela, ela também não conseguia mentir para mim. Éramos ligados de um jeito que apenas nós dois entendíamos e a sociedade, se soubesse, veria com nojo e repúdio.

- O que aconteceu meu amor? Por que não retornou minhas ligações e mensagens?

Ela baixou os olhos.

- Eu não tenho mais celular... – engoliu em seco. – Minha mãe tirou de mim.

- O que? – não consegui acreditar e senti... medo. – Você não devia estar na escola?

Beta respirou fundo.

- Eu fiz a prova de conclusão.

- Por quê? – perguntei não sabendo se queria ouvir a resposta.

- Eu vou embora. – ela respondeu com um murmuro de voz, sem rodeios.

Fiquei pasmo, calado, esperando o resto. Beta me olhou e não gostei do que vi ali.

- Não podemos pagar o aluguel e manter as despesas só com a pensão deixada por meu pai.

Aquilo doeu. Mas ainda tinha mais. E ela não estava me contando. Segurei suas mãos com carinho.

- Está tentando me esconder alguma coisa? Por que se está não tá conseguindo.

Seus lábios tremeram de leve e ela estava quase chorando.

- Minha mãe impôs uma condição para... confirmar a minha história e te ajudar.

Entendi imediatamente. Meu coração pesou.

- E essa condição é afastar você de mim? Por isso você vai embora?

Ela apenas anuiu a cabeça e as lágrimas desceram. Fechei os olhos com força fazendo uma careta, não sei definir se a dor era no meu braço, no peito ou tudo junto, só sei que doía. Muito. A mãe dela não podia fazer aquilo, ela não ia tirar Beta de mim.

- Tudo bem. – disse decidido. – Quando a polícia vier falar comigo vou contar toda a verdade.

- Não. – ela me olhou assustada. – Você não pode fazer isso Léo, vai por tudo a perder...

- Eu não me importo. – a interrompi. – Desde que eu não perca você, eu não me importo.

- Mas eu sim. Me escute meu amor. – ela segurou meu rosto com as duas mãos. – Eu não sou mais sua aluna e logo vou ser maior de idade. Ela não vai poder me prender mais. Eu vou voltar.

“Eu vou voltar?” Ela tinha aceitado aquilo?

- Você... você vai mesmo me deixar?

Beta engoliu em seco.

- É só até meu aniversário meu amor, eu juro.

-Por favor, não faça isso. Não vai embora, você já viu o que acontece se ficamos separados. Eu posso casar com você agora e não terá que ir.

- Minha mãe não me dará permissão. – ela continuou segurando meu rosto me olhando nos olhos. – Léo você sempre me diz para confiar em você e eu confio. Vai confiar em mim agora?

Meus olhos começaram a arder.

- Eu confio em você. – disse baixo sentindo um nó crescendo em minha garganta. –Para onde vocês vão?

Ela meneou a cabeça.

- Desculpe, mas não posso te falar por que tenho certeza de que você vai atrás de mim.

Lágrimas desceram dos olhos dela. E dos meus. Eu iria mesmo atrás dela e não me importaria com nada. Ela estava me protegendo até nesse momento.

Beta me beijou e senti o gosto salgado e triste. Me entreguei aquele beijo querendo guardá-lo na memória, me agarrando a tênue certeza de que não era uma despedida. Enterrei os dedos em seus cabelos sentindo a maciez sedosa, meus lábios passearam por seu pescoço numa carícia suave, desceram mais e senti seus mamilos entumecidos e inchados, mesmo por cima da blusa voltei para seus lábios e ela gemeu em minha boca, era quase um lamento.

Ela se afastou sorrindo em meio as lágrimas.

- Agora eu tenho que ir... – soluçou. -... para você ficar seguro para mim.

Retirou o anel de noivado que eu tinha lhe dado e pôs em minha mão, eu gelei.

- O que está fazendo?

- Minha mãe tem que acreditar que terminamos tudo. – fechou o anel em minha mão. – E você só vai guardá-lo para mim, por pouco tempo.

Eu não gostava daquilo, mas confiava nela. Beta se levantou me puxando até a porta. Fungou e limpei as lágrimas que ainda corriam em seu rosto, ela fez o mesmo comigo e sorriu.

- Me espere, eu te amo.

- Eu te amo minha pequena flor e sempre vou esperar por você.

Ela me deu outro beijo e sorriu, inexplicavelmente com uma esperança que irradiava dela, como se estivesse cheia de vida, soltou minha mão e foi embora.

E quando ela passou por aquela porta, meu coração se partiu, eu me quebrei em pedaços e não sabia se um dia conseguiria juntar tudo de novo. Deslizei pela parede e chorei segurando o anel em minha mão.

Dona Augusta voltou do supermercado em me encontrou assim, com o rosto banhado em lágrimas, eu tinha me esquecido completamente dela.

- Por Deus professor o que aconteceu?

Ela deixou as sacolas de compras no chão e se abaixou junto a mim.

- O que o senhor está sentindo professor?

Olhei para ela e meneei a cabeça.

- Desculpe dona Augusta, é que estou sentindo uma dor muito forte e não consegui suportar.


Notas Finais


Ai que dó gente. To chorando junto com ele. Tadinho do professor.... :(


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